BR102012021219B1 - processo de obtenção de fertilizante a partir da fase sólida de efluentes - Google Patents
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Abstract
PROCESSO DE OBTENÇÃO DE FERTILIZANTE E CONDICIONADOR DE SOLO A PARTIR DE LODO DE EFLUENTE SEMI-LÍQUIDO DERIVADO DE BIODIGESTORES. Trata-se de processo de produto com características fertilizantes e/ou corretivas por pirólise do lodo resultante de efluentes semi-líquidos provenientes de biodigestores. O processo apresenta as vantagens do aproveitamento do lodo e sua transformação termoquímica para um produto contendo grande concentração de nutrientes, alto valor agregado, fixação de CO2 atmosférico, reduzindo os gases de efeito estufa, livre de patógenos e não poluente. Além disto, aumenta o pH e a capacidade de troca catiônica do solo, com liberação lenta de nutrientes, aumento da matéria orgânica, melhoria da diversidade biológica do solo, resultante em ganhos de produtividade na agropecuária.
Description
[001] A presente invenção refere-se ao campo de tratamento de águas residuárias e o desenvolvimento de um fertilizante orgânico a partir da fase sólida de efluentes in natura ou biodigeridos, por pirólise. Mais especificamente, a presente invenção diz respeito ao processo de tratamento de efluentes da suinocultura em que há remoção de matéria orgânica e aproveitamento de biogás. O lodo é submetido à pirólise, resultando em um produto com propriedades agronômicas, e classificado como fertilizante ou condicionador de solos. O processo da invenção também é aplicável à transformação da fase sólida de efluentes orgânicos resultantes de processos industriais, agroindustriais e urbanos em geral.
[002] A matéria orgânica do solo apresenta um importante papel no incremento da capacidade de retenção de nutrientes, estruturação e retenção de umidade em solos tropicais, além de representar um importante compartimento para a fixação do carbono atmosférico. Porém, devido ao manejo agrícola, esses compostos podem ser degradados, perdendo sua função como condicionador das propriedades físicas e químicas, além de liberar gases causadores do efeito estufa. Portanto a estabilidade e a reatividade da matéria orgânica são fatores fundamentais na escolha de um adubo orgânico, tanto sob o ponto de vista agrícola quanto sob o ponto de vista das mudanças climáticas globais.
[003] O produto sólido resultante da pirólise é normalmente produzido com a função de reduzir o volume e massa de determinada matéria-prima, a temperaturas de 300 a 600 °C. Esse material termicamente alterado se degrada muito mais lentamente, criando um grande estoque de carbono no solo de longo prazo, sendo cerca de 1500 a 2000 vezes mais estável do que a matéria orgânica não pirolisada. A partir da pirólise dos resíduos da agricultura como madeira, restos de plantas, resíduos de animais e seus subprodutos e também resíduos industriais e urbanos, é possível sintetizar substâncias húmicas de alta estabilidade e de alta reatividade, capazes de agirem como condicionadores de solos, melhorando as propriedades físicas e nutricionais.
[004] Os produtos de pirólise podem ser derivados de subprodutos de origem vegetal, animal e humano e demonstraram possuir compostos nitrogenados e minerais como cálcio, magnésio, potássio e fósforo. As substâncias nocivas, como metais pesados geralmente mostram-se presentes em concentrações muito pequenas.
[005] O lançamento de efluentes não tratados de suínos no solo, rios e lagos, constituem riscos potenciais para o aparecimento ou recrudescimento de doenças, proliferação de insetos, mau cheiro e degradação dos recursos naturais com a morte de peixes e animais, toxicidade em plantas, eutrofização de recursos hídricos. As perdas e os desperdícios de água na granja aumentam o volume dos efluentes produzidos, agravando o problema da poluição e elevando os custos de armazenamento, tratamento, transporte e distribuição dos dejetos. O volume de dejetos líquidos depende do manejo, mas de uma forma geral, Oliveira em seu artigo intitulado “Uso racional da água na suinocultura” (EMBRAPA- CNPSA. Documentos, 27, 1993. 188p.) relata uma estimativa de produção de dejetos em 100 litros por matriz por dia em ciclo completo e 60 litros por matriz por dia para as unidades de produção de leitões e 7,0 litros por terminado por dia. A composição química dos dejetos também está associada ao sistema de manejo adotado e apresenta grandes variações na concentração dos elementos componentes, dependendo da diluição a qual foram submetidos e do sistema de armazenamento.
[006] Os resíduos animais geralmente são processados por processos aeróbios (compostagem) ou anaeróbios (biodigestão), sendo o produto final (composto aeróbio ou efluente líquido anaeróbio) posteriormente distribuído no solo. Apesar das lagoas apresentarem uma remoção razoável de material orgânico carbonáceo, o nitrogênio permanece no efluente em concentrações bastante elevadas, sendo necessárias outras etapas de tratamento de modo a atender aos padrões de emissão de efluentes líquidos previstos em legislações ambientais.
[007] A maioria dos documentos existentes no estado da arte diz respeito ao tratamento do lodo de esgoto, que é um resíduo caracterizado por possuir uma grande quantidade de carga orgânica e patógenos no efluente, possuindo odor muito forte. Esse material deve ser tratado, resultando em produto com potencial fertilizante podendo ser utilizado em solos. São várias as técnicas disponíveis para o tratamento do lodo de esgoto: espessamento, desidratação e secagem, estabilização, condicionamento, descontaminação, calagem, compostagem, pasteurização, incineração, pirólise, gaseificação, etc. Geralmente esses tratamentos são realizados estações de tratamento especializadas, o que gera alto custo de armazenamento e transporte.
[008] A patente US6171499 com data de prioridade de 06/01/1997 relata um método para o tratamento do lodo de esgoto, associando a digestão anaeróbica e a incineração, em alguns passos: a digestão anaeróbica com produção de biogás, a desidratação mecânica do lodo digerido, a combustão do biogás enriquecido com gás natural para o aparelho operar em pelo menos 88% de rendimento, para a secagem do lodo desidratado há dois aparatos ligados em série, onde o primeiro funciona com uma caldeira de circulação de óleo e o segundo um secador de leito fluidizado e refrigerador, ligado a um ciclone. O método de acordo com esta invenção é aplicável ao tratamento e transformação de efluentes agrícolas como os estercos, em fertilizantes granulados e ensacados.
[009] Alguns estudos sobre a pirólise de resíduos animais são relatados. Shinogi et al., em seu artigo intitulado "Basic Characteristics of Low-Temperature Carbon Products from Waste Sludge" (Adv. Environ. Res., 2003, 7, 661-665) prepararam um produto de pirólise de esterco bovino por aquecimento a 380°C numa atmosfera de ar limitada e relataram as propriedades do produto, que possuía baixa superfície específica de 2,2 m2/g, 25,6% de cinzas e 49,2% de carbono elementar. Os autores descreveram a utilização principal para o produto de pirólise como condicionador de solo devido ao alto conteúdo de íons nitrato, fosfato e potássio. Em um segundo estudo, intitulado "Pyrolysis of Plant, Animal and Human Waste: Physical and Chemical Characterization of the Pyrolytic Products" (Bioresource Technol. 2003, 90, 241-247), Shinogi et al. descreveram a produção de esterco pirolisado através da faixa de temperatura de 250-800°C em recipientes fechados, sendo que nessa temperatura a superfície específica foi baixa (<20 m2 /g), neste intervalo de temperatura. O esterco pirolisado também tinha elevado teor de cinzas (até 60%), um pH elevado (> 10) e um conteúdo total de carbono de menos de 40%.
[010] Bilitewski em um artigo intitulado "Production and Possible Applications of Activated Carbon from Waste" (Recycling Berlin, 79 Int. Recycling Cong. Thome- Kozimiensky, Ed, Berlin V1, 1979, 714-721), relatou um produto pirolisado a partir de cama-de-frango em um reator de leito fluidizado. Ele relatou que os excrementos de aves produziram um produto com uma superfície específica de 60,5 m2/g, 27,5% de carbono elementar e 52,4% de teor de cinzas.
[011] O pedido de patente RU2447045 com data de prioridade de 26/10/2010 diz respeito à transformação de cama de frango por pirólise a 500-550°C, com o objetivo de se obter um resíduo mineral com alto teor de carbono e a fase gasosa. Neste caso a cama de frango foi misturada a resíduos contendo celulose na proporção de 1:1 ou 1:0,7 em peso.
[012] Embora várias metodologias existam para a produção de fertilizantes por pirólise a partir de resíduos de plantas, animais e industriais, torna-se necessário aproveitar o potencial representado pela grande quantidade de efluente produzido na suinocultura de modo geral, a fim de se produzir um produto com alto valor agregado a partir de uma fonte alternativa. Dessa forma, um produto fertilizante com propriedades agronômicas e ambientais potencializadas e diferenciadas pode ser produzido com baixo custo, produzindo energia e reduzindo a carga orgânica do efluente, resultando em biomassa rica em nutrientes e com elevado teor de matéria orgânica, altamente estabilizada.
[013] Assim, uma das vantagens do processo reside em uma etapa de conversão termoquímica após a biodigestão, o que promove o aproveitamento da fase sólida (lodo) proveniente do efluente suinícola, altamente rico em nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas, como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, e micronutrientes, não contendo metais pesados, além de valorizar o resíduo por resultar em um novo tipo de fertilizante de liberação lenta de nutrientes. O processo pode ser feito na propriedade do suinocultor, evitando assim custos com transporte e armazenamento, demonstrando ser viável técnica e economicamente.
[014] A presente invenção diz respeito ao processamento de efluentes para produzir materiais e composições úteis, a um custo aceitável, sem a produção de odores malcheirosos, e com alta eficiência energética. Em particular, a invenção diz respeito a um processo multi-etapas para a produção de fertilizante com base no lodo oriundo de águas residuárias suinícolas: o efluente biodigerido tem sua fase sólida separada e submetida à conversão termoquímica a 600°C em tambor rotativo. O produto final possui liberação lenta de nutrientes. As matérias-primas que têm pouco valor comercial são convertidas em um fertilizante com alto valor agregado e com características diferenciadas, possuindo alto teor de nitrogênio, fósforo, potássio.
[015] Figura 1: Características visuais dos fertilizantes obtidos a partir do lodo suíno biodigerido e pirolisado a 600°C (A: 15 rpm por 5 horas; B: 22 rpm por 7 horas; C: 25 rpm por 4 horas; D: 40 rpm por 5 horas).
[016] Figura 2: Potencial hidrogeniônico (pH) dos fertilizantes obtidos a partir do lodo suíno biodigerido e pirolisado a 600°C.
[017] Figura 3: Condutividade elétrica dos fertilizantes obtidos a partir do lodo suíno biodigerido e pirolisado a 600°C.
[018] Figura 4: Nitrato (NO3-) liberado em água deionizada pelos fertilizantes obtidos a partir do lodo do efluente suíno biodigerido e pirolisado a 600°C.
[019] Figura 5: Fosfato (PO4-3) liberado em água deionizada pelos fertilizantes obtidos a partir do lodo suíno biodigerido e pirolisado a 600°C.
[020] Figura 6: Potássio (K+) liberado em água deionizada pelos fertilizantes obtidos a partir do lodo suíno biodigerido e pirolisado a 600°C.
[021] O termo “efluente” pode ser definido como águas residuárias resultante de processos industriais, agroindustriais, de sistemas produtivos de animais confinados e esgotos domésticos, que são lançados no meio ambiente. Preferencialmente para a presente invenção o termo “efluente” diz respeito a águas residuárias oriundas de sistemas produtivos de animais confinados suinícolas (SPACs).
[022] O efluente, especialmente de SPACs suinícolas é submetido ao tratamento comumente realizado que é a digestão prévia do resíduo, como a biodigestão, que pode ser realizada em lagoas de estabilização ou biodigestores anaeróbicos, que digerem a matéria orgânica em condições anaeróbicas (isto é, em ausência de oxigênio).
[023] O efluente líquido resultante da biodigestão é submetido a uma etapa de separação da fase sólida contida no efluente, o lodo, que pode ser realizado por um ou mais processos de separação, como por exemplo, peneiramento, flotação, decantação, filtração, centrifugação, sedimentação. O efluente líquido que sobra após esta separação com baixo teor de sólidos pode ser reutilizado na lavoura, como fertirrigação.
[024] O lodo que foi separado da parte líquida do efluente é submetido ao tratamento de conversão termoquímica, o qual pode ser por combustão, incineração, e mais especificamente, à conversão termoquímica por pirólise. A temperatura para a conversão termoquímica pode variar entre 300-1200°C, mas é preferencialmente realizada a 600°C. O tambor de conversão termoquímica é preferencialmente rotativo, variando de 10 a 50 rpm. O tempo de residência varia entre 2-10 horas, dependendo do resíduo a ser processado e das características desejadas do produto.
[025] O produto final possui características fertilizantes por possuir altos teores de macronutrientes essenciais às plantas como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, e micronutrientes como ferro, manganês, zinco e cobre. O produto final se caracteriza por possuir nutrientes de liberação lenta para a solução do solo, e os metais pesados se existirem, ficam retidos na matriz do fertilizante. A esta fase sólida podem ser adicionados outros tipos de resíduos, como resíduos de matadouros e frigoríficos, biomassa algal ou outro tipo de matéria prima de origem terrestre ou aquática. Também podem ser adicionados fertilizantes sintéticos, visando o equilíbrio da fórmula química do fertilizante produzido. O fertilizante pode ser utilizado no solo in natura ou granulado.
[026] O exemplo a seguir é descrito apenas para melhor entender a invenção, não estando a mesma limitada às características colocadas nos exemplos.
[027] Os dejetos suinícolas são digeridos por processos anaeróbios (biodigestão), sendo o produto final o efluente líquido anaeróbio. O efluente obtido da digestão dos dejetos suínos passa por um tubo de entrada e é bombeado para uma unidade de separação constituído por um conjunto de peneiras rotativas em série, com tela de aço inox com malha cilíndrica de abertura de 4 mm, com rotação de dois motores de até 15 cv cada, ambos em baixa rotação, com angulação de trabalho horizontal. O sistema piloto possui uma bomba hidráulica à vácuo de 20 cv que admite no sistema uma vazão de 40 metros cúbicos por hora de efluente biodigerido, separando aproximadamente 500 kg de lodo por hora de trabalho. O rendimento do processo de separação em peneiras rotativas é na faixa de 10 a 20% do efluente úmido separado (fase sólida úmida, ou lodo). A fase líquida pode ser aplicada como fertirrigação, e o lodo é utilizado para a produção do fertilizante.
[028] A unidade de separação possui uma lâmina de raspagem para distribuir o lodo em um reservatório móvel, acoplado a um tubo transportador com furos em sua parte inferior, de modo que ocorra uma maior eficiência de separação da parte líquida, objetivando-se com isso que o lodo que é transportado para o tambor de conversão termoquímica contenha menor quantidade de líquidos, aumentando a eficiência do processo.
[029] O tambor para a conversão termoquímica para a pirólise do lodo que foi utilizado é rotativo e com inclinação de trabalho regulável. O lodo foi pirolisado utilizando-se três tempos de residência de 4, 5 e 7 horas e quatro taxas de rotação do tambor de conversão termoquímica que foram de 15, 22, 25, 40 rpm, sob pressão atmosférica e a uma temperatura de pirólise ao redor de 600°C. A taxa de rotação do tambor define a granulometria do produto, e pode ser ajustada até 50 ciclos por minuto. Quanto maior a taxa de rotação menor será a granulometria do produto final. A inclinação de trabalho do tambor rotativo de conversão termoquímica foi de 10° com um eixo interno de 50 mm. Com isso, pouco menos da metade do volume do tambor, cerca de 400 litros, foi preenchido com o lodo, o que conferiu o processamento de cerca de 500 a 600 kg de sólidos úmidos por etapa de conversão termoquímica.
[030] O produto final é obtido a partir de ajustes do tempo de funcionamento, da rampa de temperatura, da temperatura final de processo e da taxa de rotação do tambor rotativo de conversão termoquímica. O tempo de residência do material dentro do tambor (6) geralmente depende do tipo de biomassa, e pode permanecer pelo tempo necessário para o preaquecimento da massa e a evaporação da água. A flexibilidade do controle de funcionamento do sistema permite um ajuste fino entre taxa de rotação, elevação da temperatura e temperatura final que reduz as perdas de carbono voláteis, isto é, aumenta a taxa de conversão termoquímica de carbonos voláteis e, consequentemente, aumenta a quantidade de carbono fixo e rendimento e qualidade do produto final. A taxa de rotação do tambor também deve ser ajustada de modo a obter padronização na granulação do produto.
[031] A Tabela 1 mostra os dados das características analisadas de cada fertilizante produzido em quatro combinações de rotação do tambor de pirólise e tempo de residência testados (A: 15 rpm por 5 horas; B: 22 rpm por 7 horas; C: 25 rpm por 4 horas; D: 40 rpm por 5 horas), e sua comparação com o dejeto de lodo suíno seco ao ar, sem tratamento termoquímico (Controle).
[032] As combinações de taxa de rotação do tambor/carbonizador e de tempo de residência podem ser verificadas na Figura 1, com detalhe das características físicas de cada produto testado (A: 15 rpm por 5 horas; B: 22 rpm por 7 horas; C: 25 rpm por 4 horas; D: 40 rpm por 5 horas). A Tabela 1 mostra os dados das características analisadas de cada fertilizante produzido em quatro combinações de rotação do tambor de pirólise e tempo de residência, e sua comparação com o dejeto de lodo suíno seco ao ar, sem tratamento termoquímico (Controle).
[033] Tabela 1. Caracterização dos fertilizantes produzidos, submetidos a diferentes rotações e tempos de residência no tambor rotativo de pirólise a 600°C (A: 15 rpm por 5 horas; B: 22 rpm por 7 horas; C: 25 rpm por 4 horas; D: 40 rpm por 5 horas).
*Lodo seco ao ar, sem tratamento termoquímico.
[034] As combinações de taxa de rotação do tambor/carbonizador e de tempo de residência podem ser verificadas na Figura 1, com detalhe das características físicas de cada produto testado. Na Figura 2 tem-se o gráfico de pH e na Figura 3 o gráfico de condutividade elétrica do fertilizante quando sua liberação foi feita em água. Nas Figuras 4, 5, e 6 têm-se respectivamente os teores acumulados de Nitrato, Potássio e Fósforo liberado em água para cada um dos fertilizantes produzidos (A, B, C e D). As diferentes granulometrias para os produtos A, B, C e D se devem especialmente à taxa de rotação do tambor, de modo que uma menor granulometria é obtida para maiores taxas de rotação (Figura 1). Nas Figuras 2 e 3 têm-se respectivamente os gráficos de pH e de condutividade elétrica de 150 mL de água usada como solvente para 1 g de produtos A, B, C e D. Os valores de pH convergem para em torno de 8 ao longo dos vinte dias analisados, sem diferenças visíveis entre cada produto (Figura 2). Por outro lado, a evolução diária da condutividade elétrica do produto B foi diferente dos demais, evidenciando processo de liberação lenta de íons, muitos dos quais são fertilizantes importantes para as plantas como Nitrato (NO3-), Potássio (K+) e Fosfato (PO4-3).
[035] Nas Figuras 4, 5 e 6 têm-se respectivamente os teores acumulados de Nitrato, Potássio e Fosfato liberados acumuladamente em água ao longo de 20 dias para cada um dos fertilizantes produzidos (A, B, C e D). A partir da análise conjunta das figuras 1, 3, 4, 5 e 6 verifica-se que o produto B representa um fertilizante de baixa granulometria e com propriedades de liberação lenta de íons nutrientes para as plantas. Complementarmente, a Figura 7 mostra que a liberação de dióxido de carbono, ou seja, a ocorrência de degradação do carbono é menor para o produto B, indicando que o carbono remanescente no produto B é mais estável e menos susceptível à decomposição física, química e/ou biológica. Portanto, o produto fertilizante B obtido pelo processo aqui descrito, com maior tempo de residência e relativamente maior taxa de rotação, reúne características singulares de aplicação agronômica e ambiental, transformando o lodo em produto de elevado valor agregado.
Claims (2)
1. Processo de obtenção de fertilizante e/ou condicionador de solo utilizando como material de partida biomassa biodigerida originária de sistemas de produção de animais confinados suinícolas caracterizado por ser obtido através das etapas de: i. Separação da fase sólida úmida através do bombeamento do material de partida para uma unidade de separação constituído por um conjunto de peneiras rotativas em série e lâminas de raspagem; ii. Conversão termoquímica da fase sólida úmida obtida em (i) em tambor rotativo de conversão termoquímica inclinado preferencialmente a 10°; em faixas de temperatura de 300 a 1200°C, preferencialmente 600°C; com rotação do tambor na faixa de 15 a 40 rpm, preferencialmente 22 rpm com tempo de residência do material no tambor na faixa de 4 a 7 horas; iii. Opcionalmente, a adição de biomassa algal, resíduos de matadouros ou frigoríficos e/ou qualquer outro tipo de matéria orgânica de origem vegetal na etapa (ii); iv. Opcionalmente, adição de nutrientes e granulação do produto.
2. Fertilizante e/ou condicionador de solo obtido de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por apresentar liberação lenta de nutrientes.
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