BR102012013787B1 - Processo para obtenção de gasolina de alta octanagem a partir de biomassa - Google Patents

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Patricia Elaine Bridi De Moraes
Rodrigo Gobbo
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Abstract

processo para obtenção de gasolina de alta octanagem a partir de biomassa. a presente invenção trata de um processo apra a geração de combustíveis, mais especificamente da produção de gasolina de alta octanagem, produzidos a partir de biomassa vegetal. tal processo envolve uma primeira etapa, onde há despolimerização da lignina através do coprocessamento da biomassa vegetal com uma corrente de hidrocarbonetos, introduzidas separadamente em duas zonas de reação de um reator de craqueamento catalítico fluído sob baixa pressão, e uma segunda etapa de hidrotratamento da corrente de hidrocarbonetos na fração da gasolina proveniente do reator de craqueamento catalítico.

Description

PROCESSO PARA OBTENÇÃO DE GASOLINA DE ALTA OCTANAGEM A PARTIR DE BIOMASSA
CAMPO DA INVENÇÃO
O processo tem aplicação na geração de combustíveis, mais especificamente na produção de gasolina de alta octanagem (RON acima de 90 e/ou MON acima de 75), combustíveis estes especificados como combustíveis verdes, contendo pelo menos 5% de carbono renovável proveniente de biomassa vegetal. O processo envolve uma primeira etapa, onde há o coprocessamento de uma carga compreendendo biomassa vegetal e uma corrente de hidrocarbonetos, introduzidas separadamente em duas zonas de reação de um reator de craqueamento catalítico fluido, e uma segunda etapa de hidrotratamento da corrente de hidrocarbonetos na fração da gasolina proveniente do reator de craqueamento catalítico.
FUNDAMENTOS DA INVENÇÃO
O uso de biomassa em substituição a hidrocarbonetos fósseis na produção de combustíveis vem crescendo rapidamente nos últimos anos, impulsionado pela demanda da sociedade por produtos ambientalmente responsáveis.
Um substituto natural para os hidrocarbonetos fósseis do petróleo é a biomassa de origem vegetal, fonte de carbono renovável.
Antes da transformação em produtos químicos, os constituintes de uma biomassa vegetal são usualmente separados por processos físicos e químicos, quando se obtém os óleos vegetais constituídos essencialmente por triglicerídeos e o lenho que contém carbono renovável sob a forma de hemiceluloses, lignina e celulose.
Os triglicerídeos podem gerar hidrocarbonetos combustíveis em uma unidade de hidrorrefino de petróleo, sendo preferencialmente processados o óleo de canola, o óleo de soja e o óleo residual da produção de celulose a partir de pinheiros ou de qualquer planta resinosa.
As hemiceluloses podem ser convertidas em açúcares, que podem
2/11 ser fermentados para obter álcoois, por um processo de hidrólise em condições suaves. As hemiceluloses também podem ser processadas para obter furfural como produto principal e pode também gerar resinas.
As ligninas podem ser transformadas em óleos com características semelhantes às do petróleo por um processo de hidrogenólise.
As ligninas podem ainda ser utilizadas com vantagem na produção de resinas fenol-formaldeído ou fornecer gás de síntese por gaseificação com o oxigênio.
A celulose, para sua transformação em insumos químicos, se converte em glicose por um processo de hidrólise. Esta glicose pode ser fermentada para obter etanol ou ainda butanol, isopropanol, 2,3butadienol, glicerol, acetona, ácido acético e ácido butírico.
A hidrólise da glicose com ácidos diluídos leva ainda ao hidroximetilfurfural, que pode ser clivado em ácido levulínico e ácido fórmico, sendo o ácido levulínico um interessante insumo para poliésteres.
Há um crescente interesse no processamento de biomassa para geração de combustíveis, em especial devido aos problemas relacionados com o meio-ambiente, particularmente ao que se refere às emissões de gases poluentes.
A patente US 5,959,167, por exemplo, propõe um método para produção de gasolina renovável a partir da despolimerização da lignina pelo do uso de catalisadores básicos em meio alcoólico (metanol ou etanol), sob temperaturas moderadas na faixa entre 260°C e 310°C, seguida de hidrogenação para remoção de compostos oxigenados. Esta despolimerização básica, ainda que eficiente, requer consumo relevante de etanol ou metanol, e ainda do próprio catalisador básico utilizado no processo. Além disso, são consumidos ácido clorídrico para controle do pH do produto antes de sua extração com éter, o que acaba por encarecer o processo.
Já o pedido de patente US 2012/0095274 trata de um processo para
3/11 a produção de gasolina a partir de uma carga contendo açúcares, derivados de açúcares, polióis e carbohidratos. Tal processo compreende uma etapa de hidrotratamento da carga para a geração de parafinas, parafinas estas posteriormente utilizadas como doadores de hidrogênio e parte da carga de um reator de reforma catalítica, sob pressão moderada onde o catalisador é uma zeólita, gerando uma mistura de produtos, que é separada em três correntes (gás leve, aquosa e orgânica), sendo quaisquer das correntes alimentadas em um reator de reforma a vapor para a produção de hidrogênio, que serve para alimentar a etapa de hidrotratamento.
Neste pedido de patente o objetivo do processo reivindicado é utilizar uma corrente de açúcares de modo a gerar produtos com menor teor de aromáticos, e baixa densidade relativa em relação aos produtos gerados da utilização direta do processamento com zeólitas. Como a hidrogenação é a primeira etapa da sequência de reações, são requeridas severidades e consumos de hidrogênio mais elevados que os exigidos na presente invenção.
Uma biomassa com alto teor de lignina também pode ser produzida pelo processo de pirólise rápida de biomassa transformando-a no chamado bio-óleo, um produto líquido na temperatura ambiente cuja densidade é maior que o da biomassa originalmente alimentada. O bioóleo consiste numa mistura de moléculas oxigenadas, alcoóis, ácidos, cetonas e, portanto, alto conteúdo de oxigênio. O bio-óleo possui ainda um alto conteúdo de lignina, também conhecido como lignina pirolítica, um polímero de alto peso molecular que tal como a lignina original possui alto conteúdo de compostos fenólicos monosubstituídos.
Portanto, ainda vêm sendo estudados outros processos que possam incorporar carbono renovável aos combustíveis produzidos a partir de biomassa e paralelamente gerar uma gasolina de alta octanagem, tal como o processo descrito e reivindicado a seguir.
4/11
SUMÁRIO DA INVENÇÃO
A presente invenção trata de um processo para a geração de combustíveis, mais especificamente da produção de gasolina de alta octanagem, produzidos a partir de biomassa vegetal.
Tal processo envolve uma primeira etapa, onde há despolimerização da lignina através do coprocessamento da biomassa vegetal com uma corrente de hidrocarbonetos, introduzidas separadamente em duas zonas de reação de um reator de craqueamento catalítico fluido sob baixa pressão, e uma segunda etapa de hidrotratamento da corrente de hidrocarbonetos na fração da gasolina proveniente do reator de craqueamento catalítico.
Os combustíveis produzidos de acordo com o processo da presente invenção compreendem pelo menos 5% de carbono renovável proveniente de biomassa vegetal, e a corrente de hidrocarbonetos na fração da gasolina assim gerada possui alta octanagem, com RON (“Research Octane Number”) acima de 90 e/ou MON (“Motor Octane Number”) acima de 75.
BREVE DESCRIÇÃO DOS DESENHOS
A Figurai ilustra de modo simplificado a injeção da carga de biomassa (1) e da corrente de hidrocarbonetos de petróleo (2) em um reator de craqueamento catalítico fluido do tipo “riser” de acordo com a presente invenção.
DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO
Descreve-se um processo para a produção de combustíveis, em especial gasolina de alta octanagem, pelo craqueamento catalítico fluido de uma carga compreendendo biomassa vegetal, no estado líquido, e uma corrente de hidrocarbonetos, seguido de uma etapa de hidrotratamento da corrente de hidrocarbonetos na fração da gasolina obtida na etapa de craqueamento catalítico.
O termo “biomassa vegetal” aqui utilizado é definido como “uma
5/11 biomassa de origem lignocelulósica com alto teor de lignina, com valores superiores a 10% em massa, e teor de carbono renovável, determinado por meio de teste isotópico de carbono (14C), de pelo menos 30%”.
Dentre as biomassas vegetais úteis para a presente invenção, podemos citar aquelas provenientes da indústria de papel e celulose, em especial os materiais obtidos pela rota Kraft, além de materiais lignocelulósicos obtidos por processamento em unidades de pirólise rápida, mais especificamente o bio-óleo, material este rico em açúcares e lignina.
Cargas constituídas por biomassa vegetal, tais como as definidas na presente invenção, quando submetidas ao craqueamento catalítico fluido, empregando catalisadores sólidos ácidos, tais como zeólitas contendo faujasitas, levam a despolimerização da lignina presentes em tal carga, gerando uma corrente rica em aromáticos e compostos fenólicos na faixa da nafta.
Tal corrente, rica em aromáticos e compostos fenólicos ao ser submetida a uma etapa de hidrotratamento, onde ocorre o ajuste e adequação de suas propriedades pela remoção de compostos oxigenados, leva a produção de uma gasolina de alta octanagem com alto teor de compostos monoaromáticos substituídos.
O processo de que trata a presente invenção, portanto, é referente ao coprocessamento em uma unidade de craqueamento catalítico, preferencialmente craqueamento catalítico fluido, de uma carga de biomassa vegetal e hidrocarbonetos do refino de petróleo, em contato com um catalisador típico de craqueamento catalítico, seguido do hidrotratamento da corrente de hidrocarbonetos na fração da gasolina obtida na unidade de craqueamento catalítico, de modo a obter uma gasolina de alta octanagem.
A biomassa vegetal e a corrente de hidrocarbonetos, que constituem a carga do processo, são introduzidas separadamente em duas zonas de
6/11 reação no reator do tipo “riser”, de uma unidade de craqueamento catalítico fluido. Em uma primeira zona de reação, ocorre à despolimerização da lignina por ação do catalisador zeolítico, sob alta temperatura, na faixa de 500°C a 700°C, e pressões baixas, na faixa de 200 kPa a 400 kPa, relação catalisador/biomassa na faixa de 10 a 40, em condições de tempo de contato na faixa entre 0,1 e 0,9 segundos. E, em uma segunda zona de reação ocorrem as reações de craqueamento catalítico dos hidrocarbonetos, em condições de velocidade espacial na faixa entre 200 h'1 e 400 h‘1, tempo de contato na faixa entre 1,5 e 3,0 segundos, temperatura na faixa entre 500°C e 620°C e razão catalisador/hidrocarbonetos na faixa entre 5 e 20. Esta combinação leva à produção de gasolina de alta octanagem com RON acima de 90 e MON de acima de 75.
No coprocessamento, a biomassa pode corresponder à proporção entre 0,15% m/m e 50% m/m em relação à carga total da unidade de craqueamento catalítico fluido. Já a corrente de hidrocarbonetos empregada como carga pode ser selecionada entre correntes do refino de petróleo que apresentem pontos de ebulição na faixa entre 380°C e 600°C.
A injeção da carga de biomassa e a corrente de hidrocarbonetos do refino do petróleo são introduzidas separadamente em um reator do tipo “riser”, uma unidade de craqueamento catalítico fluido, sendo o catalisador empregado constituído por: 1% - 55% m/m de zeólita ZSM-5, 0% - 45% m/m de zeólita faujasita, 5% - 40% m/m de alumina, 0% - 40% m/m de sílica; e caulim para fechamento do balanço.
A injeção da carga de biomassa se dá, preferencialmente, na base do “riser” (vide Figura 1), de modo que a carga sofra um choque térmico ao entrar em contato com o catalisador em alta temperatura (aproximadamente 700°C) e promova a quebra dos compostos orgânicos de maior cadeia que constituem a biomassa vegetal, em especial a lignina (despolimerização), facilitando as reações de craqueamento posteriores e
7/11 minimizando a formação de coque, tal como ilustrado pelo exemplo 3 a seguir.
Em contrapartida, a injeção das correntes de hidrocarboneto de refino de petróleo deve ser efetuada, preferencialmente, em um ponto mais elevado do “riser” (vide Figura 1), evitando o craqueamento térmico de tais correntes, e por entrar em contato com o catalisador em uma temperatura bem mais baixa do que a temperatura na base do “riser”, mais especificamente num ponto entre 1/4 e 1/2 do reator do tipo “riser”.
De acordo com a presente invenção, o coprocessamento em unidades de craqueamento catalítico combina a despolimerização da biomassa de origem vegetal, e consequente geração de compostos fenólico tais como alcoxifenóis fenóis alquilados, furanos e cetona de etanol em eteno, e a conversão de hidrocarbonetos em outras correntes de hidrocarbonetos mais leves, com a obtenção de uma corrente de hidrocarbonetos na fração da gasolina com alto teor de compostos aromáticos.
Tal corrente rica em aromáticos é submetida então a uma etapa de hidrotratamento, com temperaturas entre 350°C e 390°C, empregando como catalisador óxidos metálicos, totalmente ou parcialmente convertidos a sulfetos (fase ativa) e suportados em y-alumina (γ-ΑΙ2Ο3).
A conversão dos óxidos a sulfetos (sulfetação) é efetuada no próprio reator de hidrotratamento. O suporte tem um papel essencial no desempenho do catalisador já que é responsável pela alta área especifica deste, estando os componentes ativos dispersos no suporte na forma de pequenas partículas. Além disso, o suporte provê o catalisador de resistência mecânica e estabilidade térmica, impedindo a sua sinterização.
A y-alumina utilizada como suporte nos catalisadores de hidrotratamento empregadas na presente invenção possui, em geral, área especifica entre 200 m2/g e 400 m2/g, volume de poros de 0,5 cm3/g a 1,0 cm3/g e acidez classificada como de leve a moderada.
8/11
Os sulfetos de metais do Grupo Vl-B (Mo e W) e VII (Co e Ni) quando presentes em tais catalisadores atuam sinergicamente no processo de hidrotratamento, e portanto, utiliza-se, preferencialmente, como fase ativa uma mistura de sulfetos (Co-Mo, Ni-Mo, Nl-W e Co-W), sendo a razão entre os metais do Grupo VII e do Grupo Vl-B entre 0,33 e 0,54.
Dentre as misturas de sulfetos metálicos utiliza-se preferencialmente a mistura Co-Mo, suportada em alumina (CoMo/AI2O3), contendo de 2,5% a 6% em massa de cobalto e cerca de 7% a 10% de molibdênio.
O processo, portanto, após as duas etapas, possibilita produzir gasolina com considerável teor de carbono de origem renovável, de pelo menos 5%, e a produção de gasolina de alta octanagem, devido em sua maior parte a concentração de 35% m/m a 50% m/m de compostos aromáticos com ponto de ebulição entre 90°C e 220°C, o que resulta em uma gasolina de alta octanagem.
A seguir são apresentados nos exemplos alguns resultados experimentais obtidos em testes efetuados em uma unidade de craqueamento catalítico em escala demonstração com capacidade de 150 kg/h, sendo a corrente efluente desta unidade, correspondente a fração de hidrocarbonetos na faixa da gasolina enviada para uma unidade de hidroprocessamento em escala piloto.
A unidade de craqueamento catalítico utilizada possui um reator riser com 18 metros de altura e dois pontos de injeção de carga: o primeiro, na base do reator e o segundo a 4,5 metros da base, o que caracteriza as zonas de reação descritas de despolimerização da lignina e de craqueamento de hidrocarbonetos.
Nos exemplos, utilizou-se bio-óleo como carga, sendo este introduzido na unidade de craqueamento catalítico de duas formas:
i) na base, antes da entrada da carga principal, criando uma zona de despolimerização de lignina que compreende % do reator “riser”;
9/11 ii) após a entrada da carga principal, funcionando como resfriador dos hidrocarbonetos do reator riser (quench).
Em todos os testes que ilustram os exemplos a seguir, foi mantida constante a temperatura de regeneração em 690°C e apenas o reator foi operado em balanço térmico, sendo a razão catalisador/carga regulada através da variação da temperatura da carga, que no caso do bio-óleo é de 30°C.
Para análise das correntes obtidas, foram realizados testes de carbono 14 para verificação do conteúdo de carbono de origem renovável (ASTMD 6866), destilação simulada (ASTM D 2887).
O MON e o RON da nafta produzida foram determinados através de técnicas cromatográficas.
O bio-óleo utilizado foi produzido a partir de madeira de pinho em uma unidade de pirólise rápida de biomassa com capacidade de 200 kg/h, e com alto conteúdo de lignina.
O gasóleo de vácuo empregado foi um gasóleo de vácuo oriundo de petróleo produzido na Bacia de Campos.
O corte da corrente de hidrocarbonetos na fração da gasolina foi aquele com ponto correspondente ao corte de nafta, C5 e ponto final de ebulição em 220°C.
EXEMPLO 1
Gasóleo foi injetado em um reator catalítico com vazão de 150 kg/h com intuito de gerar uma referência para fins de comparação com aqueles que utilizaram bio-óleo como carga. A temperatura de reação foi mantida em 540°C.
Os resultados ilustrados na tabela 1 (Teste A) são típicos do processamento de gasóleo de vácuo em temperaturas de reação moderadas, em torno de 540°C. Não há produção de água e as quantidades de monóxido e dióxido de carbono são desprezíveis. O rendimento de coque está em torno de 8% para estas condições
10/11 operacionais. O MON da gasolina obtida é de 81, enquanto o RON é de
91.
EXEMPLO 2
Gasóleo foi injetado na base de um reator catalítico em uma vazão de 120 kg/h, enquanto 30 kg/h de bio-óleo com alto conteúdo de lignina foi introduzido em um ponto mais elevado deste mesmo reator catalítico, e, portanto, de forma segregada em relação ao gasóleo, para despolimerização da lignina presente. A temperatura de reação foi mantida em 540°C.
Os resultados são ilustrados na tabela 1 (Teste B). Foram geradas grandes quantidades de coque, água, monóxido e dióxido de carbono. O rendimento de coque eleva-se significativamente, chegando a valores próximos aos que seriam obtidos com resíduo atmosférico puro em um FCC, o que exigiría a instalação de resfriadores de catalisador na seção de regeneração da unidade. O MON da gasolina obtida é de 84, enquanto o RON é de 93.
EXEMPLO 3
Bio-óleo com alto conteúdo de lignina foi introduzido na base do reator catalítico para despolimerização em uma vazão de 30 kg/h, enquanto que gasóleo foi injetado em um ponto mais elevado deste mesmo reator, portanto de forma segregada em relação ao bio-óleo, em uma vazão de 120 kg/h.
A temperatura de reação foi mantida em 540°C. O efluente gerado, que possui quantidade considerável de carbono renovável, foi fracionado gerando um corte na faixa de destilação da nafta que foi em seguida hidroprocessado.
Os resultados são ilustrados na tabela 1 (Teste C). Em comparação ao exemplo 2, são obtidos rendimentos bem menores de coque, apenas um pouco mais elevados que os obtidos com gasóleo de vácuo. Além disso, os rendimentos de gasolina e demais produtos líquidos foram mais
11/11 altos quando comparados aos obtidos no exemplo 2, onde o bio-óleo foi injetado em um ponto mais elevado do reator. O MON da gasolina obtida é de 79, enquanto o RON é de 90.
TABELA 1
TESTES A B C
Condições gerais
Vazão de gasóleo, kg/h 150 120 120
Vazão de biomassa, kg/h 0 30 30
Ponto de injeção do bio-óleo - Alto Base
Temperatura do reator, °C 540°C 540°C 540°C
Pressão do reator, kPa 260 260 260
Resultados do processo
Eteno C2=, % m/m 1,3 1,1 0,9
Propeno C3=, % m/m 6,3 5,5 4,7
Gás combustível (<C3), % m/m 4,1 3,5 3,0
Leves (C3 - C4), % m/m 17,3 15,2 12,6
Nafta (C5 - 220°C), % m/m 42,9 34,4 36,0
Pesados (+220°C), % m/m 27,4 20,6 25,2
Monóxido de Carbono, % m/m 0,3 1,2 3,6
Dióxido de Carbono, % m/m 0,4 0,6 1,0
Água, % m/m 0,0 13,9 10,0
Coque, % m/m 8,1 10,6 8,6
No que diz respeito à incorporação de carbono renovável nos produtos, análises isotópicas de carbono 14 revelaram que os 20% adicionados na carga pelo bio-óleo (como o bio-óleo contém 51,2% em massa de carbono e o gasóleo contém 88,0%, em uma mistura de 20% de bio-óleo, apenas 8,3% do carbono é efetivamente renovável) geraram 6,7% de gasolina renovável durante o craqueamento.

Claims (19)

1/4
REIVINDICAÇÕES
1- PROCESSO PARA OBTENÇÃO DE GASOLINA DE ALTA OCTANAGEM A PARTIR DE BIOMASSA, caracterizado por compreender as seguintes etapas:
a) prover uma carga para o processo compreendendo biomassa vegetal, no estado líquido, e uma corrente de hidrocarbonetos de refino de petróleo;
b) introduzir a carga de biomassa vegetal em uma primeira zona de reação de um reator de craqueamento catalítico fluido, em contato com um catalisador zeolítico, de modo a promover a despolimerização da lignina contida na carga de biomassa vegetal;
c) introduzir a corrente de hidrocarbonetos de refino de petróleo em uma segunda zona de reação do reator de craqueamento catalítico fluido, em contato com um catalisador que deixa a primeira zona de reação, de modo a promover o craqueamento dos hidrocarbonetos de refino de petróleo;
d) separar os produtos obtidos no reator de craqueamento catalítico em correntes de hidrocarbonetos,
e) submeter a corrente de hidrocarbonetos na fração da gasolina separada na saída do reator de craqueamento catalítico a uma etapa de hidrotratamento, obtendo uma gasolina de alta octanagem;
2- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por a biomassa vegetal ser uma biomassa de origem lignocelulósica com alto teor de lignina, com no mínimo 10% em massa, e teor de carbono renovável, determinado por meio de teste isotópico de carbono (14C). de pelo menos 97%.
3- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por as biomassas vegetais serem escolhidas dentre aquelas provenientes da
2/4 indústria de papel e celulose.
4- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 3, caracterizado por as biomassas vegetais provenientes da indústria do papel serem obtidas pela rota Kraft;
5- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por as biomassas vegetais terem sido processadas previamente em unidades de pirólise rápida.
6- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 5, caracterizado por as biomassas vegetais obtidas a partir da pirólise rápida serem preferencialmente o bio-óleo.
7- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por a corrente de hidrocarbonetos ser selecionada entre correntes do refino de petróleo que apresentem pontos de ebulição na faixa entre 380°C e 600°C.
8- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por a biomassa corresponder à proporção entre 0,15% m/m e 50% m/m em relação à carga total do reator de craqueamento catalítico.
9- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por catalisador zeolítico compreender de 1% - 55% m/m de zeólita ZSM-5, 0% - 45% m/m de zeólita faujasita, 5% - 40% m/m de alumina, 0% 40% m/m de sílica; e caulim para fechamento do balanço.
10- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por a primeira zona de reação corresponder às seguintes condições no reator: temperatura, na faixa de 500°C a 700°C, pressões na faixa de 200 kPa a 400 kPa, relação catalisador/biomassa na faixa de 10 a 40, e tempo de contato na faixa entre 0,1 e 0,9 segundos.
11- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por segunda a segunda zona de reação corresponder a seguintes condições no reator: condições de velocidade espacial na faixa entre 200 h‘1 e 400 h‘1, tempo de contato na faixa entre 1,5 e 3,0 segundos,
3/4 temperatura na faixa entre 500°C e 620°C e razão catalisador / hidrocarbonetos na faixa entre 5 e 20.
12- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por as correntes de produtos hidrocarbonetos obtidas na etapa de craqueamento catalítico fluido compreenderem: gás combustível, gás liquefeito, nafta e outros hidrocarbonetos.
13- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por etapa de hidrotratamento corresponder as seguintes condições: temperaturas entre 350°C e 390°C, empregando como catalisador de hidrotratamento óxidos metálicos, totalmente ou parcialmente convertidos a sulfetos (fase ativa) suportados em y-alumina (γ-ΑΙ2Ο3).
14- PROCESSO, de acordo com as reivindicações 1 e 13, caracterizado por a y-alumina utilizada como suporte nos catalisadores de hidrotratamento possuir área especifica entre 200 m2/g e 400 m2/g, volume de poros de 0,5 cm3/g a 1,0 cm3/g e acidez classificada como de leve a moderada.
15- PROCESSO, de acordo com as reivindicações 1 e 13, caracterizado por os óxidos metálicos empregados serem óxidos de metais do Grupo Vl-B (Mo e W) e VII (Co e Ni), sendo a razão entre os metais do Grupo VII e do Grupo Vl-B entre 0,33 e 0,54.
16- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 13, caracterizado por o catalisador de hidrotratamento ser preferencialmente um sistema sulfetado tendo como base C0M0/AI2O3, contendo de 2,5% a 6% em massa de cobalto e cerca de 7% a 10% de molibdênio.
17- PROCESSO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por 0 reator de craqueamento catalítico fluido ser do tipo “riser”.
18- PROCESSO, de acordo com as reivindicações 1 e 13, caracterizado por a injeção de biomassa vegetal ser efetuada na base do “riser”.
19- PROCESSO, de acordo com as reivindicações 1 e 13, caracterizado por a injeção da corrente de hidrocarbonetos de refino de petróleo ser
4/4 injetada numa altura entre 1/4 e 1/2 do “riser”.
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