BRPI1105117A2 - Nanoemulsão múltipla óleo/água/silicone e processo de obtenção - Google Patents

Nanoemulsão múltipla óleo/água/silicone e processo de obtenção Download PDF

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NANOEMULSÃO MÚLTIPLA ÓLEO/ÁGUA/SILICONE E PROCESSO DE OBTENÇÃO. Nanoemulsão múltipla óleo, água e silicone (O/A/S) obtida por meio de um processo específico que contempla uma etapa de homogeneização em alta pressão para emulsificar uma nanoemulsão é oleo em água (O/A) posteriormente dispersa em uma fase de silicones, formando uma nanoemulsão estável e homogênea, que possui sensorial diferenciado e permite a incorporação de substâncias termosensíveis na nanoemulsão.

Description

I / 14 RELATÓRIO DESCRITIVO
Nanoemulsão múltipla óleo/águ a/silicone E PROCESSO DE OBTENÇÃO Campo da invenção
Esta invenção se refere ao campo das necessidades humanas, mais especifi- 5 camente ao campo de preparações para finalidades farmacêuticas, cosméti- cas ou dermatológicas, mais especificamente a uma nanoemulsão múltipla de óleo-água-silicone, obtida através de um processo específico que con- templa uma etapa de homogeneização em alta pressão.
Histórico da invenção Dentre os sistemas nanotecnológicos utilizados na cosmética, destacam-se as nanopartículas e as nanoemulsões. As nanoemulsões são dispersões ter- modinamicamente instáveis formadas por dois ou mais líquidos imiscíveis. Fazem parte de uma classe de emulsões com tamanhos de gotas em escala nanométrica. Suas propriedades não dependem somente das condições ter- modinâmicas, mas também do método de preparo, e, principalmente, da ordem de adição dos componentes. A sua aparência translúcida ou transpa- rente e sua metaestabilidade tornam esse sistema interessante para pesqui- sas e aplicações práticas (como produtos cosméticos, farmacêuticos e quí- micos). A obtenção destes sistemas requer uma quantidade significante de 2 0 energia, fazendo com que o método de preparo de alta energia apresente custo elevado para aplicações industriais. Deste modo, o preparo de nano- emulsões com propriedades e características reprodutíveis, usando métodos de baixa energia, tem sido uma área de grande interesse.
Nanoemulsões podem ser obtidas por métodos de alta energia de emulsifi- cação ou de baixa energia de emulsificação. Naqueles, utiliza-se tradicio- nalmente a força mecânica para quebrar a fase interna em glóbulos nano- métricos, como, por exemplo, ultrassonicadores de alta energia ou agitado- res de alta velocidade. Já os métodos de baixa energia fazem uso das pro- priedades físico-químicas do sistema, relacionadas aos fenômenos que o- correm na inversão de fases de uma emulsão, que acontecem pela mudança do equilíbrio hidrofílico e lipofílico (EHL) dos tensoativos, ou seja, na afi- nidade dos tensoativos pelas fases aquosa e oleosa. Durante a inversão es- 5 pontânea na propriedade do tensoativo, existe uma tensão interfacial míni- ma entre os líquidos, o que favorece a formação de nanoemulsões sem a utilização de altas velocidades de agitação. Este fenômeno pode ocorrer pela alteração da fração volumétrica entre as fases, método conhecido por EPI (emulsion phase inversion) ou por influência da temperatura, método 10 conhecido por PIT (phase inversion temperature).
No método EPI, para obtenção de uma nanoemulsão óleo em água (O/A), a fase aquosa é adicionada lentamente à mistura de óleos e tensoativos. Com o aumento da fração volumétrica da fase aquosa a conformação dos tensoa- tivos se altera e também sua afinidade entre as fases, gerando a inversão de fases.
Para a obtenção de uma nanoemulsão O/A pelo método PIT, aquece-se a fase aquosa juntamente com a fase oleosa e os tensoativos, quando, então, as porções etoxiladas dos tensoativos não-iônicos mudam de conformação, tornando-se mais hidrofóbicos conforme o aumento da temperatura, o que 20 altera a afinidade desses tensoativos pelas fases. Em certa temperatura, va- riável de acordo com a composição do sistema, acontece a inversão de fa- ses, onde a mínima tensão interfacial entre água e óleo favorece a formação da nanoemulsão. Quando a temperatura se reduz, os glóbulos estão forma- dos e obtém-se a nanoemulsão O/A.
2 5 Os procedimentos descritos podem variar quanto à ordem de adição dos componentes, adição de solventes, resfriamento brusco de temperatura, en- tre outros.
Os métodos de baixa energia de emulsificação têm o inconveniente da es- pecificidade para cada composição, ou seja, para cada sistema a inversão de fases ocorre em determinada razão entre fase oleosa e tensoativos, em de- terminada faixa de temperatura ou, ainda, depende da estrutura química dos componentes (tamanho da cadeia, peso molecular e existência ou ausência 5 de insaturações), presença de co-ativos, presença de solventes não aquosos, eletrólitos, entre outros. Assim, as condições ideais devem ser estudadas para cada composição.
O processo da presente invenção, entretanto, supera essas dificuldades ge- rando uma nanoemulsão O/A estável em meio de silicone, fato inédito no estado da técnica.
Análise do estado da técnica
O documento KR 20050028669 revela uma nanoemulsão que compreende vitamina A ou seus derivados e peptídeos, e uma composição cosmética anti-rugas que contém a mesma nanoemulsão, cuja composição melhora a 15 inibição da atividade de envelhecimento da pele, inibição de rugas e de ab- sorção cutânea rápida, estabilidade a longo prazo e comodidade de uso. A nanoemulsão compreende de 0,001 a 10,0 partes em peso de vitamina A e seus derivados, acetil-3 hexapeptídeo, 1 a 50 partes em peso de óleo, 0,5 a 20 partes em peso de tensoativo e álcool (Cl2-22), onde a proporção de 2 0 óleo para surfactante e álcool é de 0,5 a 9; a partícula em emulsão tem o tamanho médio de IOOnm a 1000nm, a relação peso da vitamina A e seus derivados para acetil-3 hexapeptídeo é de 10.000 para 1, a vitamina a e seus derivados são selecionados a partir retinamide polietoxilado, ácido retinói- co, retinol, acetato de retinol e palmitato de retinol, e o óleo é óleo vegetal, 25 óleo mineral, óleo de silicone e óleo sintético. A composição anti-rugas cosméticos compreende de 1 a 100 partes em peso de nanoemulsão, em que a composição tem uma formulação selecionada a partir de essência, loção e creme. A patente americana US7153516 se refere a um método de fazer um nano- gel com baixos níveis de emulsificantes. O nanogel óleo em água é espes- sado por uma fase de óleo e um componente de silicone dotado de estrutura para aumentar a viscosidade da composição e forma o nanogel. A pré- 5 emulsão que contém o silicone, a fase oleosa e uma fase de água são sub- metidos a um tratamento de alto cisalhamento e alta pressão, pelo menos, duas vezes consecutivas. O auto-espessamento do gel ocorre quando o componente silicone e a fase óleo fornecem estrutura para a composição. Alternativamente, o componente de silicone pode ser adicionado a uma 10 pré-emulsão das fases óleo e água, sendo as duas fases submetidas a cisa- lhamento e alta pressão. A combinação do componente silicone com a e- mulsão intermediária tratada é submetida a um segundo cisalhamento e alta pressão, que resulta em auto-estruturação do componente silicone e a fase óleo.
O pedido US6120778 diz respeito a uma emulsão de óleo em água transpa- rente, tendo os glóbulos de óleo um tamanho médio inferior a 100 nm e que compreende pelo menos um tensoativo de silicone. A emulsão de acordo com a invenção é estável no armazenamento e pode conter quantidades significativas de óleo, mantendo boa transparência. Ela pode conter princí- 2 0 pios ativos sensíveis ao calor e pode ser usada em particular no campo de cosméticos e em dermatologia para o tratamento e os cuidados da pele, mu- cosas, unhas, couro cabeludo e cabelo.
O documento US5925341 mostra uma emulsão de óleo em água com gló- bulos de óleo com um tamanho médio de não mais que 150 nm, compreen- 2 5 dem uma fase lipídica anfifílica compreendendo pelo menos um lipídio não iônico anfifílico que é líquido em temperatura inferior a 45°C, pelo menos um óleo e pelo menos um silicone aminado, bem como seus usos no campo cosmético ou dermo-farmacêutico. A inovação do documento US2009/0208548 explicita uma emulsão que inclui um meio líquido substancialmente contínuo, e uma pluralidade de estruturas de gotículas dispersas no meio líquido praticamente contínuo. Cada estrutura de gotículas da pluralidade de estruturas inclui uma gota ex- tema de um primeiro líquido tendo uma superfície externa, uma gota inte- rior de um segundo líquido tendo uma superfície interna contida dentro da superfície externa da gota exterior do primeiro líquido, o segundo líquido sendo imiscível no primeiro líquido, em que as gotas interiores e exteriores têm uma região de limite de superfície entre os mesmos; uma camada ex- tema de copolímeros em bloco dispostos na superfície externa da gota exte- rior; e uma camada interna de copolímeros em bloco dispostos na superfí- cie interna da gota interior. Os copolímeros em bloco incluem um bloco de polímero hidrofílico e um bloco de polímero hidrofóbico que atuam em conjunto para estabilizar a estrutura de gota, e o primeiro líquido é imiscí- vel no meio líquido substancialmente contínuo.
O documento US2010/0041629 mostra nanoemulsões e processo para sua preparação e seu uso como formulações de produtos para proteção de plan- tas e/ou pesticidas e/ou cosméticos.
A patente US2010/0069511 revela sistemas estáveis de emulsão mista con-
2 0 tendo pelo menos dois agentes distintamente diferentes com faixas de ta- manho de partículas dispersas, ou seja, tanto nanoemulsão e dispersões se- mi-sólidas de macroemulsões, bem como um método de fazer o mesmo, são divulgados. As emulsões estáveis misturadas podem ser usadas para aplicações cosméticas e dermatológicas e oferecer benefícios exclusivos.
A patente US 7858580 se refere a composições dermatológicas, incluindo pelo menos um oligopeptídeo com uma seqüência de 4, 5 ou 6 aminoácidos e/ou um derivado deste como meio para aumentar a sensibilidade da pele, onde a seqüência de aminoácidos compreende a seqüência de dipeptídeo Ile-Pro e/ou Pro-Ile.
O documento US2009/0297665 prevê composições e métodos para prepa- rar alimentos e bebidas que contenham aditivos, tais como nutracêuticos, farmacêuticos e suplementos, tais como ácidos graxos essenciais, incluindo 5 ácidos graxos ômega-3, ácidos graxos ômega-6, ácidos graxos conjugados e outros ácidos graxos; fitoquímicos, incluindo fitoesteróis; outros óleos; e coenzimas, incluindo Coenzima QlO, e outros aditivos à base de óleo.
O documento US2011/0033413 trata de um método para a produção de emulsões óleo em água (O/A) a partir de um concentrado de gel auto-
1 o emulsionante, sem agitação, tais como mistura, ou em um campo de fluxo
laminar.
O documento US2001/0028887 mostra nanoemulsões óleo em água que compreendem glóbulos de óleo com um tamanho médio inferior a 150 nm e compreendendo pelo menos um óleo, pelo menos um lipídio anfifflico e 15 pelo menos um polímero catiônico, compreendendo pelo menos um bloco hidrófobo e pelo menos um bloco hidrófilo e processos compreendendo tais nanoemulsões de óleo em água.
A patente US6562356 traz nanoemulsões óleo em água que compreendem glóbulos de óleo com um tamanho médio inferior a 150 nm e compreen-
2 0 dendo pelo menos um óleo, pelo menos um lipídio anfifflico e pelo menos
um derivativo de polietileno glicol (PEG) dentre os ésteres de PEG e éteres de PEG a partir dos compostos de fórmula Rl-(0-CH2-CH2)n-0R2, onde Rl = escolhido dentre grupos alquil lineares ou ramificados, saturados ou insaturados, compreendendo de 8 a 30 átomos de carbono, e grupos acila 25 lineares ou ramificados, saturados ou insaturados, compreendendo de 8 a 30 átomos de carbono; R2 = escolhido dentre um átomo de hidrogênio, ou um grupo alquil linear ou ramificado, saturado ou insaturado, compreen- dendo de 1 a 30 átomos de carbono, ou um grupo acila linear ou ramifica- do, saturado ou insaturado, compreendendo de 1 a 30 átomos de carbono; n = é um número entre 80 a 350; e processos compreendendo tais emulsões água em óleo. A patente revela uma composição em forma de nanoemulsão contendo a combinação de óleo, água e silicone, com alusão à formulação 5 do objeto de estudo, sem, contudo, adiantar o mesmo processo de fabrica- ção.
O documento US2011/0105629 revela um método de produção de uma emulsão que inclui a preparação de uma solução compreendendo uma pri- meira e uma segunda espécies moleculares, sendo que a primeira espécie
1 o molecular é solúvel na segunda espécie molecular, formando uma plurali-
dade de gotas da solução de um líquido a granel para criar uma primeira emulsão, a pluralidade de gotículas com um primeiro raio médio conjunto no líquido a granel, onde a primeira espécie molecular da solução de gota é pelo menos parcialmente solúvel no fluido a granel e a solução de gotas é 15 pelo menos parcialmente imiscível no fluido a granel; e permitindo que as moléculas da primeira espécie molecular migrem a partir da pluralidade de gotículas de líquido para o líquido a granel devido a uma maior concentra- ção da primeira espécie molecular na solução de gotas do que no líquido a granel, para resultar na pluralidade de gotículas com um segundo raio mé-
2 o dio conjunto, que é menor do que o primeiro raio médio conjunto.
O documento de patente KR2009040144A refere-se a uma nanoemulsão contendo vitamina C. A nanoemulsão lipossomal cosmética compreende um derivado de vitamina C capaz de alcançar absorção transdérmica e é obitda através do processo de homogeneização em alta pressão, com pres- sões que variam entre 50 e 200MPa em três ciclos de homogeneização.
O documento de patente US20100119560A1 refere-se a uma nanoemulsão, seu uso e preparação. A nanoemulsão em questão compreende polioxipro- pileno-polioxietileno vitamina E como emulsionante e ácido acrílico ou derivado polimérico de acido poliacrílico como adjuvante.
O documento de patente W004032887A1 refere-se a uma composição ca- pilar condicionante que compreende um polímero de aumento de viscosi- dade e um surfactante catiônico. Preferencialmente, esta composição con- 5 dicionante contém ainda uma nanoemulsão de silicones com tamanho mé- dio de partícula menor que 220 nanômetros e suas misturas. A composição capilar condicionante é capaz de atuar na alteração de propriedades reoló- gicas e promover benefícios condicionantes.
Após análise comparativa do escopo do estado da técnica, pôde-se perceber 10 que todos os documentos acima citados se distanciam significativamente da invenção proposta uma vez que o objeto da invenção em tela é uma nano- emulsão múltipla obtida através de um processo específico que contempla uma etapa de homogeneização em alta pressão, o que confere a possibili- dade de incorporação de ingredientes termosensíveis, comprovando, assim, 15 a diferença da nova invenção frente ao que é atualmente descrito no estado da técnica.
Descrição das figuras
A Figura 1 ilustra uma fotomicrografia da nanoemulsão múltipla.
A Figura 2 ilustra esquematicamente o processo para a fabricação da nano- emulsão múltipla de água-óleo-silicone (O/A/S).
A Figura 3 ilustra esquematicamente a distribuição dos componentes na nanoemulsão múltipla O/A/S.
Descrição detalhada da invenção
Emulsão pode ser definida como um sistema termodinamicamente instável, onde um líquido se dispersa em outro na forma de glóbulos, sendo ambos imiscíveis. Nanoemulsões são emulsões caracterizadas por terem suas mi- celas na escala nanométrica e, por essa condição dimensional, conferem benefícios às composições farmacêuticas, cosméticas e/ou dermatológicas que, quando comparadas com emulsões tradicionais. Entre estes benefícios estão o favorecimento do transporte de substâncias ativas para as camadas mais profundas da pele, o aspecto homogêneo e a textura leve, que resul- tam em uma percepção sensorial diferenciada. Composições cosméticas e 5 dermatológicas em forma de nanoemulsões, além da inerente estabilidade, apresentam aspecto sensorial agradável, alta capacidade de espalhabilidade e hidratação.
De acordo com a hidrofilia ou lipofilia da fase dispersante, a nanoemulsão pode ser óleo em água (O/A) ou água em óleo (A/O). Para estabilizar cine- 10 ticamente a nanoemulsão, utilizam-se tensoativos para diminuição da ten- são interfacial entre as fases, formando um filme ao redor dos glóbulos da fase dispersa, com propriedades estéricas e eletrostáticas, capazes de estabi- lizar o sistema. Os tensoativos são moléculas anfifüicas que se adsorvem na interface entre as fases dispersa e dispersante, com a dupla função de 15 prevenir fenômenos de instabilidade que podem causar a separação das fa- ses do sistema.
Silicones são substâncias derivadas de silício e utilizadas para diferentes fins industriais. Em cosméticos e produtos destinados à aplicação tópica, seu uso é reconhecido quando atrelado à melhora de características sensori-
2 O ais como espalhabilidade, características de lubrificação, toque suave e se- doso sobre a pele. Sua aplicação em formulações cosméticas confere aos produtos características que facilitam e tornam o uso dos produtos mais prazeroso.
A nanoemulsão formada de acordo com essa inovação aproveita das carac- terísticas sensoriais de um meio de silicone, acrescido de emulsificantes para possibilitar a emulsificação de gotículas de água em escala nanométri- ca que, por sua vez, carreiam, dentro delas, gotículas de óleo em escala na- nométrica. Ou seja, temos “nanogotículas” de óleo internalizadas em “na- nogotículas” de água que são emulsionadas em um meio de silicone, com a ajuda de agentes emulsificantes. Como as nanogotículas de água carreiam internamente as nanogotículas de óleo, forma-se a nanoemulsão múltipla de óleo/água/silicone (O/A/S), possibilitando a incorporação de diversos ati- 5 vos em uma composição, ao mesmo tempo em que aproveita o sensorial agradável proporcionado pelo meio de silicone.
Os produtos cosméticos são constituídos de inúmeros ingredientes, tais como emolientes, emulsificantes, umectantes, surfactantes, conservantes e, ainda, ativos capazes de conferir benefícios diversos e complementares à 10 pele. Dentre estas substâncias podem ser utilizados agentes clareadores, tensores, antioxidantes e suavizantes, além de vitaminas, peptídeos e extra- tos vegetais. Todos passíveis de incorporação na citada nanoemulsão múl- tipla O/A/S, porém, alguns com o obstáculo da degradação em temperatu- ras elevadas.
Foi idealizada então uma composição de ingredientes em forma de nanoe- mulsão múltipla composta uma fase aquosa, componentes lipossolúveis e silicones. A estrutura desta nanoemulsão múltipla caracteriza-se pela com- binação de ingredientes lipossolúveis emulsionados em uma fase aquosa como fase descontínua, e, como fase contínua, uma mistura de silicones, 20 resultando em uma estrutura final caracterizada como uma nanoemulsão múltipla água/óleo/silicone (A/O/S). Esta nanoemulsão é obtida por meio de um processo específico que contempla uma etapa de homogeneização em alta pressão, que consiste na aplicação de altas pressões, a partir de IOMPa, para obter estruturas na escala nanométrica. Para que isso ocorra, 25 formam-se, inicialmente, as micelas da emulsão primária de óleo em água (O/A) que é submetida a um processo de homogeneização em alta pressão, formando micelas em escala nanométrica, ou seja, a nanoemulsão O/A. Es- tas, então, são dispersas em um meio de silicone, onde a água interage es- pontaneamente com a mistura específica de silicones, formando a nanoe- mulsão secundária: nanoemulsão de óleo em água (O/A), em silicone (O/A/S). A composição citada é constituída por agentes hidratantes, emoli- entes, substâncias modificadoras de sensorial, emulsionantes, dentre outros.
5 Ao combinarmos as substâncias acima descritas, cada qual com a sua res- pectiva função associadas a um processo que contém uma fase de homoge- neização em alta pressão, é possível oferecer soluções efetivas para o tra- tamento da pele, pois se consegue em uma mesma combinação os benefí- cios das três distintas classes de substâncias supracitadas, além dos benefí- 10 cios da nanotecnologia, associados a um sensorial diferenciado, elevada estabilidade e a possibilidade de incorporação de substâncias termolábeis.
A composição foi submetida ao teste de estabilidade usual, o qual avalia formulações por meio da exposição a diferentes condições ao longo do tempo (luz solar, freezer, geladeira, luz dicróica, estufas a 37°C, 45°C e 15 50°C, e temperatura ambiente). Após noventa dias, em todas as condições avaliadas, as composições não apresentaram alterações significativas quan- to à aparência, cor, odor, viscosidade e pH.
Com o intuito de verificar a estrutura da emulsão em nível nanométrico, objeto desta invenção, procedeu-se análise por microscopia eletrônica de 2 0 transmissão, ilustrada na Figura 1, que comprovou a escala nanométrica através da observação das estruturas micelares, as quais puderam ser visua- lizadas na fotomicrografia com escala, além da confirmação da estrutura de nanoemulsão múltipla supracitada, ou seja, visualizaram-se as gotículas de óleo emulsionados em água, dentro das estruturas envoltas por silicones, 25 formando a nanoemulsão múltipla O/A/S.
Para a obtenção da nanoemulsão O/A/S, a emulsão primária O/A é formada mediante agitação mecânica e, quando submetida a um processo de homo- geneização em alta pressão, é formada a nanoemulsão O/A. Essa nanoe- mulsão homogênea é então submetida a novas etapas de agitação mecânica incorporando-se à fase de silicones, formando o conjunto O/A/S, ilustrado esquematicamente na Figura 3. Cabe lembrar que, como a água dispersa em silicone forma espontaneamente uma nanoemulsão, essa etapa não necessi- 5 ta de uma homogeneização de alta energia, embora isso também possa ser utilizado.
O processo de homogeneização em alta pressão toma possível a mistura estável entre as três fases, formando uma estrutura única. O produto obtido por meio do processo aqui relatado confere um benefício diferencial quan- 10 do comparado com outras patentes do estado da arte, no que diz respeito à nanoestrutura múltipla (inovação comprovada pela imagem - microscopia eletrônica de transmissão) e ao sensorial diferenciado (benefício compro- vado por painel de avaliação). Outro benefício muito importante é que o processo todo foi desenvolvido a frio, o que é uma conhecida vantagem 15 descrita inclusive em outras patentes, já que parte dos ativos da composição poderia ser parcial ou totalmente degradada durante um processo de emul- sificação a quente.
Este processo permite obter uma emulsão com uma nanoestrutura múltipla, comprovada por microscopia eletrônica de transmissão, por meio de etapas 20 relativamente simples, escalonáveis, que possibilitam um processamento robusto e industrialmente reprodutível, com alto rendimento, e a possibili- dade do processamento e veiculação de princípios ativos vegetais ou sinté- ticos sensíveis a altas temperaturas.
Para a obtenção da nanoemulsão múltipla O/A/S é necessário ter essas três 2 5 fases preparadas de modo específico, para que se possa resultar no equilí- brio desejado. Assim, para vetorizar ativos lipossolúveis termolábeis, esta fase deve ser a fase mais interna da nanoemulsão e, por conseqüência, é a que se deseja ter nas escalas nanométricas. O interesse de veicular esses três tipos distintos de substâncias de naturezas distintas é o de se aproveitar os benefícios isolados de componentes aquosos, oleosos e silicones em um mesmo produto, reunidos nessa nanoemulsão múltipla. Desse modo, con- segue-se veicular ativos lipossolúveis e hidrossolúveis em um mesmo pro- 5 duto, além de se aproveitar dos benefícios sensoriais da fase silicone, que é a fase mais externa. Além disso, as fases onde estão os produtos ativos (li- po- e hidrossolúvel) conseguem estar no tamanho nanométrico, o que au- menta, por motivos peculiares e conhecidos, suas características de ativida- de. Ainda, como característica diferenciada, todo o processo de formação 10 da nanoemulsão O/A/S é realizado a frio, sem o uso de temperaturas que comprometam o uso de ativos termolábeis.
A título de exemplificação do processo, utilizaremos a Figura 2 para ilus- trar as etapas de sua realização, sucintamente descritas a seguir:
1) Solubilização de ingredientes hidrossolúveis, como agentes hidratantes, antienvelhecimento, tensoativos, condicionantes da pele, quelante, dentre
outros, sob agitação, formando a “fase aquosa”;
2) Dispersão de ingredientes lipossolúveis, como agentes antioxidantes, emolientes, filtros solares, dentre outros, sob agitação, formando a “fase oleosa”;
3) Verter a fase aquosa à fase oleosa sob agitação intensa, obtendo a emul- são O/A (emulsão primária);
4) Submeter a emulsão primária ao processo específico de homogeneização em alta pressão, obtendo a nanoemulsão O/A;
5) Adicionar a nanoemulsão O/A à mistura de silicones previamente prepa- rada, sob agitação, formando finalmente a nanoemulsão múltipla O/A/S.
Esta invenção não se limita às representações aqui comentadas ou ilustra- das, devendo ser compreendida em seu amplo escopo. Muitas modificações e outras representações da invenção virão à mente daquele versado na téc- nica à qual essa invenção pertence, tendo o benefício do ensinamento apre- sentado nas descrições anteriores. Além disso, a presente invenção não está limitada à forma específica revelada e modificações e outras formas são entendidas como inclusas dentro do escopo das reivindicações anexas. Em- 5 bora termos específicos sejam empregados aqui, eles são usados somente de forma genérica e descritiva e não como propósito de limitação.

Claims (2)

1. Nanoemulsão múltipla óleo/água/silicone (O/A/S) caracterizada por apresentar uma nanoemulsão primária de óleo em água (O/A), sendo que esta nanoemulsão O/A apresenta uma fase oleosa dispersa dentro de go- tículas nanométricas de água, que, por sua vez, é dispersa em um meio de silicone, formando a nanoemulsão secundária O/A/S.
2. Processo de formação da nanoemulsão múltipla óleo/água/silicone (O/A/S) descrita na reivindicação 1, caracterizado pela submissão de uma emulsão óleo em água (O/A) a uma etapa de homogeneização em alta pressão, formando uma nanoemulsão O/A, a qual é então dispersa em uma fase contínua de silicones, formando uma nanoemulsão O/A/S.
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