BR112021003890B1 - Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários - Google Patents

Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários Download PDF

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Abstract

SISTEMA DE PRÓTESE DENTÁRIA, PARA A UTILIZAÇÃO COM PELO MENOS DOIS IMPLANTES DENTÁRIOS. Um sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, em que a prótese dentária é dividida em uma primeira parte protética (1) e uma segunda parte protética (2), unidas por um parafuso protético (3), e em que a primeira parte protética está ligada aos implantes dentários através de pelo menos dois conectores (4), e tal prótese dentária tem um sistema antirrotacional e de orientação, incluindo dois elementos fêmeas (6), dispostos no topo da primeira parte protética, e dois elementos machos correspondentes (5), dispostos no fundo da segunda parte protética, pelo que a ligação entre os dois elementos fêmeas e os dois elementos machos é liberável. Os problemas solucionados na técnica anterior são relacionados com um momento fletor derivado das forças mastigatórias. A solução compreende instalar uma fragilidade mecânica na prótese para proteger o tecido ósseo.

Description

CAMPO DA INVENÇÃO
[0001] A presente invenção está relacionada com um sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, que é adequado para ser utilizado em reabilitações orais.
ESTADO DA TÉCNICA
[0002] Reabilitações orais que utilizam implantes osteointegrados provaram ser uma solução eficaz, com evidência de bons resultados a longo prazo e que devolvem ao paciente as funções mastigatória e estética perdidas, conforme é mostrado em Adell et al. (“A 15-year study of osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw.” Int J Oral Surg. 1981;10(6):387 a 416), em Jemt T, Johansson J. (“Implant treatment in the edentulous maxillae: A 15-year followup study on 76 consecutive patients provided with fixed prostheses.” Clin Implant Dent Relat Res. 2006;8(2):61 a 69) e em Lindquist et al. (“A prospective 15year follow-up study of mandibular fixed prostheses supported by osseointegrated implants.” Clinical results and marginal bone loss. Clin Oral Implants Res. 1996;7(4):329 a 336). No entanto, devido a causas diferentes, o volume ósseo disponível pode dificultar a colocação de implantes dentários, seja porque a colocação proteticamente guiada das fixações pode ficar comprometida ou porque a utilização de implantes de dimensões convencionais é impedida pela proximidade de estruturas anatômicas importantes.
[0003] Assim, de modo a superar esse problema, a utilização de procedimentos cirúrgicos para restabelecer o volume e contorno ósseo para uma inserção de implante proteticamente guiada, assim como para a colocação de implantes de dimensões convencionais, é uma opção atraente. As diferentes abordagens cirúrgicas compreendem um vasto grupo de enxertos ósseos (autoenxertos, aloenxertos, xenoenxertos e enxertos ósseos sintéticos) e técnicas, com múltiplas combinações (enxertos ósseos do tipo onlay, enxertos ósseos interposicionais, regeneração óssea guiada, distração osteogênica e expansão óssea horizontal. No entanto, apesar das taxas de êxito reportadas, esses procedimentos estão relacionados com tratamentos dispendiosos, mais cirurgias, mais morbidade, mais complicações cirúrgicas, mais tempo de tratamento e o aumento da possibilidade de insucesso. Esses fatores motivam o paciente e o dentista a procurem soluções mais simples, mais rápidas e mais econômicas.
[0004] Como alternativa, a utilização de implantes curtos, colocados no volume ósseo disponível, é mais econômica, mais rápida e menos invasiva. Esse grupo de implantes é particularmente indicado quando a quantidade de osso é reduzida. Além disso, a utilização de implantes curtos torna desnecessárias abordagens cirúrgicas mais complexas. Contudo, essa solução também pode apresentar algumas desvantagens referentes ao rácio coroa-implante comprometido e ao resultado protético. Sempre que necessário, o recurso a soluções protéticas para corrigir uma posição proteticamente desfavorável do implante, pode ser uma abordagem complementar.
[0005] Outra opção para superar a colocação de implante de uma maneira não proteticamente orientada, é o recurso à prótese cimentada. As restaurações cimentadas têm algumas vantagens como um melhor resultado estético devido à ausência da cavidade de acesso ao parafuso e à simplicidade de utilização. No entanto, essas também estão relacionadas com problemas que envolvem a remoção da prótese, por vezes exigindo a perfuração de prótese para que seja encontrado o parafuso do pilar, o que pode resultar em um dano estético significativo e na necessidade de substituir a prótese, conforme é mostrado em Mehl et al. (“Retrievability of implant-retained crowns following cementation.” Clin Oral Implants Res. 2008;19(12):1304 a 1311). Contudo, o principal problema identificado com a utilização de próteses cimentadas é a difícil remoção de excesso de cimento e a possibilidade de se desenvolverem problemas peri- implantares, que variam de uma mucosite, associada com edema, sangramento e sondagem mais profunda, até de sinais de perda óssea, conforme é mostrado em Pauletto et al. (“Complications associated with excess cement around crowns on osseointegrated implants: a clinical report.” Int J Oral Maxillofac Implants. 1999;14(6):865 a 868.).
[0006] A utilização de pilares angulados também pode ser considerada como uma abordagem possível em tais casos, o que pode permitir a utilização de uma solução aparafusada. A utilização de canais angulados para o acesso ao parafuso, também conhecidas como pilares dinâmicos, é também uma solução para os mesmos problemas clínicos, conforme é mencionado em Ferreira et al. (“Fatigue and microgap behaviour of a three-unit implant-fixed dental prosthesis combining conventional and dynamic abutments”. J Med Eng Technol. 2018; 42(5): 397 a 405).
[0007] Um problema comum e fundamental referente à colocação de implantes sem procedimentos de aumento ósseo prévios, está relacionado com as forças de flexão geradas nos componentes protéticos, implantes e osso por uma prótese com uma coroa clínica consideravelmente mais elevada do que os implantes de suporte e os possíveis efeitos adversos no tecido ósseo, nos implantes e componentes protéticos, conforme é mostrado em Calvo et al. (“Evaluation of extrashort 4-mm implants in mandibular edentulous patients with reduced bone height in comparison with standard implants: a 12-month results.” Clin Oral Implants Res. 2015;27:867 a 874) e em Verri et al. (“Biomechanical influence of crown-to-implant ratio on stress distribution over internal hexagon short implant: 3-D finite element analysis with statistical test.” J Biomech. 2015;48(1):138 a 145). De modo semelhante, os efeitos dos momentos fletores produzidos pelas forças mastigatórias também são motivos de preocupação, uma vez que a tensão de cedência do osso é mais baixa quando a carga atua em uma direção perpendicular ao seu eixo geométrico principal.
[0008] Portanto, apesar da segurança de utilização documentada, os implantes curtos podem estar relacionados com um risco aumentado de insucesso do implante.
[0009] O racional por detrás dessa questão é sustentado pelo fato de que as forças mastigatórias, devido à sua componente horizontal, criarem um momento fletor que poderá gerar altas tensões de compressão e de cisalhamento no osso marginal. Como a utilização de implantes curtos pode estar relacionada com a necessidade de coroas longas, o que cria um maior rácio coroa-implante, pode se pressupor que quanto maior a coroa, maior o momento fletor e, como consequência, também maior é a possibilidade de serem geradas tensões mais altas, com potenciais efeitos prejudiciais ao nível do osso marginal. O fulcro para a rotação resultante do momento considerado poderia ser localizado na interface implante-pilar, normalmente no nível da crista óssea.
[0010] Portanto, há uma necessidade no estado da técnica que se preocupa com o desenvolvimento de tratamentos estéticos e funcionais de longo prazo, em que “longo prazo” significa estabilidade biomecânica de tecidos duros e moles e também estabilidade dos materiais utilizados para substituir os tecidos e os dentes perdidos. Além do mais, há uma necessidade de desenvolver um sistema de prótese dentária em que os seus componentes estruturais possam ser capazes de resistir às tensões geradas pelos momentos de flexão, resultantes das forças mastigatórias, ao passo que, simultaneamente, são preservados os tecidos ósseos que sustentam o implante e a prótese.
BREVE DESCRIÇÃO DOS DESENHOS
[0011] De modo a promover um entendimento dos princípios de acordo com as modalidades da presente invenção, será feita referência às modalidades mostradas nas figuras e à linguagem utilizadas para descrever as mesmas. Em todo o caso, deve ser entendido que não há intenção de limitar o âmbito da presente invenção ao conteúdo das figuras. Quaisquer alterações ou modificações subsequentes dos atributos da invenção no presente documento e quaisquer aplicações adicionais dos princípios e modalidades da invenção ilustradas, que normalmente ocorreriam a uma pessoa versada na técnica que esteja em posse desta divulgação, estão dentro do âmbito da invenção reivindicada. Figura 1 - é uma vista frontal de um sistema de prótese dentária, de acordo com a presente invenção, ligado a um modelo para o osso cortical; Figura 2 - é uma vista frontal e lateral de um sistema de prótese dentária, de acordo com a presente invenção, ligado a um modelo para o osso cortical e o osso trabecular; Figura 3 - é uma vista de uma projeção como elemento macho e de um sulco correspondente como elemento fêmea, utilizados em uma modalidade do sistema de prótese dentária; Figura 4 - é uma vista de um elemento macho cônico e um elemento fêmea cônico, utilizados em uma modalidade do sistema de prótese dentária; Figura 5 - é uma outra vista de uma projeção como elemento macho e de um sulco correspondente como elemento fêmea, utilizados em uma modalidade do sistema de prótese dentária; Figura 6 - é uma outra vista de um elemento macho cônico e um elemento fêmea, utilizados em uma modalidade do sistema de prótese dentária; Figura 7 - é uma vista em corte de uma modalidade do sistema de prótese dentária que mostra o elemento macho de projeção e um elemento fêmea de sulco, os canais para o parafuso protético e para o parafuso do implante, utilizados em uma modalidade do sistema de prótese dentária; Figura 8 - é uma vista em corte de uma modalidade do sistema de prótese dentária que mostra um elemento macho e um elemento fêmea cônicos, os canais para o parafuso protético e para o parafuso do implante, utilizados em uma modalidade do sistema de prótese dentária; Figura 9 - é uma vista em corte da montagem de ambas as partes protéticas que mostra um elemento macho de projeção e um elemento fêmea de sulco e o parafuso protético, utilizados em uma modalidade do sistema de prótese dentária; Figura 10 - é uma outra vista em corte da montagem de ambas as partes protéticas que mostra um elemento macho e um elemento fêmea cônicos e o parafuso protético, utilizados em uma modalidade do sistema de prótese dentária; e Figura 11 - é uma vista de um sistema de prótese dentária após incorporar atributos anatômicos de osso e dentes.
[0012] Lista de sinais de referência: - uma primeira parte protética (1); - uma segunda parte protética (2); - um parafuso protético (3); - um conector (4); - um elemento macho (5); - um elemento fêmea (6); - uma projeção como elemento macho (5a); - um sulco como elemento fêmea (6a); - uma extensão cônica ou cilíndrica como elemento macho (5b); - uma cavidade cônica ou cilíndrica como elemento fêmea (6b); - um canal para o parafuso protético (7); - um modelo para o osso cortical (8); - um modelo para o osso trabecular (9); - um canal para o parafuso do implante (10); - uma face bucal (11); e - uma face lingual (12).
DESCRIÇÃO DETALHADA DAS MODALIDADES PREFERENCIAIS
[0013] Agora será feita referência em detalhe às modalidades preferenciais da invenção, exemplos das quais são ilustrados nos desenhos anexos. Sempre que possível, os mesmos números de referência serão utilizados ao longo dos desenhos para se referir às partes iguais ou semelhantes.
[0014] Com os problemas do estado da técnica em mente, a presente invenção se baseia na instalação de uma fragilidade mecânica na prótese para proteger o tecido ósseo do momento de flexão resultante das forças mastigatórias. A presente invenção explora o conceito de um fusível mecânico ou estrutural, que compreende a introdução de um elemento sacrificial que, em caso de sobrecarga e/ou fadiga, irá se romper ou se deformar e, portanto, protegerá a estrutura restante. A transposição desse conceito de engenharia para uma situação clínica resultaria na fratura ou na estricção do elemento sacrificial, evitando a geração de um padrão de tensão que poderia resultar em perda óssea marginal.
[0015] Ao mesmo tempo, o elemento sacrificial precisa de ser forte o suficiente para resistir à função mastigatória normal sem falhar e sem permitir movimentos da prótese que poderiam tornar a mastigação desconfortável. Além disso, a substituição programada do elemento sacrificial é uma solução de baixo custo e é uma solução que pode ser completamente aceite pelos pacientes.
[0016] A presente invenção se refere a um sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, que compreende: uma prótese dentária, que é dividida em duas partes, compreendendo uma primeira parte protética (1), com faces mesial, distal, lingual e bucal, uma seção de topo e uma seção de fundo, e uma segunda parte protética (2), com faces mesial, distal, lingual e bucal, uma seção de topo e uma seção de fundo; e tendo um parafuso protético (3), em que o parafuso protético une a primeira parte protética (1) e a segunda parte protética (2), e o referido parafuso protético (3) atua como um elemento sacrificial; e em que a primeira parte protética (1) tem a capacidade de estar ligada aos implantes dentários através de pelo menos dois conectores (4), situados na seção de fundo da primeira parte protética (1); e tendo um sistema antirrotacional e orientação, em que o sistema antirrotacional e orientação inclui dois elementos fêmeas (6), dispostos na seção de topo da primeira parte protética (1), e dois elementos machos correspondentes (5), dispostos na seção de fundo da segunda parte protética (2), pelo que a ligação entre os dois elementos fêmeas (6) e os dois elementos machos (5) é liberável.
[0017] O parafuso protético (3) constitui o elemento sacrificial submetido a um momento de flexão resultante das forças mastigatórias que atuam sobre o sistema de prótese dentária, implantes e o tecido ósseo. O sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção permite que a tensão gerada no osso seja colocada em uma zona segura. De acordo com a teoria mecanostática de Frost, acima de uma tensão de 60 MPa sobre o osso, microdanos não reparados podem começar a se acumular e a formação de osso imaturo, não calcificado, começa a substituir a formação de osso lamelar. Portanto, este ponto é o equivalente à tensão de cedência do tecido ósseo. No modelo de sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção, essa remodelação óssea não acontece, porque as tensões sobre o osso são mantidas mais baixas do que a tensão de cedência do tecido ósseo, ao passo que o parafuso protético (3) é submetido a uma tensão acima de sua tensão de cedência.
[0018] Portanto, após um certo período, em que o sistema de prótese dentária é submetido às tensões de cisalhamento resultantes da função mastigatória normal, a fragilidade mecânica criada pela sua divisão em uma primeira parte protética (1) e em uma segunda parte protética (2), unidas por um parafuso protético (3), atua protegendo o tecido ósseo da geração de tensões relacionadas com a formação de osso imaturo não calcificado. Portanto, o parafuso protético (3) é submetido a uma tensão acima de sua tensão de cedência, enquanto as outras partes do sistema de prótese dentária e o osso são submetidos a tensões abaixo das suas tensões de cedência. No limite, o parafuso protético (3) fratura ou deforma, mantendo preservado o tecido ósseo e as partes protéticas. Se o parafuso protético (3) se romper ou deformar, esse elemento sacrificial pode ser substituído e o sistema de prótese dentária é reinstalado sobre os implantes, resultando em uma solução de baixo custo para o paciente e em uma solução prática para o dentista.
[0019] O parafuso protético também pode ser preventivamente substituído periodicamente.
[0020] Como é ilustrado na Figura 1, em uma modalidade preferencial da presente invenção, é realizada uma divisão horizontal da prótese dentária em uma primeira parte protética (1) e em uma segunda parte protética (2), em que a altura da segunda parte protética (2) está em uma faixa de 20% a 80% da altura do espaço protético existente. De preferência, a altura da segunda parte protética (2) está em, pelo menos, 50% da altura do espaço protético existente. O espaço protético no presente documento corresponde à soma das alturas da primeira parte protética (1) e da segunda parte protética (2).
[0021] Nas modalidades preferenciais de acordo com a presente invenção, a altura do espaço protético é igual ou superior a 5 mm. De acordo com Nissan et al. (“The effect of splinting implant-supported restorations on stress distribution of different crown-implant ratios and crown height spaces.” J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(12):2990 a 2994, há uma maior relevância da altura do espaço protético do que do rácio coroa-implante na geração de tensões, principalmente ao nível do osso crestal. De acordo com esse estudo, o rácio coroa-implante não parece ser responsável pelos problemas reportados com a utilização de implantes curtos. Em vez disso, a altura do espaço protético desempenha um papel mais relevante, em que, de uma altura protética de 15 mm em diante, os efeitos de perda óssea marginal podem começar. Consequentemente, nos ensaios que empregam uma primeira parte protética (1) e uma segunda parte protética (2) que resultam na altura do espaço protético acima de 15 mm, o parafuso protético (3) atua como um elemento sacrificial, submetido a um momento de flexão resultante das forças mastigatórias, preservando o tecido ósseo.
[0022] Nas modalidades preferenciais de acordo com a presente invenção, a altura do espaço protético é igual ou superior a 5 mm. De acordo com Nissan et al. (“The effect of splinting implant-supported restorations on stress distribution of different crown-implant ratios and crown height spaces.” J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(12):2990 a 2994, há uma maior relevância da altura do espaço protético do que do rácio coroa-implante na geração de tensões, principalmente ao nível do osso crestal. De acordo com esse estudo, o rácio coroa-implante não parece ser responsável pelos problemas reportados com a utilização de implantes curtos. Em vez disso, a altura do espaço protético desempenha um papel mais relevante, em que, de uma altura protética de 15 mm em diante, os efeitos de perda óssea marginal podem começar. Consequentemente, nos ensaios que empregam uma primeira parte protética (1) e uma segunda parte protética (2) que resultam na altura do espaço protético acima de 15 mm, o parafuso protético (3) atua como um elemento sacrificial, submetido a um momento de flexão resultante das forças mastigatórias, preservando o tecido ósseo.
[0023] Portanto, o sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção pode ser utilizado em uma ampla faixa de alturas do espaço protético. De preferência, quando a altura do espaço protético é igual ou superior a 15 mm, mas pode ser utilizado, sempre que a altura do espaço protético for maior do que a coroa anatômica a ser substituída.
[0024] A divisão da prótese em uma primeira parte protética (1) e em uma segunda parte protética (2) introduziu no sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção uma descontinuidade de tal modo que o sistema de prótese dentária não se comporta como um corpo rígido. Ao analisar o padrão de tensões, os contatos e os deslocamentos em ambas as partes protéticas, é possível descrever o seu comportamento mecânico durante a aplicação de carga. A segunda parte protética sofre uma rotação que é descontinuada na transição da primeira parte protética (1) para a segunda parte protética (2). De acordo com a validação de modelo da presente invenção, a segunda parte protética sofre uma maior rotação do que a primeira parte protética. Ao observar a tensão gerada na aresta bucal e os deslocamentos da segunda parte protética e da primeira parte protética, pode ser mencionado que o centro da rotação da segunda parte protética é a aresta ao longo da primeira parte protética na sua face bucal. Visto que essa rotação não é compensada por qualquer estrutura, o sistema antirrotacional de sulcos também permite um pequeno deslizamento da segunda parte protética (2) sobre a primeira parte protética (1).
[0025] Como é ilustrado na Figura 2, em uma modalidade mais preferencial da presente invenção, a divisão da prótese dentária na primeira parte protética (1) e na segunda parte protética (2) tem uma inclinação em uma faixa de 5 graus a 25 graus, em que tal inclinação é em relação ao plano horizontal formado pela seção de fundo da primeira parte protética (1) ou pela seção de topo da segunda parte protética (2). De preferência, a divisão da primeira parte protética (1) e da segunda parte protética (2) tem cerca de 10 graus de inclinação. Essa modalidade preferencial potencializa a criação de uma fragilidade mecânica no parafuso protético (3), que atua protegendo o tecido ósseo de tensões relacionadas com a formação de osso imaturo não calcificado.
[0026] Nas Figuras 1 e 2, o sistema de prótese dentária é colocado sobre um modelo para o osso cortical (8), que compreende, na sua parte interna, um modelo para o osso trabecular (9). A seção superior do osso cortical (8) visa representar o osso cortical crestal.
[0027] Nas modalidades preferenciais da presente invenção, em que as interfaces entre a primeira parte protética (1) e a segunda parte protética (2) são inclinadas, ao analisar os deslocamentos sofridos pelo sistema de prótese dentária, é possível confirmar que a segunda parte protética (2) desliza sobre a primeira parte protética (1), da face lingual para a face bucal. O deslocamento da segunda parte protética (2) resulta em uma geração de uma tensão de cisalhamento e fratura ou deformação adicional do parafuso protético (3). Portanto, a inclinação da interface entre ambas as partes protéticas aumenta a possibilidade de criar uma fragilidade mecânica no parafuso protético que poderia atuar protegendo o tecido ósseo de tensões relacionadas com a formação de osso imaturo não calcificado.
[0028] Nas modalidades preferenciais da presente invenção, em que as interfaces entre a primeira parte protética (1) e a segunda parte protética (2) são inclinadas, a altura da segunda parte protética (2) é igual ou superior a 5 mm, dependendo da altura das coroas anatômicas que se destinam a serem substituídas, considerando a sua face bucal.
[0029] Em uma outra modalidade preferencial da presente invenção, a primeira parte protética (1) tem a dimensão do osso e gengiva que a primeira parte protética (1) se destina a substituir, e a segunda parte protética (2) tem a dimensão dos dentes perdidos, que a segunda parte protética (2) se destina a substituir.
[0030] Como é ilustrado nas Figuras 3, 5, 7 e 9, em modalidades preferenciais da presente invenção, o sistema antirrotacional é composto por duas projeções como elementos machos (5a) e dois sulcos correspondentes como elementos fêmeas (6a), em que as duas projeções como elementos machos (5a) e os dois sulcos correspondentes como elementos fêmeas (6a) são dispostos de modo transversal, respectivamente ao longo da seção de fundo da segunda parte protética (2) e da seção de topo da primeira parte protética (1). Em outras modalidades de acordo com a presente invenção, os dois sulcos correspondentes como elementos fêmeas (6a) podem ser mais profundos do que o comprimento das duas projeções como elementos machos (5a). As características mais profundas dos dois sulcos correspondentes como elementos fêmeas (6a) contribuem para uma maior rotação da segunda parte protética (2) e, portanto, tal rotação aumentada gera maior tensão de cisalhamento no parafuso protético (3).
[0031] Como é ilustrado nas Figuras 4, 6, 8 e 10, em outras modalidades preferenciais da presente invenção, o sistema antirrotacional é composto por duas extensões cônicas ou cilíndricas como elementos machos (5b) e duas cavidades cônicas ou cilíndricas correspondentes como elementos fêmeas (6b). Em uma modalidade preferencial, as cavidades como elementos fêmeas (6b) correspondem aos canais que levam aos conectores (4), em que tais canais são utilizados para introduzir e aparafusar os parafusos do implante nos implantes.
[0032] Em uma outra modalidade preferencial da presente invenção, o material do parafuso protético (3) pode ser selecionado a partir de vários materiais, por exemplo, um metal, uma liga, uma cerâmica, um polímero ou um polímero reforçado. De preferência, o material do parafuso protético (3) é selecionado a partir de uma liga de titânio, por exemplo, uma liga de titânio de grau V (Ti6Al4V), uma liga de cobalto-crômio, zircônia e poliéter-éter-cetona (PEEK), em que o poliéter-éter-cetona é, opcionalmente, reforçado com fibras de carbono ou fibras de vidro.
[0033] Em uma outra modalidade preferencial da presente invenção, os materiais da primeira parte protética (1) e da segunda parte protética (2) são selecionados a partir do grupo consistindo em um metal, uma liga, uma cerâmica, um polímero ou um polímero reforçado. De preferência, os materiais da primeira parte protética (1) e da segunda parte protética (2) são titânio comercialmente puro, ligas de titânio, por exemplo, uma liga de titânio de grau V (Ti6Al4V), ligas de cobalto-crômio, zircônia, representando os materiais cerâmicos, e poliéter-éter-cetona (PEEK), representando os materiais poliméricos, em que o poliéter-éter-cetona é, opcionalmente, reforçado com fibras de carbono ou fibras de vidro.
[0034] Os implantes sobre os quais é possível utilizar o sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção são todos os comummente conhecidos na técnica anterior. Entre outros, os implantes podem ser selecionados a partir de implantes endósseos, implantes subperiosteais ou crestais; implantes transmandibulares; implantes em lâmina; quer o material de implante seja titânio comercialmente puro, ligas de titânio, zircônia, ligas de titânio-zircônia, implantes de óxido de alumínio ou outros.
[0035] O sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção pode ser ligado aos implantes ou aos pilares intermédios por meio de parafusos do implante, em que os materiais dos parafusos do implante são selecionados dos comummente utilizados, por exemplo, um metal e uma liga, normalmente preparado a partir de uma liga Ti6Al4V ELI. Alternativamente, o sistema de prótese dentária pode ser ligado aos implantes com a utilização de uma técnica cimentada, em que os materiais dos pilares para cimentação e os materiais do cimento são qualquer um dos comummente utilizados para o mesmo efeito no estado da técnica anterior.
[0036] A presente invenção também compreende um método para utilizar pelo menos dois implantes e o sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção, que pode ser empregue em um enorme campo de aplicações, tal como as situações clínicas associadas com uma diminuição do volume ósseo. Exemplos de tais situações clínicas incluem os dentes perdidos, que frequentemente resultam em remodelação óssea severa, utilização de longo prazo de dentaduras removíveis, situações clínicas relacionadas com doenças oncológicas, tais como mandibulectomias marginais ou mandibulectomias segmentares seguido de reconstruções da mandíbula com diferentes abordagens, infeções orais, por exemplo, doenças periodontal ou peri-implantar, e traumas, por exemplo, fraturas da mandíbula resultantes de acidentes.
[0037] O método para utilizar pelo menos dois implantes e o sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção compreende as etapas de: a) Realizar a colocação de pelo menos dois implantes na maxila, quer a opção do cirurgião seja em uma técnica de “mãos-livres”, completamente guiada ou parcialmente guiada, quer seja uma colocação de implante imediata, diferida ou tardia e quer seja um procedimento com abertura de retalho ou sem abertura de retalho; b) Colocar o sistema de prótese dentária, de acordo com a presente invenção, preso aos implantes.
[0038] No método para utilizar pelo menos dois implantes e o sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção, a etapa de colocação de implante deveria seguir os protocolos de perfuração recomendados pelo fabricante do implante escolhido.
[0039] Durante o processo de colocação do sistema de prótese dentária, a primeira parte protética é presa aos implantes de duas maneiras possíveis: a) Aparafusada, com a utilização do torque adequado, diretamente à plataforma do implante ou a pilares intermédios; b) Cimentada a pilares aparafusados aos implantes para este efeito.
[0040] Então, a segunda parte protética é presa à primeira parte, por meio do parafuso protético, com um torque preciso, com a utilização de um dispositivo controlador do torque.
[0041] Os exemplos seguintes são para o propósito de ilustração apenas e não devem ser interpretados como limitantes do âmbito da invenção de qualquer forma.
[0042] Os exemplos 1 a 3 são simulações sob uma análise por elementos finitos (FEA), que é amplamente utilizada em implantologia dentária, para avaliar o comportamento biomecânico de tecidos vivos e materiais restauradores. O recurso a esse método permite a multiplicação de ensaios em um pequeno período de tempo, com variação dos fatores críticos de cada experiência, de uma maneira que seria impraticável com biomecânica experimental ou teste em animais e clínicos.
[0043] A análise FEA utilizada para avaliar a presente invenção considerou o osso como um material transversalmente isotrópico, de acordo com a metodologia conhecida em O’Mahony et al. (“Anisotropic elasticity of cortical and cancellous bone in the posterior mandible increases peri-implant stress and strain under oblique loading”. Clin Oral Implan Res. 2001;12(6):648 a 657).
[0044] De modo trazer o modelo matemático o mais próximo possível da realidade, as partes de modelo foram concebidas com base em medições feitas diretamente em tomografias computorizadas de pacientes reais, catálogos de produtos de empresas de implantes e métodos de engenharia reversa. As interações entre as diferentes partes respeitaram a situação real. Por exemplo, para simular a osteointegração dos implantes dentários, as três partes de modelo “osso cortical”, “osso trabecular” e “implantes dentários” foram fundidas, no menu “montagem” do software abaqus, utilizadas na análise FEA, retendo as fronteiras das partes, que possibilitou a atribuição das características mecânicas dos diferentes materiais.
[0045] As condições de carregamento foram recolhidas a partir da bibliografia para simular condições reais de mastigação de acordo com Baca et al. (In vivo evaluation of occlusal contact area and maximum bite force in patients with various types of implant-supported prostheses. Acta Odontol Scand. 2013;71:1181 a 1187).
[0046] Uma análise de sensibilidade de malha foi realizada, e os modelos matemáticos foram validados experimentalmente.
Exemplo 1
[0047] A tabela 1 apresenta os resultados relacionados com uma comparação das tensões computadas, do desajuste e dos deslocamentos, entre um modelo de referência (prótese convencional com uma parte) e um modelo de plano inclinado para sistema de prótese dentária (prótese dividida).
[0048] Os resultados da tabela 1 foram estabelecidos para um modelo simulado de acordo com uma presente invenção, em que a divisão da prótese dentária na primeira parte protética (1) e na segunda parte protética (2) teve uma inclinação de 10 graus. Nesse modelo, foi utilizada uma extensão cônica como elemento macho (5b) que encaixa no canal para o parafuso do implante colocado na primeira parte protética (6b). O modelo foi especificado com dois conectores (4), uma altura do espaço protético de 25 mm e a altura da segunda parte protética (2) foi de 7 mm no lado bucal do sistema de prótese dentária, de modo a simular uma altura média de coroa clínica pré-molar e molar mandibular. Nesse modelo simulado, foram concebidos parafusos protéticos M 1.4. Durante a simulação, os seguintes materiais foram atribuídos às partes: ao parafuso protético e ao parafuso do implante, a liga Ti6Al4V, às partes protéticas e à prótese, a liga de cobalto-crômio, e aos implantes, o titânio comercialmente puro grau IV. Tabela 1 (resultados do exemplo 1)
[0049] Analisando a tabela 1, é possível observar que a tensão prevista nos implantes sofreu uma diminuição de 454,2 MPa no modelo de referência para 301,4 MPa no modelo de acordo com a presente invenção. Ao comparar as tensões computadas na ligação implante-pilar, considerando a parte de prótese para o modelo de referência e a primeira parte protética para o modelo de acordo com a presente invenção, e também comparando a tensão computada nos parafusos do implante, o presente modelo mostra em ambos os parâmetros uma diminuição nos valores de tensão. O desajuste, que nas simulações numéricas representa a distância entre a plataforma de implante e os conectores de prótese, calculado com base no movimento da parte protética no nível dos conectores e não resultante de uma má adaptação, também mostra um valor menor no modelo de acordo com a presente invenção, indicando um micromovimento de menor amplitude do que o previsto para o modelo de referência.
[0050] Esses resultados refletem uma nova solução, em que os tecidos biológicos podem ser preservados e os componentes protéticos mostram um padrão de tensão abaixo da deformação plástica, em que a prótese é dividida em duas partes, uma representando os dentes e a outra representando o osso perdido, em que a sua montagem é realizada por meio de um parafuso protético, que atua como um parafuso de cisalhamento.
Exemplo 2
[0051] É possível aumentar a tensão de cisalhamento no parafuso protético com magnitudes ainda mais elevadas, permitindo a sua fratura, antes de o osso ter alcançado um estado de tensão compatível com uma remodelação óssea. Quando a tensão aplicada ao osso é superior a 60 MPa, microdanos podem começar a acumular não reparados e a formação de osso imaturo não calcificado começa a substituir a formação de osso lamelar. De modo a potencializar a ação do parafuso protético como elemento sacrificial, é necessário expor o parafuso protético ao efeito de uma componente horizontal da carga aplicada. Essa componente de força é a responsável pela rotação da segunda parte protética, que é maior do que a rotação da primeira parte protética, resultando em solicitações de flexão e de cisalhamento e em um movimento de arrancamento do parafuso protético.
[0052] Os resultados da tabela 2 foram estabelecidos para um modelo simulado de acordo com uma presente invenção, em que foram utilizados uma projeção como elemento macho (5a) e um sulco como elemento fêmea (6a), em que o sulco foi mais profundo do que o comprimento da projeção. O modelo foi especificado com dois conectores (4), uma altura do espaço protético de 25 mm e a altura da segunda parte protética (2) foi de 6 mm, de modo a simular uma altura média de coroa clínica pré-molar e uma molar mandibular. Nesse modelo, foram concebidos parafusos protéticos M 1.4. Durante a simulação, os seguintes materiais foram atribuídos às partes: ao parafuso do implante, a liga Ti6Al4V, às partes protéticas, a liga de cobalto-crômio, aos implantes, o titânio comercialmente puro grau IV, e ao parafuso protético, o PEEK não reforçado. Tabela 2 (resultados do exemplo 2)
Exemplo 3
[0053] Outra abordagem possível para aumentar os efeitos da componente horizontal da carga aplicada sobre o parafuso protético é aumentar a altura da segunda parte protética (2) em relação à primeira parte protética (1). Isso resultaria em um aumento de torque e, portanto, em uma maior tensão de cisalhamento no nível do parafuso protético.
[0054] Os resultados da tabela 3 foram estabelecidos para um modelo simulado de acordo com uma presente invenção, em que a altura da segunda parte protética (2) estava na metade da altura do espaço protético existente. Nesse modelo, foram utilizados uma projeção como elemento macho (5a) e um sulco como elemento fêmea (6a), em que o sulco tinha o mesmo comprimento que a projeção. O modelo foi especificado com dois conectores (4) e uma altura do espaço protético de 25 mm. Nesse modelo, foram utilizados parafusos protéticos M 1.4 convencionais. Durante a simulação, os seguintes materiais foram atribuídos às partes: ao parafuso do implante, a liga Ti6Al4V, às partes protéticas, a liga de cobalto-crômio, aos implantes, o titânio comercialmente puro grau IV, e ao parafuso protético, o PEEK não reforçado. Tabela 3 (resultados do exemplo 3)
[0055] Conforme mostrado nas Tabelas 2 e 3, os resultados computados a partir da análise por elementos finitos colocam o tecido ósseo em uma zona de tensão segura enquanto o parafuso protético supera a sua tensão de cedência.
[0056] Devido a todas as aproximações, suposições e simplificações durante a análise por elementos finitos, o modelo numérico foi validado experimentalmente. Para esse propósito, um modelo experimental foi concebido e fabricado. A escolha de um modelo de carregamento com inclinação de 30 graus, também utilizado na simulação numérica, pretendia equiparar as forças fisiológicas que resultam da mastigação e foi determinado porque tal inclinação corresponde a um cenário mais pessimista. Além do mais, tal inclinação é especificada na norma ISO 14801, que regula os ensaios de fadiga sobre implantes dentários.
[0057] O modelo fabricado de acordo com uma presente invenção para validar as simulações realizadas compreendia uma altura da segunda parte protética (2) estabelecida como metade da altura do espaço protético existente. Nesse modelo fabricado, foram utilizados uma projeção como elemento macho (5a) e um sulco como elemento fêmea (6a), em que o sulco tinha o mesmo comprimento que a projeção. O modelo foi especificado com dois conectores (4) e uma altura do espaço protético de 25 mm. Nesse modelo, foram utilizados parafusos protéticos M 1.4 convencionais. Durante o fabrico desse modelo, as partes protéticas foram preparadas a partir de uma liga de cobalto-crômio, o parafuso do implante foi preparado a partir da liga Ti6Al4V, e o parafuso protético foi preparado a partir de PEEK não reforçado. Por razões econômicas, implantes para formações pré-clínicas foram utilizados uma vez que a liga da qual são constituídos, liga Ti6Al4V, tem propriedades elásticas na mesma faixa do titânio puro comercial grau IV. A resina que substitui a parte de osso era uma resina epóxi que corresponde aos padrões da ISO 14801.
[0058] Após estabelecer a geometria ajustada final, quatro amostras foram submetidas a um ensaio de compressão de carga quasi-estática. O ensaio foi interrompido quando o registo da magnitude de carga aplicada mostrou uma diminuição acentuada.
[0059] Durante o ensaio, foi verificado que a segunda parte protética roda e desliza sobre a primeira parte, criando uma abertura da junta no lado lingual. Como resultado, foi possível observar que o parafuso protético de PEEK não reforçado das amostras 1 e 2 sofreu um processo de estricção caracterizado pela redução de diâmetro e alongamento do corpo do parafuso, e nas amostras 3 e 4 a experiência terminou com a fratura do parafuso. Em todas as amostras, a resina que substitui o osso, os implantes, os parafusos do implante e ambas as partes protéticas permaneceram sem danos.
[0060] O comportamento experimental descrito exibido pelas amostras é semelhante ao mostrado pela análise por elementos finitos. A segunda parte protética sofre um movimento de deslizamento e uma rotação de maior dimensão do que a primeira parte, o que cria uma abertura da junta por lingual. Esse fenômeno gera tensões de cisalhamento e de flexão no parafuso protético, que excederam a tensão de cedência do material, resultando na deformação (estricção) ou fratura do parafuso. Para a mesma carga, os outros componentes do modelo mostram tensões abaixo das tensões de cedência dos materiais correspondentes.
[0061] Não obstante, será entendido por aqueles que são versados na técnica que, em outras modalidades alternativas, as partes protéticas do sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção podem ser fabricadas após incluir atributos anatômicos de dentes e osso, tais como geometrias de dentes, conforme é mostrado na Figura 11. Na modalidade representada na Figura 11, um modelo de plano inclinado foi incorporado em um sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção, considerando atributos de osso e dentes anatômicos.
[0062] Além do mais, o sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção é adequado para ligação tanto a implantes de conexão externa quanto a implantes de conexão interna, por exemplo, as conexões internas cone-Morse com a integração do conceito de troca de plataforma.
[0063] O sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção também é adequado para ligação a pilares intermédios, por exemplo, de tipo multiunidade retos ou angulados.
[0064] A primeira parte protética do sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção também é adequada para ligação aos implantes por meio de uma abordagem cimentada.
[0065] A primeira parte protética do sistema de prótese dentária de acordo com a presente invenção também pode incorporar o conceito de pilares dinâmicos.
[0066] Conforme utilizado no presente documento, o termo “longitudinal” se refere a um plano de corte de um dispositivo ou componente compreendido na dimensão mais ampla no referido dispositivo. Por outro lado, o termo “transversal” se refere ao plano de corte de um dispositivo ou componente compreendido na dimensão mais pequena no referido dispositivo.
[0067] Os termos “cerca de” e “aproximadamente” são entendidos como se referindo a uma faixa de valores de mais ou menos 10% do número especificado.
[0068] O termo “substancialmente” é compreendido como se referindo a uma condição de que o valor verdadeiro está dentro da faixa de cerca de 10% do valor, variável ou limite relacionado desejado, particularmente dentro de cerca de 5% do valor, variável ou limite relacionado desejado ou especialmente dentro de cerca de 1% do valor, variável ou limite relacionado desejado.
[0069] A matéria descrita acima é fornecida como uma ilustração da presente invenção e não deve ser interpretada como limitante da mesma. A terminologia empregue para o propósito de descrever modalidades específicas em conformidade com a presente invenção não deve ser interpretada como limitante da invenção. Conforme utilizado na descrição, artigos definidos e indefinidos, na sua forma singular, visam a interpretação de incluir também as formas plurais, a menos que o contexto da descrição indique explicitamente o contrário. Será entendido que os termos “compreender” e “incluir”, quando utilizados nesta divulgação, especificam a presença de características, elementos, componentes, etapas e operações relacionadas, mas não excluem a possibilidade de outras características, estágios e operações também serem contemplados.
[0070] Todas as alterações, se não modificarem os atributos essenciais das reivindicações que se seguem, devem ser consideradas dentro do âmbito da proteção da presente invenção.

Claims (14)

1. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, caracterizado por compreender: a prótese dentária, que é dividida em duas partes, compreendendo uma primeira parte protética (1), com faces mesial, distal, lingual e bucal, uma seção de topo e uma seção de fundo, e uma segunda parte protética (2), com faces mesial, distal, lingual e bucal, uma seção de topo e uma seção de fundo; e tendo um parafuso protético (3), em que o parafuso protético une a primeira parte protética (1) e a segunda parte protética (2), e o referido parafuso protético (3) atua como um elemento sacrificial; e em que a primeira parte protética (1) tem a capacidade de estar ligada aos implantes dentários através de pelo menos dois conectores (4), situados na seção de fundo da primeira parte protética (1); e tendo um sistema antirrotacional e de orientação, em que o sistema antirrotacional e de orientação inclui dois elementos fêmeas (6), dispostos na seção de topo da primeira parte protética (1), e dois elementos machos correspondentes (5), dispostos na seção de fundo da segunda parte protética (2), pelo que a ligação entre os dois elementos fêmeas (6) e os dois elementos machos (5) é liberável.
2. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por a sua divisão na primeira parte protética (1) e na segunda parte protética (2) ser horizontal e a altura da segunda parte protética (2) estar em uma faixa de 20% a 80% da altura do espaço protético existente.
3. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por a sua divisão na primeira parte protética (1) e na segunda parte protética (2) ter uma inclinação em uma faixa de 5 graus a 25 graus, em que tal inclinação é em relação ao plano horizontal formado pela seção de fundo da primeira parte protética (1) ou pela seção de topo da segunda parte protética (2).
4. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com a reivindicação 3, caracterizado por a altura da segunda parte protética (2) ser igual ou superior a 5 mm no lado em que a segunda parte protética (2) é a mais alta ao longo de um plano longitudinal da altura do espaço protético que corresponde à soma das alturas da primeira parte protética e da segunda parte protética.
5. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3 e 4, caracterizado por a altura do espaço protético ser igual ou superior a 5 mm.
6. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3, 4 e 5, caracterizado por a primeira parte protética (1) ser configurada para ter a dimensão de um osso perdido e gengiva de um paciente que a primeira parte protética (1) se destina a substituir, e a segunda parte protética (2) ser configurada para ter a dimensão dos dentes perdidos do paciente, que a segunda parte protética (2) se destina a substituir.
7. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3, 4, 5 e 6, caracterizado por o sistema antirrotacional ser composto por duas projeções como elementos machos (5a) e dois sulcos correspondentes como elementos fêmeas (6a), em que as duas projeções como elementos machos (5a) e os dois sulcos correspondentes como elementos fêmeas (6a) são dispostos de modo transversal, respectivamente ao longo da seção de fundo da segunda parte protética (2) e da seção de topo da primeira parte protética (1).
8. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com a reivindicação 7, caracterizado por os dois sulcos correspondentes como elementos fêmeas (6a) serem mais profundos do que o comprimento das duas projeções como elementos machos (5a).
9. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3, 4, 5 e 6, caracterizado por o sistema antirrotacional ser composto por duas extensões cónicas ou cilíndricas como elementos machos (5b) e duas cavidades cónicas ou cilíndricas correspondentes como elementos fêmeas (6b).
10. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com a reivindicação 9, caracterizado por as cavidades como elementos fêmeas (6b) corresponderem aos canais que levam aos conectores (4), em que tais canais (10) são utilizados para introduzir os parafusos do implante.
11. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10, caracterizado por o material do parafuso protético (3) ser selecionado a partir do grupo consistindo em um metal, uma liga, uma cerâmica, um polímero ou um polímero reforçado.
12. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com a reivindicação 11, caracterizado por o material do parafuso protético (3) ser selecionado a partir de uma liga de titânio, por exemplo, uma liga de titânio de grau V (Ti6Al4V), uma liga de cobalto-crômio, zircônia e poliéter- éter-cetona, em que o poliéter-éter-cetona é, opcionalmente, reforçado.
13. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12, caracterizado por os materiais da primeira parte protética (1) e da segunda parte protética (2) serem selecionados a partir do grupo consistindo em um metal, uma liga, um polímero, um polímero reforçado ou uma cerâmica.
14. Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários, de acordo com a reivindicação 13, caracterizado por os materiais da primeira parte protética (1) e da segunda parte protética (2) serem selecionados a partir do grupo consistindo em ligas de titânio, por exemplo, uma liga de titânio de grau V (Ti6Al4V), ligas de cobalto-crômio, titânio, zircônia, representando os materiais cerâmicos, e poliéter-éter-cetona (PEEK), representando os materiais poliméricos, em que o poliéter-éter-cetona é opcionalmente reforçado com fibra de carbono ou fibra de vidro.
BR112021003890-6A 2018-08-29 2019-08-27 Sistema de prótese dentária, para a utilização com pelo menos dois implantes dentários BR112021003890B1 (pt)

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