BR112020017188B1 - Elemento de lente e método para determinar um elemento de lente adaptado para desacelerar a progressão da refração anormal do olho de um usuário - Google Patents

Elemento de lente e método para determinar um elemento de lente adaptado para desacelerar a progressão da refração anormal do olho de um usuário Download PDF

Info

Publication number
BR112020017188B1
BR112020017188B1 BR112020017188-3A BR112020017188A BR112020017188B1 BR 112020017188 B1 BR112020017188 B1 BR 112020017188B1 BR 112020017188 A BR112020017188 A BR 112020017188A BR 112020017188 B1 BR112020017188 B1 BR 112020017188B1
Authority
BR
Brazil
Prior art keywords
optical
optical elements
lens element
lens
user
Prior art date
Application number
BR112020017188-3A
Other languages
English (en)
Other versions
BR112020017188A2 (pt
Inventor
Matthieu Guillot
Cyril Guilloux
Original Assignee
Essilor International
Priority date (The priority date is an assumption and is not a legal conclusion. Google has not performed a legal analysis and makes no representation as to the accuracy of the date listed.)
Filing date
Publication date
Priority claimed from EP18305436.0A external-priority patent/EP3553594B1/en
Priority claimed from EP18305526.8A external-priority patent/EP3561578A1/en
Application filed by Essilor International filed Critical Essilor International
Priority claimed from PCT/EP2019/055220 external-priority patent/WO2019166657A1/en
Publication of BR112020017188A2 publication Critical patent/BR112020017188A2/pt
Publication of BR112020017188B1 publication Critical patent/BR112020017188B1/pt

Links

Abstract

Um elemento de lente destinado a ser usado em frente de um olho de uma pessoa compreendendo: - uma porção de prescrição tendo uma primeira potência refrativa baseada em uma prescrição para correção de uma refração anormal do referido olho da pessoa e uma segunda potência refrativa diferente da primeira potência refrativa; - uma pluralidade de pelo menos três elementos ópticos, pelo menos um elemento óptico tendo uma função óptica de não focalizar uma imagem na retina do olho, de modo a desacelerar a progressão da refração anormal do olho.

Description

CAMPO TÉCNICO
[001] A invenção refere-se a um elemento de lente destinado a ser usado na frente de um olho de uma pessoa para suprimir a progressão de refrações anormais do olho, tais como miopia ou hiperopia (hipermetropia).
ANTECEDENTES DA INVENÇÃO
[002] A miopia de um olho é caracterizada pelo fato de o olho fo calizar objetos distantes na frente da sua retina. A miopia é geralmente corrigida usando uma lente côncava e a hiperopia é geralmente corrigida usando uma lente convexa.
[003] Observou-se que alguns indivíduos, quando corrigidos usando lentes ópticas de visão única convencionais, em particular crianças, focalizam de forma imprecisa quando observam um objeto que se situa a uma curta distância, ou seja, em condições de visão de perto. Por causa desse defeito de focagem por parte de uma criança míope que é corrigida em sua visão de longe, a imagem de um objeto próximo também é formada atrás da retina, mesmo na área foveal.
[004] Esse defeito de focalização poderá ter um impacto na progressão da miopia de tais indivíduos. Observe-se que, para a maioria dos indivíduos, o defeito da miopia tende a aumentar ao longo do tempo.
[005] A visão foveal corresponde às condições de visualização para as quais a imagem de um objeto olhado é formada pelo olho na zona central da retina, chamada zona foveal.
[006] A visão periférica corresponde à percepção dos elementos de uma cena que estão deslocados lateralmente em relação ao objeto olhado, sendo as imagens dos referidos elementos formadas na área periférica da retina, longe da zona foveal.
[007] A correção oftálmica proporcionada a um sujeito ametrópico é geralmente é adaptada à sua visão foveal. No entanto, como é sabido, a correção tem de ser reduzida para a visão periférica em relação à correção que é determinada para a visão foveal. Em particular, estudos realizados em macacos mostraram que a forte desfocagem da luz atrás da retina, a qual ocorre fora da zona foveal, poderá fazer com que a retina do olho se estenda e, portanto, poderá aumentar o defeito da miopia.
[008] Portanto, parece que é necessário um elemento de lente que suprima ou pelo menos diminua a progressão de refrações anormais do olho, tais como a miopia ou a hipermetropia.
SUMÁRIO DA INVENÇÃO
[009] Para essa finalidade, a invenção propõe um elemento de lente destinado a ser usado em frente de um olho de um usuário, em condições de uso normais, compreendendo o elemento de lente: - uma porção de prescrição configurada para proporcionar ao usuário para visão foveal uma primeira potência óptica baseada na prescrição do usuário para corrigir uma refração anormal do referido olho do usuário; - uma pluralidade de pelo menos três elementos ópticos, pelo menos um elemento óptico tendo uma função óptica de não focagem de uma imagem na retina do olho para visão periférica, de modo a desacelerar a progressão da refração anormal do olho.
[0010] Vantajosamente, ter elementos ópticos configurados para não focalizar uma imagem na retina do usuário para visão periférica reduz a tendência natural da retina do olho de se deformar, em particular para se estender. Portanto, a progressão da refração anormal do olho é mais lenta.
[0011] De acordo com outras modalidades que podem ser consi deradas isoladamente ou em combinação: - pelo menos um, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos tem uma função óptica de focar uma imagem em uma posição que não a da retina em condições de uso normal e para visão periférica; e/ou - pelo menos um elemento óptico tem uma função óptica focalizada não esférica em condições de uso normais e para visão periférica; e/ou - pelo menos um dos elementos ópticos tem uma potência cilíndrica; e/ou - os elementos ópticos são configurados de modo que ao longo de pelo menos uma seção da lente a esfera média dos elementos ópticos aumente a partir de um ponto da referida seção em direção à parte periférica da referida seção; e/ou - os elementos ópticos são configurados de modo que ao longo de pelo menos uma seção da lente o cilindro dos elementos ópticos aumente a partir de um ponto da referida seção em direção à parte periférica da referida seção; e/ou - os elementos ópticos são configurados de modo que ao longo de pelo menos uma seção da lente a esfera média e/ou o cilindro dos elementos ópticos aumentem a partir do centro da referida seção em direção à parte periférica da referida seção; e/ou - a porção de prescrição compreende um centro óptico e os elementos ópticos são configurados de modo que, ao longo de qualquer seção que passe pelo centro óptico da lente, a esfera média e/ou o cilindro dos elementos ópticos aumentam a partir do centro óptico em direção à parte periférica da lente; e/ou - a porção de prescrição compreende um ponto de referência de visão de longe, uma referência de visão de perto e um meridia- no juntando os pontos de referência de visão de longe e de perto, os elementos ópticos são configurados de modo que, em condições de uso normais, ao longo de qualquer seção horizontal da lente, a esfera média e/ou o cilindro médio dos elementos ópticos aumentem desde a interseção da referida seção horizontal com o meridiano em direção à parte periférica da lente; e/ou - a função de aumento da esfera média e/ou do cilindro ao longo das seções são diferentes dependendo da posição da referida seção ao longo do meridiano; e/ou - a esfera média e/ou a função de aumento do cilindro ao longo das seções são assimétricas; e/ou - os elementos ópticos são configurados de modo que, em condições de uso normais, a pelo menos uma seção seja uma seção horizontal; e/ou - a esfera média e/ou o cilindro dos elementos ópticos aumentam a partir de um primeiro ponto da referida seção em direção à parte periférica da referida seção e diminuem a partir de um segundo ponto da referida seção em direção à parte periférica da referida seção, estando o segundo ponto mais próximo da parte periférica da referida seção do que o primeiro ponto; e/ou - a função de aumento da esfera média e/ou do cilindro ao longo de pelo menos uma seção é uma função gaussiana; e/ou - a esfera média e/ou a função de aumento do cilindro ao longo da, pelo menos uma, seção é uma função quadrática; e/ou - os elementos ópticos são configurados de modo que o foco médio dos raios de luz que passam através de cada elemento óptico esteja à mesma distância da retina; e/ou - a porção de prescrição é formada como a porção diferente das porções formadas como a pluralidade de elementos ópticos; e/ou - para cada zona circular tendo um raio compreendido entre 2 e 4 mm, compreendendo um centro geométrico situado a uma distância da referência de armação voltada para a pupila do usuário olhando fixamente em frente em condições de uso normais, maior ou igual ao referido raio + 5 mm, a relação entre a soma das áreas das partes dos elementos ópticos situadas dentro da referida zona circular e a área da referida zona circular está compreendida entre 20% e 70%; e/ou - os pelo menos três elementos ópticos são não contíguos; e/ou - pelo menos parte, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos se situa na superfície frontal da lente oftálmica; e/ou - pelo menos parte, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos se situa na superfície posterior da lente oftálmica; e/ou - pelo menos parte, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos se situa entre as superfícies frontal e posterior da lente oftálmica; e/ou - pelo menos um dos elementos ópticos é uma microlente refrativa multifocal; e/ou - a pelo menos uma microlente refrativa multifocal compreende uma superfície asférica, com ou sem simetria rotacional; e/ou - pelo menos um dos elementos ópticos é uma microlente refrativa tórica; e/ou - a pelo menos uma microlente refrativa multifocal compreende uma superfície tórica; e/ou - a pelo menos uma microlente refrativa multifocal tem uma potência cilíndrica; e/ou - pelo menos um dos elementos ópticos é feito de um material birrefringente; e/ou - pelo menos um dos elementos ópticos é uma lente difrati- va; e/ou - a pelo menos uma lente difrativa compreende uma estrutura de metassuperfície; e/ou - pelo menos um dos elementos ópticos tem um formato configurado de modo a criar uma superfície cáustica em frente da retina do olho da pessoa; e/ou - pelo menos um elemento óptico é um componente binário multifocal; e/ou - pelo menos um elemento óptico é uma lente pixelada; e/ou - pelo menos um elemento óptico é uma lente π-Fresnel; e/ou - pelo menos parte, por exemplo a totalidade, das funções ópticas compreende aberrações ópticas de ordem superior; e/ou - o elemento de lente compreende uma lente oftálmica suportando a porção de prescrição e um encaixe de pressão suportando os elementos ópticos adaptados para serem presos de modo removível à lente oftálmica quando o elemento de lente é usado; e/ou - os elementos ópticos têm um formato de contorno podendo ser inscrito em um círculo tendo um diâmetro superior ou igual a 0,8 mm e inferior ou igual a 3,0 mm; e/ou - a porção de prescrição é adicionalmente configurada para proporcionar ao usuário, em condições de uso normais e para visão foveal, uma segunda potência óptica diferente da primeira potência óptica; e/ou - a diferença entre a primeira potência óptica e a segunda potência óptica é superior ou igual a 0,5D; e/ou - pelo menos um, por exemplo pelo menos 70%, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos são elementos ópticos ativos que poderão ser ativados por um dispositivo controlador de lente óptica; e/ou - o elemento óptico ativo compreende um material tendo um índice refrativo variável, cujo valor é controlado pelo dispositivo controlador de lente óptica, e/ou - os elementos ópticos são posicionados em uma rede; e/ou - a rede é uma rede estruturada; e/ou - a rede estruturada é uma rede quadrada ou uma rede hexagonal ou uma rede triangular ou uma rede octogonal; e/ou - o elemento de lente compreende ainda pelo menos quatro elementos ópticos organizados em pelo menos dois grupos de elementos ópticos; e/ou - cada grupo de elemento óptico é organizado em pelo menos dois anéis concêntricos tendo o mesmo centro, o anel concêntrico de cada grupo de elemento óptico sendo definido por um diâmetro interior correspondente ao menor círculo que é tangente a pelo menos um elemento óptico do referido grupo e um diâmetro exterior correspondente ao maior círculo que é tangente a pelo menos um elemento óptico do referido grupo; e/ou - pelo menos parte, por exemplo a totalidade, dos anéis concêntricos de elementos ópticos é centrada no centro óptico da superfície do elemento de lente no qual os referidos elementos ópticos se encontram dispostos; e/ou - os anéis concêntricos dos elementos ópticos têm um diâmetro compreendido entre 9,0 mm e 60 mm; e/ou - a distância entre dois anéis concêntricos sucessivos de elementos ópticos é maior ou igual a 5,0 mm, sendo a distância entre dois anéis concêntricos sucessivos definida pela diferença entre o diâmetro interior de um primeiro anel concêntrico e o diâmetro exterior de um segundo anel concêntrico, estando o segundo anel concêntrico mais próximo da periferia do elemento de lente.
[0012] A invenção refere-se adicionalmente a um método para de- terminar um elemento de lente adaptado para desacelerar a progressão da refração anormal do olho de um usuário, compreendendo o método: - uma etapa de fornecimento de dados de prescrição do usuário, durante a qual são proporcionados dados de prescrição do usuário relacionados com a prescrição do usuário, - uma etapa de fornecimento de dados da condição de uso, durante a qual os dados da condição de uso relacionados com as condições de uso do elemento de lente pelo usuário, - uma etapa de fornecimento de dados da retina do usuário durante a qual são proporcionados os dados da retina do usuário relacionados com o formato da retina do usuário na mesma armação de referência que as condições de uso, - uma etapa de determinação do elemento de lente, durante a qual um elemento de lente compreendendo uma porção de prescrição e uma pluralidade de pelo menos três elementos ópticos é determinado, de modo que a porção de prescrição proporciona em condições de uso correspondentes aos dados de uso e para a visão foveal uma primeira potência óptica baseada na prescrição do usuário e pelo menos um elemento óptico tem uma função óptica de não focagem de uma imagem na retina do olho para visão periférica.
[0013] Vantajosamente, o método da invenção permite controlar a refração da luz na visão periférica através dos elementos ópticos usando traçado de raios. Portanto, pode-se decidir ter os elementos ópticos para focalizar os raios de luz antes da retina do usuário ou para não focalizar os raios de luz. Pode-se considerar condições padrão ou personalizadas, tais como condições de uso ou o formato da retina.
[0014] Além disso, o método da invenção permite controlar a foca gem ou ponto médio ou intervalo mínimo e máximo pelo elemento óptico a uma certa distância da retina em condições específicas de uso e levando em consideração a retina do usuário e dependendo da excentricidade.
[0015] Por exemplo, para um elemento óptico esférico, o método da invenção permite determinar a imagem astigmática periférica, cujo melhor foco está a 2 D da retina.
[0016] Por exemplo, para um elemento óptico tórico, o método da invenção permite determinar a imagem do ponto periférico cujo melhor foco é constante em 3 D, qualquer que seja a posição do elemento óptico.
[0017] De acordo com outras modalidades que podem ser consi deradas isoladamente ou em combinação: - durante a etapa de determinação do elemento de lente, pelo menos 50%, por exemplo pelo menos 80%, dos elementos ópticos são determinados de modo a focalizar uma imagem a uma determinada distância da retina; e/ou - durante a etapa de determinação do elemento de lente, pelo menos 50%, por exemplo pelo menos 80%, dos elementos ópticos são determinados de modo a focalizar uma imagem à mesma distância da retina ao longo do eixo que liga um ponto de referência de cada elemento óptico e o centro da pupila do usuário; e/ou - os dados da condição de uso proporcionados durante a etapa de fornecimento de dados da condição de uso correspondem às condições de uso normais; e/ou - os dados da condição de uso proporcionados durante a etapa de fornecimento de dados da condição de uso correspondem às condições de uso medidas no usuário; e/ou - os dados da retina do usuário proporcionados durante a etapa de fornecimento de dados da retina do usuário correspondem ao formato normal da retina; e/ou - os dados da retina do usuário proporcionados durante a etapa de fornecimento de dados da retina do usuário correspondem à forma da retina medida no usuário; e/ou - o método compreende ainda uma etapa de fornecimento de dados da superfície frontal durante a qual são proporcionados dados da superfície frontal representativos da superfície frontal do elemento de lente, e em que durante a etapa de determinação do elemento de lente o formato da superfície posterior e dos elementos ópticos a serem colocados na superfície frontal é determinada de modo que a porção de prescrição proporcione, em condições de uso correspondentes aos dados de uso e para a visão foveal, uma primeira potência óptica baseada na prescrição do usuário e pelo menos um elemento óptico que tenha uma função óptica de não focar uma imagem na retina do olho para visão periférica.
BREVE DESCRIÇÃO DOS DESENHOS
[0018] Modalidades não limitativas da invenção serão agora des critas com referência aos desenhos em anexo, nos quais: - a figura 1 é uma vista em planta de um elemento de lente de acordo com a invenção; - a figura 2 é uma vista de perfil geral de um elemento de lente de acordo com a invenção; - a figura 3 representa um exemplo de um perfil de altura de Fresnel; - a figura 4 representa um exemplo de um perfil radial de lente difrativa; - a figura 5 ilustra um perfil de lente π-Fresnel; - as figuras 6a a 6c ilustram uma modalidade de lente binária da invenção; - a figura 7a ilustra o eixo de astigmatismo Y de uma lente na convenção TABO; - a figura 7b ilustra o eixo de cilindro yAX em uma conven- ção utilizada para caracterizar uma superfície asférica; - As figuras 8 a 10a mostram, esquematicamente, sistemas ópticos do olho e lente; - A figura 10b ilustra o astigmatismo oblíquo; - A figura 11 é um fluxograma de um método de acordo com a invenção. o a figura 12 é uma vista em planta de um elemento de lente de acordo com uma modalidade da invenção; o As figuras 13 a 17 ilustram diferentes organizações de elementos ópticos de acordo com diferentes modalidades da invenção; e o As figuras 18a a 19b ilustram diferentes tipos de junção entre elementos ópticos de acordo com a invenção.
[0019] Os elementos nas figuras são ilustrados para simplicidade e clareza e não foram necessariamente desenhados em escala. Por exemplo, as dimensões de alguns dos elementos na figura poderão ser exageradas em relação a outros elementos para ajudar a melhorar a compreensão das modalidades da presente invenção.
DESCRIÇÃO DETALHADA DE MODALIDADES DA INVENÇÃO
[0020] A invenção refere-se a um elemento de lente destinado a ser usado em frente de um olho de um usuário.
[0021] No restante da descrição, poderão ser usados termos como «superior», «inferior», «horizontal», «vertical», «acima», «abaixo», «frontal», «posterior», ou outras palavras indicando a posição relativa. Esses termos devem ser entendidos nas condições de uso do elemento de lente.
[0022] No contexto da presente invenção, o termo "elemento de lente" pode se referir a uma lente óptica não cortada ou uma lente óptica de óculos aparada para caber em uma armação de óculos específica ou uma lente oftálmica e um dispositivo óptico adaptado para ser posicionado na lente oftálmica. O dispositivo óptico poderá ser posicionado na superfície frontal ou posterior da lente oftálmica. O dispositivo óptico poderá ser um remendo óptico. O dispositivo óptico poderá ser adaptado para ser posicionado de modo removível na lente oftálmica, por exemplo, um encaixe configurado para ser encaixado em uma armação de óculos compreendendo a lente oftálmica.
[0023] Um elemento de lente 10 de acordo com a invenção é adaptado para um usuário e destinado a ser usado em frente de um olho do referido usuário.
[0024] Como representado na figura 1, um elemento de lente 10 de acordo com a invenção compreende: - uma porção de prescrição 12, e - uma pluralidade de pelo menos três elementos ópticos 14.
[0025] A porção de prescrição 12 é configurada para proporcionar ao usuário, em condições de uso normais e para visão foveal, uma primeira potência óptica baseada na prescrição do usuário para corrigir uma refração anormal do referido olho do usuário.
[0026] As condições de uso devem ser entendidas como a posição do elemento de lente em relação ao olho do usuário, por exemplo, definido por um ângulo pantoscópico, uma distância da córnea à lente, uma distância da pupila-córnea, um centro de rotação do olho (CRE) à distância da pupila, um CRE à distância da lente e um ângulo de inclinação.
[0027] A distância da córnea até à lente é a distância ao longo do eixo visual do olho na posição primária (geralmente considerada como sendo a horizontal) entre a córnea e a superfície posterior da lente; por exemplo, igual a 12 mm.
[0028] A distância pupila-córnea é a distância ao longo do eixo visual do olho entre sua pupila e a córnea; geralmente igual a 2 mm.
[0029] A distância entre o CRE e a pupila é a distância ao longo do eixo visual do olho entre o seu centro de rotação (CRE) e a córnea; por exemplo, igual a 11,5 mm.
[0030] A distância entre o CRE e a lente é a distância ao longo do eixo visual do olho na posição primária (geralmente considerado como sendo o horizontal) entre o CRE do olho e a superfície traseira da lente, por exemplo igual a 25,5 mm.
[0031] O ângulo pantoscópico é o ângulo no plano vertical, na interseção entre a superfície traseira da lente e o eixo visual do olho na posição primária (geralmente considerado como sendo o horizontal), entre a superfície normal e a traseira da lente. e o eixo visual do olho na posição primária; por exemplo, igual a 8°.
[0032] O ângulo de inclinação é o ângulo no plano horizontal, na interseção entre a superfície traseira da lente e o eixo visual do olho na posição primária (geralmente considerado como sendo o horizontal), entre a superfície normal e a traseira da lente e o eixo visual do olho na posição primária, por exemplo, igual a 0°.
[0033] Um exemplo de condição padrão do usuário poderá ser definido por um ângulo pantoscópico de 8°, uma distância da córnea para a lente de 12 mm, uma distância pupila-córnea de 2 mm, uma distância de CRE para pupila de 11,5 mm, uma distância de CRE para a lente de 25,5 mm e um ângulo de inclinação de 0°.
[0034] O termo "prescrição" deve ser entendido como um conjunto de características ópticas de potência óptica, de astigmatismo, de desvio prismático, determinado por um oftalmologista ou optometrista, a fim de corrigir os defeitos de visão do olho, por exemplo, por meio de uma lente posicionada em frente de seu olho. Por exemplo, a prescrição para um olho míope compreende os valores de potência óptica e de astigmatismo com um eixo para a visão à distância.
[0035] Embora a invenção não seja dirigido a lentes progressivas, a expressão usada nesta descrição é ilustrada nas figuras 1 a 10 do documento WO2016/146590 para uma lente progressiva. O especialista pode adaptar as definições para lentes de visão única.
[0036] Uma lente progressiva compreende pelo menos uma, mas preferencialmente duas superfícies asféricas não rotacionalmente simétricas, por exemplo, mas não se limitando a, superfícies progressivas, superfícies regressivas, superfícies tóricas ou atômicas.
[0037] Como é sabido, uma curvatura mínima CURVmín é definida em qualquer ponto em uma superfície asférica pela fórmula:onde Rmáx é o raio máximo local de curvatura, expresso em metros, e CURVmín é expresso em dioptrias.
[0038] Similarmente, uma curvatura máxima CURVmáx pode ser definida em qualquer ponto em uma superfície asférica pela fórmula:onde Rmín é o raio mínimo local de curvatura, expresso em metros, e CURVmáx é expresso em dioptrias.
[0039] É possível notar que, quando a superfície é localmente es férica, o raio mínimo local de curvatura Rmín e o raio máximo local de curvatura Rmáx são os mesmos e, conformemente, as curvaturas mínima e máxima CURVmín e CURVmáx também são idênticas. Quando a superfície é asférica, o raio mínimo local de curvatura Rmín e o raio máximo local de curvatura Rmáx são diferentes.
[0040] A partir dessas expressões de curvaturas mínima e maxima CURVmín e CURVmáx, as esferas mínima e máxima, identificadas como SPHmín e SPHmáx, podem ser deduzidas de acordo com o tipo de superfície considerada.
[0041] Quando a superfície considerada é a superfície do lado do objeto (também referida como superfície frontal), as expressões são as seguintes:onde n é o índice de refracção do material constituinte da lente.
[0042] Se a superfície considerada for uma superfície lateral do globo ocular (também referida como superfície posterior), as expressões são as seguintes:onde n é o índice de refracção do material constituinte da lente.
[0043] Como é conhecido, uma esfera média SPHmédia, em qual quer ponto de uma superfície asférica pode também ser definida pela fórmula:
[0044] A expressão da esfera média, portanto, depende da super fície considerada:se a superfície for a superfície do lado do objeto, se a superfície for uma superfície do lado do globo ocular, um cilindro CYL é igualmente definido pela formula
[0045] As características de qualquer face asférica da lente poderão ser expressas pelas esferas e cilindros médios locais. Uma superfície pode ser considerada como localmente não esférica quando o cilindro é de, pelo menos, 0,25 dioptrias.
[0046] Para uma superfície asférica, um eixo de cilindro local Y AX poderá ainda ser definido. A figura 7a ilustra o eixo de astigmatismo Y conforme definido na convenção TABO e a figura 7b ilustra o eixo de cilindro yAX em uma convenção definida para caracterizar uma superfície asférica.
[0047] O eixo de cilindro yAX é o ângulo de orientação da curvatura máxima CURVmáx em relação a um eixo de referência e no sentido de rotação escolhido. Na convenção TABO definida acima, o eixo de referência é horizontal (o ângulo deste eixo de referência é de 0°) e o sentido de rotação é para a esquerda, para cada olho, quando se olha para o usuário (0°<YAX<180°). Um valor de eixo para o eixo de cilindro yAX de +45°, portanto, representa um eixo orientado obliquamente, que quando se olha para o usuário, se estende desde o quadrante localizado acima do lado direito para o quadrante localizado para baixo à esquerda.
[0048] Além disso, uma lente multifocal progressiva também pode ser definida pelas características ópticas, tendo em consideração a situação da pessoa que usa as lentes.
[0049] Figuras 8 e 9 são ilustrações esquemáticas de sistemas ópticos do olho e lente, mostrando, assim, as definições utilizadas na descrição. Mais precisamente, a figura 8 representa uma vista em perspectiva de um tal sistema que ilustra os parâmetros α e β utilizados para definir uma direção de olhar. A figura 9 é uma vista no plano vertical paralelo ao eixo anteroposterior da cabeça do usuário e que passa pelo centro de rotação do olho no caso em que o parâmetro β é igual a 0.
[0050] O centro de rotação do olho é rotulado Q'. O eixo Q'F', mos- trado na Figura 9, em uma linha traço-ponto, é o eixo horizontal que passa pelo centro de rotação do olho e que se estende na frente do usuário - que é o eixo Q'F' correspondente à visão primária do olhar. Este eixo corta a superfície asférica da lente em um ponto que se chama cruz de acerto, o qual está presente em lentes para permitir o posicionamento de lentes numa armação por um óptico. O ponto de interseção da superfície posterior da lente e do eixo Q'F' é o ponto O. O pode ser a cruz de acerto, se estiver localizado na superfície posterior. Uma esfera de vértice, do centro Q', e de raio q', é tangencial à superfície posterior da lente em um ponto do eixo horizontal. Como exemplos, o valor do raio q' de 25,5 mm corresponde a um valor usual e proporciona resultados satisfatórios quando se usa as lentes.
[0051] Uma dada direção de olhar - representada por uma linha a cheio na figura 8 - corresponde a um posicionamento do olho em rotação em torno de Q' e a um ponto J da esfera de vértice; o ângulo β é o ângulo formado entre o eixo Q'F' e a projeção da linha reta Q'J sobre o plano horizontal compreendendo o eixo Q'F'; este ângulo aparece no esquema da Figura 3. O ângulo α é o ângulo formado entre o eixo Q'J e a projeção da linha reta Q'J no plano horizontal compreendendo o eixo Q'F'; este ângulo aparece no esquema nas Figuras 8 e 9. Uma dada vista de olhar corresponde, assim, a um ponto J de esfera vértice ou a um par (α, β). Quanto mais o valor do ângulo de olhar redução é positivo, mais o olhar está baixando e quanto mais o valor é negativo, mais o olhar está subindo.
[0052] Em uma dada direção do olhar, a imagem de um ponto M no espaço objeto, localizado a uma determinada distância objeto, é formada entre dois pontos S e T que correspondem a distâncias mínimas e máximas JS e JT, o que seriam os comprimentos focais locais sagital e tangencial. A imagem de um ponto no espaço objeto no infinito é formada, no ponto F'. A distância D corresponde ao plano frontal traseiro da lente.
[0053] Ergorama é uma função que associa a cada direção de olhar a distância usual de um ponto objeto. Normalmente, na visão ao longe seguindo a direção primária do olhar, o ponto objeto está no infinito. Na visão ao perto, seguindo uma direção de olhar que corresponde essencialmente a um ângulo α da ordem de 35° e a um ângulo β da ordem de 5° em valor absoluto em direção ao lado nasal, a distância do objeto é da ordem de 30 a 50 cm. Para mais pormenores relativos a uma eventual definição de uma ergorama, pode ser considerada a patente dos Estados Unidos US-A-6318859. Este documento descreve uma ergorama, a sua definição e o seu método de modelagem. Para um método da invenção, os pontos poderão estar ou não no infinito. Ergorama poderá ser uma função da ametropia do usuário ou adição do usuário.
[0054] Utilizando estes elementos, é possível definir uma potência óptica de usuário e o astigmatismo, em cada direção do olhar. Um ponto M objeto a uma distância objeto dada pelo ergorama é considerado para uma direção de olhar (α,β). Uma proximidade do objeto Pro- xO é definida para o ponto M do correspondente raio de luz no espaço objeto como o inverso da distância MJ entre o ponto M e o ponto J do vértice esfera:ProxO=1/MJ
[0055] Isto permite calcular a proximidade objeto dentro de uma aproximação das lentes finas para todos os pontos da esfera de vértice, a qual é utilizada para a determinação da ergorama. Para uma lente real, o objeto de proximidade pode ser considerado como o inverso da distância entre o ponto de objeto e a superfície frontal da lente, no raio de luz correspondente.
[0056] Para a mesma direção de olhar (α, β), a imagem de um ponto M tendo um dado objeto de proximidade é formada entre dois pontos S e T, que correspondem, respectivamente, às distâncias focais mínima e máxima (que seriam distâncias focais tangencial e sagi- tal). A quantidade ProxI é chamada imagem de proximidade do ponto M:
[0057] Por analogia com o caso de uma lente fina, pode, portanto,ser definida, para uma dada direção e olhar para um dado objeto de proximidade, ou seja, para um ponto do objeto no espaço no raio de luz correspondente, uma potência óptica Pui como a soma da proximidade da imagem e da proximidade objeto.
[0058] Com as mesmas anotações, um astigmatismo Ast é definido para cada direção de olhar e para um determinado objeto de proximidade como:
[0059] Esta definição corresponde ao astigmatismo de um feixe de aios criado pela lente. Pode-se notar que a definição fornece, na direção primária do olhar, o valor clássico do astigmatismo. O ângulo do astigmatismo, habitualmente chamado de eixo, é o ângulo Y. O ângulo Y é medido na armação {Q', xm, ym, zm} ligada ao olho. Corresponde ao ângulo com o qual a imagem S ou Ti se formou, dependendo da convenção utilizada em relação à direção zm no plano {Q', zm, ym}.
[0060] A potência óptica e o astigmatismo foram definidos para a visão foveal, considerando o raio de luz que passa pelo centro de rotação do olho do usuário.
[0061] A potência óptica e o astigmatismo poderão ser definidos de maneira semelhante para a visão periférica, considerando o raio de luz que passa pelo centro da pupila do usuário, conforme ilustrado na figura 10a.
[0062] Possíveis definições da potência óptica e do astigmatismo da lente, nas condições de uso, podem assim ser calculadas conforme descrito no artigo de B. Bourdoncle et al., intitulado "Ray tracing through progressive ophthalmic lenses", 1990 International Lens Design Conference, D.T. Moore ed., Proc. Soc. Photo. Opt. Instrum. Eng.
[0063] A porção de prescrição 12 poderá ainda ser configurada para proporcionar ao usuário para visão foveal uma segunda potência óptica para visão foveal diferente da primeira potência óptica com base na prescrição do usuário.
[0064] No sentido da invenção, as duas potências ópticas são consideradas diferentes quando a diferença entre as duas potências ópticas é superior ou igual a 0,5 D.
[0065] Quando a refração anormal do olho da pessoa corresponde a miopia, a segunda potência óptica é superior à primeira potência óptica.
[0066] Quando a refração anormal do olho da pessoa corresponde a hiperopia, a segunda potência óptica é inferior à primeira potência óptica.
[0067] A porção de prescrição é preferencialmente formada como a porção diferente das porções formadas como a pluralidade de elementos ópticos. Por outras palavras, a porção de prescrição é a porção complementar às porções formadas pela pluralidade de elementos ópticos.
[0068] A porção de prescrição poderá ter uma variação continua de potência óptica. Por exemplo, a porção de prescrição poderá ter um desenho de adição progressiva.
[0069] O desenho óptico da porção de prescrição poderá compre ender - uma cruz de montagem onde a potência óptica é negativa, - uma primeira zona se estendendo no lado temporal da porção da prescrição quando o elemento de lente está sendo usado por um usuário. Na primeira zona, a potência óptica aumenta ao se mover em direção ao lado temporal, e sobre o lado nasal da lente, a potência óptica da lente oftálmica é substancialmente a mesma da cruz de montagem.
[0070] Tal desenho óptico é divulgado em maior detalhe em WO2016/107919.
[0071] Alternativamente, a potência óptica na porção de prescrição poderá compreender pelo menos uma descontinuidade.
[0072] Como representado na figura 1, o elemento de lente poderá ser dividido em cinco zonas complementares, uma zona central 16 tendo uma potência óptica igual à primeira potência refrativa e quatro quadrantes Q1, Q2, Q3, Q4 a 45°, pelo menos um dos quadrantes tendo pelo menos um ponto onde a potência óptica é igual à segunda potência óptica.
[0073] No sentido da invenção, os "quadrantes em 45°" têm de ser entendidos como um quadrante angular igual de 90° orientado nas direções 45°/225° e 135°/315° de acordo com a convenção TABO como ilustrado na figura 1.
[0074] Preferencialmente, a zona central 16 compreende um ponto de referência de armação que se encontra voltado para a pupila do usuário olhando fixamente em frente em condições de uso normais e tem um diâmetro igual ou superior a 4 mm e igual ou inferior a 22 mm.
[0075] De acordo com uma modalidade da invenção, pelo menos o quadrante da parte inferior Q4 tem uma segunda potência óptica para visão central diferente da primeira potência óptica correspondendo à prescrição para corrigir a refração anormal.
[0076] Por exemplo, a porção de prescrição tem uma função dióp- trica de adição progressiva. A função dióptrica de adição progressiva poderá se estender entre o quadrante da parte superior Q2 e o qua- drante da parte inferior Q4.
[0077] Vantajosamente, essa configuração permite a compensa ção de atraso acomodativo quando a pessoa olha, por exemplo, em distâncias de visão de perto graças à adição da lente.
[0078] De acordo com uma modalidade, pelo menos um dos qua drantes temporal Q3 e nasal Q1 tem uma segunda potência óptica. Por exemplo, o quadrante temporal Q3 tem uma variação de potência com a excentricidade da lente.
[0079] Vantajosamente, essa configuração aumenta a eficiência do controlo de refração anormal na visão periférica ainda com mais efeito no eixo horizontal.
[0080] De acordo com uma modalidade, os quatro quadrantes Q1, Q2, Q3 e Q4 têm uma progressão de potência concêntrica.
[0081] De acordo com uma modalidade da invenção, a zona cen tral da lente correspondente a uma zona centrada no centro óptico do elemento de lente não compreende elementos ópticos. Por exemplo, o elemento de lente poderá compreender uma zona vazia centrada no centro óptico do referido elemento de lente e tendo um diâmetro igual a 0,9 mm, a qual não compreende elementos ópticos.
[0082] O centro óptico do elemento de lente poderá corresponder ao ponto de ajuste da lente.
[0083] Alternativamente, os elementos ópticos poderão ser dispos tos em toda a superfície do elemento de lente.
[0084] Pelo menos um elemento óptico da pluralidade de pelo me nos três elementos ópticos 14, tem uma função óptica de não focar uma imagem na retina do olho do usuário para visão periférica.
[0085] No sentido da invenção, "focagem" deve ser entendido co mo produzindo um ponto de focagem com uma seção circular que pode ser reduzida a um ponto no plano focal.
[0086] Vantajosamente, tal função óptica do elemento óptico reduz a deformação da retina do olho do usuário na visão periférica, permitindo desacelerar a progressão da refração anormal do olho da pessoa que usa o elemento lente.
[0087] Os elementos ópticos poderão ser representados na figura 1, elementos ópticos não contíguos.
[0088] No sentido da invenção, dois elementos ópticos situados em uma superfície do elemento de lente são não contíguos se ao longo de todos os caminhos suportados pela referida superfície que liga os dois elementos ópticos um alcançar a superfície base na qual os elementos ópticos se situam.
[0089] Quando a superfície na qual os pelo menos dois elementos ópticos se situam é esférica, a superfície da base corresponde à referida superfície esférica. Por outras palavras, dois elementos ópticos situados em uma superfície esférica são não contíguos se, ao longo de todos os caminhos que os ligam e suportados pela referida superfície esférica, um deles atinge a superfície esférica.
[0090] Quando a superfície na qual os pelo menos dois elementos ópticos se situam é não esférica, a superfície da base corresponde à superfície esférica local que melhor se ajusta à referida superfície não esférica. Por outras palavras, dois elementos ópticos situados em uma superfície não esférica são não contíguos se, ao longo de todos os caminhos que os ligam e suportados pela referida superfície não esférica, um deles atingir a superfície esférica que melhor se ajusta à superfície não esférica.
[0091] Como ilustrado na figura 12, a pluralidade de elementos ópticos 14 poderá compreender pelo menos dois elementos ópticos que são contíguos.
[0092] No sentido da invenção, dois elementos ópticos localizados em uma superfície do elemento de lente são contíguos se houver um caminho suportado pela referida superfície que liga os dois elementos ópticos e se ao longo do referido caminho um não atingir a superfície de base na qual os elementos ópticos se situam.
[0093] Quando a superfície na qual os pelo menos dois elementos ópticos se situam é esférica, a superfície da base corresponde à referida superfície esférica. Em outras palavras, dois elementos ópticos situados em uma superfície esférica são contíguos se houver um caminho suportado pela referida superfície esférica, e os ligar, e se ao longo do referido caminho um deles não puder alcançar a superfície esférica.
[0094] Quando a superfície na qual os pelo menos dois elementos ópticos se situam é não esférica, a superfície da base corresponde à superfície esférica local que melhor se ajusta à referida superfície não esférica. Em outras palavras, dois elementos ópticos situados em uma superfície não esférica são contíguos se houver um caminho suportado pela referida superfície não esférica, e os ligar, e se ao longo do referido caminho não for possível alcançar a superfície esférica que melhor se ajusta à superfície não esférica.
[0095] Vantajosamente, ter elementos ópticos contíguos ajuda a melhorar a estética do elemento de lente e é mais fácil de fabricar.
[0096] Pelo menos um, preferencialmente a totalidade, element óptico da pluralidade de elementos ópticos 14, tem uma função óptica de não focar uma imagem na retina do olho do usuário, em particular para visão periférica e preferencialmente para visão central e periférica.
[0097] Vantajosamente, tal função óptica do elemento óptico reduz a deformação da retina do olho do usuário na visão periférica, permitindo desacelerar a progressão da refração anormal do olho da pessoa que usa o elemento lente.
[0098] De acordo com uma modalidade preferida da invenção, os pelo menos dois elementos ópticos contíguos são independentes.
[0099] No sentido da invenção, dois elementos ópticos são considerados independentes se produzirem imagens independentes.
[00100] Em particular, quando iluminado por um feixe paralelo "na visão central", cada "elemento óptico contíguo independente" forma em um plano no espaço da imagem um ponto associado a ele. Em outras palavras, quando um dos "elementos ópticos" está oculto, o ponto desaparece mesmo que esse elemento óptico seja contíguo com outro elemento óptico.
[00101] Para o anel Fresnel clássico (carregando uma única potência), conforme divulgado em US7976158, o referido anel de Fresnel produz um único ponto cuja posição não é alterada se alguém ocultar uma pequena parte do anel. O anel de Fresnel não pode, portanto, ser considerado como uma sucessão de "elemento óptico contíguo independente". De acordo com uma modalidade da invenção, os elementos ópticos têm tamanhos específicos. Em particular, os elementos ópticos têm um formato de contorno podendo ser inscrito em um círculo tendo um diâmetro superior ou igual a 0,8 mm e inferior ou igual a 3,0 mm, preferencialmente superior ou igual a 1,0 mm e inferior a 2,0 mm.
[00102] De acordo com modalidades da invenção, os elementos ópticos são posicionados em uma rede.
[00103] A rede na qual os elementos ópticos estão posicionados poderá ser uma rede estruturada, como ilustrado nas figuras 12 a 16.
[00104] Nas modalidades ilustradas nas figuras 12 a 15, os elementos ópticos são posicionados ao longo de uma pluralidade de anéis concêntricos.
[00105] Os anéis concêntricos dos elementos ópticos poderão ser anéis anulares.
[00106] De acordo com uma modalidade da invenção, o elemento de lente compreende ainda pelo menos quatro elementos ópticos. Os pelo menos quatro elementos ópticos são organizados em pelo menos dois grupos de elementos ópticos, cada grupo de elemento óptico sendo organizado em pelo menos dois anéis concêntricos tendo o mesmo centro, o anel concêntrico de cada grupo de elemento óptico sendo definido por um diâmetro interior e um diâmetro exterior.
[00107] De acordo com uma modalidade da invenção, os elementos ópticos de cada grupo de elementos ópticos são contíguos.
[00108] O diâmetro interior de um anel concêntrico de cada grupo de elementos ópticos corresponde ao menor círculo que é tangente a pelo menos um elemento óptico do referido grupo de elementos ópticos. O diâmetro exterior de um anel concêntrico de elemento óptico corresponde ao círculo maior que é tangente a pelo menos um elemento óptico do referido grupo.
[00109] Por exemplo, o elemento de lente poderá compreender n anéis de elementos ópticos se referindo ao diâmetro interior do anel concêntrico que é o mais próximo do centro óptico do elemento de lente, se referindo ao diâmetro exterior do anel concêntrico que é o mais próximo do centro óptico do elemento de lente, se referindo ao diâmetro interior do anel que é o mais próximo da periferia do elemento de lente e se referindo ao diâmetro exterior do anel concêntrico que é o mais próximo da periferia do elemento de lente.
[00110] A distância Di entre dois anéis concêntricos sucessivos dos elementos ópticos i e i+1 poderá ser expressa como:em que se refere ao diâmetro exterior de um primeiro anel de elementos ópticos i e se refere ao diâmetro interior de um se gundo anel de elementos ópticos i+1 que é sucessivo ao primeiro e mais próximo da periferia do elemento de lente.
[00111] De acordo com outra modalidade da invenção, os elementos ópticos são organizados em anéis concêntricos centrados no cen-tro óptico da superfície do elemento de lente no qual os elementos ópticos se encontram dispostos e ligando o centro geométrico de cada elemento óptico.
[00112] Por exemplo, o elemento de lente poderá compreender n anéis de elementos ópticos, f1 se referindo ao diâmetro do anel que é o mais próximo do centro óptico do elemento de lente e fn se referindo ao diâmetro do anel que é o mais próximo da periferia do elemento de lente.
[00113] A distância Di entre dois anéis concêntricos sucessivos dos elementos ópticos i e i+1 poderá ser expressa como:em que se refere ao diâmetro de um primeiro anel de elementos ópticos i e se refere ao diâmetro de um segundo anel de elementos ópticos i+1 que é sucessivo ao primeiro e mais próximo da periferia do elemento de lente, e em que se refere ao diâmetro dos elementos ópticos no primeiro anel de elementos ópticos e se refere ao diâmetro dos elementos ópticos no segundo anel de elementos ópticos que é sucessivo ao primeiro anel e mais próximo da periferia do elemento de lente. O diâmetro do elemento óptico corresponde ao diâmetro do círculo no qual o formato de contorno do elemento óptico está inscrito.
[00114] Os anéis concêntricos dos elementos ópticos poderão ser anéis anulares.
[00115] Vantajosamente, o centro óptico do elemento de lente e o centro dos anéis concêntricos dos elementos ópticos coincidem. Por exemplo, o centro geométrico do elemento de lente, o centro óptico do elemento de lente e o centro dos anéis concêntricos dos elementos ópticos coincidem.
[00116] No sentido da invenção, o termo "coincidir" deve ser entendido como sendo muito próximos um do outro, por exemplo, distancia-dos por menos de 1,0 mm.
[00117] A distância Di entre dois anéis concêntricos sucessivos poderá variar de acordo com i. Por exemplo, a distância Di entre dois anéis concêntricos sucessivos poderá variar entre 2,0 mm e 5,0 mm.
[00118] De acordo com uma modalidade da invenção, a distância Di entre dois anéis concêntricos sucessivos de elementos ópticos é superior a 2,00 mm, preferencialmente 3,0 mm, mais preferencialmente 5,0 mm.
[00119] Vantajosamente, ter a distância Di entre dois anéis concêntricos sucessivos de elementos ópticos superior a 2,00 mm permite gerenciar uma área de refração maior entre esses anéis de elementos ópticos e, portanto, proporciona melhor acuidade visual.
[00120] Considerando uma zona anular do elemento de lente tendo um diâmetro interior superior a 9 mm e um diâmetro exterior inferior a 57 mm, tendo um centro geométrico situado a uma distância do centro óptico do elemento de lente inferior a 1 mm, a relação entre a soma das áreas das partes dos elementos ópticos situados dentro da referida zona circular e a área da referida zona circular é compreendida entre 20% e 70%, preferencialmente entre 30% e 60%, e mais preferencialmente entre 40% e 50%.
[00121] Em outras palavras, os inventores observaram que, para um dado valor da relação acima mencionada, a organização de elementos ópticos em anéis concêntricos, onde esses anéis são espaçados por uma distância superior a 2,0 mm, permite proporcionar zonas anulares da área refrativa mais fáceis de fabricar do que a área refrati- va gerenciada quando o elemento óptico é disposto em rede hexagonal ou disposto aleatoriamente na superfície do elemento de lente, proporciona assim uma melhor correção da refração anormal do olho e, assim, uma melhor acuidade visual.
[00122] De acordo com uma modalidade da invenção, é idêntico o diâmetro di da totalidade dos elementos ópticos do elemento de lente.
[00123] De acordo com uma modalidade da invenção, a distância Di entre dois anéis concêntricos sucessivos i e i+1 poderá aumentar quando i aumenta em direção à periferia do elemento de lente.
[00124] Os anéis concêntricos de elementos ópticos poderão ter um diâmetro compreendido entre 9 mm e 60 mm.
[00125] De acordo com uma modalidade da invenção, o elemento de lente compreende elementos ópticos dispostos em pelo menos 2 anéis concêntricos, preferencialmente mais que 5, mais preferencialmente mais que 10 anéis concêntricos. Por exemplo, os elementos ópticos poderão ser dispostos em 11 anéis concêntricos centrados no centro óptico da lente.
[00126] Na figura 12, os elementos ópticos são microlentes posicionadas ao longo de um conjunto de 5 anéis concêntricos. A potência óptica e/ou o cilindro das microlentes poderão ser diferentes dependendo de sua posição ao longo dos anéis concêntricos.
[00127] Na figura 13, os elementos ópticos correspondem a diferentes setores de círculos concêntricos.
[00128] Nas figuras 14b, os elementos ópticos correspondem a parte dos anéis concêntricos cilíndricos puros, como ilustrado na figura 14a. Neste exemplo, os elementos ópticos têm potência constante, mas um eixo cilíndrico variável.
[00129] De acordo com uma modalidade da invenção, por exemplo ilustrado na figura 12, o elemento de lente poderá ainda compreender elementos ópticos 14 posicionados radialmente entre dois anéis concêntricos. No exemplo ilustrado na figura 12, apenas 4 elementos ópticos são colocados entre dois anéis concêntricos, no entanto, mais elementos ópticos poderão ser posicionados entre ambos os anéis.
[00130] Os elementos ópticos poderão ser colocados em uma rede estruturada que é uma rede quadrada ou hexagonal ou uma rede tri-angular ou uma rede octogonal.
[00131] Essa modalidade da invenção é ilustrada na figura 16, onde os elementos ópticos 14 são colocados em uma rede quadrada.
[00132] Alternativamente, os elementos ópticos poderão ser colocados em uma rede de estrutura aleatória, tal como uma rede Voro- noid, como ilustrado na figura 17.
[00133] Vantajosamente, colocar os elementos ópticos em uma estrutura aleatória limita o risco de dispersão ou difração da luz.
[00134] São possíveis junções diferentes entre dois elementos ópticos contíguos.
[00135] Por exemplo, como ilustrado nas figuras 18a e 18b, pelo menos parte, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos têm uma potência óptica constante e uma primeira derivada descontinuada entre dois elementos ópticos contíguos. Nos exemplos ilustrados nas figuras 18a e 18b, teta é a coordenada angular em referência polar. Como se pode observar nesta modalidade, não há área entre os elementos ópticos contíguos sem esfera.
[00136] Alternativamente, como ilustrado nas figuras 19a e 19b, pelo menos parte, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos têm uma potência óptica variável e uma primeira derivada contínua entre dois elementos ópticos contíguos.
[00137] Para obter uma tal variação, aqui pode-se usar duas potências constantes, uma positiva e outra negativa. A área da potência negativa é muito menor que a área da potência positiva, de modo que globalmente se obtém um efeito de potência positiva.
[00138] Um ponto importante nesta modalidade ilustrado nas figuras 19a e 19b é que a coordenada Z é sempre positiva em comparação com a área de refração.
[00139] Como ilustrado na figura 2, um elemento de lente 10 de acordo com a invenção compreende uma superfície do lado do objeto F1 formada como uma superfície curva convexa em direção a um lado do objeto, e uma superfície do lado do olho F2 formada como uma superfície côncava tendo uma curvatura diferente em comparação com a curvatura da superfície do lado do objeto F1.
[00140] De acordo com uma modalidade da invenção, pelo menos parte, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos se situa na superfície frontal do elemento de lente oftálmica.
[00141] Pelo menos parte, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos pode se situar na superfície posterior do elemento de lente.
[00142] Pelo menos parte, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos pode se situar entre as superfícies frontal e posterior do elemento de lente. Por exemplo, o elemento de lente pode compreender zonas de diferente índice refrativo formando os elementos ópticos.
[00143] De acordo com uma modalidade da invenção, pelo menos um dos elementos ópticos tem uma função óptica de focalizar uma imagem para visão periférica em uma posição que não a da retina.
[00144] Preferencialmente, pelo menos 50%, por exemplo pelo menos 80%, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos têm uma função óptica de focalizar uma imagem para visão periférica em uma posição que não a da retina.
[00145] De acordo com uma modalidade preferida da invenção, todos os elementos ópticos são configurados de modo que o foco médio dos raios de luz que passam através de cada elemento óptico esteja à mesma distância da retina do usuário, pelo menos para a visão periférica.
[00146] A função óptica, em particular a função dióptrica, de cada elemento óptico poderá ser otimizada de modo a proporcionar uma imagem de foco, em particular na visão periférica, a uma distância constante da retina do olho do usuário. Essa otimização requer a adaptação da função dióptrica de cada elemento óptico, dependendo de sua posição no elemento de lente.
[00147] Em particular, os inventores determinaram que o diagrama de pontos do feixe de luz que passa através de uma microlente esférica em forma de 3D analisada em visão periférica (30° do centro da pupila) não é um ponto.
[00148] Para obter um ponto, os inventores determinaram que o elemento óptico deveria ter uma potência cilíndrica, por exemplo, um formato tórico.
[00149] O tipo de astigmatismo comumente encontrado como um defeito de visão é resultado de diferentes curvaturas da lente em diferentes planos. Mas mesmo lentes esféricas perfeitamente simétricas exibem um tipo de astigmatismo para a luz que se aproxima da lente a partir de um ponto fora do eixo óptico. Conforme ilustrado na figura 10b, o astigmatismo oblíquo é uma aberração de raios fora do eixo que faz com que as linhas radiais e tangenciais no plano do objeto foquem nitidamente em distâncias diferentes no espaço da imagem.
[00150] Portanto, olhar para uma lente esférica através de seu eixo óptico não gera astigmatismo. Se os elementos ópticos são vistos de modo que o eixo do elemento óptico passa através do olho, em particular através do centro da pupila para visão periférica, então não há astigmatismo. No entanto, em todos os outros casos, e mais ainda quando os elementos ópticos são excêntricos em comparação com a direção do olhar fixo, em particular para a visão periférica, a pessoa tem um astigmatismo oblíquo. A luz que passa através do elemento óptico não "vê" a mesma potência em todos os meridianos, isto é, do centro até a borda dos elementos ópticos.
[00151] De acordo com uma modalidade da invenção, os elementos ópticos são configurados de modo que, pelo menos ao longo de uma seção da lente, a esfera média dos elementos ópticos aumente de um ponto da referida seção em direção à periferia da referida seção.
[00152] Os elementos ópticos poderão ainda ser configurados de modo que pelo menos ao longo de uma seção da lente, por exemplo pelo menos a mesma seção que aquela ao longo da qual a esfera média dos elementos ópticos aumenta, o cilindro aumenta desde um ponto da referida seção, por exemplo, o mesmo ponto da esfera média, em direção à parte periférica da referida seção.
[00153] Vantajosamente, ter elementos ópticos configurados para que ao longo de pelo menos uma seção da lente, a esfera média e/ou o cilindro médio de elementos ópticos aumentem desde um ponto da referida seção em direção à parte periférica da referida seção, permite aumentar a desfocagem dos raios de luz em frente da retina em caso de miopia ou atrás da retina em caso de hiperopia.
[00154] Em outras palavras, os inventores observaram que ter elementos ópticos configurados de modo que ao longo de pelo menos uma seção da lente a esfera média dos elementos ópticos aumente desde um ponto da referida seção em direção à parte periférica da referida seção ajuda a desacelerar a progressão de refração anormal do olho, como por exemplo miopia ou hiperopia.
[00155] Os elementos ópticos poderão ser configurados de modo que, ao longo da, pelo menos uma, seção da lente, a esfera média e/ou o cilindro médio dos elementos ópticos aumentem desde o centro da referida seção em direção à parte periférica da referida seção.
[00156] De acordo com uma modalidade da invenção, os elementos ópticos são configurados de modo que, em condições de uso normais, a, pelo menos uma, seção corresponda a uma seção horizontal.
[00157] A esfera média e/ou o cilindro poderão aumentar de acordo com uma função de aumento ao longo da, pelo menos uma, seção horizontal, sendo a função de aumento uma função gaussiana. A função Gaussiana pode ser diferente entre a parte nasal e temporal da lente de modo a levar em conta a dissimetria da retina da pessoa.
[00158] Em alternativa, a esfera média e/ou o cilindro poderão aumentar de acordo com uma função de aumento ao longo da, pelo menos uma, seção horizontal, sendo a função de aumento uma função Quadrática. A função Quadrática pode ser diferente entre a parte nasal e temporal da lente de modo a levar em conta a dissimetria da retina da pessoa.
[00159] De acordo com uma modalidade da invenção, a esfera média e/ou o cilindro dos elementos ópticos aumentam desde um primeiro ponto da referida seção em direção à parte periférica da referida seção e diminuem desde um segundo ponto da referida seção em direção à parte periférica da referida seção, sendo o segundo ponto mais próximo da parte periférica da referida seção em comparação com o primeiro ponto.
[00160] Essa modalidade é ilustrada na tabela 1 que proporciona a esfera média dos elementos ópticos de acordo com sua distância radial ao centro óptico do elemento de lente.
[00161] No exemplo da tabela 1, os elementos ópticos são micro- lentes colocadas em uma superfície frontal esférica tendo uma curvatura de 329,5 mm e o elemento de lente é feito de um material óptico tendo um índice refrativo de 1,591, a potência óptica prescrita do usuário é de 6 D. O elemento óptico tem de ser usado em condições de uso normais e a retina do usuário é considerada como tendo uma desfoca- gem de 0,8 D em um ângulo de 30°. Os elementos ópticos são determinados para ter uma desfocagem periférica de 2 D.Tabela 1
[00162] Como ilustrado na tabela 1, começando próximo do centro óptico do elemento de lente, a esfera média dos elementos ópticos aumenta em direção à parte periférica da referida seção e depois diminui em direção à parte periférica da referida seção.
[00163] De acordo com uma modalidade da invenção, o cilindro médio dos elementos ópticos aumentam desde um primeiro ponto da referida seção em direção à parte periférica da referida seção e diminuem desde um segundo ponto da referida seção em direção à parte periférica da referida seção, o segundo ponto sendo mais próximo da parte periférica da referida seção em comparação com o primeiro ponto.
[00164] Essa modalidade é ilustrada nas tabelas 2 e 3 que fornecem a amplitude do vetor de cilindro projetado em uma primeira direção Y correspondendo à direção radial local e uma segunda direção X ortogonal à primeira direção.
[00165] No exemplo da tabela 2, os elementos ópticos são micro- lentes colocadas em uma superfície frontal esférica tendo uma curvatura de 167,81 mm e o elemento de lente é feito de um material óptico tendo um índice refrativo de 1,591, a potência óptica prescrita do usuário é de -6 D. O elemento de lente tem de ser usado em condições de uso normais e a retina do usuário é considerada como tendo uma des- focagem de 0,8 D em um ângulo de 30°. Os elementos ópticos são determinados para proporcionar uma desfocagem periférica de 2 D.
[00166] No exemplo da tabela 3, os elementos ópticos são micro- lentes colocadas em uma superfície frontal esférica tendo uma curvatura de 167,81 mm e o elemento de lente é feito de um material óptico tendo um índice refrativo de 1,591, a potência óptica prescrita do usuário é de -1 D. O elemento de lente tem de ser usado em condições de uso normais e a retina do usuário é considerada como tendo uma des- focagem de 0,8 Di em um ângulo de 30°. Os elementos ópticos são determinados para proporcionar uma desfocagem periférica de 2 D. Tabela 2Tabela 3
[00167] Como ilustrado nas tabelas 2 e 3, começando próximo do centro óptico do elemento de lente, o cilindro dos elementos ópticos aumenta em direção à parte periférica da referida seção e depois diminui em direção à parte periférica da referida seção.
[00168] De acordo com uma modalidade da invenção, a porção de prescrição compreende um centro óptico e os elementos ópticos são configurados de modo que, ao longo de qualquer seção passando pelo centro óptico da lente, a esfera média e/ou o cilindro dos elementos ópticos aumentem desde o centro óptico em direção à parte periférica da lente.
[00169] Por exemplo, os elementos ópticos poderão ser regularmente distribuídos ao longo de círculos centrados no centro óptico da porção.
[00170] Os elementos ópticos no círculo de diâmetro 10 mm e centrados no centro óptico da porção de prescrição poderão ser microlen- tes tendo uma esfera média de 2,75 D.
[00171] Os elementos ópticos no círculo de diâmetro 20 mm e centrados no centro óptico da porção de prescrição poderão ser microlen- tes tendo uma esfera média de 4,75 D.
[00172] Os elementos ópticos no círculo de diâmetro 30 mm e centrados no centro óptico da porção de prescrição poderão ser microlen- tes tendo uma esfera média de 5,5 D.
[00173] Os elementos ópticos no círculo de diâmetro 40 mm e centrados no centro óptico da porção de prescrição poderão ser microlen- tes tendo uma esfera média de 5,75 D.
[00174] O cilindro das diferentes microlentes poderá ser ajustado com base no formato da retina da pessoa.
[00175] De acordo com uma modalidade da invenção, a porção de prescrição compreende um ponto de referência de visão de longe, uma referência de visão de perto e um meridiano juntando os pontos de referência de visão de longe e de perto. Por exemplo, a porção de prescrição poderá compreender um desenho de lente adicional progressivo adaptado à prescrição da pessoa ou adaptado para desacelerar a progressão da refração anormal do olho da pessoa que usando o elemento de lente.
[00176] Preferencialmente, de acordo com essa modalidade, os elementos ópticos são configurados de modo que, em condições de uso normais ao longo de qualquer seção horizontal da lente, a esfera média e/ou o cilindro dos elementos ópticos aumentem a partir da interseção da referida seção horizontal com a linha meridiana em direção a parte periférica da lente.
[00177] A linha meridiana corresponde ao lócus da interseção da principal direção do olhar fixo com a superfície da lente.
[00178] A função de aumento da esfera média e/ou do cilindro médio ao longo das seções poderá ser diferente dependendo da posição da referida seção ao longo da linha meridiana.
[00179] Em particular, a função de aumento da esfera média e/ou do cilindro médio ao longo das seções é assimétrica. Por exemplo, a função de aumento da esfera média e/ou do cilindro médio é assimétrica ao longo da seção vertical e/ou horizontal em condições de uso normais.
[00180] De acordo com uma modalidade da invenção, pelo menos um dos elementos ópticos tem uma função óptica não focalizada em condições de uso normais e para visão periférica.
[00181] Preferencialmente pelo menos 50%, por exemplo pelo menos 80%, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos 14 têm uma função óptica não focalizada em condições de uso normais e para visão periférica.
[00182] No sentido da invenção, uma "função óptica não focalizada" deve ser entendida como não tendo um único ponto de foco em condições de uso normais e para visão periférica.
[00183] Vantajosamente, tal função óptica do elemento óptico reduz a deformação da retina do olho do usuário, permitindo desacelerar a progressão da refração anormal do olho da pessoa que usa o elemento de lente.
[00184] O pelo menos um elemento tendo uma função óptica não focalizada é transparente. Vantajosamente, os elementos ópticos não contíguos não são visíveis no elemento de lente e não afetam a estética do elemento de lente.
[00185] De acordo com uma modalidade da invenção, o elemento de lente poderá compreender uma lente oftálmica com a porção de prescrição e um encaixe de pressão suportando a pluralidade de pelo menos três elementos ópticos adaptados para serem presos de modo removível à lente oftálmica quando o elemento de lente é usado.
[00186] Vantajosamente, quando a pessoa está em um ambiente distante, no exterior por exemplo, a pessoa poderá separar o encaixe de pressão da lente oftálmica e eventualmente substituir um segundo encaixe de pressão livre de qualquer um dos, pelo menos, três elementos ópticos. Por exemplo, o segundo encaixe de pressão poderá compreender um matiz solar. A pessoa também poderá usar a lente oftálmica sem encaixe de pressão adicional.
[00187] O elemento óptico poderá ser adicionado ao elemento de lente independentemente em cada superfície do elemento de lente.
[00188] Pode-se adicionar esses elementos ópticos em uma matriz definida como quadrada ou hexagonal ou aleatória ou outra.
[00189] O elemento óptico poderá cobrir zonas específicas do elemento de lente, tal como no centro ou em qualquer outra área.
[00190] A densidade do elemento óptico ou a quantidade de potência poderá ser ajustada dependendo das zonas do elemento de lente. Tipicamente, o elemento óptico poderá ser posicionado na periferia do elemento de lente, a fim de aumentar o efeito do elemento óptico no controle da miopia, de modo a compensar a desfocagem periférica devido ao formato periférico da retina, por exemplo.
[00191] De acordo com uma modalidade preferida da invenção, cada zona circular tendo um raio compreendido entre 2 e 4 mm compreendendo um centro geométrico situado a uma distância do centro óptico do elemento de lente igual ou superior ao referido + 5 mm, a relação entre a soma de áreas das partes dos elementos ópticos situada dentro da referida zona circular e a área da referida zona circular é compreendida entre 20% e 70%, preferencialmente entre 30% e 60%, e mais preferencialmente entre 40% e 50%.
[00192] Os elementos ópticos podem ser fabricados usando diferentes tecnologias como revestimento direto, moldagem, vazamento ou injeção, relevo, filmagem ou fotolitografia, etc.
[00193] De acordo com uma modalidade da invenção, pelo menos um, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos tem um formato configurado de modo a criar uma superfície cáustica em frente da retina do olho da pessoa. Em outras palavras, tal elemento óptico é configurado para que todo o plano de seção em que o fluxo de luz esteja concentrado, se houver, esteja situado em frente da retina do olho da pessoa.
[00194] De acordo com uma modalidade da invenção, o pelo menos um, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos tendo uma função óptica não esférica é uma microlente refrativa multifocal.
[00195] No sentido da invenção, um elemento óptico é "microlente refrativa multifocal" inclui bifocais (com duas potências focais), trifocais (com três potências focais), lentes de adição progressiva, com potência focal de variação contínua, por exemplo lentes de superfície progressivas asféricas.
[00196] No sentido da invenção, uma "microlente" tem um formato de contorno podendo ser inscrito em um círculo tendo um diâmetro superior ou igual a 0,8 mm e inferior ou igual a 3,0 mm, preferencialmente superior ou igual a 1,0 mm e inferior a 2,0 mm.
[00197] De acordo com uma modalidade da invenção, pelo menos um dos elementos ópticos, preferencialmente mais de 50%, mais preferencialmente mais de 80% dos elementos ópticos são microlentes asféricas. No sentido da invenção, as microlentes asféricas têm uma evolução contínua de potência sobre sua superfície.
[00198] Uma microlente asférica poderá ter uma asfericidade compreendida entre 0,1D e 3D. A asfericidade de uma microlente asférica corresponde à relação de potência óptica medida no centro das micro- lentes e a potência óptica medida na periferia das microlentes.
[00199] O centro da microlente poderá ser definido por uma área esférica centrada no centro geométrico das microlentes e tendo um diâmetro compreendido entre 0,1 mm e 0,5 mm, preferencialmente igual a 2,0 mm.
[00200] A periferia da microlente poderá ser definida por uma zona anular centrada no centro geométrico da microlente e tendo um diâmetro interior compreendido entre 0,5 mm e 0,7 mm e um diâmetro exterior compreendido entre 0,70 mm e 0,80 mm.
[00201] De acordo com uma modalidade da invenção, as microlen- tes asféricas têm uma potência óptica em seu centro geométrico compreendida entre 2.0D e 7.0D em valor absoluto, e uma potência óptica em sua periferia compreendida entre 1.5D e 6.0D em valor absoluto.
[00202] A asfericidade das microlentes asféricas antes do revestimento da superfície do elemento de lente no qual os elementos ópticos se encontram dispostos poderá variar de acordo com a distância radial do centro óptico do referido elemento de lente.
[00203] Além disso, a asfericidade das microlentes asféricas após o revestimento da superfície do elemento de lente no qual os elementos ópticos se encontram dispostos poderá variar ainda mais de acordo com a distância radial do centro óptico do referido elemento de lente.
[00204] De acordo com uma modalidade da invenção, a pelo menos uma microlente refrativa multifocal tem uma superfície tórica. Uma superfície tórica é uma superfície de revolução que pode ser criada rodando um círculo ou arco em torno de um eixo de revolução (eventualmente posicionado no infinito) que não passa pelo centro de curvatura.
[00205] As lentes de superfície tórica têm dois perfis radiais diferentes em ângulos retos entre si, produzindo, portanto, duas potências focais diferentes.
[00206] Os componentes tóricos e esféricos da superfície das lentes tóricas produzem um feixe de luz astigmático, em oposição a um foco de ponto único.
[00207] De acordo com uma modalidade da invenção, o pelo menos um dos elementos ópticos tendo uma função óptica não esférica, por exemplo a totalidade dos elementos ópticos, é uma microlente tórica refrativa. Por exemplo, uma microlente refrativa tórica com um valor de potência de esfera maior ou igual a 0 dioptria (δ) e inferior ou igual a +5 dioptrias (δ) e valor de potência do cilindro superior ou igual a 0,25 dioptrias (δ)
[00208] Efeitos oblíquos dos raios de luz periféricos que passam através de microlentes esféricas geram um astigmatismo oblíquo e, portanto, feixes de luz não focalizados.
[00209] Vantajosamente, ter microlentes tóricas permite focar os raios de luz que passam através das microlentes a uma determinada distância da retina do usuário.
[00210] Como uma modalidade específica, as microlentes refrativas tóricas poderão ser um cilindro puro, significando que a potência meridiana mínima é zero, enquanto a potência meridiana máxima é estritamente positiva, por exemplo, menos de 5 dioptrias.
[00211] De acordo com uma modalidade da invenção, pelo menos um, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos, é feito de um material birrefringente. Em outras palavras, o elemento óptico é feito de um material tendo um índice refrativo que depende da direção da polarização e propagação da luz. A birrefringência poderá ser quantificada como a diferença máxima entre os índices refrativos exibidos pelo material.
[00212] De acordo com uma modalidade da invenção, pelo menos um, por exemplo a totalidade dos elementos ópticos, tem descontinui- dades, tal como uma superfície descontínua, por exemplo, superfícies de Fresnel e/ou tendo um perfil de índice refrativo com descontinuida- des.
[00213] A Figura 3 representa um exemplo de um perfil de altura Fresnel de um elemento óptico que poderá ser utilizado para a invenção.
[00214] De acordo com uma modalidade da invenção, o, pelo menos um, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos é feito de uma lente difrativa.
[00215] A Figura 4 representa um exemplo de um perfil radial de lente difrativa de um elemento óptico que poderá ser usado para a invenção.
[00216] Pelo menos uma, por exemplo a totalidade, das lentes difra- tivas poderá compreender uma estrutura de metassuperfície, como divulgado no WO2017/176921.
[00217] A lente difrativa poderá ser uma lente Fresnel cuja função de fase Φ (r) tem saltos de fase π no comprimento de onda nominal, como visto na Figura 5. Pode-se dar a essas estruturas o nome "lentes π-Fresnel" por uma questão de clareza, como oposição a lentes unifocal Fresnel cujos saltos de fase são múltiplos valores de 2π. A lente π- Fresnel cuja função de fase é exibida na Figura 5 difrata a luz principalmente em duas ordens de difração associadas às potências dióptri- cas 0 δ e uma positiva P, por exemplo3 δ.
[00218] De acordo com uma modalidade da invenção, pelo menos um, por exemplo a totalidade dos elementos ópticos, é um componente binário multifocal.
[00219] Por exemplo, uma estrutura binária, como representada na Figura 6a, apresenta principalmente duas potências dióptricas, denotadas -P/2 e P/2. Quando associada a uma estrutura refrativa, como mostrado na Figura 6b, cuja potência dióptrica é P/2, a estrutura final representada na Figura 6c tem potências dióptricas 0 δ e P. O caso ilustrado está associado a P = 3 δ.
[00220] De acordo com uma modalidade da invenção, pelo menos um, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos é uma lente pixe- lada. Um exemplo de lente pixelada multifocal é divulgado em Eyal Ben-Eliezer et al, APPLIED OPTICS, vol. 44, N.° 14, 10 de maio de 2005.
[00221] De acordo com uma modalidade da invenção, pelo menos um, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos, tem uma função óptica com aberrações ópticas de ordem superior. Por exemplo, o elemento óptico é uma microlente composta por superfícies contínuas definidas por polinômios de Zernike.
[00222] De acordo com uma modalidade da invenção, pelo menos um, por exemplo pelo menos 70%, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos são elementos ópticos ativos que poderão ser ativados manual ou automaticamente por um dispositivo controlador de lente óptica.
[00223] O elemento óptico ativo poderá compreender um material tendo um índice refrativo variável cujo valor é controlado pelo dispositivo controlador de lente óptica.
[00224] A invenção também se relaciona com um método para determinar um elemento de lente adaptado para desacelerar a progressão da refração anormal do olho de um usuário.
[00225] Como ilustrado na figura 11, o método da invenção compreende pelo menos: - uma etapa de fornecimento de dados de prescrição do usuário S1, - uma etapa de fornecimento de dados da condição de uso S2, - uma etapa de fornecimento de dados de retina do usuário S3, e - uma etapa de determinação de elemento de lente S4,
[00226] Durante a etapa de fornecimento de dados de prescrição do usuário S1, são proporcionados dados de prescrição do usuário relacionados com a prescrição do usuário,
[00227] Dados da condição de uso relacionados com as condições de uso do elemento de lente pelo usuário são proporcionados durante a etapa de fornecimento de dados da condição de uso S2,
[00228] De acordo com uma modalidade da invenção, os dados da condição de uso proporcionados durante a etapa de fornecimento de dados da condição de uso correspondem às condições de uso normais.
[00229] Alternativamente, os dados da condição de uso proporcionados durante a etapa de fornecimento de dados da condição de uso correspondem às condições de uso medidas no usuário ou personalizadas, por exemplo, com base em dados morfológicos ou posturais relacionados com o usuário.
[00230] Durante a etapa de fornecimento de dados de retina do usuário S3, são proporcionados dados de retina relacionados com o formato da retina do usuário na mesma armação de referência que as condições de uso.
[00231] De acordo com uma modalidade da invenção, os dados da retina do usuário proporcionados durante a etapa de fornecimento de dados da retina do usuário correspondem ao formato de retina normal.
[00232] Exemplos de formatos normais de retina são divulgados em "Refractive error, axial length, and relative peripheral refractive error before and after the onset of myopia" de Mutti DO1, Hayes JR, Mitchell GL, Jones LA, Moeschberger ML, Cotter SA, Kleinstein RN, Manny RE, Twelker JD, Zadnik K; CLEERE Study Group, Invest Ophthalmol Vis Sci. 2007 Jun;48(6):2510-9.
[00233] Outros exemplos de formatos normais de retina são divulgados em "Peripheral refraction along the horizontal and vertical visual fields in myopia", de Atchison DA1, Pritchard N, Schmid KL, Vision Res. abril de 2006; 46(8-9): 1450-8.
[00234] Exemplos adicionais de formatos normais de retina são divulgados em "Peripheral Refraction and Ocular Shape in Children", de Donald O. Mutti, Robert I. Sholtz, Nina E. Friedman e Karla Zadnik em IOVS, abril de 2000, vol. 41, N.° 5.
[00235] Alternativamente, os dados da retina do usuário proporcionados durante a etapa de fornecimento de dados da retina do usuário poderão corresponder ao formato da retina medida no usuário ou personalizado, por exemplo, com base na morfologia ou prescrição do usuário.
[00236] Durante a etapa de determinação do elemento de lente S4, é determinado um elemento de lente compreendendo uma porção de prescrição e uma pluralidade de pelo menos três elementos ópticos.
[00237] O elemento de lente é determinado de modo que a porção de prescrição proporcione condições de uso correspondentes aos dados de uso e para a visão foveal uma primeira potência óptica baseada na prescrição do usuário.
[00238] Além disso, pelo menos um elemento óptico, por exemplo pelo menos 50%, preferencialmente pelo menos 80% dos elementos ópticos, é determinado como tendo uma função óptica de não focagem de uma imagem na retina do olho para visão periférica.
[00239] Vantajosamente, o elemento de lente determinado proporcionou a correção da visão foveal correspondente à prescrição do usuário e para
[00240] De acordo com uma modalidade da invenção, durante a etapa de determinação do elemento de lente, pelo menos 50%, por exemplo pelo menos 80%, dos elementos ópticos são determinados de modo a focalizar uma imagem a uma determinada distância da retina. A referida distância é definida para cada elemento óptico ao longo do eixo que liga um ponto de referência do referido elemento óptico, por exemplo, o centro óptico do elemento de lente e o centro da pupila do usuário.
[00241] Alternativamente, pelo menos 50%, por exemplo pelo menos 80%, dos elementos ópticos são determinados de modo a focalizar uma imagem à mesma distância da retina ao longo do eixo que liga um ponto de referência de cada elemento óptico e o centro da pupila do usuário.
[00242] Como ilustrado na figura 11, o método da invenção poderá ainda compreender uma etapa de fornecimento de dados da superfície frontal S40.
[00243] Durante a etapa de fornecimento de dados da superfície frontal S40, são proporcionados dados da superfície frontal representativos da superfície frontal do elemento de lente.
[00244] De acordo com essa modalidade, durante a etapa de determinação do elemento de lente, o formato da superfície posterior e os elementos ópticos a serem colocados na superfície frontal são determinados de modo que a porção de prescrição proporcione condições de uso correspondentes aos dados de uso e para a visão foveal uma primeira potência óptica baseada na prescrição do usuário e pelo menos um elemento óptico tenha uma função óptica de não focar uma imagem na retina do olho para visão periférica.
[00245] De acordo com uma modalidade preferida, durante a etapa de determinação do elemento de lente, o formato da superfície posterior é determinado de modo que a porção de prescrição proporciona condições de uso correspondentes aos dados de uso e para a visão foveal uma primeira potência óptica baseada na prescrição do usuário.
[00246] Os elementos ópticos são determinados de modo a serem colocados na superfície frontal ou posterior da lente determinada anteriormente e para focalizar imagens a uma determinada distância da retina do olho para visão periférica.
[00247] Como visto, é possível otimizar os próprios elementos ópticos, mas também é possível otimizar a superfície oposta da lente, ou combinar os dois, para reduzir as aberrações do elemento óptico para a visão periférica. Nesse caso, haveria um compromisso entre a otimização da porção da prescrição e os elementos ópticos. Isso é particularmente relevante quando o elemento óptico é produzido em massa (molde, filme embutido em uma lente).
[00248] A invenção foi descrito acima com o auxílio de modalidades sem limitação do conceito inventivo geral.
[00249] Muitas modificações e variações adicionais serão aparentes aos especialistas na técnica ao fazer referência às modalidades ilustrativas anteriores, as quais são dadas apenas a título de exemplo e as quais não se destinam a limitar o escopo da invenção, sendo este determinado exclusivamente pelas reivindicações anexas.
[00250] Nas reivindicações, a palavra "compreendendo" não exclui outros elementos ou etapas, e o artigo indefinido "um" ou "uma" não exclui uma pluralidade. O simples fato de diferentes características serem citadas em reivindicações dependentes mutuamente diferentes não indica que uma combinação dessas características não possa ser vantajosamente utilizada. Quaisquer sinais de referência nas reivindicações não devem ser interpretados como limitativos do escopo da invenção.

Claims (15)

1. Elemento de lente destinado a ser usado em frente de um olho de um usuário, caracterizado pelo fato de que compreende: - uma porção de prescrição configurada para proporcionar ao usuário, em condições de uso normais e para visão foveal, uma primeira potência óptica baseada na prescrição do usuário para corrigir uma refração anormal do referido olho do usuário; - uma pluralidade de pelo menos três elementos ópticos, pelo menos um elemento óptico tendo uma função óptica de não focagem de uma imagem na retina do olho em condições de uso normais e para visão periférica, de modo a desacelerar a progressão da refração anormal do olho, sendo que os elementos ópticos são configurados de modo que o foco médio dos raios de luz que passam através de cada elemento óptico esteja a uma mesma distância da retina do usuário, pelo menos para visão periférica.
2. Elemento de lente, de acordo com a reivindicação 1, ca-racterizado pelo fato de que pelo menos um, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos tem uma função óptica de focar uma imagem em uma posição diferente que não a da retina em condições de uso normal e para visão periférica.
3. Elemento de lente, de acordo com qualquer uma das rei-vindicações anteriores, caracterizado pelo fato de que pelo menos um elemento óptico tem uma função óptica não focalizada em condições de uso normais e para visão periférica.
4. Elemento de lente, de acordo com qualquer uma das rei-vindicações anteriores, caracterizado pelo fato de que pelo menos um dos elementos ópticos tem uma potência cilíndrica.
5. Elemento de lente, de acordo com qualquer uma das rei-vindicações anteriores, caracterizado pelo fato de que os elementos ópticos são configurados de modo que, ao longo de pelo menos uma seção da lente, a esfera média dos elementos ópticos aumente desde um ponto da referida seção em direção à parte periférica da referida seção.
6. Elemento de lente, de acordo com qualquer uma das rei-vindicações anteriores, caracterizado pelo fato de que os elementos ópticos são configurados de modo que, ao longo de pelo menos uma seção da lente, o cilindro de elementos ópticos aumenta de um ponto da referida seção em direção à parte periférica da referida seção.
7. Elemento de lente, de acordo com qualquer uma das rei-vindicações anteriores, caracterizado pelo fato de que os elementos ópticos são configurados de modo que, ao longo de pelo menos uma seção da lente, a esfera média e/ou o cilindro dos elementos ópticos aumentam desde o centro da referida seção em direção à parte periférica da referida seção.
8. Elemento de lente, de acordo com qualquer uma das rei-vindicações anteriores, caracterizado pelo fato de que a porção de prescrição compreende um centro óptico e os elementos ópticos são configurados de modo que, ao longo de qualquer seção passando pelo centro óptico da lente, a esfera média e/ou o cilindro dos elementos ópticos aumentam desde o centro óptico em direção à parte periférica da lente.
9. Elemento de lente, de acordo com qualquer uma das rei-vindicações anteriores, caracterizado pelo fato de que a porção de prescrição é formada como a porção diferente das porções formadas como a pluralidade de elementos ópticos.
10. Elemento de lente, de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, caracterizado pelo fato de que para cada zona circular tendo um raio compreendido entre 2 e 4 mm, compreendendo um centro geométrico situado a uma distância da referência de armação voltada para a pupila do usuário olhando fixamente em frente em condições de uso normais, maior ou igual ao referido raio + 5 mm, a relação entre a soma das áreas das partes dos elementos ópticos situadas dentro da referida zona circular e a área da referida zona circular está compreendida entre 20% e 70%.
11. Elemento de lente, de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, caracterizado pelo fato de que os pelo menos três elementos ópticos são não contíguos.
12. Elemento de lente, de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, caracterizado pelo fato de que pelo menos parte, por exemplo a totalidade, dos elementos ópticos se situa na superfície frontal da lente oftálmica.
13. Método para determinar um elemento de lente adaptado para desacelerar a progressão da refração anormal do olho de um usuário, caracterizado pelo fato de que o método compreende: - uma etapa de fornecimento de dados de prescrição do usuário, durante a qual são proporcionados dados de prescrição do usuário relacionados com a prescrição do usuário, - uma etapa de fornecimento de dados da condição de uso, durante a qual são proporcionados dados da condição de uso relacionados com as condições de uso do elemento de lente pelo usuário, - uma etapa de fornecimento de dados da retina do usuário durante a qual são proporcionados dados da retina do usuário relacionados com o formato da retina do usuário, - uma etapa de determinação do elemento de lente, durante a qual um elemento de lente compreendendo uma porção de prescrição e uma pluralidade de pelo menos três elementos ópticos é determinado, de modo que a porção de prescrição proporciona em condições de uso correspondentes aos dados de uso e para a visão foveal uma primeira potência óptica baseada na prescrição do usuário e pelo menos um elemento óptico tem uma função óptica de não focagem de uma imagem na retina do olho para visão periférica.
14. Método, de acordo com a reivindicação 13, caracterizado pelo fato de que, durante a etapa de determinação do elemento de lente, pelo menos 50%, por exemplo pelo menos 80%, dos elementos ópticos são determinados de modo a focalizar uma imagem a uma determinada distância da retina.
15. Método, de acordo com qualquer uma das reivindicações 13 ou 14, caracterizado pelo fato de que o método compreende ainda uma etapa de fornecimento de dados da superfície frontal, durante a qual são proporcionados dados da superfície frontal representativos da superfície frontal do elemento de lente, e em que durante a etapa de determinação do elemento de lente, o formato da superfície posterior e dos elementos ópticos a serem colocados na superfície frontal é determinado de modo que a porção de prescrição proporcione, em condições de uso correspondentes aos dados de uso e para a visão foveal, uma primeira potência óptica baseada na prescrição do usuário e pelo menos um elemento óptico que tenha uma função óptica de não focar uma imagem na retina do olho para visão periférica.
BR112020017188-3A 2018-03-01 2019-03-01 Elemento de lente e método para determinar um elemento de lente adaptado para desacelerar a progressão da refração anormal do olho de um usuário BR112020017188B1 (pt)

Applications Claiming Priority (22)

Application Number Priority Date Filing Date Title
US18305217.4 2018-03-01
EP18305216 2018-03-01
EP18305217 2018-03-01
EP18305217.4 2018-03-01
US18305216.6 2018-03-01
EP18305216.6 2018-03-01
US18305384.2 2018-03-30
EP18305385 2018-03-30
US18305385.9 2018-03-30
EP18305384 2018-03-30
EP18305435.2 2018-04-11
US18305436.0 2018-04-11
EP18305436.0A EP3553594B1 (en) 2018-04-11 2018-04-11 Lens element
EP18305435 2018-04-11
US18305435.2 2018-04-11
EP18305436.0 2018-04-11
US18305526.8 2018-04-26
EP18305527.6 2018-04-26
EP18305526.8A EP3561578A1 (en) 2018-04-26 2018-04-26 Lens element
EP18305527 2018-04-26
US18305527.6 2018-04-26
PCT/EP2019/055220 WO2019166657A1 (en) 2018-03-01 2019-03-01 Lens element

Publications (2)

Publication Number Publication Date
BR112020017188A2 BR112020017188A2 (pt) 2020-12-22
BR112020017188B1 true BR112020017188B1 (pt) 2023-08-08

Family

ID=

Similar Documents

Publication Publication Date Title
JP7472225B2 (ja) レンズ要素
US20210048690A1 (en) Lens element
EP3561578A1 (en) Lens element
EP4127825A1 (en) Lens element
BR202019004173U2 (pt) dispositivo óptico
BR112020017188B1 (pt) Elemento de lente e método para determinar um elemento de lente adaptado para desacelerar a progressão da refração anormal do olho de um usuário
BR112020017510B1 (pt) Elemento de lente de óculos
JP2024083545A (ja) レンズ要素