BR102022024314A2 - Agente flavorizante, composição, processo de produção e uso de agentes aromatizantes e flavorizantes à base de extratos de baunilhas - Google Patents

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Andrea Furtado Macedo
Maria Gabriela Bello Koblitz
Rafael Garrett Da Costa
Joana Paula Da Silva Oliveira
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Universidade Federal Do Estado Do Rio De Janeiro
Universidade Federal Do Rio De Janeiro
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    • A23L27/00Spices; Flavouring agents or condiments; Artificial sweetening agents; Table salts; Dietetic salt substitutes; Preparation or treatment thereof
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Abstract

A presente invenção refere-se à produção de agentes e composições perfumantes, aromatizantes, saborizantes e/ou flavorizantes à base de extratos de frutos de baunilhas selvagens, domesticadas e/ou modificadas oriundas da biodiversidade da Mata Atlântica brasileira que apresentam metaboloma e proteoma diferentes da baunilha Vanilla planifolia, gerando novos aromas e sabores de baunilha utilizáveis em produtos cosméticos, alimentícios, farmacêuticos, nutracêuticos, perfumaria, artigos têxteis, de madeira, plástico, repelentes e outros que possam carrear sua essência.

Description

AGENTE FLAVORIZANTE, COMPOSIÇÃO, PROCESSO DE PRODUÇÃO E USO DE AGENTES AROMATIZANTES E FLAVORIZANTES À BASE DE EXTRATOS DE BAUNILHAS CAMPO DA INVENÇÃO
[0001] A presente invenção refere-se à produção de agentes aromatizantes e/ou agentes saborizantes/flavorizantes à base de extratos de baunilha, que apresentam aromas e sabores diferentes das baunilhas utilizadas no mercado, por serem baseados em extratos originários de frutos de baunilhas selvagens, domesticadas e/ou modificadas oriundas da biodiversidade da Mata Atlântica brasileira (assim como em biomas semelhantes ou adjacentes), que apresentam compostos e/ou proporção de compostos ainda não encontrados em outras baunilhas.
[0002] Os agentes da presente invenção podem ser consumidos diretamente ou por meio da produção de composições/produtos que desejem incorporar o sabor, o aroma ou as propriedades biológicas destes extratos, tais como: produtos cosméticos, alimentícios, farmacêuticos, nutracêuticos, perfumaria, artigos têxteis, de madeira, plástico e outros que possam carrear sua essência, e até mesmo em composições repelentes de insetos, não se limitando somente a estes.
ANTECEDENTES DA INVENÇÃO
[0003] A espécie Vanilla planifolia Andrews é a principal fonte comercial da baunilha, o ingrediente flavorizante universalmente mais utilizado e a terceira especiaria natural mais cara do mundo [Morlock, G. E., Busso, M., Tomeba, S., & Sighicelli, A. (2021). Effect-directed profiling of 32 vanilla products, characterization of multi-potent compounds and quantification of vanillin and ethylvanillin. Journal of Chromatography A, 462377] . Além do aroma atraente de seus extratos, as baunilhas ainda podem apresentar atividade antioxidante, antimutagênica, hipolipidêmica e têm potencial como conservante de alimentos e anticarcinogênico [Singletary, K. W. (2020). Vanilla: potential health benefits. Nutrition Today, 55(4), 186-196] .
[0004] A pantropical Vanilla spp., conhecida popularmente como baunilha, pertence à tribo Vanilleae que é subcosmopolitana em distribuição e contêm 10 gêneros, incluindo Vanilla Plum. ex Mill. Muitas espécies deste gênero são consideradas raras ou em perigo, devido à destruição do seu habitat original [Ramírez-Mosqueda, M. A., Iglesias-Andreu, L. G., Teixeira da Silva, J. A., Luna-Rodríguez, M., Noa-Carrazana, J. C., Bautista-Aguilar, J. R., … Murguía-González, J. (2019). In vitro selection of vanilla plants resistant to Fusarium oxysporum f. sp. vanillae. Acta Physiologiae Plantarum, 41(3), 1– 8. https://doi.org/10.1007/s11738-019-2832-y] . Vanilla spp. são monofiléticas e são representadas por 37 espécies no Brasil [Pansarin, E. R., Aguiar, J. M., & Ferreira, A. W. (2012). A new species of Vanilla (Orchidaceae: Vanilloideae) from São Paulo, Brazil. Brittonia, 64(2), 157-161. URL: https://link.springer.com/article/10.1007/s12228-011-9215-z; Ferreira, A. W. C., Franken, E. P., & Pansarin, E. R. (2020). Confirmation of the presence of Vanilla hartii Rolfe (Orchidaceae, Vanilloideae) in Brazil. Check List, 16, 951] . Este gênero é economicamente importante devido à V. planifolia Andrews, que é uma fonte natural de vanilina [Patricia Rain (2004) Vanilla: The Cultural History of the World's Favorite Flavor and Fragrance. Published by Tarcher] . As espécies mais usadas para fins comerciais são as espécies americanas (V. planifolia e V. pompona Schiede), embora a V. pompona seja considerada uma fonte de qualidade inferior, e a espécie taitiana (V. tahitensis J. W. Moore). Segundo Hoehne, a V. trigonocarpa é também uma excelente produtora de baunilha [Ana Kelly Koch, Claudio Nicoletti de Fraga, João Ubiratan M. dos Santos, and Anna Luiza Ilkiu-Borges (2013) Taxonomic Notes on Vanilla (Orchidaceae) in the Brazilian Amazon, and the Description of a New Species Source: Systematic Botany, 38(4):975-981. Published By: The American Society of Plant Taxonomists URL: http://www.bioone.org/doi/full/10.1600/036364413X674706; Andriamihaja, C.F., Ramarosandratana, A.V., Grisoni, M., Jeannoda, V., Besse, P. (2020) The Leafless Vanilla Species-Complex from the South-West Indian Ocean Region: A Taxonomic Puzzle and a Model for Orchid Evolution and Conservation Research. Diversity, 12, 443] . Contendo cerca de vinte e cinco compostos fenólicos responsáveis pelo aroma e sabor característicos, a baunilha se tornou o ingrediente flavorizante universalmente mais utilizado [Hrazdina, G. (2006). Aroma production by tissue cultures. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 54(4), 1116–23. doi:10.1021/jf053146w; Havkin-Frenkel, D., Belanger, F. Handbook of Vanilla Science and Technology, 2nd ed., John Wiley & Sons Ltd, Hoboken, NJ, USA, 2019] . Sua aplicação abrange confeitaria, produtos alimentícios, bebidas, sorvetes, perfumes e preparações farmacêuticas [Dong, Z., Gu, F., Xu, F., & Wang, Q. (2014). Comparison of four kinds of extraction techniques and kinetics of microwave-assisted extraction of vanillin from Vanilla planifolia Andrews. Food Chemistry, 149, 54–61. doi:10.1016/j.foodchem.2013.10.052; Arya, S. S., Rookes, J. E., Cahill, D. M., & Lenka, S. K. (2021). Vanillin: a review on the therapeutic prospects of a popular flavouring molecule. Advances in Traditional Medicine. https://doi.org/10.1007/s13596-020-00531-w] .
[0005] Além de seus extratos com aroma atraente, composições a base de baunilha possuem várias aplicações na saúde, tais como antioxidante, antimutagênico, atividade hipolipidêmica, e têm potencial considerável como conservante de alimentos e anticarcinogênico [Andrade, H. H. R., Santos, J. H., Gimmler-Luz, M. C., Correa, M. J. F., Lehmann, M., & Reguly, M. L. (1992). Suppressing effect of vanillin on chromosome aberrations that occur spontaneously or are induced by mitomycin C in the germ cell line of Drosophila melanogaster. Mutation Research, 279, 281–287; Jadhav, D., Rekha, B. N., Gogate, P. R., & Rathod, V. K. (2009). Extraction of vanillin from vanilla pods: A comparison study of conventional Soxhlet and ultrasound assisted extraction. Journal of Food Engineering, 93, 421–426; Al-Naqeb, G., Ismail, M., Bagalkotkar, G., & Adamu, H. A. (2010). Vanillin rich fraction regulates LDLR and HMGCR gene expression in HepG2 cells. Food Research International, 43, 2437–2443] ; Bezerra, D.P., Soares, A.K.N., Sousa, D.P. de (2016) Overview of the Role of Vanillin on Redox Status and Cancer Development. Oxid. Med. Cell. Longev., 2016, 9734816; Singletary, K. W. (2020). Vanilla: potential health benefits. Nutrition Today, 55(4), 186- 196] .
[0006] A essência da baunilha é extraída dos frutos alongados de algumas espécies de Vanilla. A baunilha é uma das especiarias mais caras do mundo, devido ao alto custo de obtenção de seus extratos [Walton, N. J., Mayer, M. J., & Narbad, A. (2003). Vanillin. Phytochemistry, 63(5), 505–515. doi:10.1016/S0031-9422(03)00149-3; Aviles, D. (2018). Unique Aspects of the Vanilla Market. McKeany-Flavell Company, Oakland, CA, USA. https://www.mckeany-flavell.com/wp-content/documents/McKeanyFlavell_MarketOutlook_Vanilla_2018.pdf. Accessed on April 20, 2021; Martău, G. A., Călinoiu, L. F., & Vodnar, D. C. (2021). Bio-vanillin: Towards a sustainable industrial production. Trends in Food Science & Technology] .
[0007] No final do século XIX, o princípio ativo mais abundante da baunilha foi identificado e produzido artificialmente e a extração natural do princípio ativo foi substituída, em muitos casos, pela produção artificial. No entanto, sendo o produto natural o resultado de uma combinação complexa de diversas substâncias, além da vanilina, este tem uma qualidade nitidamente superior e, por esta razão, estas plantas continuam a ser cultivadas em alguns países tropicais [Daugsch, A. (2005). Revisão. Science, 28(4), 642–645; Martău, G. A., Călinoiu, L. F., & Vodnar, D. C. (2021). Bio-vanillin: Towards a sustainable industrial production. Trends in Food Science & Technology] . A maior parte da produção comercializada vem do México, das Ilhas de Madagascar e Comore [Hrazdina, 2006; Anuradha, K., Shyamala, B.N., Naidu, M.M. (2013) Vanilla - its science of cultivation, curing, chemistry, and nutraceutical properties. Crit. Rev. Food Sci. Nutr., 53 (12), 1250–1276] .
[0008] No entanto, as florestas do México vêm sendo destruídas pelos agricultores, reduzindo, desta maneira, a fonte do gene natural que, ao ser cruzado com a Vanilla cultivada, poderia aprimorar a produção e aumentar a resistência às pestes e doenças [Bythrow, J. (2005). Vanilla as a Medicinal Plant. Seminars in Integrative Medicine, 3(4), 129–131; Ramírez-Mosqueda, M. A., Iglesias-Andreu, L. G., Teixeira da Silva, J. A., Luna-Rodríguez, M., Noa-Carrazana, J. C., Bautista-Aguilar, J. R., … Murguía-González, J. (2019). In vitro selection of vanilla plants resistant to Fusarium oxysporum f. sp. vanillae. Acta Physiologiae Plantarum, 41(3), 1–8. https://doi.org/10.1007/s11738-019-2832-y; Flanagan, N. S., Chavarriaga, P., & Mosquera-Espinosa, A. T. (Eds.). (2018). Conservation and Sustainable Use of Vanilla Crop Wild Relatives in Colombia. In Handbook of Vanilla Science and Technology (pp. 85–109). https://doi.org/10.1002/9781119377320.ch6] .
[0009] Os frutos fermentados da “verdadeira” baunilha contêm cerca de 2% de vanilina, dependendo do local de origem (Madagascar 1,76%; México 1,75%; Sri Lanka 1,5%, Indonésia 2,75%) [Morlock, G. E., Busso, M., Tomeba, S., & Sighicelli, A. (2021). Effect-directed profiling of 32 vanilla products, characterization of multi-potent compounds and quantification of vanillin and ethylvanillin. Journal of Chromatography A, 462377; Gassenmeier, K., B. Riesen, and B. Magyar. "Commercial quality and analytical parameters of cured vanilla beans (Vanilla planifolia) from different origins from the 2006–2007 crop." Flavour and Fragrance Journal 23, no. 3 (2008): 194-201.] .
[0010] Nas cápsulas de baunilha de qualidade excepcional, os cristais de vanilina podem estar visíveis na superfície na forma de pequenas agulhas brancas (chamadas, em francês, de givre) [Rodríguez-Jimenes, G. C., Vargas-Garcia, A., Espinoza-Pérez, D. J., Salgado-Cervantes, M. a., Robles-Olvera, V. J., & García-Alvarado, M. a. (2012). Mass Transfer During Vanilla Pods Solid Liquid Extraction: Effect of Extraction Method. Food and Bioprocess Technology, 6(10), 2640–2650. doi:10.1007/s11947-012-0975-6] . No entanto, a vanilina não é exclusivamente responsável pelo flavor da baunilha. A participação de outros voláteis menos abundantes, é tão importante quanto a vanilina [Dong, Z., Gu, F., Xu, F., & Wang, Q. (2014). Comparison of four kinds of extraction techniques and kinetics of microwave-assisted extraction of vanillin from Vanilla planifolia Andrews. Food Chemistry, 149, 54–61. doi:10.1016/j.foodchem.2013.10.052] . Na verdade, a vanilina está presente em quase todos os frutos de baunilha, assim sendo sua presença não contribui significativamente (menos de 12%) para a diversidade do sabor da baunilha encontrada entre frutos curados [Khoyratty, S., Kodja, H., & Verpoorte, R. (2018). Vanilla flavor production methods: a review. Industrial Crops and Products, 125, 433-442] . Além de vanilina (85% do total de compostos voláteis), outros componentes aromáticos importantes encontrados são p-hidroxibenzaldeído (acima de 9%), ácido vanílico (4,3%) e p-hidroxibenzil metil éter (1%). Outros componentes de sabor importantes incluem ácido phidroxibenzóico, p-hidroxibenzaldeído, ácido vanílico (ácido 4-hidróxi-3- metilbenzóico), álcool p-hidroxibenzílico, álcool anísico e álcool vanílico. Mesmo traços dos compostos citados modificam os aspectos flavorizantes dos extratos da planta.
[0011] Mais de 200 compostos foram identificados nos extratos de baunilha (fenóis, álcoois, ésteres, lactonas, compostos heterocíclicos entre outros). Dois vitispiranos estereoisoméricos, embora ocorrendo só em concentrações traço, também influem no sabor e aroma da baunilha [Hrazdina, 2006; Morlock, G. E., Busso, M., Tomeba, S., & Sighicelli, A. (2021). Effect-directed profiling of 32 vanilla products, characterization of multi-potent compounds and quantification of vanillin and ethylvanillin. Journal of Chromatography A, 462377; Sinha, A. K., Sharma, U. K., & Sharma, N. (2008). A comprehensive review on vanilla flavor: Extraction, isolation and quantification of vanillin and other constituents. International Journal of Food Sciences and Nutrition, 59(4), 299–326. https://doi.org/10.1080/09687630701539350] .
[0012] Os preços anuais para frutos de baunilha de alta qualidade mostraram variações por um fator de cerca de 20 (US $ 30-600 por kg) nas últimas três décadas. Apenas 1% da vanilina no mercado global é extraída de frutos de baunilha. Impulsionado pela tendência contínua de ingredientes naturais e as diversas aplicações de vanilina em indústrias de uso final, o mercado testemunhou um aumento na demanda por vanilina natural. O tamanho do mercado global de vanilina deve chegar a US $ 725 milhões em 2025 [Aviles, D. (2018) Unique Aspects of the Vanilla Market. McKeany-Flavell Company, Oakland, CA, USA. https://www.mckeany-flavell.com/wpcontent/documents/McKeany- Flavell_MarketOutlook_Vanilla_2018.pdf. Accessed on April 20, 2021; Grand View Research (2017) Vanillin Market Size, Share & Trends Analysis Report By End-use (Food & Beverage, Fragrance, Pharmaceutical), By Region (North America, Europe, Asia Pacific, Central & South America, MEA), And Segment Forecasts, 2018 – 2025. San Francisco CA, USA. www.grandviewresearch.com/industryanalysis/vanillin-market. Accessed on April 20, 2021] .
[0013] Em virtude do processo demorado e trabalhoso utilizado em sua produção, a baunilha natural é cara, US$ 2,000/lb, enquanto a vanilina sintética, produzida a partir de lignina ou guaiacol, é relativamente barata, custando cerca de US$ 6/lb [Zidi, C., Tayeb, R., Boukhili, N., & Dhahbi, M. (2011). A supported liquid membrane system for efficient extraction of vanillin from aqueous solutions. Separation and Purification Technology, 82, 36–42; Martău, G. A., Călinoiu, L. F., & Vodnar, D. C. (2021). Bio-vanillin: Towards a sustainable industrial production. Trends in Food Science & Technology; Morlock, G. E., Busso, M., Tomeba, S., & Sighicelli, A. (2021). Effect-directed profiling of 32 vanilla products, characterization of multi-potent compounds and quantification of vanillin and ethylvanillin. Journal of Chromatography A, 462377] .
[0014] Diante deste cenário, a baunilha se tornou a segunda especiaria mais cara do mundo, após o açafrão [García-Bofill, M., Sutton, P.W., Straatman, H., Brummund, J., Schürmann, M., Guillén, M. and Álvaro, G. (2021). Biocatalytic synthesis of vanillin by an immobilised eugenol oxidase: High biocatalyst yield by enzyme recycling. Applied Catalysis A: General, 610, p.117934. URL: https://doi.org/10.1016/j.apcata.2020.117934] .
[0015] Apesar de V. planifolia ser a única espécie do gênero com larga aplicabilidade industrial, ela está severamente ameaçada de extinção na sua área de origem, devido à destruição ambiental e à exploração predatória in situ [Soto Arenas MA. Vainilla: los retos de un cultivo basado en una especie amenazada con una historia de vida compleja. Congreso internacional de productores de vainilla, México, 2006; Ellestad, P., Forest, F., Serpe, M., Novak, S. J., & Buerki, S. (2021). Harnessing large-scale biodiversity data to infer the current distribution of Vanilla planifolia (Orchidaceae). Botanical Journal of the Linnean Society, 196(3), 407-422] .
[0016] Outras espécies do gênero representam uma fonte valiosa para melhoramento de V. planifolia no que concerne resistência às doenças e à melhoria da qualidade aromática [Bory S; GRISONI M; DUVAL MF; BESSE P. Biodiversity and preservation of vanilla: present state of knowledge. Genet resour crop evol, 55:551–571, 2008; Flanagan, N. S., & Mosquera-Espinosa, A. T. (2016). An integrated strategy for the conservation and sustainable use of native vanilla species in Colombia. Lankesteriana, 16(2), 201–218. https://doi.org/10.15517/lank.v16i2.26007; Lepers-Andrzejewski, S., Brunschwig, C., Collard, F.-X., & Dron, M. (2010). Morphological, chemical, sensory and genetic specificities of Tahitian vanilla. Vanilla, 205–228] .
[0017] Para tanto, existe um esforço mundial para proteger e caracterizar quimicamente a biodiversidade de baunilhas, aspecto este que ainda não foi contemplado para as baunilhas do Brasil.
[0018] Na Mata Atlântica brasileira encontram-se três espécies de Vanilla: V. bahiana (também conhecida como V. phaeantha), V. chamissonis e V. cribbiana [Brumano, C. N. (2019). A trajetória social da baunilha do cerrado na cidade de Goiás/GO. Universidade de Brasília; Vieira, R. F., Camillo, J., & Coradin, L. (2016). Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial. In Plantas para o Futuro - Região Centro-Oeste. Brasília] , com precária utilização pela indústria. A primeira ocorre mais nas regiões do Pará, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro, enquanto a V. chamissonis distribui-se ao longo do litoral brasileiro, desde o Espírito Santo até o Rio Grande do Sul, sobretudo nas vegetações litorâneas, mas também em beira de mata no interior desses estados, e a V. cribbiana, espécie descrita em 2010, ocorre no Estado do Pará, no Estado de Mato Grosso, na Bahia e, provavelmente, em muitos outros estados, segundo Koch et al. (2013) [Hoehne FC. Orchidaceas. São Paulo: secretaria da agricultura, vol. 12, 1953; Soto Arenas, M.A., Cribb, F. 2010. A new infrageneric 9iferente9tion and synopsis of the genus Vanilla Plum. Ex Mill. (Orchidaceae:Vanillinae). Lankesteriana 9:355-398; Koch, A.K., Fraga, C.N., Santos, J.U.M., Ilkiu-Borges, A.L. 2013. Taxonomic notes on Vanilla (Orchidaceae) in the Braziliana Amazon, and the Description of a New Species. Systematic Botany 38: 975-981.] .
[0019] A Vanilla chamissonis Klotzsch é originária da América Central e norte da América do Sul, distribuída no Sudeste Brasileiro sempre em regiões de cultivo ou cultivos abandonados, como observado por Pabst (1967) [Pabst, G. F. (1967). As Orquidáceas do Território Federal do Amapá. Atas: Botânica, 4, 167; Reis, C. A. M. (2000). Biologia reprodutiva e propagação vegetativa de Vanilla chamissonis Klotzsch: subsídios para manejo sustentado (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo); Lopes, A. B., Silva, M. M., & Júnior, J. C. F. M. (2018). Estratégias funcionais de Vanilla chamissonis (Orchidaceae) em ambiente arbustivo e florestal de restinga (Structural and ecophysiological strategies of the hemiepiphyte Vanilla chamissonis Klotzsch (Orchidaceae) in different microhabitats of Restinga). Revista Brasileira de Geografia Física, 12(2), 355-364; MACHADO, O. (1946). O FRUTO DA VANILLA CHAMISSONIS KLTZ. Rodriguésia, (20), 49-50; de Oliveira, S. A., de Oliveira Takeda, A., Facioli, A. P., Ferreira, R. G., Vaz, S. R., & de Freitas, T. T. (2007). Propagação por estaquia em Orquídea Vanilla chamissonis Klotzsch. Ornamental Horticulture, 13, 1679-1682; Ribeiro, V. C., Fernandes, J. V., Baleeiro-Santos, R., Caires, C. S., André, C., & Leitão, E. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E HISTOQUÍMICA DOS NECTÁRIOS EXTRAFLORAIS BRACTEAIS DE Vanilla chamissonis (ORCHIDACEAE); Reis, C. A. M., Brondani, G. E., & de Almeida, M. Biologia floral, reprodutiva e propagação vegetativa de baunilha. Scientia Agraria Paranaensis, 10(1), 69] . É usualmente confundida com Vanilla bahiana Hoehne. Por sua vez, esta última espécie vem sendo também confundida, nas listas florísticas das regiões Sudeste e Nordeste brasileiras, com Vanilla espiritusantense Ruschi, Vanilla chamissonis var. brevifolia Cogn. e Vanilla planifolia Andr., aparecendo corretamente citada somente em Pabst (1975) [Pabst, G. F., & Dungs, F. (1975). Orchidaceae brasilienses (Vol. 1). Brücke-Verlag Schmersow] para o Estado do Pernambuco, e em Fraga & Pereira (1998) [Fraga, C. N., & Pereira, O. J. (1998). Orchidaceae da comunidade pós-praia das restingas do Estado do Espírito Santo. Caderno de Pesquisa da UFES,8, 65-72] , para a região de pós-praia do Estado do Espírito Santo. Recentemente, Vanilla bahiana Hoehne e/ou V. phaeantha Rchb.f. foi coletada em diversos pontos do litoral capixaba, sendo também depositada em herbários no Rio de Janeiro como observado em Fraga & Pereira (1998), o que aumenta, em muito, sua distribuição geográfica. De agora em diante, V. phaeantha e/ou V. bahiana será referida, apenas, como V. bahiana. [Barberena, F. F. V. A., Hermoso, E. L., & de Oliveira, M. A. J. (2021). Distribución espacial de Vanilla bahiana (Orchidaceae) en dos fitofisonomías de restinga. ¿El patrón espacial varía? Collectanea Botanica, 40, e001-e001; Nascimento, T. A. D., Furtado, M. D. S. C., Pereira, W. C., & Barberena, F. F. V. A. (2019). Vanilla bahiana Hoehne (Orchidaceae): studies on fruit development and new perspectives into crop improvement for the Vanilla planifolia group. Biota Neotropica, 19] . A Vanilla cribbiana Soto Arenas foi descrita por Soto Arenas e Dressler (2010) para o México e América Central e registrada, pela primeira vez, para o Brasil por Koch et al. (2013), sendo representada em herbários por poucos materiais e tratada por Silva e Silva (2010, pg. 490) como V. gardneri Rofe, deste modo, presente provavelmente em outros locais do Brasil, como na Mata Atlântica da Bahia, aonde foi coletada por Andrea Furtado Macedo que faz parte do grupo da presente invenção [Silva, M.F.F., Silva, J.B.F. (2020). Orquídeas nativas da Amazônia Brasileira II. Universidade Federal Rural da Amazônia/Museu Emílio Goeldi, Belém; Engles, M.E., Rocha, L.C.F., Koch, A.K. (2020). Novidades em Vanilla Mill. (Orchidaceae) para a borda sul-amazônica, Estado do Mato Grosso, Brasil. Hoena, 47: e032020] .
[0020] Por se tratarem de espécies ainda pouco estudadas, as orquídeas da Mata Atlântica não foram comercialmente utilizadas como agentes flavorizantes e nem se conhece seu potencial para ser um substituto da fonte de extrato de baunilhas no mercado.
[0021] Com base na literatura, acredita-se que a maioria dos frutos das orquídeas não possuem quantidades de vanilina que as tornem substitutivas da V. planifolia, nem mesmo apresentam uma composição nova que faça com que se alterem os padrões esperados para uma essência de baunilha.
[0022] É possível reconhecer um anseio no mercado pela busca de substituintes da V. planifolia e até encontrar novas composições complexas, contendo novos elementos, voláteis ou não, para que se possa enriquecer os agentes flavorizantes até então utilizados. Uma opção sedimenta-se no desenvolvimento de novas cultivares para se obter tais sabores e aromas antes não encontrados.
[0023] Novas tecnologias da era pós-genômica, por exemplo, são utilizadas com intuito de melhorar o desenvolvimento de plantas aromáticas e a produção de metabólitos secundários, evitando o uso de insumos agrícolas e de exploração de recursos naturais in situ. No entanto, em alguns casos, a utilização de engenharia genética para melhorar a produção do metabólito pode ser um desafio pelas inúmeras lacunas que restam na compreensão da biologia vegetal. Por exemplo, ainda não se conhece como alguns metabólitos secundários são biossintetizados, ou como a sua síntese é regulada pelas redes complexas envolvendo genes, transcritos, proteínas e metabólitos em sistemas biológicos [Verpoorte, R. & J. Memelink. (2002). Engineering secondary metabolite production in plants. Curr. Opin. Biotechnol. 13, 181–187; Sarsaiya, S., Shi, J., & Chen, J. (2019). Bioengineering tools for the production of pharmaceuticals: current perspective and future outlook. Bioengineered, 10(1), 469-492] .
[0024] Neste sentido os estudos de proteômica e metabolômica podem e são utilizados para orientar o desenvolvimento de aromas em plantas [Yu, D., Gu, X., Zhang, S., Dong, S., Miao, H., Gebretsadik, K., & Bo, K. (2021). Molecular basis of heterosis and related breeding strategies reveal its importance in vegetable breeding. Horticulture research, 8(1), 1-17; Jorrin Novo, J. V. (2021). Proteomics and plant biology: contributions to date and a look towards the next decade. Expert Review of Proteomics,18(2), 93-103] .
[0025] Na verdade, cada abordagem "ômica" individual elucida uma parte das respostas fisiológicas. Assim sendo, a única solução para compreender e caracterizar, de forma abrangente, a complexidade do metabolismo secundário, que envolve moléculas voláteis e não voláteis, que fazem parte do flavor da baunilha, é a aplicação de uma abordagem “ômica” [Shi, J., Wang, J., Lv, H., Peng, Q., Schreiner, M., Baldermann, S., & Lin, Z. (2021). Integrated proteomic and metabolomic analyses reveal the importance of aroma precursor accumulation and storage in methyl jasmonate-primed tea leaves. Horticulture Research, 8(1), 1-14] .
[0026] O termo proteoma está relacionado com a caracterização completa do repertório proteico expresso por um genoma, de uma única amostra [Wilkins, M.R., C. Pasquali, R.D. Appel, K. Ou, O. Golaz, J.C. Sanchez, J.X. Yan, A.A. Gooley, G. Hughes, I. Humphery-Smith, K.L. Williams & D.F. Hochstrasser. (1996). From proteins to proteomes: large scale protein identification by two-dimensional electrophoresis and amino acid analysis. Bio. Technology (NY) 14, 61–65; Wilkins, M.R., J.C. Sanchez, A.A. Gooley, R.D. Appel, I. Humphery-Smith, D.F. Hochstrasser & K.L. Williams. (1995). Progress with proteome projects: why all proteins expressed by a genome should be identified and how to do it. Biotechnol. Genet. Eng. Rev. 13, 19–50] . A proteômica é uma plataforma útil para a caracterização das células e tecidos de interesse, através da identificação das estruturas das proteínas, suas funções e os seus níveis de expressão. Esta abordagem pós-genômica oferece uma visão única dos sistemas biológicos, que não podem ser fornecidas por apenas abordagens genômicas ou transcriptômicas. Isto é possível pois há muito mais proteínas do que genes codificadores de proteínas [Wienkoop, S.A., S. Baginsky & W. Weckwerth. (2010). Arabidopsis thaliana as a model organism for plant proteome research. Journal of Proteomics 73, 2239– 2248] . Assim sendo, a proteômica concentra-se sobre a funcionalidade da porção traduzida do genoma. [Sarsaiya, S., Shi, J., & Chen, J. (2019). Bioengineering tools for the production of pharmaceuticals: current perspective and future outlook. Bioengineered, 10(1), 469-492; Jorrin Novo, J. V. (2021). Proteomics and plant biology: contributions to date and a look towards the next decade. Expert Review of Proteomics, 18(2), 93-103] .
[0027] Entre as principais ferramentas utilizadas na análise do proteoma está a eletroforese em gel uni e bidimensionais (2-DE) [Williams, E.A., J.M. Coxhead & J.C. Mathers. (2003). Anticancer effects of butyrate: use of micro-array technology to investigate mechanisms. Proc. Nutr. Soc. 62, 107–115] . Proteínas expressas diferencialmente podem ser posteriormente identificadas por métodos de espectrometria de massas [Marouga, R., David, S., & Hawkins, E. (2005). The development of the DIGE system: 2D fluorescence difference gel analysis technology. Analytical and bioanalytical chemistry, 382(3), 669- 678] . A análise por cromatografia líquida gel-free em conjunto com espectrometria de massas (LC-MS/MS), chamada proteômica shotgun [Leitner, A. & W. Lindner (2009). Chemical Tagging Strategies for Mass Spectrometry-Based Phosphoproteomics. pp. 229–243. In: M. de Graauw [ed.] . Humana Press; Nice, E. C. (2021). The separation sciences, the front end to proteomics: An historical perspective. Biomedical Chromatography, 35(1), e4995] , pode aumentar a capacidade de deteção do número de proteínas diferentes, que podem ser identificadas a partir de amostras complexas, em comparação com abordagens mais tradicionais baseadas em gel. Proteômica shotgun tornou-se o método de escolha para a análise de misturas complexas de proteínas [Gerster, S.E. Qeli, C.H. Ahrens & P. Bühlmann, 2010. Protein and gene model inference based on statistical modeling in k-partite graphs. Proceedings of the National Academy of Sciences, 107, 12101–12106; Heck, M., & Neely, B. A. (2020). Proteomics in non-model organisms: A new analytical frontier. Journal of proteome research, 19(9), 3595-3606] .
[0028] Alterações nos genes e, consequentemente, na expressão da proteína são, tipicamente, seguidos por mudanças nos níveis de vários metabólitos secundários. Comparado à genômica (ácidos nucleicos) e proteômica (peptídeos e proteínas), a metabolômica aborda uma gama de compostos quimicamente mais diversos. As grandes variações nas concentrações relativas de metabólitos fazem com que a análise de metabólitos seja mais complicada. O metaboloma (um conjunto complexo de pequenas moléculas de um organismo) é uma manifestação bioquímica do genoma e proteoma e é também modulado pelas funções das proteínas. Por outro lado, o metaboloma pode modular a expressão de genes e as funções das proteínas. Portanto, a metabolômica desempenha um papel fundamental na compreensão dos sistemas celulares, definindo fenótipos e identificando a função de genes desconhecidos [Allen, J., H.M. Davey, D. Broadhurst, J.K. Heald, J.J. Rowland, S.G. Oliver & D.B. Kell. (2003). High-throughput classification of yeast mutants for functional genomics using metabolic footprinting. Nature Biotechnology 21, 692–696; Süntar, I., Çetinkaya, S., Haydaroğlu, Ü. S., & Habtemariam, S. (2021). Bioproduction process of natural products and biopharmaceuticals: Biotechnological aspects. Biotechnology Advances, 107768; Sumner, L. W., Mendes, P., & Dixon, R. A. (2003). Plant metabolomics: large-scale phytochemistry in the functional genomics era. Phytochemistry, 62(6), 817- 836; Huang, T., Jiang, Y., Zhang, Y., Lei, Y., & Jiang, G. (2020). Current application of metabolomics in the elucidation of processing mechanisms used in Chinese materia medica: A review. Tropical Journal of Pharmaceutical Research, 19(6), 1321-1327] .
[0029] A metabolômica é, sobretudo, necessária para determinar todos os metabólitos em um extrato vegetal. Para capturar todos os metabólitos presentes num organismo, diferentes plataformas analíticas podem ser combinadas, visto que os metabólitos vegetais têm propriedades químicas diferentes. Suas diferenças são baseadas no grau de volatilidade, polaridade e concentração num dado tecido. Especificamente, para baunilhas isso é extremamente relevante, visto que muitas moléculas fazem parte do flavor e algumas destas moléculas estão em concentração muito baixa. [Weckwerth, W. (2003). Metabolomics in systems biology. Annu. Rev. Plant Biol. 54, 669–689; Bedair, M., & Glenn, K. C. (2020). Evaluation of the use of untargeted metabolomics in the safety assessment of genetically modified crops. Metabolomics, 16(10), 1-15; Razzaq, A., Sadia, B., Raza, A., Khalid Hameed, M., & Saleem, F. (2019). Metabolomics: A way forward for crop improvement. Metabolites, 9(12), 303] .
[0030] Conforme supramencionado, os riscos de extinção da Vanilla planifolia, criam uma tendência mundial em se buscar novas fontes de vanilina e outros sabores equivalentes, sob o ponto de vista sensorial do consumidor. Neste sentido, seria interessante não só encontrar ou criar geneticamente fontes alternativas deste composto principal, a vanilina, como seria ainda mais importante encontrar ou desenvolver outras orquídeas que poderiam ser não só fontes de vanilina, mas de novos perfis metabolômicos, promovendo novos agentes flavorizantes que, em combinação ou não com a vanilina, podem ser capazes de desenvolver composições e produtos mais atrativos, saudáveis, inovadores e seguros para dieta humana.
SUMÁRIO DA INVENÇÃO
[0031] A presente invenção prevê, portanto, o desenvolvimento de novas composições contendo extrato(s), suas frações e suas misturas derivados de baunilhas da Mata Atlântica brasileira e regiões similares, que possuem um perfil metabolômico diferente dos encontrados no estado da técnica, passando a ter a função de agentes aromatizantes e saborizantes, por apresentarem características organolépticas únicas e, com isso, gerar novas composições de compostos aromáticos e voláteis, comprovados por estudos de proteômica, metabolômica e sensorial.
[0032] Estes agentes podem ser usados para fabricação de outras composições ou produtos finais da indústria de aromas, de alimentos, farmacêutica, nutracêutica, cosmética e de setores que façam uso das propriedades, funcionalidades e bioatividade dos componentes encontrados em seus extratos e frações, atribuindo ao produto final uma composição inédita e inesperada.
[0033] Desta forma, em uma primeira modalidade da invenção apresentam-se agentes e composições formados pela presença de uma quantidade aromaticamente eficaz de extrato de uma baunilha específica e natural, oriunda da Mata Atlântica brasileira, biomas semelhantes e regiões adjacentes e seus híbridos, suas frações, misturas com outras orquídeas e, até mesmo extratos desta baunilha contendo modificações genéticas, com intuito de amplificar a produção de vanilina e/ou de outros compostos de interesse. Serão adicionados aos extratos acima descritos um conjunto de elementos que funcionem como: veículos, aditivos, espessantes, conservantes, espumantes ou antiespumantes e/ou qualquer outro elemento característico da composição final desejada, sendo estes farmaceuticamente aceitáveis, adaptados a cosméticos, aceitos na alimentação humana e/ou dentro dos parâmetros de pureza e purificação apontados pela legislação do local de produção e comercialização.
[0034] Uma vez que mais do que 300 moléculas foram identificadas a partir de extratos de frutos Vanilla curados, e esse número continua a aumentar, [Maruenda, H., Vico, L., Householder, J. E., Janovec, J. P., Cañari, C., Naka, A., & Gonzalez, A. E. (2013). Exploration of Vanilla pompona from the Peruvian Amazon as a potential source of vanilla essence: Quantification of phenolics by HPLC-DAD. Food Chemistry, 138(1), 161–167; Pérez-Silva, A., Nicolás-García, M., Petit, T., Dijoux, J. B., de los Ángeles Vivar-Vera, M., Besse, P., & Grisoni, M. (2021). Quantification of the aromatic potential of ripe fruit of Vanilla planifolia (Orchidaceae) and several of its closely and distantly related species and hybrids. European Food Research and Technology, 247(6), 1489-1499] e que cerca de vinte e cinco compostos fenólicos podem ser encontrados, com concentrações superiores a 1 mg/kg, apontados como responsáveis pelo aroma e sabor característicos da baunilha, a presente invenção apresenta uma comparação entre os componentes existentes nas duas espécies de baunilhas alvo desta invenção e os componentes já descritos no estado da técnica.
[0035] Entre os componentes mais frequentemente descritos no estado da técnica, temos: vanilina, álcool vanílico (ou álcool vanilil), ácido vanílico, álcool p-hidroxibenzil, p-hidroxibenzaldeído, ácido p-hidroxibenzóico, álcool anisílico, anisaldeído e o ácido anísico. Esses compostos tendem a acumular-se nos frutos como glicosídeos inodoros [Havkin-Frenkel, D., French, J. C., Graft, N. M., Pak, F. E., Frenkel, C., & Joel, D. M. (2004). Interrelation of curing and botany in vanilla (Vanilla planifolia) bean. Acta horticulturae, 93-102] . Sua hidrólise, realizada por β-glicosidases ativadas durante os estágios iniciais do processo de cura, produz as agliconas aromáticas-chave [Maruenda et al., 2013; PérezSilva, 2021] .
[0036] A presente invenção foi capaz de reconhecer por meio de técnicas de espectrometria de massas o perfil metabólico de três espécies brasileiras, verificando que estas são metabolicamente diversas dos componentes acima descritos e consequentemente da V. planifolia e entre si.
[0037] De forma inesperada, observou-se que o perfil de seu metaboloma é diverso, em termos qualitativos e quantitativos, à espécie comercialmente utilizada e amplamente descrita no estado da técnica.
[0038] Neste sentido, a composição da presente invenção possui como elemento(s) principal(is) extrato(s) de V. chamissonis e/ou V. cribbiana e/ou V. bahiana, puros ou misturados, oriundos da biodiversidade da Mata Atlântica, representando uma nova fonte de essência de baunilha, porém com teor e propriedades diferenciados e qualidade superior.
[0039] Uma vez que há uma completa falta de conhecimento sobre a química das espécies de baunilha da Mata Atlântica, em comparação com o de outras regiões do mundo [Pérez-Silva, 2021] , o resultado dos estudos de metabolômica da presente invenção é surpreendente, tornando únicas as composições e produtos derivados de seus extratos. Já que a frações dos extratos e suas misturas produzem agentes aromatizantes e saborizantes inéditos devido à variedade de compostos químicos encontrados apenas nestas baunilhas.
[0040] Uma segunda modalidade da presente invenção se refere ao método de produção dos extratos de baunilha, visando a preservação dos compostos de interesse na fração do extrato, que tornarão as composições finais diferenciadas em relação às descritas no estado da técnica e comercializadas no mercado. Opcionalmente, realizando seleção clássica, melhoramento genético e/ou híbridos para modular a expressão de compostos de interesse. De forma geral, o processo pode ser resumido nas seguintes etapas: 1 – polinização das flores; 2 – coleta do fruto; 3 – cura ou não dos frutos, processamento ou não dos frutos, trituração, fatiamento, esmagamento ou não dos frutos; 4 - preparação de extratos com diferentes solventes (metanol, etanol, álcool de cereais, água, glicerina, isopropanol, entre outros – preferencialmente solventes permitidos para uso humano) por infusão e/ou maceração e/ou percolação e/ou destilação e/ou decocção e/ou digestão e/ou por fluido supercrítico e/ou por contracorrente e/ou assistida por microondas e/ou assistida por ultrasonicação ou outras técnicas, podendo ser à frio ou à quente; 5 – Filtragem dos extratos ou não (separação de resíduos do líquido) ou clarificação por subsidência ou não; 6 – Obtenção de extratos secos (por exemplo: extrato de baunilha em pó, podendo ser misturado com açúcar e/ou amido ou outras substâncias), ou numa concentração adequada (como por exemplo, extrato mais ou menos líquidos) como por exemplo produção de extrato (com por exemplo, água e/ou álcool e/ou isopropanol e/ou glicerina e/ou açúcar e/ou espessantes e/ou xarope de milho e/ou propilenoglicol e/ou maltodextrina) ou essência de baunilha (extrato mais concentrado por destilação à vácuo ou outras técnicas de redução de volume do extrato).
[0041] Os extratos de baunilha, podem ser utilizados como flavor na indústria alimentícia e como fragrância na indústria cosmética. Aplicação - Processamento de Alimentos, Cosméticos, Cuidados Médicos e outros. Canais de distribuição - abrange hipermercados e supermercados, lojas especializadas em alimentos, farmácias, lojas de descontos de cosméticos e outros. Neste sentido, a terceira e última modalidade desta invenção reside no uso dos extratos e suas misturas para fabricação de composições que terão função de agentes aromatizantes e saborizantes, e suas subsequentes composições e produtos finais na indústria em geral. Por exemplo, uso na produção de composições e produtos alimentícios e seus derivados, produtos cosméticos e cosmecêuticos, farmacêuticos e nutracêuticos, aromatizantes de ambientes, repelentes de insetos, entre outros.
[0042] Em outras palavras, as composições de agentes aromatizantes e saborizantes (flavorizante) aqui propostas usam extratos e frações de extrato inéditos e opcionalmente modificados ou selecionados, para servir de ingrediente principal ativo ou adjuvantes em composições e produtos que possuam o interesse em substituir as essências de baunilhas tradicionais e/ou acrescentar mais sabor e aroma servindo de aditivo, potencializando o aroma ou sabor resultante.
DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO
[0043] A presente invenção descreve, portanto, AGENTE FLAVORIZANTE, COMPOSIÇÃO, PROCESSO DE PRODUÇÃO E USO DE AGENTES AROMATIZANTES E FLAVORIZANTES À BASE DE EXTRATOS DE BAUNILHAS da Mata Atlântica brasileira, regiões adjacentes e biomas que apresentem climas e microclimas semelhantes, possibilitando que a composição natural seja diferente das baunilhas tradicionais, possibilitando hibridização, modificações genéticas, podendo ser usadas isoladamente ou em conjunto com outros extratos ou frações, para a obtenção de flavorizantes que apresentem perfis sensorial e organoléptico inovadores.
[0044] Mais especificamente, a presente invenção está baseada em uma quantidade sensorialmente eficaz de uma mistura de extratos e frações de extratos originários de frutos de baunilhas selvagens, domesticadas, hibridizadas e/ou geneticamente modificadas oriundas da biodiversidade da Mata Atlântica brasileira e biomas semelhantes ou adjacentes, com clima, microclima e/ou efeito Terroir semelhantes, contendo perfil metabolômico, moléculas e/ou proporção de substancias representativos dos quimiotipos da região. Sabendose que quimiotipo é uma categoria infraespecifica e quimicamente distinta em uma espécie, apresentando fenótipos químicos diferentes.
[0045] A presente invenção, portanto, se baseia no extrato de espécies de Vanilla, não explorados comercialmente, que apresentaram metabolomas com perfil químico e organoléptico diferente da Vanilla planifolia, para uso como aromatizantes e saborizantes, para isoladamente ou ainda suas misturas, permitirem a produção de agentes de sabor ou aroma que, em conjunto com veículos, espessantes e outros componentes básicos de diferentes tipos de composições farmacêuticas, cosméticas, alimentícias e cosmecêuticas, formam uma composição final com resultado melhorado e inesperado.
[0046] A partir de estudos realizados pelo grupo da presente invenção, observouse que a Vanilla bahiana, por exemplo, demonstrou ter um grande potencial de ser uma fonte natural e alternativa de agente flavorizante de baunilha. Uma vez que foram encontradas expressões de algumas das mais importantes enzimas da via biossintética de produção de vanilina, tais como: ACC synthase, 2 chalcone-flavonone isomerase, PAL, OMTs e vanilin synthase [Lopes, Ellen Moura, Roberta Gomes Linhares, Lucas de Oliveira Pires, Rosane Nora Castro, Gustavo Henrique Martins Ferreira Souza, Maria Gabriela Bello Koblitz, Luiz Claudio Cameron, and Andrea Furtado Macedo. "Vanilla bahiana, a contribution from the Atlantic Forest biodiversity for the production of vanilla: A proteomic approach through high-definition nanoLC/MS." Food Research International 120 (2019): 148-156] , além da presença de vanilina em si no fruto desta orquídea, provando haver possibilidade de se encontrar plantas substitutivas da V. planifolia. Todavia, não era possível prever seu potencial uso sem estudos mais profundos que comprovassem o ineditismo de sua composição, uma vez que a substituição da essência tradicional é uma busca antiga e com altos volumes de investimento, ainda malsucedidos, da indústria alimentícia. Desta forma, os resultados serviram apenas para incentivar estudos mais complexos com este e outros espécimes de orquídeas da Mata Atlântica.
[0047] Na Mata Atlântica brasileira, o grupo de inventores da presente invenção aponta três espécies de Vanilla reconhecidas pelo grupo da presente invenção como possuidoras de potencial para produção do extrato de baunilha: V. chamissonis e/ou V. cribbiana e/ou V. bahiana.
[0048] A presente invenção se baseia na comprovação de que estas orquídeas apresentam compostos inéditos do aroma de baunilha ou ainda concentrações distintas de compostos, devido à expressão de proteínas possivelmente relacionadas com o metabolismo desses compostos. A análise proteômica realizada foi capaz de caracterizar o repertório proteico completo expresso por um genoma e concentra-se sobre a funcionalidade da porção traduzida.
[0049] Sabendo-se que o metaboloma é uma manifestação bioquímica do genoma e do proteoma e é também modulado pelas funções das proteínas, a presente invenção realizou estudos inéditos de espectrometria de massas para estas espécies, analisando o perfil metabólico destas e verificando se são metabolicamente diversas de V. planifolia e entre si.
[0050] Em outras palavras, o ambiente da Mata Atlântica induz diferentes composições dos frutos das orquídeas deste tipo de bioma, tornando inéditos os produtos que utilizem os extratos das Vanilla bahiana, V. cribbiana e/ou V. chamissonis, todas ocorrendo naturalmente na Mata Atlântica.
[0051] Para análise proteômica, os peptídeos obtidos foram analisados em instrumento nanoUPLC Synapt G2-S HDMS, com mobilidade iônica. Os espectros de massas obtidos foram utilizados na identificação e quantificação das proteínas. Para análise metabolômica qualitativa e semi-quantitativa, uma metodologia de extração enzimática para simular o processo de cura dos frutos foi utilizada, em paralelo à extração metanólica. Triplicatas de 100 mg de um pool de 3 frutos de cada espécie foram macerados em N2 líquido, cada um representando uma réplica biológica, até formarem um pó fino e claro. O tratamento enzimático (TE) seguiu um protocolo adaptado com base nas publicações citadas: Ranadive, 1992; Francisco Ruiz-Terán, Perez-Amador, & López-Munguia, 2001. O pó macerado foi diluído e misturado em vórtex com 600 µL de tampão citrato-fosfato 0,05 M pH 5, que foi preparado com ácido cítrico (0,1 M) e fosfato de sódio dibásico (0,2 M). A enzima β-glicosidase (1 mg mL–1 ) foi preparada com o mesmo tampão e 1 mL dessa solução estoque foi adicionado a cada amostra. A mistura foi submetida à incubação em banhomaria a 37°C por um período de 4h. Após a incubação, as amostras foram armazenadas em freezer a –80°C. Após o descongelamento, o tampão citratofosfato foi seco em uma centrífuga a vácuo. Posteriormente, foi realizada extração metanólica (EM) com as amostras que foram submetidas ao TE e as que não foram (também 100 mg de pó macerado de triplicatas de cada espécie). Quatro mililitros de metanol (grau LC-MS) foram adicionados a cada amostra, em seguida misturados no vórtice e submetidos à extração assistida por ultrassom (UAE) com uma sonda ultrassônica (DESRUPTOR 500W, Ultronique), por 8 min a 80% de potência. Este procedimento foi repetido três vezes no total e a cada vez o sobrenadante foi coletado e reservado. Para a preparação para análise LC-MS/MS, o solvente foi evaporado em centrífuga a vácuo (Savant, Thermo Scientific). Os extratos secos foram então diluídos. Metanol, acetonitrila e água Milli-Q (1:1:1, v/v/v) foram usados para diluir as amostras a uma concentração de 10 mg mL–1 . Em seguida, os mesmos solventes que diluíram as amostras anteriormente, agora com proporção de volumes de 1:1:2, até a concentração de 1 mg mL–1 . Todas as amostras foram filtradas com filtros de seringa de PTFE (poro de 13 mm, diâmetro de 0,22 µm). Amostras de controle de qualidade (CQ) também foram preparadas com 30 µL de cada amostra filtrada em um único frasco. Para auxiliar na identificação dos metabólitos, foi preparado um pool de padrões analíticos de compostos fenólicos, diluídos em triplicatas nas concentrações 0,001 µg mL–1 ; 0,01 µg mL–1 ; 0,1 µg mL–1 ; 0,5 µg mL–1 ; 1,0 µg mL–1 ; 2,5 µg mL–1 ; 10,0 µg mL–1 ; 20,0 µg mL–1 ; 30,0 µg mL–1 . Os padrões analíticos usados especificamente para a análise quantitativa e os valores de R2 respectivos às curvas de calibração foram: acetovanilona (0,9481), ácido p-hidroxibenzóico (0,9902), ácido vanílico (0,9879), valinina (0,9915), phidroxibenzaldeído (0,9901). A aquisição em LC-MS/MS foi realizada nos modos de ionização positiva (ESI +) e negativa (ESI –). As análises foram realizadas no sistema UHPLC Dionex Ultimate 3000 acoplado a um espectrômetro de massa Q Exactive PlusTM Orbitrap (Thermo Fisher Scientific, EUA). A coluna cromatográfica usada foi ACQUITY UPLC® BEH C18 130Å (2,1 x 100 mm, tamanho de partícula de 1,7 μm) (Waters, Reino Unido). Dessa forma, foi possível elucidar o perfil proteômico e/ou metabolômico e quantificar importantes moléculas do flavor destas três espécies do gênero Vanilla, característicos da Mata Atlântica do Rio de Janeiro, e avaliar a produção de compostos da essência de baunilha, sua qualidade e potencial para produção comercial.
[0052] Neste sentido, as orquídeas desta região, ou de regiões de clima e microclimas similares e/ou sujeitas ao mesmo efeito Terroir, proporcionam um fruto com perfil químico e organoléptico diferenciado, além de possuir as moléculas típicas da essência de baunilha usadas no mercado. As três espécies de Vanilla estudadas demonstram que produtos de composições possuindo estes agentes gerarão produtos diferentes e possivelmente melhores quanto às propriedades biológicas e sensoriais.
[0053] Como exemplos de agentes saborizantes preferidos temos: A. Extrato de V. bahiana ou extrato de híbridos (de V. bahiana com V. chamissionis, ou V. bahiana com V. planifolia, ou V. bahiana com V. cribbiana ou V. bahiana com outras Vanillas) puros ou em diferentes concentrações e/ou formas, misturados com extratos de V. planifolia, V. cribbiana ou V. chamissonis, ou os híbridos supracitados todos puros ou em diferentes concentrações e/ou formas; B. Extrato de V. chamissonis ou extrato de híbridos (de V. chamissonis com V. bahiana, ou V. chamissonis com V. planifolia, ou V. chamissonis com V. cribbiana, ou V. chamissonis com outras Vanillas sp.) puros ou em diferentes concentrações e/ou formas, misturados com extratos de V. planifolia, V. bahiana ou V. cribbiana ou os híbridos supracitados todos puros ou em diferentes concentrações e/ou formas; C. Extrato de V. cribbiana ou extrato de híbridos (de V. cribbiana com V. bahiana, ou V. cribbiana com V. planifolia, ou V. cribbiana com V. chamissonis, ou V. chamissonis com outras Vanillas sp.) puros ou em diferentes concentrações e/ou formas, misturados com extratos de V. planifolia, V. bahiana ou V. chamissonis ou os híbridos supracitados todos puros ou em diferentes concentrações e/ou formas; e Os extratos dos itens A e/ou B e/ou C enriquecidos com vanilina ou, álcool vanílico (ou álcool vanilil), ácido vanílico, álcool p-hidroxibenzil, phidroxibenzaldeído, ácido p-hidroxibenzóico, álcool anisílico, anisaldeído, etil vanilina e/ou o ácido anísico.
[0054] Os agentes saborizantes acima descritos podem ser obtidos por diferentes composições saborizantes, tais como:
• Aromatizante de baunilha natural - extrato líquido com alta ou baixa viscosidade, obtido de frutos usando um solvente de extração (simples ou misturado): água, etanol ou isopropanol.
• Vanilla Concrete – uma mistura semissólida obtida após extração, contendo óleo fixo, essencial, gordura, ácidos graxos, ceras, usando um blend azeotrópico de acetato de etila e hexano.
• Bagaço de baunilha - uma baunilha da qual foi extraída a maior parte dos princípios aromáticos e sobrou um bagaço que pode ser utilizado. A baunilha é moída e reutilizada (nada em comum com a baunilha em pó).
• Xarope de baunilha - uma mistura de açúcar, água e uma concentração usualmente mais baixa de extrato de fruto de baunilha, copiando sua composição
• Pasta de baunilha - produto feito com o extrato do fruto na forma de uma pasta mais ou menos viscosa. Usada profissionalmente.
• Óleo resina de baunilha - processo de extração idêntico ao usado para extratos de baunilha, usualmente são necessários cerca de 3 kg de frutos de baunilha para obter cerca de 1 kg de óleo resina (chamada de baunilha 30x). O produto obtido pode ser mais ou menos pastoso. Usada primordialmente na indústria de alimentos.
• Vanilla Absolute - Produto derivado da técnica descrita acima, mas ceras, taninos e outras substâncias ainda presentes na óleo resina são removidos para uma concentração ideal de vanilina. Usada primordialmente na indústria de perfumes.
• Extrato de baunilha-vanilina (aromatizante ou em pó) – se trata de um extrato de baunilha ao qual foi adicionada uma onça de vanilina para cada 1 “fold” de extrato de baunilha (cada “fold” deve corresponder a 13,35 onças (378g) originais de fruto no extrato inicial antes da concentração, com não mais que 25% de conteúdo de umidade, por galão (3,78L) de extrato final, portanto, um “two-fold” teria o extraível de 26,7 onças de fruto. “Folds” maiores, como 10x ou 20x, são feitas diluindo óleo resinas, que não contêm solvente). Tem um teor de álcool não inferior a 35%. Um aromatizante contém menos de 35% de álcool. Os pós contêm um constituinte de baunilha (matéria extrativa de 13,35 onças de fruto) mais 1 onça de vanilina em 8 libras de mistura seca. Esses produtos são rotulados como "sabor natural e artificial".
• Concentrado de baunilha – extrato alcoólico 3-fold (3x) de baunilha obtido por destilação à vácuo.
• Pó de baunilha - uma mistura de frutos de baunilha moídos e/ou óleorresina de baunilha combinada com carreadores de carboidratos e agentes de fluxo. Um pó contém um constituinte de baunilha por 8 libras do produto.
[0055] Mais especificamente, no caso da metabolômica, a coluna utilizada foi selecionada a partir da melhor seletividade para as classes de compostos a serem analisados. O gradiente de separação foi realizado com fases móveis compostas pelos solventes (A) 0,1% de ácido fórmico em água Milli-Q e (B) 0,1% de ácido fórmico em acetonitrila, a uma vazão de 0,35 mL. A eluição foi realizada com gradiente: 0-1 min B 5%, 1-3 min B 5-35%, 3-13 min B 35-95%, 13-15 min B 95%, 15-15,1 min B 5%, 15,1-18 min B 5%. O volume de injeção foi de 5 μL. Todos estes parâmetros estão descritos para fins de ilustração das técnicas necessárias para determinação das diferenças bioquímicas entre as novas orquídeas e as previamente existentes no estado da técnica como contendo valor comercial. Os parâmetros desta análise foram gradativamente otimizados de um experimento a outro, para a melhor discriminação e desempenho de separação, quantificação e identificação dos compostos. O processamento dos espectros de massas foi feito neste experimento utilizando os softwares MSDIAL [Tsugawa, H., Cajka, T., Kind, T., Ma, Y., Higgins, B., Ikeda, K., Kanazawa, M., VanderGheynst, J., Fiehn, O. and Arita, M. (2015). MS-DIAL: data-independent MS/MS deconvolution for comprehensive metabolome analysis. Nature methods, 12(6), pp.523-526] e MS-FINDER [Lai, Z., Tsugawa, H., Wohlgemuth, G., Mehta, S., Mueller, M., Zheng, Y., Ogiwara, A., Meissen, J., Showalter, M., Takeuchi, K. and Kind, T., (2018). Identifying metabolites by integrating metabolome databases with mass spectrometry cheminformatics. Nature methods, 15(1), pp.53-56.] para metabolômica. Uma abordagem não direcionada foi aplicada com foco na identificação de moléculas relacionadas ao sabor de baunilha, bem como moléculas desconhecidos e, de forma mais geral, classes químicas. Usando esta abordagem, a confiabilidade da identificação das moléculas aumenta de acordo com o cumprimento de certos pré-requisitos, a saber, precisão de massa (nível 5), distribuição isotópica (nível 4), estrutura provisória (nível 3), compatibilidade de fragmentos experimentais com bancos de dados de fragmentos (nível 2) e compatibilidade com padrões analíticos (nível 1) [Schrimpe-Rutledge AC, Codreanu SG, Sherrod SD, McLean JA. Untargeted metabolomics strategies—challenges and emerging directions. Journal of the American Society for Mass Spectrometry. 2016 Sep 13;27(12):1897-905.] . Os resultados aqui apresentados cumprem todos os pré-requisitos e apresentam os níveis 1 (chamadas identificações), 2 (chamadas anotações).
[0056] Mais especificamente no caso da proteômica, os frutos frescos foram macerados em nitrogênio líquido. O pó resultante foi colocado em solução ácido tricloroacético (TCA) 10% em acetona overnight. Após centrifugação 16000g/30min/4oC, o pellet foi lavado com solução de acetona + βmercaptoetanol 0,07%, incubado à -20ºC/1h (3x). O pellet resultante foi ressuspenso em uma solução com 0,1% de RapiGest em 100mM de bicarbonato de amônio 15min/80ºC. Após sonicação do extrato proteico, foi feita centrifugação à 16000g/30 min./4oC. Parte do sobrenadante foi utilizado para quantificação de proteínas pelo Kit BCA (Pierce ® BCA Protein Assay Kit) e parte foi tratado com DTT 5mM/30min./60oC. A solução proteica tratada com DTT foi resfriada até atingir a temperatura ambiente, quando foi adicionado 10 mM de iodocetamida/30min./escuro. Em seguida, as proteínas foram incubadas overnight com tripsina (1:50 (v/v)) à 37oC. Posteriormente, foi adicionado, à solução com peptídeos, TFA 0,5% (v/v) pH 2,0 e o material ficou incubado à 37oC por 90 min. Após centrifugação (14000g/30min/6oC), o sobrenadante foi avaliado por LC/MS. Os peptídeos obtidos, após o tratamento enzimático, foram analisados em instrumento nanoUPLC Synapt G2-S HDMS (Waters, Manchester, UK), com a resolução efetiva ortogonal a partir da mobilidade iônica para diferenciar peptídeos por massa, estado de carga e conformação. Os espectros de massas obtidos através das detecções no Synapt foram utilizados na identificação e quantificação das proteínas. O software PROGENESIS QI for Proteomics (v1.0.5156.29278) foi utilizado para esta finalidade por conter o banco de dados de proteínas de Vanilla (família Orchidaceae) (UNIPROT - http://www.uniprot.org). Dentro da variabilidade as proteínas identificadas, que ocorrem principalmente nas amostras de frutos, foram agrupadas de acordo com suas principais funções celulares utilizando-se o programa UNIPROT.
[0057] É preciso ressaltar que se trata tão somente de um exemplo de análise, uma vez que outras técnicas proteômicas menos seletivas podem e foram utilizadas conforme necessidade dos estudos, tais como, gel de eletroforese seguido de análise por espectrometria de massas. Diferentes formas de analisar a composição bioquímica destas plantas não alteram e nem diferenciam o escopo da presente invenção.
[0058] Com base nos dados de proteômica e metabolômica das Vanilla bahiana – VB, Vanilla chamissonis – VC e Vanilla cribbiana - VCB, foi possível realizar uma correlação de identidade de metabólitos com os compostos sabidamente relacionados com o sabor e aroma de baunilha comercial oriunda da V. planifolia – VP [Pérez-Silva, A., Odoux, E., Brat, P., Ribeyre, F., RodriguezJimenes, G., Robles-Olvera, V., … Günata, Z. (2006). GC–MS and GC– olfactometry analysis of aroma compounds in a representative organic aroma extract from cured vanilla (Vanilla planifolia G. Jackson) beans. Food Chemistry, 99(4), 728–735. https://doi.org/10.1016/j.foodchem.2005.08.050; Perez de Souza, L., Alseekh, S., Naake, T., & Fernie, A. (2019). Mass Spectrometry-Based Untargeted Plant Metabolomics. Current Protocols in Plant Biology, 4(4), e20100. https://doi.org/10.1002/cppb.20100; Ranadive, A. S. (1992). Vanillin and Related Flavor Compounds in Vanilla Extracts Made from Beans of Various Global Origins. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 40(10), 1922–1924; Pérez-Silva, A., Nicolás-García, M., Petit, T., Dijoux, J. B., de los Ángeles Vivar-Vera, M., Besse, P., & Grisoni, M. (2021). Quantification of the aromatic potential of ripe fruit of Vanilla planifolia (Orchidaceae) and several of its closely and distantly related species and hybrids. European Food Research and Technology, 247(6), 1489-1499] .
[0059] Em estudos mais recentes, 2021, não publicados, realizados pelo grupo da presente invenção, foi possível determinar putativamente a composição total das mesmas espécies (VP, VC e VB), que demonstram que a diferença não pode ser definida pela presença ou ausência de metabólitos, mas pela complexa composição total e suas quantificações relativas, conforme apresentado na Tabela 1, abaixo. Num destes estudos, foi possível fazer a quantificação de compostos importantes para o flavor (sabor) de baunilha, comparando as 4 espécies (VP, VB, VC, VCB) conforme apresentado na Tabela 2, abaixo.
[0060] Num dos citados estudos, 2.273 sinais de íons foram detectados em ESI – e 1.251 em ESI + de todas as três espécies (VB, VC e VP). Destes, um total de 63 compostos foram anotados de ambos os modos de ionização. Apenas a vanilina foi observada simultaneamente em ambos os modos (Tabela 1). A identificação de moléculas foi mais eficaz no ESI –, com 47 compostos, em oposição a 16 no ESI +. A implementação da estratégia de modos de ionização positivos e negativos foi aqui designada por seu potencial para desvendar uma perspectiva mais global [Perez de Souza, Alseekh, Naake, & Fernie, 2019] , com o objetivo de contemplar uma gama mais ampla de metabólitos de alta diversidade molecular matriz das três espécies.
Tabela 1: Compostos anotados e respectivas intensidades de detecção descritas a partir da altura dos picos cromatográficos para cada espécie de Vanilla sp. por LC-ESI-MS/MS após extração metanólica em amostras submetidas ou não ao tratamento enzimático (TE). VB – Vanilla bahiana; VC – Vanilla chamissonis; VP – Vanilla planifolia. ESI –, modo negativo de ionização; ESI +, modo positivo de ionização.
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[0061] Dos 47 compostos anotados em ESI –, 44 compostos foram detectados simultaneamente em todas as três espécies (VP, VB e VC) e mais 2 compostos presentes ao mesmo tempo em apenas duas espécies juntas, conforme descrito abaixo:
• VB e VP compartilhavam o ácido 10-desoxigeniposídico; e
• VC e VP compartilhavam exclusivamente o composto glicovanilina.
[0062] Por outro lado, dos compostos anotados pela técnica de ESI +, apenas 16 compostos foram detectados. Todos presentes simultaneamente nas 3 espécies, o que demonstra ser o ESI – mais efetivo na distinção entre a matriz molecular de cada metaboloma do que o ESI +. Três compostos foram confirmados através de padrões analíticos: ácido p-hidróxibenzóico, phidroxibenzaldeído e vanilina, marcados em negrito e sublinhados na Tabela 1.
[0063] Por meio desse método, a interseção molecular das três baunilhas comparadas, aqui expressa pelas principais moléculas de sabor e outros compostos desconhecidos até este momento para essas espécies (Tabela 1), sugere que VB e VC produzem uma configuração fenotípica próxima e características das espécies comerciais apreciadas. Porém, também apresentam variações quantitativas no seu metaboloma, relativas às diferentes intensidades em que os metabólitos são detectados em cada espécie, indicando um grande potencial de substituição dos aromas predominantes do mercado, agregando uma assinatura sensorial e organoléptica única. Pela análise quantitativa comparando as quatro espécies (VB, VC, VCB e VP) (Tabela 2), foi possível verificar que VCB e VP apresentam quantidade de vanilina similar, indicando um grande potencial para uso de VCB em substituição à VP. Estes dados confirmam a observação de cristais de vanilina sobre os frutos de VCB, o que reflete um grau de qualidade superior para esta espécie.
Compostos flavorizantes de Vanillas spp. da mata Atlântica
[0064] Moléculas notavelmente e frequentemente relacionadas ao sabor de baunilha foram identificadas: vanilina, p-hidroxibenzaldeído, ácido phidroxibenzóico, 4-vinilguaiacol, 4-vinilfenol, ácido vanílico e álcool vanílico [Zhang, S., & Mueller, C. (2012). Comparative analysis of volatiles in traditionally cured Bourbon and Ugandan vanilla bean (Vanilla planifolia) extracts. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 60(42), 10433–10444. https://doi.org/10.1021/jf302615s] . Outros compostos de aroma que não são tão comumente ou de forma alguma descritos como pertencentes ao aroma de baunilha comercial também foram identificados por meio deste documento. O FlavorDB e fontes relacionadas [Garg, N., Sethupathy, A., Tuwani, R., Nk, R., Dokania, S., Iyer, A., … Bagler, G. (2018). FlavorDB: A database of flavor molecules. Nucleic Acids Research, 46(D1), D1210–D1216. https://doi.org/10.1093/nar/gkx957] , foram usados para correlacionar essas moléculas com o sabor ou aroma que potencialmente exercem nas baunilhas. A intensidade de presença de tais compostos foi comparativamente analisada entre V. bahiana, V. chamissonis, V. cribbiana e V. planifolia, como segue.
[0065] Compostos anotados foram associados aos seus descritores de flavor conforme informações presentes no FlavorDB (https://cosylab.iiitd.edu.in/flavordb). Os descritores de flavor foram então associados às intensidades relativas dos sinais detectados dos respectivos metabólitos, bem como às razões de suas respectivas detecções em cada espécie de baunilha. A anotação dos seguintes compostos foi significativamente mais intensa em VB e VC em relação à VP e foi associada, respectivamente, aos seguintes descritores de flavor: catequina (amargo), ácido oleico (banha, gordura, ceroso, gorduroso, fritura, fraco), ácido vanílico (pulverulento, baunilha, feijão, leitoso, doce, cremoso, lácteo), galactosilglicerol (doce), tectoridina (adocicado), acetovanilona (baunilha, doce, vanilina, sutil), tirosol (floral, doce, frutado, leve), fenilacetaldeído (jacinto, mel, trevo, doce, espinheiro, cacau, toranja, verde, amendoim, floral, amargo), cinamaldeído (picante, quente, apimentado, tinta, cravo, doce, adocicado, canela), 4-vinilguaiacol (curry, defumado, cravo, amendoado, picante), L-histidina (amargo) e L-arginina (leve). Em estudo quantitativo, VCB apresentou concentrações estatisticamente similares dos compostos relacionados aos descritores supracitados em relação à VP: acetovanilona e ácido vanílico. Da mesma forma, VCB equiparou-se à VP também na concentração de vanilina (baunilha, chocolate, doce, cremoso) e ácido 4-hidroxibenzoico (nozes, fenólico). A associação das anotações das moléculas aos descritores de flavor da FlavorDB se deveu ao fato de que os perfis de descritores de odor de frutos de V. planifolia curados observados por meio de técnicas de nariz eletrônico não se mostram suficientes frente à real complexidade do flavor desse condimento, para serem caracterizados como baunilha, muitas vezes se limitando aos seguintes descritores: doce, frutado, floral, áspero, amadeirado, com feijão, esfumaçado, semelhante ao tabaco e fermentado [Hariom, B. N., Shyamala, M. P., & Bhat, K. K. (2006). Vanilla flavor evaluation by sensory and electronic nose techniques. Journal of Sensory Studies, 21(2), 228–239. https://doi.org/10.1111/j.1745- 459X.2006.00063.x] . Inequivocamente, seu flavor compreende uma complexidade muito mais ampla. Perez-Silva e colaboradores (2006) relataram a identificação de 26 compostos voláteis pertencentes às classes de fenóis, ácidos alifáticos, álcoois, aldeídos, ésteres e cetonas associados a intensidades de odor fraco, médio e forte, conforme observado em frutos curados de baunilha. Esses voláteis foram associados a 24 qualidades de odor distintas, das quais “químico, doce picante” (guaiacol), “doce, amadeirado” (4-metilguaiacol), “baunilha, doce, mel” (acetovanilona) e “giz” (salicilato de metila) foram percebidos tão intensamente quanto o descritor "baunilha, doce" da vanilina, embora sendo até 1.000 vezes menos concentrado (Pérez-Silva et al., 2006).
[0066] Em estudo recente já supracitado, 2021, não publicado, realizado pelo grupo da presente invenção, os metabólitos que caracterizam o perfil metabólico de VB, VCB e VC, associados à potenciais descritores de flavor e/ou potenciais aplicabilidades biotecnológicas, tiveram descritas suas informações estruturais em forma da detecção de sinais de m/z de íons precursores e seus fragmentos, possibilitando a parcial elucidação química, conforme disposto na Tabela 3.
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[0067] Fica claro que as baunilhas da Mata Atlântica têm todo o potencial de serem alternativas ao sabor da especiaria comercialmente conhecida e de serem apreciadas em uma infinidade de aplicações industriais baseadas na riqueza natural de sabores. Os resultados também demonstram a capacidade inerente dos parentes selvagens de V. planifolia (V. bahiana, V. cribbiana e V. chamissonis) de conterem tais qualidades fenotípicas desejadas para torná-los fortes candidatos a doadores de genes para as espécies de elite.
[0068] Diante destes resultados, vemos que os extratos derivados de VB, VCB e VC apresentam uma composição única, atribuindo sabores e aromas únicos, além de também apresentar a substância principal, vanilina, e outros compostos característicos da essência de baunilha comercial. O que pode ser corroborado com o estudo sensorial (de aceitação do consumidor e de características sensoriais), apresentado abaixo.
[0069] Assim sendo, tanto o estudo de espectrometria quanto o sensorial apontam para o fato de que as baunilhas da presente invenção podem 1) substituir os extratos de baunilha oriundo da essência artificial ou da V. planifolia, 2) apresentar novos perfis aromáticos de interesse comercial. O que comprova de forma inesperada que o património químico da biodiversidade brasileira é uma fonte riquíssima de modelos aplicáveis biotecnologicamente para o setor agrícola global, podendo substituir ou melhorar extratos tradicionais no mercado. Neste contexto, o gênero Vanilla Mill (Orchidaceae) tem muitas espécies encontradas no território brasileiro. Entre estas espécies, conforme a presente invenção, a V. cribbiana parece ter o maior potencial de sucesso como substituta da V. planifolia no mercado. Visto que, o limiar de percepção do seu sabor foi o mais baixo entre as espécies avaliadas (V. planifolia, V. chamisonis, V. bahiana), e V. cribbiana alcançou boas médias de aceitação, não diferindo estatisticamente de V. planifolia (a espécie mais vendida no mundo). Adicionalmente, V. cribbiana e V. chamissonis (baunilhas nativas do Brasil) foram aceitas de forma estatisticamente semelhante à amostra comercial (V. planifolia). Relativamente à avaliação descritiva feita através de questionário Rate-All-That-Apply (RATA), o “aroma de baunilha” de V. cribbiana não diferiu estatisticamente do da essência artificial testada, e em relação ao “sabor doce”, não diferiu estatisticamente de V. planifolia, de V. chamissonis ou da essência artificial testadas. Já V. bahiana apresentou uma combinação de “sabor amargo”, “sabor alcoólico” e “aroma alcoólico”, apresentando um perfil sensorial estatisticamente distinto de V. cribbiana e V. chamissonis, tendo potencial para outro tipo de segmento industrial, como o de bebidas, por exemplo.
[0070] Estes resultados demonstram que estas orquídeas possuem um grande potencial comercial/industrial tanto na produção de vanilina, quanto no fornecimento de um novo agente flavorizante e com propriedades biológicas e físico-químicas de interesse para fabricação de produtos, composições e formulações cosméticas, farmacêuticas (compostos, extratos e frações bioativos, plantas medicinais, adjuvantes farmaceuticamente aceitáveis e ingredientes farmaceuticamente ativos), alimentícias (ex.: adoçantes, preservantes, conservantes, essências), aromáticas (ex.: perfumarias), cosmecêuticas, dermocosméticas, nutracêuticas (ex.: antioxidantes, antiinflamatórias, anti-diabéticas, anti-cancerígenas), artigos têxteis, de madeira, plástico, entre outros usos de flavorizantes à base de orquídeas [BaqueiroPeña, I., & Guerrero-Beltrán, J. Á. (2017). Vanilla (Vanilla planifolia Andr.), its residues and other industrial by-products for recovering high value flavor molecules: A review. Journal of Applied Research on Medicinal and Aromatic Plants, 6, 1–9. https://doi.org/10.1016/j.jarmap.2016.10.003; Cheng, W.-Y., Hsiang, C.-Y., Bau, D.-T., Chen, J.-C., Shen, W.-S., Li, C.-C., Ho, T.-Y. (2007). Microarray analysis of vanillin-regulated gene expression profile in human hepatocarcinoma cells. Pharmacological Research, 56(6), 474–482. https://doi.org/10.1016/j.phrs.2007.09.009; Shyamala, B. N., Madhava Naidu, M., Sulochanamma, G., & Srinivas, P. (2007). Studies on the antioxidant activities of natural vanilla extract and its constituent compounds through in vitro models. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 55(19), 7738–7743. https://doi.org/10.1021/jf071349+; Wang, J., Zhang, Y., Fang, Z., Sun, L., Wang, Y., Liu, Y., … Gooneratne, R. (2019). Oleic Acid Alleviates Cadmium-Induced Oxidative Damage in Rat by Its Radicals Scavenging Activity. Biological Trace Element Research, 190(1), 95–100. https://doi.org/10.1007/s12011-018-1526-4; Tiwari, T. N., Pandey, V. B., & Dubey, N. K. (2002). Plumieride from Allamanda cathartica as an antidermatophytic agent. Phytotherapy Research, 16(4), 393–394. https://doi.org/10.1002/ptr.967; Kuete, V. (2013). Phenylpropanoids and Related Compounds from the Medicinal Plants of Africa. In Medicinal Plant Research in Africa (pp. 251–260). https://doi.org/10.1016/B978-0-12-405927- 6.00007-2] .
[0071] Cabe ressaltar que os agentes flavorizantes da presente invenção podem ser formados por uma única substância, ou ainda serem formados por um conjunto de componentes presentes em VB e/ou em VCB e/ou em VC. Ou seja, o agente pode ser representado por uma só molécula/extrato/fração ou por um conjunto de moléculas/extratos/frações, além de suas misturas. Desta forma, os ditos agentes poderão apresentar diversas formulações para se obter o melhor efeito flavorizante, promovendo sabor e aroma semelhante ao extrato da VP, ou aroma e sabor alterados/melhorados.
[0072] Adicionalmente, o agente flavorizante obtido acima pode ser combinado com elementos constituintes de diferentes tipos de composições e produtos, tornando-os diferentes dos equivalentes descritos no estado da técnica.
[0073] Os métodos clássicos de seleção genética ou ainda técnicas de modificação do genoma também podem ser utilizados para exacerbar a produção dos elementos de interesse, obtendo um rendimento maior do extrato ou ainda um efeito saborizante e aromatizante mais intenso.
[0074] Neste cenário, demonstramos que as baunilhas da Mata Atlântica, nomeadamente Vanilla bahiana, Vanilla cribbiana e V. chamissonis, produzem importantes compostos bioeconômicos. As três espécies aqui avaliadas têm potencial para atender à demanda de diversificação dentro do cenário comercial de baunilha. As características fenotípicas aqui descritas por meio de uma abordagem metabolômica não direcionada são de moléculas valiosas de flavor ou, de outra forma, de importância biotecnológica. A ideia de introduzir novas espécies de baunilha como variedades do condimento a serem apreciadas pelos consumidores em geral no amplo espectro desta experiência sensorial pode levá-las à mesma linha de base das culturas de vinho ou café, nas quais variedades, misturas e combinações são uma parte importante da cultura e do mercado. Consequentemente, também poderia aliviar a pressão comercial sobre a espécie mais comercializada, V. planifolia. Além disso, a utilização das espécies de baunilha da Mata Atlântica poderia beneficiar programas agroflorestais que melhorariam a renda dos produtores das comunidades locais por meio do cultivo sustentável.
[0075] Assim sendo, a presente invenção prevê o uso de extratos de orquídeas da espécie V. chamissonis, V. cribbiana e V. bahiana para a fabricação de agentes flavorizantes e/ou perfumantes, dentre outras vantagens, semelhantes ou alternativos aos de baunilha de acordo com a matriz metabólica observada em seus frutos comparados aos frutos de V. planifolia.
EXPERIMENTOS SENSORIAIS (DE ACEITAÇÃO DO CONSUMIDOR E DE AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS):
[0076] Todos os testes sensoriais foram realizados no Laboratório de Ciências Sensoriais e do Consumidor (LASEN) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), utilizando cabines sensoriais individuais projetadas de acordo com a ISO 8589 (ISO, 2007), sob temperatura controlada (22 °C) e luz do dia artificial.
[0077] Os frutos maduros (pods, beans, etc.) maduros foram coletados da Mata Atlântica brasileira, com a devida autorização dos órgãos competentes, e depois armazenadas em -80 oC até o momento do teste, englobando as seguintes espécies: V. bahiana - RB01111540, V. cribbiana - HUNI 6715, V. chamissonis - HUNI 4402, and V. planifolia - RB 777274.
[0078] Para este teste sensorial, os frutos foram submetidos a um tratamento enzimático de acordo com o protocolo do Ruiz-Terán et al. (2001) e adaptado por Silva Oliveira, Garrett, Koblitz, et al. (2022) [Ruiz-Terán, F., Perez-Amador, I., & López-Munguia, A. (2001). Enzymatic extraction and transformation of glucovanillin to vanillin from vanilla green pods. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 49(11), 5207–5209. https://doi.org/10.1021/jf010723h; da Silva Oliveira, J. P., Garrett, R., Koblitz, M. G. B., & Macedo, A. F. (2022). Vanilla flavor: Species from the Atlantic forest as natural alternatives. Food Chemistry, 375, 131891 https://doi.org/10.1016/J.FOODCHEM.2021.131891] .
[0079] Para esta extração, usada para fins do teste sensorial, foram adicionados cinco mililitros de álcool de cereais (92,8%) às amostras secas (500 mg) e agitadas. Posteriormente, cada amostra foi submetida a uma extração por ultrassons (QR500 Ultronique Indaiatuba Brasil) durante 8 min a 80% de potência e foi centrifugada durante 10 min a 10.000 x g a 4ºC (Megafuge 16R - Langenselbold, Alemanha).
[0080] O sobrenadante foi transferido para um balão volumétrico de 5 mL e o volume foi completado com álcool de cereais puro. Para uso, os extratos foram diluídos a 40% de álcool de cereais com água ultrapura (Milli-Q® Direct 8/16 System - Molsheim, França).
[0081] Segundo Hariom et al. [Hariom, Shyamala, B., Prakash, M., & Bhat, K. (2006). Vanilla flavor evaluation by sensory and eletronic nose techniques] , o leite é considerado um veículo ideal para a percepção das características da baunilha. Os extratos de baunilha acima obtidos e uma essência comercial de baunilha artificial foram adicionados a um leite UHT com 1% de gordura, sem lactose. A essência de baunilha artificial comercial e o leite UHT podem ser os disponíveis no mercado. Os extratos ou a essência foram adicionados ao leite refrigerado (a 8 °C ± 3 °C), em copos de 250 mL, mexidos manualmente durante 15 segundos e armazenados sob refrigeração (8 °C ± 3 °C) até à sua utilização. As amostras (20 mL a 8 ± 3 °C) foram servidas para 250 participantes (grupos de 50 indivíduos) em copos descartáveis de plástico com tampa (75 mL), codificados com números de três dígitos.
[0082] Os consumidores realizaram cinco testes de comparação de pares para cada baunilha. Cada comparação pareada foi composta por uma amostra de controle (leite sem baunilha) e uma amostra de leite com sabor a baunilha com uma baunilha específica de cada vez (extrato ou essência). A Tabela 4 abaixo demonstra a concentração de baunilha (extrato e essência) adicionada ao leite em cada teste.
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[0083] Os participantes foram instruídos a provar ambas as amostras, controle (leite puro) e teste (leite com sabor a baunilha), da esquerda para a direita e instruídos a selecionar a que consideravam como contendo sabor de baunilha, atribuindo o número correspondente na folha de avaliação. As amostras em cada par foram apresentadas seguindo um desenho equilibrado [Macfie, H. J., & Bratchell, N. (1989). Designs to balance the effect of order of presentation. 4, 129–148] . Os consumidores foram instruídos ainda a limpar o seu palato com água mineral em temperatura ambiente e com a ingestão de uma bolacha após provarem cada amostra.
[0084] Os limites de diferença (threshold) foram estimados utilizando a análise de sobrevivência (Tabela 4), adaptada da metodologia proposta por Hough et al. (2003), que reconhece a existência de dados censurados [Hough, G., Langohr, K., Gómez, G., & Curia, A. (2003). Survival analysis applied to sensory shelf life of foods. Journal of Food Science, 68(1), 359–362] .
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[0085] Após determinar os limiares de diferença para cada amostra de baunilha (extratos e essência) no leite, foi realizado um estudo para avaliar a percepção sensorial e hedônica das amostras com a participação de 121 consumidores, conforme preconizado em Hough et al. (2003).
[0086] Foram avaliadas seis amostras, sendo uma de amostra controle (leite sem baunilha) e outros cinco leites com sabor de baunilha, devido a adição das seguintes baunilhas (concentrações): V. planifolia (0,160 %), V. bahiana (0,120 %), V. chamissonis (0,100 %), V. cribbiana (0,060 %), e essência de baunilha (0,003 %), respectivamente.
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[0087] A média geral dos resultados de aceitação (Liking scores) das seis amostras variou de 5,7 ± 1,85 (V. bahiana) a 6,8 ± 1,41 (essência artificial), como se pode ver na Tabela 6. A espécie afetou significativamente a aceitação do consumidor (p ≤ 0,05). As amostras com maior aceitação (n=121) foram essência de baunilha e V. planifolia. A V. cribbiana atingiu boas médias de aceitação, não diferindo da V. planifolia (comumente utilizada). V. cribbiana e V. chamissonis (baunilhas nativas) foram aceitas de forma semelhante à amostra comercial. Isto é bastante interessante porque estão em menor concentração quando comparados com a amostra que contém extrato de baunilha comercial (V. planifolia).
[0088] Os participantes provaram as amostras e marcaram seu grau de aceitação geral em uma escala hedônica de 9 pontos, variando desde ‘desgostei muitíssimo’ (pontuação = 1) até ‘gostei muitíssimo’ (pontuação = 9) e, em seguida, passaram a descrever as características sensoriais das amostras utilizando um questionário “Rate-All-that-Apply” (RATA), composto por 11 atributos sensoriais (de aroma e sabor), previamente definidos [Peryam, D. R., & Pilgrim, F. J. (1957). Hedonic scale method of measuring food preference. Food Technology, 11, 9–14] , eles foram solicitados a descrever as características sensoriais das amostras utilizando um questionário “Rate-AllThat-Apply” (RATA), composto pelos 11 atributos sensoriais, previamente definidos de acordo com a literatura [Cadena, R. S., Cruz, A. G., Faria, J. A. F., & Bolini, H. M. A. (2012). Reduced fat and sugar vanilla ice creams: Sensory profiling and external preference mapping. Journal of Dairy Science, 95(9), 4842–4850. https://doi.org/10.3168/jds.2012-5526; Dooley, L., Lee, Y. seung, & Meullenet, J. F. (2010). The application of check-all-that-apply (CATA) consumer profiling to preference mapping of vanilla ice cream and its comparison to classical external preference mapping. Food Quality and Preference, 21(4), 394–401. https://doi.org/10.1016/j.foodqual.2009.10.002; Liu, Y., Toro-Gipson, R. S. D., & Drake, M. A. (2021). Sensory properties and consumer acceptance of ready-to-drink vanilla protein beverages. Journal of Sensory Studies, 36(6). https://doi.org/10.1111/joss.12704] . Numa sessão preliminar, utilizando estudos anteriores (Cadena et al., 2012; Dooley et al., 2010; Liu et al., 2021) e com a participação de 10 avaliadores, foram selecionados quais os atributos que iriam compor os termos do questionário: aroma doce, aroma de leite, aroma de baunilha, aroma alcoólico, sabor amargo, sabor de mato, sabor fermentado, sabor de baunilha, sabor doce, sabor de leite, e sabor alcoólico.
[0089] Os consumidores classificaram a intensidade dos termos percebidos utilizando uma escala estruturada de 3 pontos (1: “baixo”, 2: “médio”, e 3: “alto”), conforme demonstrado na Tabela 7.
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[0090] Os consumidores detectaram/perceberam diferenças nas características sensoriais das diferentes espécies de baunilha. O aroma doce e o sabor de baunilha não diferiram entre V. planifolia e essência, tendo sido observada a maior intensidade de aroma de baunilha para estas duas amostras. O leite adicionado de essência de baunilha e extratos resultou numa redução dos atributos de aroma e sabor do leite, típicos do controle. O sabor e aroma de baunilha tiveram uma pontuação média mais alta para V. planifolia; no entanto, a pontuação de sabor de baunilha não diferiu da essência comercial. O aroma de baunilha de V. cribbiana não diferiu estatisticamente em relação à essência de baunilha. Além disso, obteve boas pontuações de intensidade em termos de sabor. O sabor médio de "baunilha" foi inferior para o controle, o que diferiu de todas as amostras. A intensidade dos seguintes atributos: aroma alcoólico, sabor amargo, e sabor alcoólico, foram considerados baixos pelos participantes. A pontuação média do sabor doce aumentou nas amostras com baunilha em relação ao controle, exceto em V. bahiana. Assim, a amostra controle foi separada das outras e foi descrita como tendo sabor e aroma de leite, V. bahiana tinha sabor amargo, sabor fermentado e alcoólico e aroma alcoólico. V. planifolia, bem como a essência artificial tendia a ser considerada mais doce tanto para o aroma como para o gosto e mais elevada no aroma e sabor a baunilha.
[0091] Este resultado, por si só surpreende, coloca as espécies de baunilha nativas do Brasil no mesmo nível que as espécies internacionais e comerciais, indicando que existe uma gama de concentração semelhante em todos os extratos (nativos ou comerciais), que provoca uma mudança na percepção do sabor de baunilha por parte dos consumidores. Além disso, ao comparar apenas as concentrações médias encontradas como limiar de diferença, a espécie comercial foi a que teve a concentração mais elevada, indicando que uma maior quantidade de extrato de V. planifolia é necessária para ser percebida como sabor de baunilha quando comparada com as outras espécies testadas (V. bahiana > V. chamissonis > V. cribbiana). Não foi encontrada qualquer diferença significativa na média geral de liking scores entre V. planifolia, V. cribbiana e V. chamissonis.
[0092] Além da avaliação da aceitação geral, foi também realizada uma caracterização sensorial com RATA. No presente estudo, a aceitação e a avaliação RATA contribuíram para a compreensão das características das amostras, revelando os fatores de aceitação (liking scores), o que pode ajudar a selecão das espécies com potencial para serem utilizadas comercialmente na produção do extrato de baunilha. A amostra controle foi separada das outras e foi descrita como tendo tanto sabor como aroma de leite, o que era esperado por não ter adicionado extrato ou essência de baunilha. A V. bahiana tinha um sabor amargo, fermentado e alcoólico, e aroma alcoólico, com menos atributos característicos de baunilha. Parecia ter o potencial mais diferenciado entre as espécies nativas, diferindo da V. chamissonis e da V. cribbiana. A essência artificial, assim como a V. planifolia, foram percebidas como tendo um aroma e sabor “doce” e um aroma e sabor “baunilha”. Vale a pena comentar que o extrato de V. planifolia é comercialmente utilizado para produzir o sabor natural de baunilha, é conhecido por produzir frutos de baunilha altamente aromáticos (Leyva et al., 2021), e é considerada a espécie que fornece o extrato de melhor qualidade para preparações alimentares [Homma, A. K. O., de Menezes, A. J. E. A., & de Matos, G. B. (2006). Cultivo de Baunilha: uma Alternativa para a Agricultura Familiar na Amazônia. www.cpatu.embrapa.br] . Segundo a PCA, V. cribbiana e V. chamissonis são semelhantes e não estavam longe de V. planifolia.
[0093] Embora V. bahiana tenha apresentado potencial mais diferenciado de comercialização de acordo com o perfil sensorial descrito, o fato de V. cribbiana e V. chamissonis não apresentarem uma diferença significativa de aceitação em relação à amostra comercial e o fato de serem também descritos de forma semelhante, sugere que estas espécies nativas brasileiras de Vanilla sp. apresentam sabor de baunilha com potencial de sucesso no mercado brasileiro e podem ser as melhores para potencial exploração comercial em produtos alimentares. Além disso, são fontes potenciais de material genético para cruzamentos, a fim de obter variedades comerciais mais resistentes e adaptadas às condições climáticas da Mata Atlântica, sem reduzir o sabor produzido pelo fruto. Finalmente, o cultivo de espécies nativas pode ser apresentado aos consumidores gourmet como novas fontes de sabor de baunilha. E, o cultivo de espécies nativas de baunilha pode favorecer as áreas onde são cultivadas, trazendo desenvolvimento econômico à população, e ajudando a manter as áreas florestais.
EXEMPLOS Exemplo 1: Método de Extração etanólico
[0094] Para realização da presente invenção, uma forma de extração é a etanólica. As cápsulas, vagens, pods, beans, favas, grãos e/ou frutos de baunilha destinadas para análise do metaboloma, foram coletadas e imediatamente congeladas em N2 líquido. Posteriormente, o material vegetal foi liofilizado. Para extração, foi utilizado método já previamente descrito [Andrews Zhizhe Dong, Fenglin Gu, Fei Xu, Qinghuang Wang (2014). Comparison of four kinds of extraction techniques and kinetics of microwave-assisted extraction of vanillin from Vanilla planifolia. Food Chemistry, Volume 149, 15 April 2014, Pages 54-61] , com possíveis modificações e adequações. Cerca de 4 g de cápsulas de baunilha em pó foram misturadas a 100 mL de etanol-água (70%) e, em seguida, aquecidas por meio de um dispositivo de microondas (250 W) por 18 min.
[0095] O extrato de baunilha foi seco, dessanilizado e filtrado através de uma de um filtro de seringa 25 mm PTFE 0,45 µm, antes da injeção através do instrumento ACQUITY UPLC I-Class acoplado a um espectrômetro de massas Q-TOF modelo Xevo G2-S QTof (Waters, Manchester, UK). Cada extrato foi avaliado em triplicata. Quando necessário, foi realizada hidrólise dos glicosídeos, incubando o extrato com Viscozima e Celluclast a 45oC/8 horas (Maruenda et al., 2013).
Exemplo 2: Método de Extração metanólico
[0096] De forma não limitativa, apresentamos um dos métodos passíveis de serem utilizados para obtenção do extrato das orquídeas alvo desta invenção. A extração metanólica (MeOH) se mostrou uma das mais eficazes em termos quantitativos e qualitativos, por ter apresentado a maior média de intensidade dos metabólitos identificados e, portanto, será a metodologia preferida de extração nesta invenção, porém outras formas de extração podem ser utilizadas ou ainda desenvolvidas.
Exemplo 3: Método de Extração com cura enzimática
[0097] Frutos maduros de cada espécie foram coletados e macerados em nitrogênio (N2) líquido, até formarem um pó fino e claro. O tratamento enzimático (TE) (cura bioquímica) seguiu um protocolo adaptado com base nas publicações citadas (Ranadive, 1992; Francisco Ruiz-Terán, Perez-Amador, & LópezMunguia, 2001). O pó macerado foi diluído e vortexado misturado tampão citratofosfato 0,05 M pH 5, que foi preparado com ácido cítrico (0,1 M) e fosfato de sódio dibásico (0,2 M). A enzima β-glicosidase (1 mg mL– 1 ) foi preparada com o mesmo tampão e 1 mL da solução estoque foi adicionado a cada amostra. A mistura foi submetida a incubação em banho-maria a 37°C por um período de 4h. Após a incubação, as amostras foram armazenadas em freezer a –80°C. Após o descongelamento, o tampão citrato-fosfato foi seco com uma centrífuga a vácuo.
[0098] Posteriormente, foi realizada extração metanólica (MeOH) com as amostras que foram submetidas ao TE e as que não foram. Metanol foi adicionado a cada amostra, em seguida misturado no vortex e submetidos à extração assistida por ultrassom (UAE) com uma sonda ultrassônica (DESRUPTOR 500W, Ultronique). Este procedimento foi repetido três vezes no total e a cada vez o sobrenadante foi coletado e reservado. O solvente foi evaporado em centrífuga a vácuo (Savant, Thermo Scientific). Os extratos secos foram então diluídos em metanol, acetonitrila e água Milli-Q.
Exemplo 4: composição alimentícia - adoçante
[0099] Em função da possibilidade de utilização de edulcorantes naturais e sintéticos a presente invenção pode gerar produtos alimentícios com índice glicêmico reduzido ao substituir parte do açúcar convencional sem perda do poder adulcorante. O adoçante aqui proposto pode ser aditivado com extratos naturais de plantas como exemplo gengibre, canela, limão, romã, acerola, maracujá, mas não limitado somente a estes.
[0100] Nesta proposta de aditivação com extratos naturais, os adoçantes passam a ter a funcionalidade farmacológica intrínseca de cada extrato, além de dar ao adoçante notas de sabor do extrato em particular, assim potencializando as qualidades dos açúcares escuros em atividades farmacológicas naturais.
[0101] O exemplo acima foi descrito para ilustrar uma das formas de aplicação dos extratos de VC, VCB e VB na produção de alimentos, neste caso, de adoçante. Sua composição final pode ser definida em função dos diversos tipos de matéria-prima e aditivos, não devendo ser encarados como limitativos desta invenção, sabendo-se que pequenas variações do que fora acima descrito ainda farão parte do escopo desta invenção.
[0102] Neste sentido, utilizamos o exemplo de adoçante para demonstrar que o escopo da presente invenção também abarca os diferentes usos e aplicações de composições de extratos das Vanilla da presente invenção (VC, VCB e VB), que por possuírem um metaboloma diferente das orquídeas até então conhecidas e utilizadas na indústria podem ser usadas para promover sabores, aromas e propriedades diferenciadas/melhoradas. As aplicações principais, porém, não limitativas, são: indústria farmacêutica, indústria cosmética, indústria alimentícia e uso de mesa em geral.
[0103] Para adequação das composições a cada um de suas aplicações em cada tipo de indústria, outros elementos podem ser adicionados na composição final assim como outras formas de métodos de extração, conhecidas pelos técnicos versados na técnica.
[0104] Assim sendo, além dos exemplos acima, podem ser utilizados para realização da invenção, processos de extração convencionais, tais como, porém, sem limitação, extração de fluido supercrítico, em particular, com CO2 como fluido supercrítico, extração com soxhlet e extração auxiliada por ultrassom com uso de solventes diferentes e temperaturas operacionais diferentes. Tipicamente, etanol, metanol, acetonitrila, acetona, clorofórmio e hexano foram usados nas faixas de 90 a 100 ºC [Jadhav et al., Extraction of vanilina from vanilla pods: A comparison study of conventional soxhlet and ultrasound assisted extraction, Journal of Food Engineering, volume 93, emitido em 4 de agosto de 2009, páginas 421 a 426]
[0105] Os agentes ou composições da presente invenção também podem compreender adicionalmente um ou mais “coingredientes”. Por “coingrediente” entende-se um composto que é usado em preparações ou composições aromatizantes ou perfumante para passar um efeito hedônico. Em outras palavras, tal ingrediente, para ser considerado um aromatizante ou perfumante, deve ser reconhecido por um elemento versado na técnica como capaz de transmitir ou modificar de uma maneira positiva ou agradável o gosto ou odor de uma composição e não apenas por ter um gosto ou odor.
[0106] A natureza e o tipo de coingredientes aromatizantes ou perfumante presentes na composição não garantem uma descrição mais detalhada no presente documento, sendo que o elemento versado tem a capacidade de selecionar os mesmos com base em seu conhecimento geral e de acordo com o uso ou aplicação desejados e o efeito organoléptico desejado. Em termos gerais, esses coingredientes aromatizantes ou perfumante pertencem a classes químicas tão variadas quanto álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres, éteres, acetatos, nitrilas, terpenoides, compostos heterocíclicos nitrogenosos ou sulfurosos e óleos essenciais e em que os ditos coingredientes aromatizantes ou perfumante podem ser de origem natural ou sintética.
[0107] Muitos desses coingredientes são, em todo caso, listados em textos de referência, tais como o livro de S. Arctander, Perfume and Flavor Chemicals, 1969, Montclair, Nova Jérsei, EUA, ou suas versões mais recentes, ou, em outras palavras, de uma natureza similar, bem como na literatura de patente abundante no campo de aroma e perfumaria. Também é entendido que os ditos coingredientes também podem ser compostos conhecidos por liberarem de uma maneira controlada vários tipos de compostos aromatizantes ou perfumante.
[0108] Uma lista não limitadora de coingredientes aromatizantes adequados que poderiam ser usados inclui fenol, 2-metoxifenol, 2-metoxi-4-vinil-fenol, 4-metilfenol, 2-metoxi-4-(2-propen-1-il)fenol, 2-metoxi-4-(1-propen-1-il)fenol, 2-metoxi4-metilfenol, 2,6-dimetoxi-fenol, 2-etoxi-5-(1-propenil)fenol, 4-etenilfenol, 2-metilfenol, 4-hidroxi-benzenometanol, formato de (4-metoxifenil)metila, 4- metoxibenzaldeído, 3-etoxi-4-hidroxibenzaldeído, benzaldeído, 3,4-dimetoxibenzaldeído, ácido 4-metoxibenzoico, 1,3-benzodioxol-5-carbaldeído, 4-metoxibenzenometanol, 3-hidroxi-2-metil-4H-piran-4-ona, 4-(4-metoxifenil)-2- butanona, acetato de 4-metoxibenzila, 4-hidroxi-2,5-dimetil-3-furanona, acetato de 4-metoxi-benzenometanol, 3-fenil-2-propenoato de etila, 3-fenil-2-ropenoato de metila, benzoato de etila, 1,4-dimetoxibenzeno, 2-etil-3-hidroxi-4H-piran-4- ona, 3-fenil-2-propenal, fenilacetaldeído, 5,6-dihidro-6-pentil-2H-piran-2-ona, ácido decanoico, ácido butanoico; ácido 2-metilpropanoico, dihidro-5-pentil2(3H)-furanona, 2-hidroxibenzoato de metila, 2-hidroxibenzoato de metila, 6-metil-2H-1-benzopiran-2-ona, 3,4-dihidro-2H-1-benzopiran-2-ona, 1-enzopiran2-ona, hexahidro-3,6-dimetil-2(3H)-benzofuranona, tetrahidro-6-propil-2H-piran2-ona, 6-butiltetrahidro-2H-piran-2-ona, 6-heptiltetrahidro-2H-piran-2-ona, 3- fenil-2-propen-1-ol, 2-furanmetanol, ácido 3-fenil-2-propenoico, 2- furancarboxaldeído, 3-hidroxi-2-butanona, 2,3-pentanediona, 2- hidroxibenzaldeído, 5-pentilfuran-2(5H)-ona, 2-hidroxi-4-metoxibenzoato de metila, 5-allil-1,2,3-trimetoxibenzeno, (-)-(1R,4E,9S)-4,11,11-trimetil-8- metilenebiciclo[7.2.0] undec-4-eno, tetrahidro-6-pentil-2H-piran-2-ona, 3- metilbutanal, 1-(2-hidroxi-4-metoxifenil) etanona, extrato de cacau, extrato de baunilha, extrato de benzoina, extrato de bálsamo do Peru, extrato de tolu, óleo de madeira do guaiaco e uma combinação dos mesmos.
[0109] Preferencialmente, o coingrediente aromatizante pode ser selecionado a partir do grupo que consiste em fenol, 2-metoxifenol, 2-metoxi-4-vinil-fenol, 4- metil-fenol, 2-metoxi-4-(2-propen-1-il)fenol, 2-metoxi-4-(1-propen-1-il)fenol, 2- metoxi-4-metil-fenol, 2,6-dimetoxi-fenol, 2-etoxi-5-(1-propenil)fenol, 4-etenilfenol, 2-metil-fenol, 4-hidroxibenzenometanol, formato de (4-metoxifenil)metila, 4- metoxibenzaldeído, 3-etoxi-4-hidroxibenzaldeído, benzaldeído, 3,4-dimetoxibenzaldeído, ácido 4-metoxi-benzoico, 1,3-benzodioxol-5-carbaldeído, 4-metoxibenzenometanol, 3-hidroxi-2-metil-4H-piran-4-ona, 4-(4-metoxifenil)-2- butanona, acetato de 4-metoxibenzila, 4-hidroxi-2,5-dimetil-3-furanona, acetato de 4-metoxi-benzenometanol, 3-fenil-2-propenil-ol, 2-furanmetanol, ácido 3-fenil2-propenoico, 2-furancarboxaldeído, 3-hidroxi-2-butanona, 2,3-pentanediona, Tetrahidro-6-pentil-2H-piran-2-ona, 3-metil-butanal, 1-(2-hidroxi-4- metoxifenil)etanona, extrato de cacau, extrato de baunilha, extrato de benzoína, extrato de bálsamo do Peru, extrato de tolu, óleo de madeira do guaiaco e uma combinação dos mesmos. Ainda mais preferencialmente, o coingrediente aromatizante pode ser selecionado a partir do grupo que consiste em fenol, 2- metoxifenol, 2-metoxi-4-vinil-fenol, 2-metoxi-4-(2-propen-1-il)fenol, 2-metoxi-4- (1-propen-1-il)fenol, 2-metoxi-4-(1-propen-1-il)fenol, 2-metoxi-4-metil-fenol, 2- etoxi-5-(1-propenil)fenol, 4-etenilfenol, 4-metoxibenzaldeído, benzaldeído, ácido 4-metoxibenzoico, 1,3-benzodioxol-5-carbaldeído, 3-hidroxi-2-metil-4H-piran-4-ona, 4-hidroxi-2,5-dimetil-3-furanona, 1-(2-hidroxi-4-metoxifenil)etanona e uma combinação dos mesmos.
[0110] As concentrações (em ppm RTC) desses compostos são: fenol (0,0001 a 0,3); 2-metoxifenol (0,0001 a 0,5); 2-metoxi-4-vinil-fenol (0,0001 a 0,3); 2-metoxi4-(2-propen-1-il)fenol; 2-metoxi-4-(1-propen-1-il)fenol (0,0001 a 0,1); 2-metoxi-4- metil-fenol (0,0001 a 0,5); 2-etoxi-5-(1-propenil)fenol (0,0001 a 5); 4-etenilfenol (0,0001 a 0,3); 4-metoxi benzaldeído (0.0005 a 5); benzaldeído (0,0001 a 5); ácido 4-metoxi-benzoico (0,1 a 200); 1,3-benzodioxol-5-carbaldeído (0,01 a 50); 3-hidroxi-2-metil-4H-piran-4-ona (0,05 a 200), 4-hidroxi-2,5-dimetil-3-furanona (0,05 a 100).
[0111] De acordo com qualquer uma das modalidades acima, a composição da nvenção pode compreender um ou mais intensificadores de baunilha. O termo “intensificador de baunilha” designa quaisquer compostos que têm um impacto positivo no aroma de baunilha, em particular, compostos que permitem intensificar, aprimorar ou modificar as propriedades de odor de uma composição de aroma de baunilha. Exemplos de intensificador de baunilha adequado incluem, porém, sem limitação, 2-metil-propanal, 1-pentanol, hexanal, ácido 2- metil-butanoico, ácido 3-metil-butanoico, 5-metil-2-furancarboxaldeído, heptanal, 1-octen-3-ona, 1-octen-3-ol, octanal, 3-hidroxi-4,5-dimetil-2(5H)-furanona, benzenotanol, 2,6-nonadienal, E-2-nonenal, 2-decanona, 2,4-decadienal, 2- metoxi-4-(metoximetil)fenol, (2E)-1-(2,6,6-trimetil-1,3-ciclohexadien-1-il)-2- buten-1-ona, 2-metil-butanal, 3-metil-3-buten-2-ona, pentanal, propanoato de etila , 1,1-dietoxi-etano, 2-metilpropanoato de etila, dihidro-2(3H)-furanona, ácido hexanoico, 2-heptanona, 3-heptanona, 2-heptenal, hexanoato de etila, heptanoato de metila, 4-oxopentanoato de etila, 1-(2-pirrolil)-1-etanona, 1- octanol, 2-decenal, 3-decenal, 4-decenal, 4-(metoximetil)fenol, nonanoato de etila, 2-aminobenzoato de metila, 2-aminobenzoato de etila, 2- (metilamino)benzoato de metila, 5-hexildihidro-2(3H)-furanona, 5-etildihidro2(3H)-furanona, 5-butildihidro-2(3H)-furanona, 6-hexiltetrahidro-2H-piran-2-ona, 5-heptildihidro-2(3H)-furanona, 5-octildihidro-2(3H)-furanona, 5-metil-2(3H)- furanona, 5-propildihidro-2(3H)-furanona, 6-metiltetrahidro-2H-piran-2-ona, ácido decenoico, 5-metildihidro-2(3H)-furanona, 5-butildihidro-4-metil-2(3H)- furanona, 3-fenilpropanoato de etila, 4-hidroxibenzaldeído, 4-metoxibenzoato de metila, 3-hidroxi-4-metoxibenzaldeído, álcool de 4-hidroxi-3-metoxibenzila, 4- (etoximetil)-2-metoxifenol, ácido 4-hidroxibenzoico, 4-hidroxi-3-metoxibenzoato de metila, 4-hidroxi-3-metoxibenzoato de etila, 4-hidroxibenzoato de etila, ácido 4-hidroxi-3-metoxibenzoico, ácido dodecanoico, 4-hidroxi-3,5- dimetoxibenzaldeído, (E)-3-(4-hidroxi-3-metoxi-1-fenil)-2-propenal, ácido tetradecanoico, tetradecanoato de etila, ácido hexadecanoico, ácido octadecanoico, ácido (Z)-9-octadecenoico, prop-2-enoato de etila, butanoato de etila, but-2-enoato de etila, 2-metilbutanoato de etila, ácido 2-metilbutanoico, 1- hexanol, 1-fenil-etanona, benzoato de metila, heptanoato de etila, octanoato de etila, 1,2-dimetoxi-4-metilbenzeno, dodecanoato de etila, 4-metoxibenzoato de etila, (3E)-4-(2,6,6-trimetil-1-ciclohexen-1-il)-3-buten-2-ona, (E)-2-butenal ou (E)- 1-(4-metoxi-1-fenil)-1-penten-3-ona.
[0112] De acordo com qualquer uma das modalidades acima, a composição da invenção pode compreender pelo menos um carreador de aroma ou perfumaria. O termo “carreador de aroma ou perfumaria” designa um material que é substancialmente neutro de um ponto de vista de aroma ou perfumaria, desde que isso não altere significativamente as propriedades organolépticas de ingredientes aromatizantes ou de ingredientes perfumante. O carreador pode ser um líquido ou um sólido.
[0113] Os carreadores líquidos incluem, por exemplo, um sistema emulsificante, isto é, um solvente e um sistema de tensoativo, ou um solvente comumente usado em aromas ou perfumaria. Uma descrição detalhada da natureza e tipo de solventes comumente usados em aroma ou perfumaria não pode ser exaustiva. Solventes adequados usados em aroma incluem, por exemplo, propileno glicol, triacetina, triglicerídeo caprílico/cáprico (neobee®), citrato de trietila, álcool benzílico, etanol, óleos vegetais, tais como Óleo de linhaça, óleo de girassol ou óleo de coco, glicerol.
[0114] Pode-se citar como exemplos não limitadores de solventes perfumante, solventes, tais como butileno ou propileno glicol, glicerol, dipropileneglicol e seu monoéter, triacetato de 1,2,3-propanetriila, glutarato de dimetila, adipato de dimetila acetato de 1,3-diacetiloxypropan-2-ila, ftalato de dietila, miristato de isopropila, benzoato de benzila, álcool de benzila, 2-(2-etoxietoxi)-1-etano, citrato de tri-etila, etanol, misturas de água/etanol, limoneno ou outros terpenos, isoparafinas, tais como aquelas conhecidas sob o nome comercial Isopar (origem: Exxon Chemical) ou éteres de glicol e ésteres de éter de glicol como aqueles conhecidos sob a marca registrada Dowanol (origem: Dow Chemical Company), ou óleos de rícino hidrogenados, tais como aqueles conhecidos sob a designação comercial Cremophor RH 40 (origem: BASF) ou misturas dos mesmos
[0115] Os carreadores sólidos adequados incluem, por exemplo, polímeros ou gomas absorventes, ou até mesmos materiais encapsulantes. Exemplos de tais materiais podem compreender materiais de formação de parede e plastificantes, tais como mono, di- ou polissacarídeos, amidos naturais ou modificados, hidrocoloides, derivados de celulose, acetatos de polivinila, álcoois polivinílicos, goma de xantana, goma arábica, goma de acácia ou ainda os materiais citados em textos de referência tais como H. Scherz, Hydrokolloid: Stabilisatoren, Dickungs- und Geliermittel in Lebensmitteln, Band 2 der Schriftenreihe Lebensmittelchemie, Lebensmittelqualität, Behr's VerlagGmbH & Co., Hamburg, 1996. A encapsulação é um processo bem conhecido por um elemento versado na técnica, e pode ser realizada, por exemplo, com o uso de técnicas como secagem por aspersão, aglomeração, extrusão, revestimento, plaqueamento, coacervação e similares.
[0116] A composição da invenção pode compreender pelo menos um adjuvante de aroma. Por “adjuvante de aroma”, é dito aqui um ingrediente com capacidade de conferir benefícios adicionados adicionais tais como uma cor (por exemplo. caramelo), estabilidade química, e assim por diante. Uma descrição detalhada da natureza e tipo de adjuvante comumente usado em composições aromatizantes não pode ser exaustiva. Todavia, tais adjuvantes são conhecidos a um elemento versado na técnica que poderá selecionar os mesmos com base em seu conhecimento genérico e de acordo com o uso destinado ou aplicação. Pode-se citar como exemplos específicos não limitadores o seguinte: agentes de viscosidade (por exemplo, emulsificante, agentes espessantes, modificadores de gelificação e/ou reologia, por exemplo, pectina ou goma de ágar), agentes estabilizantes (por exemplo, antioxidante, calor/luz e ou agentes de tampões, por exemplo, ácido cítrico), agentes de coloração (por exemplo, natural ou sintético ou extrato natural que passa color), conservantes (por exemplo, agentes antiantibacterianos, antimicrobianos ou antifúgicos, por exemplo, ácido benzoico), vitaminas e misturas dos mesmos.
[0117] A composição da invenção pode compreender pelo menos um adjuvante perfumante. Por "adjuvante perfumante" entende-se aqui um ingrediente capaz de transmitir benefício adicionado adicional, tal como uma cor, uma resistência à luz particular, estabilidade química etc. Uma descrição detalhada da natureza e tipo de adjuvante usado comumente em composições perfumantes não pode ser exaustiva, mas tem que ser mencionado que os ditos ingredientes são bem conhecidos para uma pessoa versada na técnica. Pode-se citar como exemplos não limitantes específicos o seguinte: agentes de viscosidade (por exemplo, tensoativos, espessantes, modificadores gelificantes e/ou de reologia), agentes estabilizadores (por exemplo, conservantes, antioxidante, agentes de calor/luz e ou tampões ou quelantes, tal como BHT), agentes de coloração (por exemplo, corantes e/ou pigmentos), conservantes (por exemplo, agentes antibacterianos ou antimicrobianos ou antifúngicos ou antiirritantes), abrasivos, agentes de resfriamento de pele, fixadores, repelentes de inseto, pomadas, vitaminas e misturas dos mesmos.
[0118] De acordo com qualquer uma das modalidades acima, a composição da invenção pode compreender adoçantes. Exemplos não limitadores de adoçantes adequados incluem adoçantes comuns de sacarídeos, por exemplo, sacarose, frutose (por exemplo, D-frutose), glicose (por exemplo, D-glicose); composições de adoçante que compreendem açúcares naturais, tais como estévia (todos os tipos e graus), xarope de milho (incluindo xarope de milho com alto teor de frutose) ou outros concentrados de xaropes ou adoçante derivados de fruta natural e fontes vegetais; adoçantes de "álcool de açúcar" semissintético, tais como eritritol, isomalte, lactitol, manitol, sorbitol, xilitol, maltodextrina, glicerol, treitol, arabitol, ribitol e dulcitol; adoçantes artificiais, tais como miraculina, aspartame, superaspartame, sacarina, sal de sódio de sacarina, acessulfame-K, ciclamato, ciclamato de sódio e alitame; outros adoçantes, tais como trealose, melizitose, melibiose, rafinose, palatinose, lactulose, ácido ciclâmico, mogrosídeo, tagatose (por exemplo, D-tagatose), maltose, galactose (por exemplo, D-galactose), L-ramnose, D-sorbose, maunose (por exemplo, Dmaunose), lactose, L-arabinose,D-ribose, D-gliceraldeído, curculina, brazeína, mogrosídeo, neoesperidina di-hidrocalcona (NHDC), neotame e outros derivados de aspartame, D-triptofano, D-Ieucina, D-treonina, glicina, D-asparagina, D-fenilalanina, L-prolina, maltitol, xarope de glicose hidrogenada (HGS), magape, sucralose, lugduname, sucononato, sucro-octato, monatina, filodulcina, hidrolisado de amido hidrogenado (HSH), esteviosídeo, rebaudiosídeo A, rebaudiosídeo D, rebadiosídeo M e outros glicosídeos à base de Estévia doce, lo han guo, taumatina, monelina, carrelamina e outros adoçantes à base de guanidina.
[0119] De acordo com qualquer uma das modalidades acima, a composição da invenção pode compreender adicionalmente pelo menos um agente de resfriamento. Exemplos não limitadores de agente de resfriamento adequado inclui WS-23 (2-Isopropil-N,2,3-trimetilbutiramida), FEMA 3804; WS-3 (N-Etil-pmentano-3-carboxamida), FEMA 3455; WS-5 [3-(p-mentano-3- carboxamido)acetato de Etila] , FEMA 4309; WS-12 (1R,2S,5R)-N-(4- Metoxifenil)-p-mentanocarboxamida, FEMA 4681; WS-27 (N-Etil-2,2- diisopropilbutanamida), FEMA 4557; N-Ciclopropil-5-metil-2- isopropilciclohexanocarboxamida, FEMA 4693, WS-116 (N-(1,1-Dimetil-2- hidroxietil)-2,2-dietilbutanamida), N-(1,1-Dimetil-2-hidroxietil)2,2- dietilbutanamida, FEMA 4603, Mentoxietanol, FEMA 4154, N-(4-cianometilfenil)- p-mentanocarboxamida, FEMA 4496; N-(2-(Piridin-2-il)etil)-3-pmentanocaboxamida, FEMA 4549; N-(2-Hidroxietil)-2-isopropil-2,3- dimetilbutanamida, FEMA 4602 e (também N-(4-(carbamoilmetil)fenil)- menthilcarboxamida, FEMA 4684; (1R,2S,5R)-N-(4-Metoxifenil)-pmentanocarboxamida (WS-12), FEMA 4681; (2S,5R)-N-[4-(2-Amino-2- oxoetil)fenil] -pmentanocarboxamida, FEMA 4684; e N-Ciclopropil-5-metil-2- isopropilciclohexanecarbonecarboxamida, FEMA 4693; 2-[(2-pMentoxi)etoxi] etanol, FEMA 4718; (2,6-Dietil-5-isopropil-2-metiltetrahidropiran, FEMA 4680);trans-4-tercButilciclohexanol, FEMA 4724; 2-(p-toliloxi)-N-(1Hpirazol-5-il)-N-((tiofen-2-il)metil)acetamida, FEMA 4809; cetal de glicerol de mentona, FEMA 3807; cetal de glicerila de mentona (FEMA GRAS 3808); (-)- Mentoxipropano-1,2-diol; 3-(l-Mentoxi)-2-metilpropano-1,2-diol, FEMA 3849; Isopulegol; (+)-cis & (-)-trans p-Mentano-3,8-diol, Razão ~ 62:38, FEMA 4053; 2,3-dihidroxi-p-mentano; 3,3,5-cetal de glicerol de trimetilciclohexanona; carboxilato de pirrolidone de mentila; (1R,3R,4S)-3-mentil-3,6- dioxaheptanoato; metoxiacetato de (1R,2S,5R)-3-mentila; 3,6,9-trioxadecanoato de (1R,2S,5R)-3-mentila; 3.6,9-trioxadecanoato de (1R,2S,5R)-3-mentila; (2- hidroxietoxi)acetato de (1R,2S,5R)-3-mentila; 11-hidroxi-3,6,9- trioxaundecanoato de (1R,2S,5R)-mentila; Cubebol, FEMA 4497; N-(4- cianometilfenil) pmentanocarboxamida, FEMA 4496; 4-(dimetilamino)-4- oxobutanoato de 2-isopropil-5-metilciclohexila, p-mentanocarboxamida de FEMA 4230; N-(4-cianometilfenila), p-;mentanocarboxamida de FEMA 4496; N- (2-piridin-2-iletila), FEMA 4549, Lactato de mentila, FEMA 3748; 6-isopropil-3,9- dimetil-1,4-dioxaspiro[4.5] decan-2-ona, FEMA 4285; N-benzo[1,3] dioxol-5-il-3- p-mentanocarboxamida; N-(1-isopropil-1,2-dimetilpropil)-1,3-benzodioxol-5- carboxamida; N-(R)-2-oxotetrahidrofuran-3-i1-(1R,2S,5R)-p-mentano-3- carboxamida; mistura de 2,2,5,6,6-pentametil-2,3,6,6atetrahidropentalen3a(1H)-ol e 5-(2-hidroxi-2-metilpropil)-3,4,4-trimetilciclopent-2-en-1-ona; (1R,2S,5R)- 2-isopropil-5-metil-N-(2-(piridin-2-il)etil)ciclohexanecarboxamida, FEMA 4549; (2S,5R)- 2-isopropil-5-metil-N-(2-(piridin-4- il)etil)ciclohexanecarboxamida; p-mentanocarboxamida de N-(4-cyanometilfenil), FEMA 4496; (1S,2S,5R)-N-(4-(cianometil)fenil)-2-isopropil-5- metilciclohexanecarboxamida; derivados de 1/7-isopropil-4/5-metilbiciclo[2.2.2] oct-5-eno; 4-metoxi-N-fenil-N-[2-(piridin-2-il)etil] benzamida; 4- metoxi-N-fenil-N-[2- (piridin-2-il)etil] benzenesulfonamida; 4-cloro-N-fenil-N-[2-(piridin-2- il)etil] benzenosulfonamida; 4-ciano-N-fenil-N-[2-(piridin-2- il)etil] benzenosulfonamida; 4-((benzhidrilamino)metil)-2-metoxifenol; 4-((bis(4- metoxifenil)-metilamino)-metil)-2-metoxifenol; 4-((1,2-difeniletilamino)metil)-2- metoxifenol; 4- ((benzhydriloxi)metil)-2-metoxifenol, 4-((9Hfluoren-9- ilamino)metil)-2- metoxifenol; 4-((benzhidrilamino)metil)-2-etoxifenol; 1-(4- metoxifenil)-2-(1-metil-1H-benzo[d] imidazol-2-il)vinil4-metoxibenzoato; 2-(1- isopropil-6-metil-1H-benzo[d] imidazol-2-il)-1-(4-metoxifenil)vinil4- metoxibenzoate; (Z)-2-(1-isopropil-5-metil-1H-benzo[d] imidazol-2-i1)-1-(4- metoxi-fenil)vinil-4-metoxibenzoato; derivados de 3-alkil-p-metan-3-ol; derivados de fenchila, D-bornila, L-bornila, exonorbornila, 2-metilisobornila, 2-etilfenchila, 2-metilbornila, cis-pinan-2-ila, verbanila e isobornila; derivados de oxamato de mentila; ésteres de ácido 3-oxocarboxilico de mentila; amidas de N alfa- (Menthanecarbonil)aminoácido; carboxamida de p-mentano e análogos de WS23; (-)-(1R,2R,4S)-dihidroumbelulol; amidas de p-mentano alquiloxi; derivados de ciclohexano; derivados de butona; um mistura de 3-mentoxi-1-propanol e 1- mentoxi-2-propanol; 1-[2-hidroxifenil] -4-[2-nitrofenil-] -1,2,3,6- tetrahidropirimidina-2-ona; 4-metil-3-(1-pirrolidinil)-2[5H] -furanona; e combinações dos mesmos. Preferencialmente, o agente de resfriamento pode ser selecionado a partir do grupo que consiste em mentol, éter de mentol metila, acetal de glicerila de mentona (FEMA GRAS 3807), cetal de glicerila de mentona (FEMA GRAS 3808), lactato de mentila (FEMA GRAS 3748), acetato de mentila, carbonato de glicol de etileno de mentol (FEMA GRAS 3805), carbonato de glicol de mentol propileno (FEMA GRAS 3806), mentil-N-etiloxamato, succinato de monometila (FEMA GRAS 3810), glutamato de monomentila (FEMA GRAS 4006), menthoxi-1,2-propanediol (FEMA GRAS 3784), mentoxi-2-metil-1,2- propanediol (FEMA GRAS 3849), (1R,2S,5R)-N-(4- (cianometil)fenil)mentilcarboxamida (FEMA GRAS 4496), (1R,2S,5R)-N-(2- (piridin-2-il)etil)mentilcarboxamida (FEMA GRAS 4549), os ésteres de ácido carboxílico de mentano e amidas WS-3, WS-4, WS-5, WS-12, WS-14, WS-30 e misturas dos mesmos.
[0120] De acordo com qualquer uma das modalidades acima, a composição aromatizada pode compreender adicionalmente ingrediente que passa um aquecimento, formigamento, salivação, limpeza ou um efeito de intensificação de álcool, tal como extrato cápsico, extrato de especiaria (por exemplo, gengibre, maniguete, todos os tipos de pimentas incluindo Sichuan, piperina, capsaicina, extrato de jambu, spilanto.

Claims (20)

  1. AGENTE PERFUMANTE, AROMATIZANTE, SABORIZANTE E/OU FLAVORIZANTE caracterizado por ser baseado em uma quantidade aromaticamente eficaz de uma mistura de extratos e frações de extratos originários de frutos de baunilhas selvagens, domesticadas, hibridizadas e/ou geneticamente modificadas oriundas da biodiversidade da Mata Atlântica brasileira e biomas semelhantes ou adjacentes, com clima, microclima e/ou efeito Terroir semelhantes, contendo perfil metabolômico, moléculas e/ou proporção de substancias representativos do quimiotipo da região.
  2. AGENTE, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pela mistura de extratos conter preferencialmente uma quantidade de 0,1 a 99,9% de extrato de Vanilla bahiana, 0,1 a 99,9% de extrato de Vanilla cribbiana e 0,1 a 99,9% de extrato de Vanilla chamissonis.
  3. AGENTE, de acordo com a reivindicação 2, caracterizado pela mistura de extratos conter preferencialmente a presença do ácido 7-hidroxi-2-metil-4- oxo-4H-1-benzopirano-5-acético e/ou uma anotação molecular obtida através de LC-ESI(–)MS/MS, modo de ionização negativo, aduto [M-H] -, contendo os fragmentos moleculares de m/z 147,0442; 165,0554; 205,0364 e 233,0445, tendo a m/z 233,0432 como referente ao íon precursor, ou m/z similares de íons precursores e fragmentos, considerando o erro de + 0,05 Da.
  4. AGENTE, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pela mistura de extratos conter preferencialmente uma quantidade de 0,1 a 99,8% de extrato de Vanilla bahiana, 0,1 a 99,8% de extrato de Vanilla cribbiana e 0,1 a 99,8% de extrato de Vanilla chamissonis e 0,1 a 99,8% do extrato de outras orquídeas.
  5. AGENTE, de acordo com a reivindicação 3, caracterizado pelas outras orquideas ser preferencialmente a Vanilla planifolia.
  6. AGENTE, de acordo com as reivindicações 4 e 5, caracterizado por apresentarem ácido 10-desoxigeniposídico e/ou uma anotação molecular obtida através de LC-ESI(–)-MS/MS, modo de ionização negativo, aduto [MH] -, contendo os fragmentos moleculares de m/z 67,2193; 69,4184; 70,8549; 78,9176; 80,9154; 93,0340; 139,4668; 149,0599; 198,9329; 309,6381; 311,1108; 356,8289 e 357,1172, tendo a m/z 357,1197 como referente ao íon precursor, ou m/z similares de íons precursores e fragmentos, considerando o erro de + 0,05 Da, e/ou glicovanilina e/ou uma anotação molecular obtida através de LC-ESI(–)-MS/MS, modo de ionização negativo, aduto [M-H] -, contendo os fragmentos moleculares de m/z 151,0384 e 136,0161, tendo a m/z 313,0935 como referente ao íon precursor, ou m/z similares de íons precursores e fragmentos, considerando o erro de + 0,05 Da.
  7. AGENTE, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pela mistura de extratos conter preferencialmente uma quantidade, de 0,1 a 99,8% de extrato de Vanilla cribbiana e 0,1 a 99,8% de extrato de Vanilla chamissonis e 0,1 a 99,8 do extrato de outras orquídeas da mesma região, regiões adjacentes ou similares.
  8. AGENTE, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pela mistura de extratos conter preferencialmente uma quantidade de 0,1 a 99,7% de extrato de Vanilla bahiana, 0,1 a 99,7% de extrato de Vanilla chamissonis, de 0,1 a 99,7% de extrato de Vanilla cribbiana e 0,1 a 99,7 do extrato de outras orquideas da mesma região, regiões adjacentes ou similares e 0,1 a 99,7% do extrato de orquídeas comerciais.
  9. AGENTE, de acordo com todas as reivindicações 1 a 8, caracterizado por possuir um perfil metabolômico que apresente como componentes mais frequentes os seguintes compostos: vanilina, álcool vanílico (ou álcool vanilil), ácido vanílico, álcool p-hidroxibenzil, p-hidroxibenzaldeído, ácido p-hidroxibenzóico, álcool anisílico, anisaldeído, acetovanilona e o ácido anísico e/ou anotações moleculares obtidas através de LC-ESIMS/MS, nos modos de ionização negativo e/ou positivo, contendo todos ou parte dos valores de m/z de íons precursores e fragmentos moleculares, considerando o erro de + 0,05 Da, sendo, no modo de ionização negativo e aduto [M-H] -: m/z do íon precursor 151,0391 respectivo à vanilina com m/z de íons fragmentos 151,0384; 136,0161; m/z do íon precursor 153,0549 respectivo ao álcool vanílico com m/z de íons fragmentos 153,0546; 139,0382; 137,0236 123,0443; 121,0282; m/z do íon precursor 167,0341 respectivo ao ácido vanílico com m/z de íons fragmentos 167,0338; 149.0238; 123,0442; 121,0282; 93,0332; m/z do íon precursor 137,0235 respectivo ao ácido p-hidroxibenzóico com m/z de íons fragmentos 137,0236; 136,0161; e sendo no modo de ionização positivo e aduto [M+H] +: m/z do íon precursor 153,0546 respectivo à vanilina com m/z de íons fragmentos 153,0547; 125,0600; 111,0436; 93,0339; 65,0393; m/z do íon precursor 167,0703 respectivo à acetovanilona com m/z de íons fragmentos 167,0699; 125.0595; 111,0440; 110,0363.
  10. AGENTE, de acordo com todas as reivindicações 1 a 9, caracterizado por possuir o enriquecimento de sua composição com os seguintes compostos isolados ou em conjunto: vanilina, álcool vanílico (ou álcool vanilil), ácido vanílico, álcool p-hidroxibenzil, p-hidroxibenzaldeído, ácido phidroxibenzóico, álcool anisílico, anisaldeído, etil vanilina e/ou o ácido anísico ou anotações moleculares obtidas através de LC-ESI-MS/MS, nos modos de ionização negativo e/ou positivo, contendo todos ou parte dos valores de m/z de íons precursores e fragmentos moleculares, considerando o erro de + 0,05 Da, sendo, no modo de ionização negativo e aduto [M-H] -: m/z do íon precursor 151,0391 respectivo à vanilina com m/z de íons fragmentos 151,0384; 136,0161; m/z do íon precursor 153,0549 respectivo ao álcool vanílico com m/z de íons fragmentos 153,0546; 139,0382; 137,0236 123,0443; 121,0282; m/z do íon precursor 167,0341 respectivo ao ácido vanílico com m/z de íons fragmentos 167,0338; 149.0238; 123,0442; 121,0282; 93,0332; m/z do íon precursor 137,0235 respectivo ao ácido phidroxibenzóico com m/z de íons fragmentos 137,0236; 136,0161; e sendo no modo de ionização positivo e aduto [M+H] +: m/z do íon precursor 153,0546 respectivo à vanilina com m/z de íons fragmentos 153,0547; 125,0600; 111,0436; 93,0339; 65,0393; m/z do íon precursor 167,0703 respectivo à acetovanilona com m/z de íons fragmentos 167,0699; 125.0595; 111,0440; 110,0363.
  11. AGENTE, de acordo com todas as reivindicações 1 a 10, caracterizado por possuir um perfil metabolômico característico de Vanilla bahiana e/ou Vanilla chamissonis e/ou Vanilla cribbiana, apresentando como componentes as seguintes anotações moleculares, obtidas através de LC-ESI-MS/MS, nos modos de ionização negativo e/ou positivo, sendo estas respectivas à diversos metabólitos com potencial flavor dessas espécies, contendo todos ou parte dos valores de m/z de íons precursores e fragmentos moleculares, considerando o erro de + 0,05 Da, sendo, no modo de ionização negativo e aduto [M-H] -: m/z do íon precursor 289,0722, com m/z de íons fragmentos 289,0727; 259,0602; 137,0236; 136,0161; m/z do íon precursor 281,2491, com m/z de íons fragmentos 281,2505; 213,0154; 1449232; m/z do íon precursor 167,0341, com m/z de íons fragmentos 167,0338; 149,0238; 123,0442; 121,0282; 93,0332; m/z do íon precursor 253,0928, com m/z de íons fragmentos 253,0936; 161,0441; 119,0341; 113,0237; 101,0230; 89,0225; 71,0124; 59,0125; m/z do íon precursor 461,1032, com m/z de íons fragmentos 461,1078; 415,0974; 371,1084; 367,0737; 294,0342; m/z do íon precursor 121,0295, com m/z de íons fragmentos 121,0309; 108,0229; 93,0353; m/z do íon precursor 137,0244, com m/z de íons fragmentos 138,0286; 137,0252; 136,0174; m/z do íon precursor 163,0400, com m/z de íons fragmentos 162,8408; 123,9477; 118,9942; 103,9213; m/z do íon precursor 165,0548, com m/z de íons fragmentos 165,0554; 147,0442; 135,0436; m/z do íon precursor 175,0602, com m/z de íons fragmentos 175,0610; 157,0496; 146,9597; 115,0386; 85,0644; m/z do íon precursor 259,0981, com m/z de íons fragmentos 259,0966; 181,0489; 137,0602; 121,0283; m/z do íon precursor 325,0927, com m/z de íons fragmentos 325,0957; 265,0717; 187,0240; 143,0343; 125,0237; 99,0436; m/z do íon precursor 343,083, com m/z de íons fragmentos 179,0353; 177,0192; 165,0555; 135,0437; 133,0290; m/z do íon precursor 345,1352, com m/z de íons fragmentos 345,1325; 299,1294; 283,0980; 251,1068; m/z do íon precursor 357,1197, com m/z de íons fragmentos 357,1172; 311,1108; 149,0599; m/z do íon precursor 469,136, com m/z de íons fragmentos 299,1148; 125,0236; m/z do íon precursor 507,1724, com m/z de íons fragmentos 461,1653; 299,1146; 161,0440; m/z do íon precursor 547,1685, com m/z de íons fragmentos 503,1761; 461,1653; 299,1141; 161,0437; 101,0228; 71,0125; 59,0126; e/ou sendo, no modo de ionização positivo e aduto [M+NH4] +: m/z do íon precursor 318,154, com m/z de íons fragmentos 318,1582; 180,0857; 121,0652; m/z do íon precursor 404,1546, com m/z de íons fragmentos 217,0156; 121,0654; m/z do íon precursor 430,1707, com m/z de íons fragmentos 385,1282; 121,0652; 113,0592; 78,0467; e/ou sendo, no modo de ionização positivo e aduto [M+Na] +: m/z do íon precursor 323,11, com m/z de íons fragmentos 323,1075; 121,0561; e/ou sendo, no modo de ionização positivo e aduto [M+H-H2O] +: m/z do íon precursor 121,0648, com m/z de íons fragmentos 106,0411; 91,0541; e/ou sendo, no modo de ionização positivo e aduto [M+H] +: m/z do íon precursor 121,0649, com m/z de íons fragmentos 91,0541; 78.0468; m/z do íon precursor 133,0649, com m/z de íons fragmentos 105,0702; 103,0548; m/z do íon precursor 151,0752, com m/z de íons fragmentos 135,0443; 118,0344; 107,0497; m/z do íon precursor 153,0546, com m/z de íons fragmentos 153,0555; 125,0605; 111,0449; 93,0344; 65,0396; m/z do íon precursor 167,0714, com m/z de íons fragmentos 167,0717; 144,9664; 120,9814; 102,9714; m/z do íon precursor 169,0495, com m/z de íons fragmentos 169,0507; 151,0402; 146,9625; 128,9518; 125,0608; 111,0452; m/z do íon precursor 175,1188, com m/z de íons fragmentos 158,0924; 130,0974; 116,0708; 112,0760; 70,0656; 60,0563; m/z do íon precursor 337,1072, com m/z de íons fragmentos 337,1073; 243,0639; 201,0534 147,0438; 141,0175; 133,0646; e/ou sendo, no modo de ionização positivo e aduto [M+CH3OH+H] +: m/z do íon precursor 156,0764, com m/z de íons fragmentos 110,0711; 93,0447; 83,0606.
  12. COMPOSIÇÃO PERFUMANTE, AROMATIZANTE, SABORIZANTE E/OU FLAVORIZANTE caracterizado por conter como elemento principal o extrato de Vanilla bahiana, o extrato de Vanilla chamissonis, o extrato de Vanilla cribbiana e/ou os agentes flavorizantes definidos nas reivindicações 1 a 10, isolados ou em conjunto, adicionados a uma quantidade eficaz de um ou mais coingriedientes, intensificadores de baunilha, carreadores de aroma ou perfumaria líquidos ou sólidos, solventes perfumante, adjuvante de aroma, adjuvante perfumante, adoçante e/ou uma quantidade eficaz de elementos que funcionem como: veículos, aditivos, espessantes, conservantes, espumantes ou antiespumantes aceitos na alimentação humana, farmaceuticamente ou cosmeticamente aceitáveis.
  13. .COMPOSIÇÃO, de acordo com a reivindicação 11, caracterizada por possuir como elemento principal o extrato ou frações de extrato de V. bahiana puro.
  14. COMPOSIÇÃO, de acordo com a reivindicação 11, caracterizada por possuir como elemento principal o extrato ou fração de extrato de V. chamissonis puro.
  15. COMPOSIÇÃO, de acordo com a reivindicação 11, caracterizada por possuir como elemento principal o extrato ou fração de extrato de V. cribbiana puro.
  16. COMPOSIÇÃO, de acordo com a reivindicação 11, caracterizada por possuir como elemento principal qualquer um dos agentes definidos nas reivindicações 1 a 10.
  17. PROCESSO DE PRODUÇÃO DO AGENTE OU COMPOSIÇÃO PERFUMANTE, AROMATIZANTE, SABORIZANTE E/OU FLAVORIZANTE caracterizado por possuir as seguintes etapas: a. polinização das flores; b. coleta dos frutos (ou cápsulas, vagens, pods, beans, grãos de baunilha); c. cura ou não dos frutos, processamento ou não dos frutos, trituração, fatiamento, esmagamento ou não dos frutos; d. preparação de extratos com solventes (metanol, etanol, água, glicerina, isopropanol, entre outros) por infusão e/ou maceração e/ou percolação e/ou destilação e/ou decocção e/ou digestão e/ou por fluido supercrítico e/ou por contracorrente e/ou assistida por microondas e/ou assistida por ultrasonicação ou outras técnicas, podendo ser à frio ou à quente; e. Filtragem dos extratos ou não (separação de resíduos do líquido) ou clarificação por subsidência ou não; f. Obtenção opcional de extratos secos em pó, misturados com açúcar, e/ou amido ou outras substâncias; g. Obtenção opcional de extratos líquidos com baixa ou alta viscosidade, como por exemplo, extratos em álcool (etanol), em isopropanol e/ou glicerina e/ou açúcar e/ou espessantes e/ou xarope de milho e/ou dextrose e/ou propilenoglicol e/ou outros solventes contendo ou não água; h. Obtenção opcional de essência de baunilha, sendo um extrato mais concentrado por destilação à vácuo ou outras técnicas de redução de volume do extrato.
  18. USO DE AGENTE PERFUMANTE, AROMATIZANTE, SABORIZANTE E/OU FLAVORIZANTE, caracterizado por ser utilizado os agentes definidos nas reivindicações 1 a 10 ou as composições definidas nas reivindicações 11 a 15 para a fabricação de produtos aromatizantes, flavorizantes e com propriedades biológicas e físico-químicas de interesse para fabricação de produtos, composições e formulações cosméticas, farmacêuticas, alimentícias, aromáticas, cosmecêuticas, dermocosméticas, nutracêuticas, artigos têxteis, de madeira, plástico, entre outros usos de flavorizantes a base de orquídeas, aditivos, adjuvantes, veículos, espessantes, conservantes, espumantes ou antiespumantes aceitáveis na indústria alimentícia, farmacêutica, cosmética e de perfumes
  19. USO, de acordo com a reivindicação 17, caracterizado pelos produtos, composições e formulações fabricados serem preferivelmente compostos, extratos e frações de plantas medicinais, de compostos bioativos, de adjuvantes farmaceuticamente aceitáveis, de ingredientes farmaceuticamente ativos, adoçantes, preservantes, conservantes, essências, perfumarias, produtos antioxidantes, anti-inflamatórios, antidiabéticos, anti-cancerígenos, entre outros usos medicinais.
  20. USO, de acordo com as reivindicações 18 e 19, caracterizado pelos produtos, composições e formulações fabricados serem preferivelmente voltados a agentes saborizantes, aromatizantes de baunilha natural, concentrado de baunilha, Vanilla concrete bagaço de baunilha, xarope de baunilha, pasta de baunilha, oleoresina de baunilha, Vanilla Absolute, extrato de baunilha-vanilina, pó de baunilha e/ou pó de bagaço de baunilha.
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