BR102020025459A2

BR102020025459A2 - Lençol de borracha incorporado de nanopartículas antimicrobianas

Info

Publication number: BR102020025459A2
Application number: BR102020025459-6A
Authority: BR
Inventors: Andréa Braga Brasil; Victor Pinheiro Feitosa; Paula Ventura Da Silveira
Original assignee: Centro Avançado De Ortodontia Paulo Picanço S/S Ltda
Priority date: 2020-12-12
Filing date: 2020-12-12
Publication date: 2022-06-28

Abstract

LENÇOL DE BORRACHA INCORPORADO DE NANOPARTÍCULAS ANTIMICROBIANAS. A presente invenção refere-se ao desenvolvimento de um lençol de borracha, contendo látex ou não, que tem incorporado na sua estrutura nanopartículas antimicrobianas, por exemplo nanopartículas de prata. Traumatismos dentários e cáries extensas requerem muitas vezes um tratamento complexo, que inclui um tempo cirúrgico e o procedimento restaurador na mesma sessão. Para que a restauração do dente seja realizada sem contaminação de sangue e de saliva, é necessário o isolamento absoluto da região, o que faz com que o lençol de borracha fique em contato com o tecido gengival e o ósseo expostos por um período longo. Um lençol de borracha com nanopartículas antimicrobianas reduziria bastante o risco de infecção pós operatória. O lençol com nanopartículas antimicrobianas também teria indicação precípua na realização da restauração dentária poucos dias após a execução da cirurgia de aumento de coroa clínica, pois a cicatrização dos tecidos não está completa. Outra indicação importantíssima é em pacientes imunossuprimidos, pois os mecanismos normais de defesa contra infecção estão comprometidos nestes pacientes.

Description

LENÇOL DE BORRACHA INCORPORADO DE NANOPARTÍCULAS ANTIMICROBIANAS

Campo da Invenção

[001] Refere-se o presente pedido de patente de um lençol de borracha contendo látex ou não na sua composição, ter dimensões variadas e apresentar como principal característica, nanopartículas antimicrobianas incorporadas em sua estrutura, por exemplo nanopartículas de prata (figura 2), para uso em procedimentos nos quais tem-se um risco aumentado de infecção, por exemplo em restaurações transcirúrgicas, em procedimentos com pacientes imunossuprimidos e em restaurações de dentes que sofreram cirurgias de aumento de coroa.

Fundamentos da Invenção

[002] Mesmo no século XXl o Brasil ainda enfrenta problemas relacionados à distribuição de renda, e isso reflete na saúde oral da população, gerando a necessidade de tratamentos mais extensos: restaurações, tratamento endodônticos e extrações. Apesar do índice de cárie estar sendo reduzido a cada ano, a necessidade desses procedimentos ainda é alta, e devido a algumas situações estes acabam fracassando, sendo obrigatório repetir o procedimento. Uma das principais causas dessas falhas está relacionada à contaminação por saliva e/ ou microorganismos presentes na cavidade oral durante o procedimento restaurador.

[003] Em dentes que apresentam grande comprometimento, cáries e traumas extensos em regiões subgengivais ou radicular, as restaurações transcirúrgicas apresentam-se como procedimentos alternativos para possibilitar a restauração de dentes em situações desfavoráveis, para permitirem a realização de um procedimento restaurador adesivo adequado. Quando essas restaurações são realizadas em ambiente seco e isolado, a tendência é que ocorra melhor polimerização do adesivo e da resina composta, gerando maior durabilidade a esses tratamentos.

[004] Traumatismos dentoalveolares e cáries podem estender-se ao nível sub sulcular gerando dificuldades restauradoras tanto no que diz respeito à visualização das margens bem como na viabilidade de isolamento absoluto do campo operatório. No intuito de restabelecer o espaço biológico é necessária a realização de cirurgia para o aumento da coroa clínica associada à plastia de tecido ósseo e/ou gengival.

[005] A contaminação com a saliva é um grande problema clínico em procedimentos restauradores, pois consiste em grande quantidade de água inserida entre o dente e material restaurador, assim como entre os incrementos de resina composta. Jacobsen et al. indicaram que a água interfere no processo de polimerização do sistema adesivo. Além disso, a contaminação da superfície por sangue também pode inibir a união com a estrutura dentária. Devido a isso, é sugerido o uso de métodos para controlar essa contaminação por saliva e/ou sangue durante o procedimento restaurador, sendo o Isolamento Absoluto o método mais eficaz (benevides, a. a. a.; venâncio, a. e. F.; FEITOSA, V. P.. A influência do isolamento absoluto no sucesso de restaurações diretas e tratamento endodôntico: uma revisão de literatura. Rev. Odontol. de Araçatuba (Impr.), v. 40, n. 1, p. 35-40, 2019.).

[006] Sendo as restaurações transcirúrgicas um procedimento com um tempo estendido, e pela própria definição, tem um momento cirúrgico, com exposição de tecido mole e ósseo seguido de um tempo restaurador em que esses tecidos ficam expostos, por um tempo adicional, em contato direto com o lençol de borracha do isolamento absoluto, que não é estéril e não possui propriedades ou composição antimicrobiana e/ou anti-inflamatória, fica o questionamento sobre o potencial benefício gerado por esse procedimento/material na cicatrização e pós-operatório. Visando a uma melhoria na assepsia, manejo do tecido ósseo e desinfecção que o isolamento absoluto proporciona, além das já conhecidas vantagens em relação à restauração, um lençol de borracha inovador contendo nanopartículas antimicrobianas facilitaria as restaurações transcirúrgicas em um aspecto global, tanto do ponto de vista restaurador como periodontal.

[007] Como já mencionado anteriormente, são passos da restauração transcirúrgica a genvivectomia e/ou gengivoplastia e na maioria dos casos temos osteotomia e/ou osteoplastia. Esses procedimentos são ressectivos e como tal são realizados mínima e controladamente. Quando ocorre uma infecção no pós-operatório, ela destrói esses tecidos, gengiva e/ou osso, sem padrão, indiscriminadamente. Nesse contexto teremos perda de tecidos que muitas vezes não poderão ser recompostos, o que pode levar a problemas estéticos bem desagradáveis, de suporte dentário, de exposição de raízes e furcas levando a maior dificuldade em higienizar, entre outros problemas. Vale ressaltar que uma porcentagem dos pacientes que necessitam desses procedimentos, já tem comorbidades e o ideal seria que tomassem o mínimo de medicamentos além dos que já são receitados para tais comorbidades.

[008] Diante do exposto temos a convicção de que um lençol de borracha acrescido de partículas antimicrobianas, por exemplo nanopartículas de prata, seria extremamente relevante para o sucesso das restaurações transcirúrgicas e para a saúde dos pacientes. (TANG, Shaoheng; ZHENG, Jie. Antibacterial activity of silver nanoparticles: structural effects. Advanced healthcare materials, v. 7, n. 13, p. 1701503, 2018.).
Descrição das Figuras
Figura 1 - Imagem de microscopia eletrônica de varredura do lençol de borracha incorporado com nanopartículas antimicrobianas de prata (Ag).
Figura 2 - Imagem de espectroscopia de energia dispersiva de raio-x do mesmo campo observado na imagem 1, mostrando a distribuição homogênea e as pequenas nanopartículas de prata (pontos rosas) na superfície do lençol (preto).

Descrição da Invenção

[009] Refere-se o presente pedido de patente de um lençol de borracha contendo nanopartículas antimicrobianas, com dimensões variadas, de preferência quadricular com comprimento variando entre 50 mm e 250 mm, preferencialmente entre 100 mm e 150 mm, e espessura que varia de 0,05 mm a 0,70 mm, preferencialmente entre 0,15 mm e 0,25 mm, nas mais diversas cores, contendo látex ou não. Essas nanopartículas antimicrobianas podem ser incorporadas à estrutura do lençol de diversas formas, umas delas é através do aquecimento deste lençol de borracha, tendo o referido lençol sido umedecido, por exemplo com uma suspensão de AgNPs em água destilada. Com o aquecimento, a parte aquosa da suspensão evapora e as AgNPs ficam incorporadas ao lençol de borracha parcialmente aquecido, conforme figura 2.

[0010] Atualmente no mercado temos uma diversidade de lençóis de borracha para uso odontológico, os quais têm variações quanto a medidas, espessura, formato, largura e cor, mas todos têm em comum o fato de não serem estéreis. Este lençol ora apresentado tem nanopartículas antimicrobianas em sua estrutura em uma concentração que pode variar de 0,0001% a 85% (figura 1), o que o torna ideal para uso em procedimentos durante ou após cirurgia periodontal e em pacientes imunossuprimidos.

[0011] O uso de um lençol de borracha comum, que não tem nanopartículas antimicrobianas, é muito preocupante quando utilizado em procedimentos nos quais temos tecidos moles, por exemplo gengiva, e/ou osso expostos e em contato com o lençol de borracha utilizado para isolar o dente para um procedimento restaurador ou para a realização de tratamento endodôntico. Durante esses procedimentos complexos, nos quais temos um tempo cirúrgico para que se possa realizar uma restauração ou o tratamento endodôntico, os tecidos ficam em contato direto com o lençol e caso este lençol esteja contaminado com alguma bactéria, está poderá causar uma infecção na gengiva, no osso ou até mesmo penetrar na corrente sanguínea por algum dos vasos sanguíneos da região e se instalar em outras áreas do corpo do paciente, causando uma infecção.

[0012] A importância de um lençol de borracha com nanopartículas antimicrobiana também é evidente nos casos de isolamento absoluto para tratamento restaurador ou endodôntico nos dentes em que foram realizados cirurgia de aumento de coroa clínica para possibilitar esse tratamentos, pois o tecido gengival e/ou ósseo ainda estão em processo de cicatrização. Outra indicação bastante relevante é o uso em pacientes imunossuprimidos, pois o risco de infecções nesses pacientes é sempre aumentado.

Claims

Lençol de borracha caracterizado por conter látex ou não e apresentar nanopartículas antimicrobianas incorporadas em sua estrutura.
Lençol de borracha caracterizado pelo fato de as nanopartículas antimicrobianas poderem ser incorporadas à estrutura do lençol de diversas formas, umas delas é através do aquecimento deste lençol de borracha, tendo o referido lençol sido umedecido, por exemplo com uma suspensão de AgNPs (figura 2) em água destilada.
Lençol de borracha, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por ter dimensões variadas, de preferência em formato quadricular com comprimento variando entre 50 mm a 250 mm, preferencialmente entre 100 mm e 150 mm, e espessura que varia de 0,05 mm a 0,70 mm, preferencialmente entre 0,15 mm a 0,25 mm, nas mais diversas cores.
Lençol de borracha, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por conter nanopartículas antimicrobianas em uma concentração que varia de 0,0001% a 85%, incorporadas a esse lençol de borracha (figura 1).