BR102018077100A2 - composição e uso de compósitos de própolis-quitosana como aditivo em adesivos de próteses dentárias mucossuportadas - Google Patents

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Théo Fortes Silveira Cavalcanti
Adriana Santos Ribeiro
Carmem Lúcia De Paiva E Silva Zanta
Ticiano Gomes Do Nascimento
Marcos Aurelio Bomfim Da Silva
Cenira Monteiro De Carvalho
Valter Alvino Da Silva
José Marcos Dos Santos Oliveira
Isabel Cristina Celerino De Moraes Porto
Dávida Maria Ribeiro Cardoso Dos Santos
Tatiane Luciano Balliano
Jorge Alberto Gonçalves
Regianne Umeko Kamiya
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Abstract

Esta invenção refere-se ao uso de própolis, a partir de compósitos microparticulados ou microencapsulados em quitosana, como aditivo em pós adesivos de próteses dentárias mucossuportadas, permitindo a agregação das propriedades bactericidas, anti-inflamatórias, antifúngicas, cicatrizantes e antioxidantes da própolis ao adesivo de uso diário para fixação das próteses ou dentaduras. Além da própolis ordinária, uso específico de Própolis Vermelha de Alagoas pode agregar ainda mais propriedades benéficas ao adesivo, face suas propriedades bactericida, fungicida, anti-inflamatório e cicatrizante. As propriedades adesivas dos pós modificados com compósitos são mantidas ou melhoradas em relação aos adesivos não aditivados.

Description

COMPOSIÇÃO E USO DE COMPÓSITOS DE PRÓPOLIS-QUITOSANA COMO ADITIVO EM ADESIVOS DE PRÓTESES DENTÁRIAS MUCOSSUPORTADAS
[001] Esta invenção refere-se ao uso de própolis, a partir de compósitos microparticulados ou microencapsulados em quitosana, como aditivo em pós adesivos de próteses dentárias mucossuportadas, permitindo a agregação das propriedades bactericidas, anti-inflamatórias, antifúngicas, cicatrizantes e antioxidantes da própolis ao adesivo de uso diário para fixação das próteses ou dentaduras.
PROBLEMA QUE A INVENÇÃO SE PROPOE A RESOLVER
[002] O uso continuado de próteses mucossuportadas acarreta elevada propensão à estomatites protéticas que, por sua vez, são causadas por filmes bacterianos e fúngicos formados sobre as peças. O uso de aditivos derivados de própolis, particularmente microencapsulados em quitosana, permite agregar propriedades antifúngicas, bactericidas, cicatrizantes, anti-inflamatórias, entre outras, além de garantir a manutenção das propriedades de adesividade dos fixadores de próteses regularmente utilizados, agindo de forma preventiva e curativa de estomatites protéticas. Os derivados de própolis em forma de microencapsulados permitem a manutenção das propriedades biológicas da própolis, favorecem as misturas com os pós fixadores e são ambientalmente amigáveis quanto à composição química, já que são produtos naturais.
CAMPO DE ATUAÇÃO
[003] Esta invenção refere-se ao uso de compósito microparticulado ou microencapsulado de própolis como aditivo do pó adesivo fixador de prótese dental mucossuportada. Do ponto de vista da classificação IPC, devem ser consideradas as seguintes classificações:
[004] A61K 6/00 - Preparações para odontologia (preparações para limpeza de dentes A61K 8/00, A61Q 11/00; fixação das próteses dentárias na boca usando folhas adesivas ou composições adesivas A61C 13/23) [2006.01]
[005] A61C 13/00 Próteses dentárias; Métodos para fabricá-las
[006] C09J 123/00 - Adesivos à base de homopolímeros ou copolímeros de hidrocarbonetos alifáticos insaturados que não tem mais de uma ligação dupla carbono-carbono; Adesivos à base de derivados de tais polímeros [2006.01]
[007] A61K 35/00 - Medicinal preparations containing materials or reaction products thereof with undetermined constituition
ESTADO DA TÉCNICA
[008] Aqui apresentamos a concatenação lógica entre o problema de saúde pública do edentulismo, a necessidade de uso de próteses mucossuportadas por um significativo percentual da população, os problemas colaterais do uso de próteses face à formação de biofilmes fúngicos e bacterianos e a consequência indução de estomatites protéticas. De outro lado, são apresentadas as composições usuais dos adesivos para as próteses. A própolis é aqui apresentada como agente antifúngico, bactericida, dentre outras propriedades biológicas. Em particular, cita-se o caso da Própolis Vermelha de Alagoas, variedade de própolis com elevado valor comercial e propriedades biológicas ímpares, ao ponto de ter sido reconhecida com Registro de Indicação Geográfica. Por fim, cita-se os possíveis produtos que podem ser elaborados a partir de própolis que podem ser usados como aditivos às composições de pós adesivos, melhorando substancialmente suas propriedades.
[009] O edentulismo - perda total ou parcial dos elementos dentais - é um dos maiores agravos à saúde bucal. É um problema de saúde, decorrente de política de saúde bucal deficitária, segundo a Organização Mundial de Saúde, que afeta a saúde geral, bem como a qualidade de vida. (MOREIRA RS, NICO LS, BARROZO LV, PEREIRA JC. Tooth loss in Brazilian middle-aged adults: multilevel ef- fects. Acta Odontol Scand.; 68(5):269-77, 2010). Seus impactos podem ser expressos pela diminuição das capacidades funcionais de mastigação e fonação, bem como por prejuízos de ordem nutricional, estética e psicológica, com reduções da autoestima e integração social (MUSACCHIO E, PERISSINOTTO E, BINOTTO P, SARTORI L, SILVA-NETTO F, ZAMBON S, et al. Tooth loss in the elderly and its association with nutritional status, socioeconomic and lifestyle factors. Acta Odontol Scand.; 65:78-86, 2007), reduzindo a qualidade de vida dos afetados (DOLAN TA. et al., Risk indicators of edentulism, partial tooth loss and prosthetic status among black and white middleaged and older adults. Community Dent Oral Epidemiol.; 29:329-40, 2001). O Brasil ainda é um país com elevados índices de edentados, segundo o levantamento da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, Ministério da Saúde do Brasil, realizada em 2010, revelaram que 7 milhões de brasileiros na faixa de 60 e 74 anos precisavam de próteses totais (MS, Pesquisa Nacional de Saúde Bucal. Odontologia para a terceira idade. Jornal do CFO 2011).
[010] O indivíduo edêntulo procura fazer reabilitação por meio de peças protéticas. O principal objetivo da reabilitação é melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, que piora muito na condição de desdentado. Os pacientes buscam tratamento para restaurar a função oral e estética, para que possam comer e falar com mais facilidade e sentir-se melhor. (AWAD MA, FEINE JS. Measure patient satisfaction with mandibular prosthesis. Community Dental Oral Epdi.; 26:400-405, 1998).
[011] As próteses dentárias reestabelecem função e estética, no entanto, por mecanismos interativos podem interferir ou colaborar para a evidenciação clínica ou subclínica de processos patológicos resultantes da associação prótese-microrganismos. As peças protéticas, confeccionadas com resinas acrílicas, principalmente, são sítios favoráveis, devido às suas porosidades, à colonização de microrganismos. Traumatismos ocasionados pela peça mal adaptadas, má higiene, dimensões verticais inadequadas certamente representam em fatores que levam os pesquisadores a associarem a presença da peça protética a processos patológicos na cavidade bucal, e, em especial, nos tecidos moles. A presença de prótese é o fator local iniciante para a doença, pois a superfície interna da resina apresenta irregularidades e micro porosidades que facilitam a colonização de bactérias e fungos. Estes microrganismos formam na superfície da prótese um biofilme semelhante ao biofilme dental, tanto na sua composição, quanto no seu processo de colonização. Estes, associado à uma oclusão não balanceada, podem causar traumas na mucosa palatina, que reduzem a resistência do tecido a infecção e aumentam a permeabilidade do epitélio às toxinas produzidas pelos microrganismos (DAVENPORT JC. et al., Color atlas of removable partial dentures. London: Mosby-Wolfe, 199p. 1994).
[012] A resina acrílica apresenta carga positiva e alta energia de superfície, isso faz com que glicoproteínas salivares, com cargas negativas, sejam rapidamente atraídas formando uma estrutura semelhante à película adquirida dental, com forte adesão química à resina. A próxima etapa é a colonização de bactérias pioneiras que também tem cargas negativas e se aproximam da película adquirida por meio de forças fracas, da ordem de Van der Waalls, e se unem a ela por meio de adesinas e pontes de hidrogênio (JORGE AOC, KOGA-ITO CY, GONÇALVES CR, FANTINATO V, UNTERKIRCHER CS., Presença de levedura do gênero Candida na saliva de paciente de diferentes fatores predisponentes e de indivíduos controle. Rev. Odontológica USP.; 11(4): 279-285, 1997). Além desta ligação química, ocorre a adesão mecânica favorecida pelas irregularidades e porosidades da resina. A depender das condições da superfície e da composição do filme, pode haver uma adesão mais intensa, ao ponto de dificultar a remoção mecânica por escovação. As adesinas são moléculas encontradas nas bactérias que reconhecem receptores específicos na película adquirida, ou nas células epiteliais das mucosas. A última etapa é o desenvolvimento do biofilme, que se dá pela união dos microrganismos entre si, por meio de polissacarídeos extracelulares (PEC). Estudos (VERRAN J, MOTTERAM KL. The effect of adherent oral streptococci on the subsequent adherence of Candida albicans to acrylic in vitro. J Dent.; 15(2):73-6, 1987) e (VASILAS A. et al., The influence of morphological variation on Candida albicans adhesion to denture acrylic in vitro. Arch Oral Biol.; 37:613-22, 1992) comprovaram haver também, interação entre bactérias e fungos observando um aumento da aderência de Candida albicans na presença de alguns tipos de estreptococos. A adesão destes microrganismos à resina acrílica também é favorecida pela ingestão de açúcares, mostrando a sua semelhança com biofilme dental. Enzimas das bactérias quebram a sacarose e sintetizam os PEC responsáveis pelo sistema de adesão intermicrobiano. (BRANTING, C.; SUND, M-L; LINDER, L.E. The influence of Streptococcus mutanson adhesion of Candida albicans to acrylic surfacesv in vitro. Arch. Oral Biol., 34, 347-353, 1989). O eficiente sistema de adesão bacteriano à prótese torna a remoção do biofilme uma tarefa difícil. Pesquisas mostraram que além de fungos, como a Cândida albicans que estão presentes na superfície da prótese, estafilococos e estreptococos, podem penetrar até 1,2 mm na resina e ainda sobreviver usando carbono da resina da prótese em seu metabolismo como, certas colônias de pseudomonas e Cândida lipolítica (NIKAWA H. et al., A review of in vitro and in vivo methods to evaluate the efficacy of denture cleansers. Int J Prosthodont.; 12:153-159, 1999; Catalán SA. Estomatitis subprotesis: colonización microbiana de materiales bases en prótesis completas. Rev Asoc Odontol Argent., 69(3): 155-9, 1981). Dentre os microrganismos que habitam a boca, a Candida albicans, classificada como levedura, merece especial atenção pela sua relativa prevalência. A C. albicans, apresenta-se com forte representatividade em associação às próteses dentárias, principalmente dentaduras completas. (FALCÃO AFP, SANTOS LB, SAMPAIO NM. Candidíase Associada a Próteses Dentárias. Sitientibus.; 30:135-146, 2004).
[013] As Próteses Totais Removíveis (PTRs) podem bloquear o fluxo salivar e a ação mecânica de limpeza proporcionada pela língua, resultando um ambiente aeróbico e acidulado, facilitando a proliferação de microrganismos e a formação de biofilmes (BUDTZ-JÖRGENSEN E. Clinical aspects of Candida infection in denture wearers. J Am Dent Assoc.;(3):474-9, 1978; MÄHÖNEN K, VIRTANEN K, LARMAS M. The effect of prosthesis disinfection on salivary microbial levels. J Oral Rehabil.;25(4):304-10, 1998). O uso prolongado de PTR exerce pressão contínua sobre os tecidos (ósseo e mucoso), o que pode aumentar a susceptibilidade dos usuários a infecções como aquelas associadas a estomatite protética (EP). Além disso, as espécies de Cândida possuem capacidade de adesão à resina acrílica da base das próteses, colonizando-a em profundidade (DAVENPORT JC. The oral distribution of Candida in denture stomatitis. Br Dent J.; 18; 129(4):151-6, 1970; BUDTZ-JÖRGENSEN E. Etiology, pathogenesis, therapy, and prophylaxis of oral yeast infections. Acta Odontol Scand.;48(1):61-9, 1990; CHAU VB, SAUNDERS TR, PIMSLER M, ELFRING DR. In-depth disinfection of acrylic resins. J Prosthet Dent.;74(3):309-13, 1995). Sendo assim, as PTR constituem-se em reservatórios microbianos (SILVA CH, PARANHOS HDEF, ITO IY. Biofilm disclosing agents in complete denture: clinical and antimicrobial evaluation. Pesqui Odontol Bras.; 16(3):270-5, 2002).
[014] As Estomatites Protéticas são lesões mais prevalente em portadores de próteses totais removíveis. É uma doença crônica que pode ser caracterizada por uma inflamação localizada ou generalizada na mucosa bucal e de difícil tratamento devido à etiologia multifatorial. (BUDTZ-JÖRGENSEN E. Clinical aspects of Candida infection in denture wearers. J Am Dent Assoc.;(3):474-9, 1978). A etiologia multifatorial pode estar associada à alergia ao monômero residual, placa microbiana, trauma, uso contínuo da prótese, hipossalivação e infecção pela Candida albicans (LEMOS MMC, Miranda JL, Souza MGGS. Estudo clínico, microbiológico e histopatológico da estomatite por dentadura. RBPO.;2:.3-10. 2003). É importante salientar que além da Candida albicans, outras espécies podem estar presentes frequentemente, como a C. tropicalis, C. glabrata e C. krusei (AVRELLA D, GOULART LS. Isolamento de Candida spp. da mucosa oral de pacientes submetidos ao tratamento quimioterápico. RBAC; 40(1): 205-207, 2008; CROCCO, E.I. et al. Identificação de espécies de Candida e susceptibilidade antifúngica in vitro: estudo de 100 pacientes com candidiases superficiais. Anais Brasileiros de Dermatologia, v.79, n.6, p.689-97, 2004; FAVALESSA OC, MARTINS MA, HAHN RC. Mycological aspects and susceptibility in vitro the yeast of the genus Candida from HIV-positive patients in the State of Mato Grosso. Rev Soc Bras Med Trop.; 43: 673-677, 2010; FURLANETO-MAIA L, SPECIAN AF, BIZERRA FC, DE OLIVEIRA MT, FURLANETO MC. In vitro evaluation of putative virulence attributes of oral isolates of Candida spp. obtained from elderly healthy individuals. Mycopathologia.; 166: 209-217, 2008; GOMPERTZ, O. F. et al. Micoses Oportunísticas e Outras Micoses. In: TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. (Org.) Microbiologia. 5. Ed. São Paulo: Atheneu, Cap. 70, p. 525-530, 2008; GOUVÊA-MONDIN, Μ. E. B; HÖFLING, J. F. Colonização da cavidade bucal de crianças por Candida spp. - papel na etiologia da cárie dentária. Rev. Inst. Ciência Saúde, São Paulo, v.23, n.3, p. 315-325, 2005; JORGE AOC. et al. Presença de levedura do gênero Candida na saliva de paciente de diferentes fatores predisponentes e de indivíduos controle. Rev. Odontológica USP.; 11(4): 279-285, 1997; MIMICA, LMJ et al. Diagnóstico de infecção por Candida: avaliação de testes de identificação de espécies e caracterização do perfil de suscetibilidade. J. Bras. Patol. Med. Lab. [online], vol.45, n.1, pp.17-23, 2009).
[015] A Estomatite Protética representa a infecção fúngica que afeta grande maioria dos usuários de prótese dentária parcial ou total; fatores como: falta de higiene, material da prótese, tempo prolongado de uso e a espécie fúngica envolvida podem favorecer a proliferação de infecção. Em torno de 60% dos usuários de prótese apresenta algum processo inflamatório provocado por fungos do gênero Cândida (GUSMÃO JMR. Leveduras do gênero Candida na saliva de usuários de prótese parcial removível a grampo. Dissertação (Mestrado) - Universidade de Taubaté, Taubaté. 76f. 2007; NETO MSR, TINTINO SR, DA SILVA ARP, COSTA MDS, BOLIGON AA, MATIAS EFF, DE QUEIROZ BALBINO V, MENEZES IRA, MELO COUTINHO HD. Seasonal variation of Brazilian red propolis: Antibacterial activity, synergistic effect and phytochemical screening. Food and Chemical Toxicology. Recife, v. 107, p. 572-580, 2017; ARAÚJO RR. et al. Perfil da Candidíase Bucal em Clínica Estomatológica. Arquivos Brasileiros de Odontologia, (2):26-31, 2006; SALERNO C. et al., Candida-associated denture stomatitis. Med Oral Patol Oral Cir Bucal.; 1;16(2):139-43, 2011). O trauma provocado pela má adaptação da prótese à mucosa oral, segundo Salerno C. et al., Candida-associated denture stomatitis. Med Oral Patol Oral Cir Bucal.; 1;16(2):139-43 (2011), funciona como fator coadjuvante ao processo inflamatório da estomatite por prótese. Os pesquisadores Lemos MMC, Miranda JL, Souza MGGS. Estudo clínico, microbiológico e histopatológico da estomatite por dentadura. RBPO.; 2:.3-10 (2003); Webb BC, Thomas CJ, Whittle T. A 2-year study of Candida-associated denture stomatitis treatment in aged care subjects. Gerodontology.; 22(3):168-76, 2005 (2005), citam que, no que tange os portadores de prótese total, pode-se observar a associação entre a candidíase e a prótese, denominada de estomatite protética (EP). Consiste em uma lesão comumente observada sob a área chapeável da prótese, acometendo cerca de 65% dos usuários de próteses totais superiores.
[016] A adesão de Candida spp., principalmente C. albicans, à superfície da resina é um evento primário e necessário para a sua colonização e o desenvolvimento da EP. Esta adesão envolve alguns componentes da parede celular do fungo, como: manose, manoproteínas, sacarinas e adesinas (NIKAWA H, HAMADA T, YAMASHIRO H, KUMAGAI H. A REVIEW OF IN VITRO AND IN VIVO METHODS TO EVALUATE THE EFFICACY OF DENTURE CLEANSERS. INT J PROSTHODONT.; 12:153-159, 1999). O desenvolvimento do biofilme microbiano é um processo e influenciado por fatores como: as condições do meio, o tipo de microrganismo e as propriedades físico-químicas da superfície do biomaterial, como a superfície de resina acrílica próteses totais removíveis (XU LC, SIEDLECKI CA. Staphylococcus epidermidis adhesion on hydrophobic and hydrophilic textured biomaterial surfaces. Biomed Mater.; 9(3):035003, 2014). A quantidade de sítios de ligação disponíveis na parede celular microbiana, a expressão de fatores de virulência, como as proteases (Candida albicans secreted aspartyl proteinases in virulence and pathogenesis. Microbiol Mol Biol Rev., 67(3):400-28, 2003; NAGLIK JR. et al., Quantitative expression of the Candida albicans secreted aspartyl proteinase gene family in human oral and vaginal candidiasis. Microbiology.;154(11):3266-80, 2008; SÁNCHEZ-VARGAS LO. Et al., Biofilm formation by oral clinical isolates of Candida species. Arch Oral Biol.; 58(10):1318-26, 2013), e o tamanho da superfície de contato do material no qual os microrganismos possuem acesso, são condições importantes para a formação do biofilme (XU LC, SIEDLECKI CA. Submicron-textured biomaterial surface reduces staphylococcal bacterial adhesion and biofilm formation. Acta Biomater.; 8(1):72-81, 2012; XU LC, SIEDLECKI CA. Staphylococcus epidermidis adhesion on hydrophobic and hydrophilic textured biomaterial surfaces. Biomed Mater.; 9(3):035003, 2014). As próteses totais removíveis apresentam rugosidades e microporosidades que facilitam a adesão de microrganismos (BOLLEN CM, LAMBRECHTS P, QUIRYNEN M. Comparison of surface roughness of oral hard materials to the threshold surface roughness for bacterial plaque retention: a review of the literature. Dent Mater.;13(4):258-69, 1997), pois o crescimento em forma micelial de Candida ssp. Permite que este fungo se desenvolva no interior das ranhuras formadas, protegendo - se de forças internas de remoção como o efeito autolimpante da saliva e da escovação (SAMARANAYAKE LP, MCCOURTIE J, MACFARLANE TW. Factors affecting th in-vitro adherence of Candida albicans to acrylic surfaces. Arch Oral Biol.; 25(8-9):611-5, 1980). As resinas apresentam cargas positivas e alta energia de superfície, fazendo com que glicoproteínas salivares com carga negativa sejam rapidamente atraídas formando uma estrutura semelhante a uma película, com forte adesão química a resina (SESMA N, LAGANÁ DC, MORIMOTO S, GIL C. Effect of denture surface glazing on denture plaque formation. Braz Dent J.; 16(2):129-34, 2005), já Ramage G, Vandewalle K, Wickes BI, López-Ribot JL. Characteristics of biofilm formation by Candida albicans. Rev Iberoam Micol. Dec;18(4):163-70, (2001) verificaram que estes fungos têm sido isolados em superfície resinosas de próteses removíveis, sugerindo que C. albicans adere e forma biofilmes, preferencialmente em polimetilmetacrilato (PMMA), o principal componente da resina acrílica que compõe as próteses removíveis.
[017] Adesivo Fixador de Prótese Mucossuportada. Os fixadores protéticos, adesivos ou adeptos começaram a ser utilizados quase que ao mesmo tempo da Era da Odontologia moderna, no final do século XVIII. A ADA American Dental Association denominou este material como não medicinal, junto ao conselho de materiais odontológicos. A patente mais antiga para “fixador de dentaduras” é datada de 1913, tendo em seguida outras em 1920 e 1930. Eles, aparentemente, não faziam parte do arsenal do cirurgião-dentista e, portanto, nenhuma menção foi feita à sua utilização (YANKEL SL. Overview of research and literature on denture adhesives. Compend Contin Educ Dent 4(Suppl):518-21, 1984; ADISMAN IK. The use of denture adhesives as an aid to denture treatment. J Prosthet Dent; 62:711-715, 1989). O uso de próteses total e parcial removíveis, acabam causando danos aos tecidos e mucosas de suporte pela pressão continua exercida através de seu uso prolongado. Estes danos podem tornar os pacientes suscetíveis a estomatite protética. Porém esses pacientes podem se beneficiar fazendo uso desses fixadores, já que a pressão exercida pela prótese com o adesivo é menor do que a pressão exercida sem ele, assim a distribuição de forças que o adesivo proporciona reduz a pressão localizada em um único ponto, diminuindo o trauma tecidual e a irritação na mucosa, fatores esses que predispõem a EP (TARBET WJ, SILVERMAN G, SCHMIDT NF. Maximum incisal biting force in denture wearers as influenced by adequacy of denture-bearing tissue and use of an adhesive. J Dent Res.; 60:115-9, 1981).
[018] Composição, Mecanismo de Ação e Características do Pó Fixador. Os fabricantes de fixadores continuam investindo na mudança das formulações com a finalidade de melhorar a eficácia desses produtos. Os fixadores apresentam componentes ativos e não ativos. Os ingredientes ativos são aqueles que conferem as propriedades adesivas e os componentes não ativos são aqueles que não participam do processo de adesão dos adesivos, podendo então estar associado a agentes antimicrobianos, além de aditivos aromatizantes, corante e conservantes (GRASSO JE. Denture adhesives. Dent Clin N Am.; 48:721-733, 2004; PRADIES G, SANZ I, EVANS O et al. Clinical study comparing the efficacy of two denture adhesives in complete denture patients. Int J Prosthodont.; 22:361-367. 2009). Podem ser agentes relacionados às propriedades adesivas: goma de Karaya, goma adragante, goma arábica, pectina, gelatina, metilcelulose, hidroximetilcelulose, carboximetilcelulose de sódio e os polímeros sintéticos (óxido de polietileno, acrilamidas, polivinil acético), entre outros. As composições podem conter agentes antimicrobianos tais como o hexaclorofeno, tetraborato de sódio, borato de sódio e etanol. Aditivos umectantes, agentes plastificantes, como o óleo de gaultéria e o óleo de hortelã - pimenta e outros agentes semelhantes em estrutura aos agentes aromatizantes também podem fazer parte das composições (POLYTOIS GL. An update on denture fixatives. Dent Update.; 579, 1983; AMERICAN DENTAL ASSOCIATION, 1094; POLYZOIS G, STEFANIOTIS T, PAPAPARASKEVAS J, DONTA C. Antimicrobial efficacy of denture adhesives on some oral malodor-related microbes. Odontology.; 101(1):103-7, 2013). A efetividade dos fixadores depende das forças químicas e físicas (ELLIS B, AL-NAKASH S, LAMB DJ. The composition and rheology of denture adhesives. J Dent.; 8:109-18, 1980), de acordo com os princípios de STEFAN G. The Optional European Code on the Basis of the Acquis Communautaire-Starting Point and Trends. European Law Journal.; 10:698-711 (2004), a força necessária para puxar dois discos ou pratos é diretamente proporcional a viscosidade do líquido entre eles. Neste sentido, a maioria dos componentes gera uma bioadesão via grupo carboxila; como o adesivo hidrata, os grupos carboxílicos livres formam uma adesão eletrovalente, produzindo a adesão em si (GRASSO JE. Denture adhesives: changing attitudes. J Am Dent Assoc.; 127:90-6. 1996).
[019] Segundo Barbenel JC. Physical retention of complete dentures. J Prosthet Dent.; 76:592-600 (1971), o fixador protético na cavidade oral é controlado por uma inter-relação complexa de adesão, coesão, pressão atmosférica, tensão superficial e viscosidade. Considerando a adesividade e a estabilidade das próteses após a colocação dos fixadores de dentaduras, observemos a justificativa, “os adesivos protéticos, uma vez aplicados nas próteses e em contato com a mucosa subjacente são capazes de manter a prótese em posição por meio de forças retentivas. O volume do adesivo é alterado ao entrar em contato com o meio aquoso por intumescimento, aumentando de 50% a 150% o seu volume, conseguindo preencher o espaço existente entre a prótese e a mucosa subjacente. O fixador absorve a água graças à alteração produzida entre os seus ânions e os cátions da mucosa proteica tecidual. Como a saliva aumenta a viscosidade do adesivo, aumenta assim a força necessária requerida para unir a prótese ao tecido” (SHAY K. The retention of complete dentures. J Am Dent Assoc.; 122:70-6, 1991).
[020] Segundo Adisman IK. The use of denture adhesives as an aid to denture treatment. J Prosthet Dent; 62:711-715 (1989), o adesivo ideal para próteses não deve ser tóxico e irritante, e sim biocompatível com a mucosa oral do paciente. Não deve promover o crescimento microbiano e o produto deve ser inodoro, insipido e de fácil aplicação e remoção. O adesivo deve proporcionar conforto, retenção (adesão, coesão) e estabilidade na presença da prótese, garantindo a segurança e a eficácia durante a fala, mastigação, bocejo e sorriso. Ainda de acordo com Adisman IK. The use of denture adhesives as an aid to denture treatment. J Prosthet Dent; 62:711-715 (1989), o adesivo ideal deve reter as suas propriedades adesivas durante 12 a 16 horas antes de ser necessária a reaplicação. No entanto, outros estudos apresentam resultados que os adesivos podem permanecer por mais de 8 horas, alcançando a máxima eficácia, na sua capacidade de retenção, 2 a 4 horas após a aplicação, diminuindo subsequentemente (Grasso JE, Rendell J, Gay T. Effect of denture adhesive on the retention and stability of maxillary dentures. J Prosthet Dent., 72(4):399-405, 1994; OZCAN M. et al., The effect of a new denture adhesive on bite force until denture dislodgement. J Prosthodont.; 14:122-126, 2005).
[021] Levando - se em consideração a necessidade de melhorar o período de eficiência dos adesivos protéticos, tem se configurado em um grande desafio, uma vez que o seu principal componente ativo, a carboximetilcelulose, tem maior solubilidade e proporciona uma forte influência inicial, mas se dissolve rapidamente e perde a sua eficácia num período de tempo relativamente curto, dissolvendo progressivamente durante seu uso (ADISMAN IK. The use of denture adhesives as an aid to denture treatment. J Prosthet Dent; 62:711-715, 1989; GRASSO JE. Denture adhesives. Dent Clin N Am.; 48:721-733, 2004), segundo Uysal H. et al., Comparison of four different denture cushion adhesives — a subjective study. J Oral Rehabil.; 25:209-13 (1998) a diferença no potencial de adesão pode ser atribuída aos diferentes graus de solubilidade dos componentes do adesivo. O pequeno período de retenção oferecido pelos adesivos protéticos pode ser a razão pela qual alguns usuários de prótese total necessitam reaplicá-los 2 ou 3 vezes ao dia, a fim de manter sua função primordial (HAN JM. et al., Influence of composition on the adhesive strength and initial viscosity of denture adhesives. Dent Mater J.; 33(1):98-103, 2014).
[022] Relação dos fixadores e a Estomatite Protética. O uso contínuo de próteses totais promove agressões aos tecidos de suporte e a sua mucosa pela pressão contínua exercida sobre eles, podendo causar com isso o surgimento da estomatite protética. Por outro lado, estes pacientes podem minimizar esses efeitos, fazendo uso de adesivos protéticos, com isso a pressão que a prótese exerce com adesivo é menor do que a pressão exercida sem ele; assim a distribuição de forças que o adesivo proporciona reduz a pressão localizada em um único ponto, diminuindo o trauma tecidual e a irritação na mucosa, fatores esses que predispõem a estomatite protética (TARBET WJ, SILVERMAN G, SCHMIDT NF. Maximum incisal biting force in denture wearers as influenced by adequacy of denture-bearing tissue and use of an adhesive. J Dent Res.; 60:115-9, 1981).
[023] Própolis. A palavra própolis tem origem grega e seu sentido é ο seguinte: PRÓ quer dizer defesa e PÓLIS quer dizer cidade ou comunidade (PEREIRA AS, SEIXAS FRMS, AQUINO NETO FR. Própolis: 100 anos de pesquisa e suas perspectivas futuras. Química Nova.; 25:321-326, 2002) significando que a função dessa substância para as abelhas é protege-las contra microrganismos e insetos invasores, como também dispor dessa substância para mumificar insetos, evitando a sua decomposição e por conseguinte a contaminação da colmeia, outra função da própolis é a manutenção da temperatura interna da colmeia, como também, reparar a estrutura física quando ocorrem danos internos e externos, além de preservar o local asséptico para a postura da abelha rainha (BREYER, E.U. Abelhas e Saúde. 4 ed., Santa Catarina: Uniporto, 1984; CASTALDO S, CAPASSO F. Propolis, an old remedy used in modern medicine. Fitoterapia.; 1: S1-S6, 2002; LUSTOSA SR, GALINDO AB, NUNES LCC, RANDAU KP, ROLIM NETO PJ. Propolis: atualizações sobre a química e a farmacologia. Rev Bras Farmacogn.; 18: 447-454, 2008). As abelhas utilizam a propolis para protegê-las contra insetos e microrganismos e também no reparo de frestas ou danos à colmeia, no preparo de locais assépticos para a postura de ovos pela abelha rainha e na mumificação de insetos invasores (MARCUCCI MC. Propriedades biológicas e terapêuticas dos constituintes químicos da própolis. Quim Nova.; 19: 529-536, 1996).
[024] A própolis recolhida de abelhas, também conhecida como própolis bruta, apresenta em sua composição básica cerca de 50% de resinas vegetais, 30% de cera de abelha, 10% de óleos essenciais, 5% de pólen e 5% de detritos de madeira e terra (MONTI M et al. Occupational and cosmetic dermatitis from propolis. Contact Dermatitis.; 9(2):163, 1983; CIRASIN01 L et al. Contact dermatitis from propolis. Contact Dermatitis.; 16(2): 110- 111, 1987). Estes valores se referem à abelha Apis mellífera L., cuja própolis é a mais estudada. De um modo geral, contêm 50 - 60% de resinas e bálsamos, 30 - 40% de ceras, 5 - 10% de óleos essenciais, 5% de grãos de pólen, além de minerais e vitaminas como alumínio, cálcio, estrôncio, ferro, cobre, manganês e pequenas quantidades de vitaminas B1, B2, B6, C e E (PARK, Y. K. et al. Própolis produzida no sul do Brasil, Argentina e Uruguai: Evidências fitoquímicas de sua origem vegetal. Ciênc Rural, v.32, n.6, p.997-1003, 2002; BURDOCK GA. Rieview of the biological properties and toxicity of bee propolis. Food Chemical Toxicology.; 36:347-363, 1998; FUNARICS CS, FERRO VO. Análise de própolis. Ciência e Tecnologia de Alimentos; 1: 171-178, 2006; WOISKY RG, SALATINO A. Analysis of propolis: some parameters and procedures for Chemical quality control. Journal of Apicultural Research, 1998;37(2):99-10, 1998).
[025] A composição química de cada um dos tipos de própolis ao redor do mundo é variada, uma vez que é dependente da região geográfica onde o apiário está inserido. Cada um dos tipos de própolis possui determinada origem geográfica, ou seja, possui uma espécie vegetal típica do local onde o apiário é inserido como principal matéria prima das abelhas para elaboração de própolis (LÓPEZ, B. G. C. et al. Phytochemical markers of different types of red propolis. Food Chemistry. Campinas, v. 146, p. 174-180, 2014). No Brasil há 13 tipos de própolis catalogadas, dentre elas, a própolis vermelha que é encontrada nas zonas de mangue dos Estados da Região Nordeste. Dentre as própolis brasileiras do tipo vermelha, a própolis vermelha de Alagoas (PVA) tem se destacado por receber a certificação de Indicação Geográfica (IG) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) sob o número de registro IG201101 (OLIVEIRA, J. M. S., et al. Uso de própolis no desenvolvimento de resinas dentárias: um estudo prospectivo. Cadernos de Prospecção. Maceió, v.10, n. 2, p. 285-299, 2017), que foi o primeiro IG de um produto da biodiversidade das Américas. A PVA é ainda internacionalmente conhecida como “Brazilian Red Propolis”, face seu aquecido mercado, particularmente no extremo oriente. A origem botânica da própolis vermelha de Alagoas é a Dalbergia ecastophillum, localmente conhecida como “rabo de bugio”. Essa planta é típica das regiões de mangue do Estado de Alagoas e pertence à família Fabaceae que é caracterizada por espécies que apresentam relevante produção de isoflavonóides (VEITCH, N. C. Isoflavonoids of the Leguminosae. Natural Product Reports. Cambridge, v. 15, p.241, 2007; SILVA BB, ROSALEN PL, CURY JA, IKEGAKI M, SOUZA VC, ESTEVES A, ALENCAR SM. Chemical Composition and Botanical Origin of Red Propolis, a New Type of Brazilian Propolis. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine. Piracicaba, v. 5, n. 3 p. 313-316, 2008; DAUGSH A, MORAES CS, FORT P, PARK YK, Brazilian red própolis-chemical composition and botanical origin. ECAM.; 1-7, 2007). A composição química da PVA é singular, uma vez que é rica em isoflavonóides, pterocarpanos, benzofenonas, ácidos fenólicos e terpenos, tais como formononetina, vestitol, daidzeína, biochanina A, medicarpina, isoliquiritigenina, liquiritigenina, benzofenona A e B, xantoquimol, dentre outros (MENDONÇA, I. C. G. et al. Brazilian red propolis: phytochemical screening, antioxidant activity and effect against cancer cells. BMC Complementary and Alternative Medicine. Maceió, v. 15, n. 357, p. 1 -12, oct., 2015; ALENCAR, S. M. et al. Chemical composition and biological activity of a new type of Brazilian propolis: Red propolis. Journal of Ethnopharmacology. São Paulo, v. 113, p. 278-283, 2007; TRUSHEVA, B. et al., Bioactive Constituents of Brazilian Red Propolis. Evid. Based. Complement Alternat. Med. Sofia, v. 3. n. 2, p. 249-254, 2006). A presença metabólitos secundários da PVA é de suma importância para a observação de atividades biológicas, uma vez que esses metabólitos são produzidos pelos vegetais como forma de defesa contra agentes químicos ou físicos. Os metabólitos secundários que compõe a própolis vermelha têm utilidade para sua origem botânica como: defensores contra espécies reativas de oxigênio, repelente de insetos predadores, atrativos de insetos polinizadores, agentes protetores contra luz UVA e UVB, e agentes antibacterianos e antifúngicos (GOBBO-NETO, L., LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários. Química Nova. Ribeirão Preto, v. 30, n. 2, p. 374-381, 2007)
[026] As atividades biológicas atribuídas à PVA estão relacionadas justamente aos seus constituintes químicos e suas funcionalidades na manutenção da homeostase da origem botânica da própolis. As atividades biológicas atribuídas à própolis vermelha são: antibacteriana, antifúngica, anticáries, antioxidante, cicatrizante (FREIRES, I. A.; ALENCAR, S. M.; ROSALEN, P. L. A pharmacological perspective on the use of Brazilian Red Propolis and its isolated compounds against human diseases. European Journal of Medicinal Chemistry. Piracicaba, n. 110, p. 267-279, 2016). A atividade antioxidante dos extratos de própolis vermelha é bem caracterizada devido à alta concentração de polifenóis em sua composição, principalmente de isoflavonóides (MENDONÇA, I. C. G. et al. Brazilian red propolis: phytochemical screening, antioxidant activity and effect against cancer cells. BMC Complementary and Alternative Medicine. Maceió, v. 15, n. 357, p. 1 -12, oct., 2015; FROZZA, C. O. S. et al. Chemical characterization, antioxidant and cytotoxic activities of Brazilian red propolis. Food and Chemical Toxicology. Caxias do Sul, v. 52, p. 137-142, 2013; BATISTA, C. M. et al. The photoprotective and anti-inflammatory activity of red propolis extract in rats. Journal of Photochemistry & Photobiology, B: Biology. Aracaju, v. 180, p. 198-207, 2018). Os isoflavonóides, bem como outros polifenóis, também são descritos como substâncias anti-inflamatórias, (BUENO-SILVA, B. et al. Anti-Infl ammatory and Antimicrobial Evaluation of Neovestitol and Vestitol Isolated from Brazilian Red Propolis. Journal of Agricultural and Food Chemistry. Campinas, v. 61, p. 4546- 4550, 2013). Extratos de PVA apresentaram capacidade de interação com macrófagos, diminuindo sua recrutação no local da infecção por bactéria e com a diminuição da produção de óxido nítrico (NO) no endotélio (BUENO-SILVA et al., Brazilian red propolis effects on peritoneal macrophage activity: Nitric oxide, cell viability, pro-inflammatory cytokines and gene expression. Journal of Ethnopharmacology. São Paulo, v. 207, p. 100-107, 2017). A própolis vermelha foi também caracterizada como cicatrizante; apresentando, inclusive, melhores resultados que a própolis verde (ALMEIDA, E. B. et al. The incorporation of Brazilian propolis into collagen-based dressing films improves dermal burn healing. Journal of Ethnopharmacology. Aracaju, v.147, p. 419-425, 2013)
[027] Considerando as excelentes propriedades biofarmacológicas da PVA, os grupos de pesquisa da UFAL têm atuado no desenvolvimento de produtos e processos em várias frentes, por exemplo, em microencapsulados com potencial uso em desenvolvimento de produtos farmacêuticos, cosméticos e alimentos (patentes com números de registro BR1020120135906, WO2014186851A1, PCTBR2017050088, BR1020170031128, BR1020140073191, BR1020150164050, BR10201502418, BR102015031753, BR1020160181240, BR1020160229405, BR1020170000885, BR1020170021335).
[028] As patentes listadas acima se referem ao desenvolvimento de microencapsulados, nanoesferas, caseinatos, quitosinatos, composição farmacêutica semissólida, compósito farmacêutico microparticulado com quitosana, nanopartículas poliméricas, iogurtes enriquecidos e microencapsulados de liberação modificada, todos os produtos contendo própolis vermelha de Alagoas. Em especial, destaque-se o depósito BR102015024182-8, que se refere à invenção do sistema microparticulado obtido a partir de própolis vermelha de Alagoas, extrato e frações, principalmente a fração de média-alta polaridade, associado com quitosana. As composições contendo os microparticulados ou microencapsulados de própolis vermelha apresentaram atividade de proteção solar, antioxidante, cicatrizante e antisséptica. (SILVA, V. A. Micropartículas de própolis-polímero para aplicação como produto cosmético multifuncional. Tese (doutorado em Química e Biotecnologia). Universidade Federal de Alagoas. Instituto de Química e Biotecnologia. Maceió, p. 1-159, 2015).
DESCRIÇÃO DA ABORDAGEM DO PROBLEMA TÉCNICO
[029] Esta invenção descreve a adequação da compatibilidade física e química de adesivos fixadores de próteses mucossuportadas e de compósitos de própolis-quitosana, sejam microparticulados ou microencapsulados, que resultam composições estáveis, com manutenção do poder de adesividade em relação ao pó fixador isoladamente, mas que agregam ao adesivo as propriedades biológicas inicialmente identificadas na própolis, como por exemplo, bactericidas, fungicidas, anti-inflamatória, cicatrizante, entre outros.
DESCRIÇÃO DAS FIGURAS
[030] A Figura 1 apresenta o fluxograma de obtenção do extrato hidroalcoólico e frações de própolis vermelha.
[031] A Figura 2 apresenta o gráfico representativo do comportamento do experimento de tração (Deslocamento x Tempo x Força)
DESCRIÇÃO DA TÉCNICA
[032] O experimento descrito foi elaborado a partir de amostras de Própolis da variedade Vermelha de Alagoas, detentora de registro de Indicação Geográfica. O extrato de própolis foi preparado baseado na metodologia utilizada por Alencar S.M. et al. Chemical composition and biological activity of a new type of Brazilian propolis: Red propolis. Journal of Ethnopharmacology. São Paulo, v. 113, p. 278-283, (2007), de acordo com o fluxo apresentado na Figura 1, com a própolis bruta (100g) triturada e submetida à extração utilizando-se 400ml de etanol a 96°GL. Essa extração foi realizada, primeiro, com o material em repouso à frio durante 48 horas, submetido a 3 lavagens com etanol. Posteriormente, a suspensão, filtrada (papel filtro) utilizando-se uma bomba de vácuo e obtendo-se, a partir daí o extrato de própolis diluído. Posteriormente, o extrato foi evaporado (solvente) em um rotoevaporador, alcançando assim, um extrato concentrado de própolis. Adicionando-se, 10% de água destilada, tem-se o extrato hidroalcoólico de própolis vermelha (EHA), utilizado nos experimentos. Submetendo o EHA a lavagens sucessivas com solventes de polaridade crescente (particionando líquido-líquido): hexano, obtém-se a fração de baixa polaridade (FBP) e um resíduo do extrato de própolis. Lava-se o resíduo com hexano: acetato de etila (7:3), e este misturado/agitado em funil de decantação, produziu duas fases, uma menos densa, denominada de fração de média polaridade da própolis vermelha (FMP) e outra mais densa, chamada de resíduo da fração EHA. O resíduo, foi submetido ao mesmo procedimento anterior (misturado/agitado) com acetato de etila P.A. e deixado em repouso até a completa separação das de fases. Em seguida, coletou-se a fase mais densa, denominada de fração de alta polaridade de própolis vermelha (FAP) e a fase menos densa, denominada fração de média-alta polaridade de própolis vermelha (FMAP), sendo esta última a fração selecionada para os experimentos aqui descritos.
[033] O microparticulado ou microencapsulado de própolis foi elaborado a partir de do extrato da fração média-alta polaridade e de gel de quitosana. O gel de quitosana que deu origem ao compósito foi usado nas concentrações de 1 e 2% (m/v) em água. Mediu-se 1430μL de ácido acético (PA) e foi adicionado água Milli-Q em q.s.p 100mL, obtendo-se uma solução de ácido acético a 0,25mol L-1. A quitosana in natura foi adicionada a solução ácida e agitada por 24 horas em agitador magnético. Daí, após testes de incorporação partindo-se de 1ml de solução EHA/etanol na proporção de 1:1, deixando-o em agitador magnético por 24 horas, escolhendo-se a maior concentração de própolis capaz de incorporar ao gel de quitosana (SILVA, V. A. Micropartículas de própolis-polímero para aplicação como produto cosmético multifuncional. Tese (doutorado em Química e Biotecnologia). Universidade Federal de Alagoas. Instituto de Química e Biotecnologia. Maceió, p. 1-159, 2015). As soluções preparadas com própolis e polímero foram atomizadas em equipamento Mini Spray Dryer modelo B-290, da marca Buchi seguindo a metodologia de Silva Fc; Favaro-Trindade Cs; Alencar Sm; Thomazini M; Balieiro Jcc. Physicochemical properties, antioxidante activity and stability of spray-dried propolis. Jounal of ApiProduct and ApiMedical Science, v.3, n.2, p.94-100, 2011 e Oliveira, O.W.; Petrovick, P.R. Secagem por aspersão (spray drying) de extratos vegetais: bases e aplicações. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.20, n.4, p.641-650 (2010). Os parâmetros utilizados no equipamento foram, bico injetor com diâmetro de 1,4mm, temperatura de entrada de 160°C, aspirador em 45 metros cúbicos por hora, fluxo em 5 mL/min e temperatura de saída 93 ± 3°C. Os pós obtidos foram acondicionados em recipientes de polipropileno hermeticamente fechados, em temperatura ambiente e protegidos da luz.
[034] O adesivo comercial utilizado neste trabalho foi a Corega®, pó fixador de dentadura, fabricada pela GlaxoSmithKline (GKS), Rio de Janeiro, lote WD0013V. É um adesivo se uso diário, dando estabilidade a dentadura (prótese) por até 12 horas. O fixador apresenta na sua composição os seguintes ingredientes, segundo o fabricante, Carboximetilcelulose, Fosfato de Cálcio, Polietilenoglicol, Fosfato de Sódio e Aroma de Menta. Determinou-se a quantidade de pó fixador necessária para uma aplicação diária numa prótese real, cuja área superficial era de 30,35 cm2. Procedeu-se à pesagem da peça protética sozinha (A), da peça protética úmida (B) e da peça protética úmida com o pó (C). A subtração dos valores de C - B foi igual à massa de pó fixador necessária para a referida aplicação. Após realização de 5 ensaios de adição de pó, intercalados de higienização mecânica (escovação), obteve-se média de massa de pó de 100 mg, considerando-se a média obtida para B como sendo 12,89g e média obtida para C como sendo 12,99g. Para preparação dos lotes das formulações, pesou-se 380mg do pó fixador, em seguida, obedecendo-se a proporcionalidade 5%, 10% e 20%, pesou-se 19mg, 38mg, e 76mg respectivamente, de microencapsulado ou microparticulado da fração FMAP ou EHA, como exemplificado na tabela 1.
Tabela 1 - Formulações elaboradas a partir de compósitos de PVA+Quitosana e pó fixador comercial.
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[035] Para realização dos ensaios de tração, e verificar a adesividade das misturas, comparadas ao adesivo comercial, foram usadas réguas e nichos especialmente desenvolvidos para o estudo, bem como corpos de prova de acrílico fixados em parafusos para adaptação à máquina de teste. Após a pesagem dos lotes por formulação, verteu-se o conteúdo de pó do eppendorf dentro do nicho na régua, em seguida, dispensou-se o volume de água respectivo sobre o nicho com o pó. Posteriormente homogeneizou-se o pó e a água, formando uma mistura, em seguida, colocar o botão de acrílico do parafuso, dentro da loja (nicho), bem centralizada e fixada, equidistante das bordas do nicho. Com o objetivo de evitar o efeito de borda, quando do ensaio. Aguardar o tempo preestabelecido para cada régua ser submetida aos testes, em princípio de uma hora.
[036] Considerando a inexistência de norma técnica para avaliação da adesividade de pó fixador de dentaduras ou equivalentes, o próprio produto comercial (Corega®) serviu como parâmetro de controle interno aos estudos e foi usado como valor de referência para o teste de adesividade. Os experimentos de tração foram realizados numa Máquina de Ensaios Universal da Shimadzu. Cada ensaio realizado gera um gráfico de deslocamento x força, tal qual no exemplo abaixo. O formato genérico de uma curva de tração compreende um formato similar à gaussiana ou pico, geralmente apresentando máximo em deslocamentos inferiores a 0,1 mm, cujo máximo representa a força de rompimento, seguida de uma curva exponencial negativa, de acomodação pós rompimento, conforme figura 2.
[037] Os resultados obtidos para a primeira hora de cura evidenciam o aumento da força necessária à ruptura, provavelmente pelo fato de que a quitosana adicionada tem capacidade adesiva comparável à da carboximetilcelulose (CMC) existente no pó comercial. No entanto, há que se diferenciar a atividade experimental in vitro da in vivo, já que o contato do adesivo ao palato do paciente está permanentemente sendo irrigado com saliva (cerca de 1,5 litro de saliva por dia) e no experimento em questão a quantidade de água é fixa, e adicionada no começo do experimento. Se considerada a capacidade de intumesci mento da quitosana pura, característica esta certamente mantida na formulação dos compósitos utilizados, esta pode apresenta capacidade adesiva até mesmo comparável à da CMC. O grupo controle, apresentou o resultado geral do quadro abaixo e os seguintes resultados como média das triplicatas: Em 1h/100μl - 0,78kgf, 1h/150μl -0,71kgf. Assim, a mistura do pó fixador com o microparticulado/microencapsulado de própolis em quitosana mantém as características de adesividade do produto comercial.
Caracterização microbiológica dos extratos de PVA.
[038] Realizou-se o teste de concentração inibitória mínima (CIM) dos extratos de própolis utilizados no desenvolvimento das formulações de pó fixador frente às cepas de Streptococcus mutans (CCT 3440) e Candida albicans (ATCC 36802). A bactéria foi ativada em caldo BHI (Kasvi) estéril por 24 horas em microaerofilia e o fungo foi ativado em Sabouraud dextrose (Kasvi) por 24 horas em aerofilia, ambos a 37 °C. Após ativação, realizou-se o ajuste da concentração do inóculo em salina estéril, segundo o CLSI 2012. A microdiluição seriada foi realizada em caldo BHI previamente esterilizado, onde as concentrações de extrato de própolis foram as seguintes: 1000 μg/mL, 500 μg/mL, 250 μg/mL, 125 μg/mL, 62,5 μg/mL, 31, 25 μg/mL, 15,625 μg/mL e 7,81 μg/mL. Os extratos foram veiculados em DMSO 1%. O volume do inóculo foi de 20 μL e sua concentração final na microplaca foi de 1x105 UFC/mL, segundo CLSI 2012. O tempo de incubação foi de 24 horas para ambos os microrganismos e o experimento foi realizado em sextuplicata. Após o período de incubação, adicionou-se 20 μL de resazurina (Sigma-Aldrich), a concentração de 0,15 mg\mL em tampão fosfato de sódio pH 7,4 (50 mM), em quadruplicata e incubou-se novamente por 2 horas. Após período de incubação, realizou-se a determinação dos resultados. Realizou-se o plaqueamento de cada poço em duplicata, em ágar Mitis Salivarius com bacitracina (MSB) para S. mutans e Candia ágar base (BCG) para C. albicans com o objetivo da determinação da Concentração Bactericida Mínima (CBM). As placas de petri foram incubadas por 24 horas em microaerofilia e aerofilia e após o período de incubação determinou-se o resultado.
Caracterização microbiológica das formulações de pó fixador aditivado com microencapsulado/microparticulado.
[039] Realizou-se o teste de difusão em agar das formulações de pó fixador aditivado com PVA frente às cepas de Streptococcus mutans (CCT 3440) e Candida albicans (ATCC). As cepas foram ativadas em meio BHI e TSB a 37 °C por 24 e 48 horas, respectivamente. As cepas foram plaqueadas em meio BHA e TSA, respectivamente, nas mesmas condições descritas acima. Foi realizado o ajuste dos inóculos a uma concentração de 108 UFC/mL (0,5 Mc Falland), segundo CLSI 2012. O inóculo foi aplicado à placa com auxílio de swab estéril em menos de 15 minutos após o acerte da concentração. Por fim, foram adicionados 10,6 mg de cada uma das formulações nas placas, em duplicata. As placas foram incubadas por 24 e 48 horas a 37°C, respectivamente. Após os tempos de incubação os resultados foram expressos de acordo com os halos de inibição. Foram realizados ensaios microbiológicos, considerando aqui a existência de três controles, a saber: Fluconazol (controle antifúgico), Eritromicina (controle bactericida) e Pó-Comercial (Corega®, controle sem PVA).
[040] Os extratos EHA e FMAP apresentaram CIM entre 500 μg/mL e 1000 μg/mL frente à Candida albicans. O EHA apresentou CIM entre 63,5 e 125 μg/mL frente à cepa de Streptococcus mutans, enquanto que a FMAP teve CIM entre 250 - 500 μg/mL para S. mutans, como mostra a tabela 8 e as figuras 21, 22 e 23. Alencar et al., 2007 mostraram que o extrato etanólico de própolis vermelha apresentou MIC de 50 a 100 μg/mL frente à cepa de Streptococcus mutans UA 159, enquanto que a fração hexânica não apresentou inibição e a fração clorofórmica apresentou MIC de 25 a 50 μg/mL. Ainda sobre o trabalho descrito acima, o extrato etanólico apresentou CBM de 200 a 400 μg/mL e a fração clorofórmica CBM de 100 a 200 μg/mL. Diferentemente dos resultados citados da literatura, os resultados desse trabalho foram observados após o uso de extratos solubilizados em DMSO 1%, enquanto que os resultados da literatura citados acima foram observados após solubilização dos extratos em etanol.
[041] As atividades antibacterianas e antifúngicas encontradas por Cabral I.S.R. et al. Composição fenólica, atividade antibacteriana e antioxidante da própolis vermelha brasileira. Química Nova. Piracicaba, v. 32, n. 6, p. 1523-1527 (2009) para CIM e CBM do extrato hidroalcoólico de própolis vermelha frente à cepa ATCC 25923 de Staphylococcus aureus foi de 62,5 a 125 μg/mL e 250 a 500 μg/mL, respectivamente. Neto et al., 2017 observaram que o extrato hidroalcoólico de própolis vermelha de Pernambuco referente ao período de chuvas apresentou MIC maior que 1024 μg/mL. As cepas de Streptococcus mutans e Staphylococcus aureus são Gram positivas e apresentam paredes celulares semelhantes entre si. Esses resultados citados mostram que as atividades antibacterianas dos EHA e FMAP são correspondentes entre si. A realização de testes de crescimento de cultura em meio de ágar-ágar, realizada após coleta do sobrenadante das microplacas, revelou ser efetiva. Os resultados de MIC mostraram que o EHA e a FMAP de própolis vermelha foram bacteriostáticos frente a cepa de S. mutans, com valores de 62,5 a 125 μg/mL e de 250 a 500 μg/mL. Para Candida albicans os extratos foram bacteriostáticos com concentração de 500 a 1000 μg/mL para ambos os extratos.
[042] O EHA resultou positivo para ação bactericida frente ao S. mutans a uma concentração de 125 a 250 μg/mL e a FMAP apresenta capacidade de eliminação da mesma bactéria a uma concentração de 250 a 500 μg/mL. Frente C. albicans, tanto o EHA e a FMAP apresentaram CFM de 500 a 1000 μg/mL. Os resultados dos ensaios microbiológicos apresentam capacidade fungicida e bactericida, no entanto, observamos a necessidade de um reestudo para procurar adequar, valores percentuais mais precisos, uma vez que, os valores com os quais as concentrações têm a capacidade bacteriostática e fugostática no MIC, são muito baixas. Como também, estabelecer a partir de qual concentração, teremos o efeito bactericida e fungicida. Essas respostas são essenciais, principalmente projetando-se o seu uso clínico, como elemento profilático das EP ou como curativo da Estomatite Protética.
VANTAGENS DA PATENTE
[043] A utilização de microparticulados/microencapsulados de própolis em quitosana como aditivo aos pós fixadores de próteses dentárias propicia as seguintes vantagens:
[044] 1-manutenção ou mesmo melhoria das propriedades adesivas do fixador, se comparado ao produto comercial;
[045] 2-atribuição de propriedades bactericidas, fungicidas, cicatrizantes e anti-inflamatórias, entre outras, à composição final do adesivo aditivado;
[046] 3-combate à estomatite protética, seja pela inibição de formação dos biofilmes bacterianos ou fúngicos (efeitos bactericida e antifúngico) ou pelas propriedades curativas da própolis (efeitos anti-inflamatório e cicatrizante).
[047] 4-0 aditivo provém de um fármaco de origem natural, não sintético, com baixos riscos à exposição ou uso continuado.
[048] 5-pode ser utilizada como material preventivo e como curativo de doenças orais vinculadas a fungos e bactérias.

Claims (13)

  1. Uso de compósitos de própolis-quitosana como aditivo para adesivos fixadores de próteses dentárias mucossuportadas caracterizado por fazer uso de compósitos que são elaborados a partir de extratos de própolis e quitosana processados.
  2. Uso de compósitos de própolis-quitosana como aditivo para adesivos fixadores de próteses dentárias mucossuportadas, caracterizado por fazer uso de compósitos que são elaborados a partir de extratos hidroalcoólicos de própolis.
  3. Uso de compósitos de própolis-quitosana como aditivo para adesivos fixadores de próteses dentárias mucossuportadas, caracterizado por ser um microencapsulado ou microparticulado em pó.
  4. Uso de compósitos de própolis-quitosana como aditivo para adesivos fixadores de próteses dentárias mucossuportadas, caracterizado por fazer uso de compósitos que são elaborados a partir de extratos de própolis ordinária e/ou da Própolis Vermelha de Alagoas.
  5. Composição de pós fixadores de próteses dentárias mucossuportadas, de acordo com as reivindicações 1 a 4, caracterizado por apresentar efeito bactericida.
  6. Composição de pós fixadores de próteses dentárias mucossuportadas, de acordo com as reivindicações 1 a 4, caracterizado por apresentar efeito fungicida.
  7. Composição de pós fixadores de próteses dentárias mucossuportadas, de acordo com as reivindicações 1 a 4, caracterizado por apresentar efeito anti-inflamatório.
  8. Composição de pós fixadores de próteses dentárias mucossuportadas, de acordo com as reivindicações 1 a 4, caracterizado por apresentar efeito cicatrizante.
  9. Composição de pós fixadores de próteses dentárias mucossuportadas, de acordo com as reivindicações 1 a 4, caracterizado por prevenir e combater a estomatite protética.
  10. Composição de pós fixadores de próteses dentárias mucossuportadas, de acordo com as reivindicações 1 a 4, caracterizado por fazer uso de um antibiótico natural, seguro e passível de uso continuado.
  11. Composição de pós fixadores de próteses dentárias mucossuportadas, caracterizado por fazer uso de compósitos com própolis-quitosana em proporção de 0,01% até 50% em relação à massa total da composição.
  12. Composição de pós fixadores de próteses dentárias mucossuportadas, caracterizado por fazer uso de compósitos com própolis-quitosana, de acordo com a reivindicação 11, que mantém ou melhora as propriedades de aderência em relação ao adesivo não modificado.
  13. Uso de compósitos de própolis-quitosana como aditivo para adesivos fixadores de próteses dentárias mucossuportadas, de acordo com a reivindicação 3, caracterizado por o microencapsulado ou microparticulado serem obtidos pela técnica de spray drying.
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