BR102018074652A2 - dispositivo de isolamento para tratamento cirúrgico de implantes com peri-implantite - Google Patents

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Viegas Da Costa Danilo
Mariz Borges Da Cruz Gabriel
Menezes Candido Higor
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Abstract

a presente patente de invenção, da área de implantodontia, tem o objetivo de desenvolver um dispositivo com a finalidade de facilitar o acesso e isolamento de sítios acometidos por peri-implantite a fim de se obter uma ampla visualização que favoreça o processo de descontaminação do implante, minimizando os danos a superfície do mesmo e aos tecidos moles e duros adjacentes, beneficiando assim a reparação tecidual da área afetada.

Description

RELATÓRIO DESCRITIVO
DISPOSITIVO DE ISOLAMENTO PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO DE IMPLANTES COM PERI-IMPLANTITE
[001] A presente patente de invenção, da área de implantodontia, tem o objetivo de desenvolver um dispositivo com a finalidade de facilitar o acesso e isolamento de sítios acometidos por peri-implantite a fim de se obter uma ampla visualização que favoreça o processo de descontaminação do implante, minimizando os danos à superfície do mesmo e aos tecidos moles e duros adjacentes, beneficiando assim a reparação tecidual da área afetada.
[002] A necessidade do ser humano em procurar uma reabilitação para os elementos dentais perdidos data de um período bastante anterior ao da odontologia moderna. Os antigos chineses, há mais de 4 mil anos, esculpiam varas de bambu em formato cônico e as colocavam dentro do osso para substituição do dente perdido. Já os egípcios, há cerca de 2 mil anos, utilizavam metais preciosos, com desenho similar a um cone, como implantes, assim como os incas, que utilizavam conchas fixadas no tecido ósseo.
[003] Com o advento da implantodontia moderna, assim como os resultados clínicos satisfatórios alcançados, o número de implantes dentais realizados em todo o mundo aumentou substancialmente nos últimos anos. Diante dessa demanda crescente e de novas necessidades e indicações, novas técnicas de reabilitação oral têm surgido.
[004] No entanto, o número de indivíduos acometidos pela doença periimplantite têm se mostrado da mesma forma crescente, atingindo números consideráveis (entre 20% a 60% dos casos). Com isso, é sugerido o monitoramento frequente dos tecidos peri-implantares a fim de diminuir a incidência e a prevalência de inflamações desse nível, que podem levar à perda do procedimento reabilitador.
[005] O termo peri-implantite foi introduzido para descrições de condições patológicas infecciosas dos tecidos peri-implantes. Mais tarde, chegou-se a um consenso de que esse termo deveria ser utilizado para processos destrutivos inflamatórios ao redor de implantes osseointegrados colocados em função, nos quais houve a formação de bolsa peri-implantar e perda progressiva do osso de apoio.
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[006] Como a peri-implantite pode levar à perda dos implantes, a intervenção é crucial, na tentativa de alcançar a estabilização da lesão e garantir a regeneração dos tecidos perdidos. Vários processos e substâncias têm sido utilizados para o tratamento das inflamações peri-implantares, dentre eles: remoção das espiras dos implantes, através de desgaste e polimento, tratamentos químicos utilizando ácidos, agentes anti-microbianos e anti-sépticos, profilaxia com jato de bicarbonato, glicina e outros produtos, aparelhos de ultrassom, curetas específicas, dentre outros. No entanto, há, em muitos casos, a dificuldade de se obter um campo operatório limpo e acessível à terapia proposta em cada caso.
[007] Figuero et al. (2014) definiram as doenças peri-implantares como lesões inflamatórias dos tecidos ao redor dos implantes, sendo divididas em mucosite periimplantar (uma lesão inflamatória limitada à mucosa circundante de um implante) e per-implantite (uma lesão inflamatória da mucosa que afeta o suporte ósseo, com consequente perda da osseointegração). Durante a revisão de literatura, foi demonstrado que a terapia para a mucosite peri-implantar e a terapia não-cirúrgica para peri-implantite geralmente envolve o debridamento mecânico da superfície do implante, utilizando curetas, dispositivos ultrassônicos, dispositivos abrasivos de ar ou laseres, com ou sem uso de anti-sépticos e antibióticos locais e sistêmicos. A eficácia dessas terapias foi demonstrada para a mucosite, baseando, segundo os autores, em ensaios clínicos controlados, melhorando principalmente os níveis de sangramento à sondagem. Para a peri-implantite, os resultados normalmente são limitados, especialmente em termos de redução da profundidade de sondagem da bolsa periodontal. Há indicação da terapia cirúrgica quando houve insucesso da nãocirúrgica.
[008] Os autores sugerem ainda que, na presença de defeitos circunferenciais e infra-ósseos profundos, as intervenções cirúrgicas devem objetivar o debridamento completo, a descontaminação da superfície do implante e a reconstrução do defeito. Em defeitos sem bordos definidos e supra-ósseos, o objetivo da intervenção cirúrgica deve ser o debridamento completo e o reposicionamento do tecido gengival para permitir a correta higienização pelo indivíduo, mesmo que isto possa comprometer a estética da restauração implantossuportada.
[009] Schwarz et al. (2015) elaboraram uma revisão sistemática na qual compararam a eficácia de jatos polidores na alteração dos sinais da inflamação em comparação com tratamentos considerados como controle, isto é, os que adotam
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3/6 medidas alternativas para remoção de placa com ou sem terapia adjuvante antiséptica e/ou antibiótica. Concluíram que o polimento com jato de glicina é tão eficaz quanto os tratamentos de controle em locais com mucosite, porém, em locais com peri-implantite, ele demonstrou melhorar a eficácia do tratamento não-cirúrgico sobre as medidas de controle investigadas (sangramento à sondagem e profundidade de sondagem).
[010] Stein et al. (2017) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar os resultados clínicos do uso de ultrassom, curetagem tecidual e polimento da região submucosa com pó de glicina sob pressão (jato de glicina) e aplicação submucosa de solução contendo “povidone-iodine” em áreas diagnosticadas com periodontite crônica e peri-implantite. Definiram como peri-implantite as áreas com perda óssea radiográfica superior a 2 mm e profundidade de sondagem igual ou superior a 5 mm, com sangramento ao estímulo com a sonda. O tratamento dos implantes foi o debridamento ultrassônico, seguido da curetagem de tecidos moles, polimento com jato contendo pó de glicina e aplicação submucosa de solução contendo “povidoneiodine”. Em casos com periodontite grave foram prescritos amoxicilina e metronidazol por 7 dias sistemicamente. Concluíram que a combinação de debridamento ultrassônico, curetagem, jato de glicina e solução de “povine-iodine” levou a melhorias significativas nos implantes e que o uso de antibióticos sistêmicos tiveram efeitos limitados no tratamento de áreas com profundidade de sondagem elevada.
[011] Drago et al. (2017) avaliaram a atividade anti-microbiana de uma nova composição de pó utilizada em conjunto com jato de ar e água, consistindo em uma mistura de eritritol e clorexidina, para prevenir a formação de biofilme em superfícies de titânio. Concluíram que a associação entre eritritol e clorexidina apresentou atividade antimicrobiana e antibiofilme significativa contra cepas de Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Bacteroides fragilis e Candida albicans isoladas de lesões diagnosticas como peri-implantites. Sugerem ainda que a solução pode representar uma abordagem promissora no tratamento de doenças peri-implantares, devendo haver mais estudos para comprovação.
[012] Renvert & Polyzois (2018) relataram que as diferenças anatômicas tornam as bolsas peri-implantares mais suscetíveis a traumas e infecções do que as bolsas periodontais em dentes, o que pode levar às doenças inflamatórias, que acabam por levar à perda de osso de suporte. Eles citaram ainda que o controle da
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4/6 infecção inclui a erradicação do biofilme da superfície do implante e o debridamento mecânico eficiente. O principal objetivo da abordagem cirúrgica é fornecer acesso e poder visualizar a situação clínica. Sugerem ainda que após a descontaminação e procedimentos regeneradores, a manutenção regular e a boa higiene bucal são essenciais para um resultado previsível e estável a longo prazo.
[013] Em buscas realizadas nos bancos de patentes, foram encontradas as patentes “US 2013/0252198”, “BR 102014005420-0”, “PI 0701180-6” e “PI 09017194” que possam apresentar características próximas ao “Dispositivo de isolamento para tratamento cirúrgico de implantes odontológicos com peri-implantite” proposto.
[014] A patente “US 2013/0252198” consiste em uma matriz utilizada em restaurações interproximais estabilizada por um grampo específico que auxilia no processo de isolamento do campo a ser trabalhado. Além de se tratar de uma aplicação completamente diferente do “Dispositivo de isolamento para tratamento cirúrgico de implantes odontológicos com peri-implantite”, podendo ser observado pela diferença nos desenhos, uma vez que o dispositivo na presente patente será individualizado para o implante e contém projeções necessárias para o acesso ao defeito ósseo em peri-implantites, o que não é observado no dispositivo da patente “US 2013/0252198”, utilizado em elementos dentais.
[015] O pedido de privilégio de invenção “BR 102014005420-0”, com título de “Grampo paralelizado e orientador de carga” trata-se de um instrumento o qual possibilita localizar o ponto exato de perfuração em processos de implantes dentários. Já o “Dispositivo de isolamento para tratamento cirúrgico de implantes odontológicos com peri-implantite” tem como finalidade o isolamento do campo cirúrgico para a descontaminação dos implantes, através de preparo mecânico/químico e com anatomia diferente da encontrada na invenção citada.
[016] O depósito de pedido nacional de patente “PI 0701180-6” intitulado “Grampos confeccionados em polímero para isolamento do campo operatório em procedimentos odontológicos” consiste em grampos confeccionados utilizando polímero para fixação de dique de borracha em tratamentos restauradores e obturadores, diferentemente do proposto que se trata de um dispositivo cirúrgico para isolar o implante do tecido conjuntivo e ósseo, além do desenho e material serem diferentes do grampo em polímero mencionado acima.
[017] O depósito de pedido nacional de patente “PI 0901719-4” correspondente ao “Dispositivo para Isolamento Absoluto em Procedimentos
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Odontológicos Invasivos” também apresenta algumas características parecidas com o “Dispositivo de isolamento para tratamento cirúrgico de implantes odontológicos com peri-implantite”, como a utilização de instrumental inteiriço, com formatos e angulações variadas. No entanto é observável que os desenhos de ambas são diferentes, principalmente em sua porção final, que, no “Dispositivo de isolamento para tratamento cirúrgico de implantes odontológicos com peri-implantite” apresenta uma projeção em direção ao defeito ósseo e se adapta à implantes, tendo uma aplicação e finalidade totalmente diferenciada do dispositivo citado na patente “PI 0901719-4”.
[018] A novidade do “Dispositivo de isolamento para tratamento cirúrgico de implantes odontológicos com peri-implantite” é a possibilidade de se isolar o tecido conjuntivo e ósseo das espiras do implante para que as mesmas possam ser descontaminadas por jateamento ou mesmo com a utilização de substâncias químicas que não possam estar em contato com as estruturas orgânicas. Esta funcionalidade é gerada pelo desenho especial e características de projeto do dispositivo, que pode ser melhor compreendido com a ajuda das figuras descritas a seguir.
[019] A FIGURA 1 apresenta uma vista tridimensional do dispositivo de isolamento para tratamento cirúrgico de implantes com Peri-implantite.
[020] A FIGURA 2 apresenta uma vista do dispositivo acoplado ao implante.
[021] O procedimento de descontaminação das áreas acometidas por periimplantite inicia-se pelo acesso cirúrgico, debridamento e remoção do tecido de granulação e contaminado, de modo que as espiras do implante fiquem expostas e sem o contato com o tecido mole do paciente. O dispositivo de isolamento é composto por duas estruturas (10) e (11), unidas através de um arco (12) que exerce pressão sobre a superfície do implante (figuras 1, 2), por meio de anéis (13) que se adaptam ao corpo do implante (14). Associado a utilização de um lençol de borracha, os anéis (13) permitem isolar a área na qual é necessário realizar a limpeza.
[022] O dispositivo é inserido na área cirúrgica com o auxílio de uma pinça porta-grampo, que é acoplada aos orifícios (15) e, por meio de um efeito mola, permitem abrir e fechar as estruturas (10) e (11) para ajustar o dispositivo de modo que o mesmo possa se assentar no defeito ósseo.
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[023] O dispositivo deverá ter orifícios (15) para a adaptação da pinça portagrampo e poderá ou não ter pinos embaixo de sua estrutura para auxiliar na estabilização do lençol de borracha.
[024] O material utilizado para o dispositivo pode ser um aço inoxidável e/ou titânio, dependendo da finalidade e dos produtos a serem utilizados no processo de descontaminação, sem restrições quanto ao tipo de material. Independentemente do material a ser utilizado, o mesmo deverá ser passível de descontaminação e esterilização por autoclave sem perder seu correto dimensionamento e características anatômicas. O material para o dispositivo também pode ser descartável.
[025] Existem variações dimensionais que devem ser respeitadas devido a cada tipo de defeito ósseo encontrado e a cada tipo de implante, podendo variar o seu comprimento, diâmetro e formato, para que haja uma correta adaptação à situação encontrada. Os implantes podem ter diversos formatos (cônicos, cilíndricos, curtos, longos, etc.), diâmetros (2.0mm, 3.3mm, 3.5mm, 3.75mm, 4.0mm, etc). Os defeitos ósseos também podem sofrer variações, sendo circunferenciais, angulados, envolvendo uma, duas ou mais paredes, etc. Com isso, o dispositivo pode ter variações de diâmetro, inclinação, comprimento das projeções, se adaptando a cada situação clínica possível.

Claims (4)

  1. REIVINDICAÇÕES
    1. “DISPOSITIVO DE ISOLAMENTO PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO DE IMPLANTES COM PERI-IMPLANTITE”, caracterizado por ser um instrumental único, composto por duas estruturas (10) e (11), unidas através de um arco (12) que exerce pressão sobre a superfície do implante, por meio de anéis (13) que se adaptam ao corpo do implante (14), e associado a utilização de um lençol de borracha, os anéis (13) permitem isolar a área acometida por peri-implantite, de forma estável e segura para o paciente.
  2. 2. “DISPOSITIVO DE ISOLAMENTO PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO DE IMPLANTES COM PERI-IMPLANTITE”, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por possuir os orifícios (15) para permitir que seja inserido na área cirúrgica com o auxílio de uma pinça portagrampo e, por meio de efeito mola, permitem abrir e fechar as estruturas (10) e (11) para ajustar o dispositivo de modo que o mesmo possa se assentar no defeito ósseo.
  3. 3. “DISPOSITIVO DE ISOLAMENTO PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO
    DE IMPLANTES COM PERI-IMPLANTITE”, de acordo com a reivindicação 2, caracterizado por possuir opcionalmente pinos embaixo de sua estrutura para auxiliar na estabilização do lençol de borracha.
  4. 4. “DISPOSITIVO DE ISOLAMENTO PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO DE IMPLANTES COM PERI-IMPLANTITE”, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelas estruturas (10) e (11) poderem ser cônicas ou cilíndricas, curtas ou longas, se adaptando a cada situação clínica.
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