BR102018013005A2

BR102018013005A2 - Composição inseticida de extrato de agave híbrida para o combate ao mosquito aedes aegypti em qualquer uma de suas fases de vida

Info

Publication number: BR102018013005A2
Application number: BR102018013005-6A
Authority: BR
Inventors: Fabíola da Cruz Nunes; Everaldo Paulo De Medeiros; Valdir de Andrade Braga; Louise Helena Guimarães De Oliveira; Patricia Alexandria Paiva Silva De Sousa; Gabriel Joventino Do Nascimento
Original assignee: Universidade Federal Da Paraiba; Empresa Brasileira De Pesquisa Agropecuaria - Embrapa
Priority date: 2018-06-25
Filing date: 2018-06-25
Publication date: 2020-01-07

Abstract

a presente invenção visa à eliminação do mosquito aedes aegypti em suas diversas fases de vida (ovo, larva, pupa ou adulto). entre as vantagens, pode-se destacar: a administração única eficaz contra o vetor e com ação rápida, o baixo custo e a não toxicidade para outros animais. a obtenção da formulação é feita por meio da moagem das folhas da agave híbrida 11648 em máquina de beneficiamento da fibra em que separa-se um resíduo, a prensagem para a extração da seiva clorofilada ou o suco de sisal, a coagem, a filtragem, a pré-armazenagem em ambiente refrigerado, a concentração ou liofilização e, por fim, o acondicionamento.

Description

“COMPOSIÇÃO INSETICIDA DE EXTRATO DE AGAVE HÍBRIDA PARA O COMBATE AO MOSQUITO AEDES AEGYPTI EM QUALQUER UMA DE SUAS FASES DE VIDA” [001] A presente invenção se refere ao uso e formulação química do extrato obtido de partes aéreas de Agave híbrida 11648 (cruzamento genético entre a Agave angustifolia e Agave amaniensis) para utilização como inseticida contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor de diversas doenças.

[002] Mais especificamente, a invenção trata do uso dessas formulações como inseticida a serem utilizadas no combate as diversas fases de vida do mosquito Aedes aegypti.

[003] O mosquito Aedes aegypti sempre acompanhou o homem em seu desenvolvimento e migração pelo mundo, permanecendo onde as alterações antrópicas propiciaram a sua proliferação. A maioria dos estados brasileiros está infestado pelo Aedes aegypti ou Stegomyia aegypti, o que possibilita a transmissão de diversas doenças, já que o mosquito é o vetor de várias arboviroses importantes em todo o mundo tais como: dengue (DENV), febre amarela, zika e chikungunya (CHIKV) entre outras enfermidades.

[004] Apesar dos esforços de toda a comunidade científica para o desenvolvimento de vacinas que previnam as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, a principal estratégia e a mais eficaz até o momento é o combate ao vetor por meio da aplicação de inseticida nos criadouros.

[005] Por sua estreita associação com o homem, o Aedes aegypti é essencialmente um mosquito urbano encontrado em maior abundância em cidades, vilas e povoados. Entretanto, no Brasil, México e Colômbia já foi localizado em Zonas Rurais, provavelmente transportados das áreas urbanas em vasos domésticos onde se encontravam ovos ou larvas. Os mosquitos se desenvolvem através de metamorfose completa. O seu ciclo compreende quatro fases: ovo, larva (quatro estágios larvários), pupa e adulto.

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2/5 [006] Uma das principais estratégias para o controle das doenças transmitidas pelo mosquito é o tratamento focal, que tem como objetivo o combate às formas larvais. O tratamento focal consiste na aplicação de um produto larvicida nos depósitos de água contendo formas imaturas de mosquitos que não possam ser eliminados mecanicamente. Os larvicidas mais utilizados no tratamento focal são temephós, Bacillus turinghiensis israelensis (BTI) e o metoprene.

[007] Esses três inseticidas são aprovados pela Organização Mundial da Saúde pra uso em água de consumo humano por suas características de inocuidade para os mamíferos em geral e para o homem. Mesmo assim, são considerados potencialmente perigosos para os trabalhadores que manipulam esses produtos frequentemente.

[008] Além dos problemas relacionados à toxicidade, o surgimento da resistência por parte do Aedes aegypti aos inseticidas químicos mais utilizados tem sido reportada por diversos pesquisadores.

[009] Os produtos naturais vêm sendo amplamente explorados ao redor do mundo, como fonte de novas substâncias com grande potencial biotecnológico. Nesse contexto, outras espécies do gênero Agave, conhecida popularmente como S/sa/, vêm sendo estudadas quanto ao seu potencial antimicrobiano, antinflamatório e parasiticida. O Sisal é cultivado em áreas tropicais e semiáridas ao redor do mundo, sendo o Brasil o seu maior produtor.

[010] Embora o Sisal seja um dos cultivos mais importantes do Nordeste do Brasil, sua área cultivada vem diminuindo ao longo dos anos. Algumas pesquisas vêm sendo feitas com o objetivo de melhorar a produtividade da planta desde a década de 1970, quando foi importado da África o híbrido 11648.

[011] A Agave melhorada geneticamente (Híbrido 11648) é resultante do cruzamento entre Agave angustifolia x Agave amaniensis e foi introduzida no Brasil logo após a sua criação. O híbrido possui algumas vantagens sobre outras espécies de Agave principalmente em relação ao aumento da produtividade, tolerância à podridão do tronco e resistência à seca, o que

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3/5 permite sua colheita praticamente durante todo o ano.

[012] Apesar de já existirem estudos explorando a atividade larvicida de produtos naturais contra o Aedes aegypti, não existem estudos que explorem o potencial larvicida da Agave híbrida 11648.

[013] Dessa forma, com o intuito de solucionar tais problemas desenvolveu-se a presente invenção que está baseada na formulação química que utiliza o extrato proveniente das folhas da Agave Híbrida 11648 e que pode ser empregada no controle das diversas fases do mosquito (ovo, larva, pupa e adulto). Entre as vantagens da adoção dessa formulação é possível mencionar o baixo custo, a fácil aquisição e obtenção, a economia no uso, a elevada eficiência, a ação letal do vetor em curto espaço de tempo, a não toxicidades para outros animais nas concentrações recomendadas e por ser alternativa eficaz em casos de resistência do vetor aos inseticidas convencionais. Além disso, utiliza a biodiversidade brasileira de forma sustentável, contribuindo para o respaldo científico da espécie.

[014] A invenção poderá ser melhor compreendida através da seguinte descrição detalhada em consonância com as figuras em anexo, onde:

[015] A FIGURA 1 representa o gráfico comparativo entre amostras de Aedes aegypti sem e com inseticida visando identificar a eficácia em termos de anti-eclodibilidade dos ovos.

[016] A FIGURA 2 representa um gráfico à efetividade do inseticida em relação à mortandade da fase larval dos mosquitos Aedes aegypti após 24 horas.

[017] A FIGURA 3 representa um gráfico sobre a atividade pupicida da formulação após as 24 horas de sua inoculação.

[018] A FIGURA 4 representa um gráfico sobre a atividade adulticida da formulação após as 24 horas de sua inoculação.

[019] A relação ao efeito ovicida, os resultados das pesquisas realizadas para o desenvolvimento desta formulação (Grupo Experimental) mostraram que ela é eficiente contra a eclodibilidade dos ovos de Aedes aegypti (FIGURA 1). Em quatro dias os ovos foram inativados enquanto que

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4/5 os ovos do Grupo Controle, sem o inseticida, eclodiam normalmente a partir do quinto dia de investigação.

[020] Em relação ao seu efeito larvicida, constatou-se que após 24 horas de exposição ao tratamento, a formulação foi eficaz causando a morte das larvas, conforme pode ser observado na FIGURA 2.

[021] Quanto ao efeito pupicida, morte da fase de pupa, constatou-se, também, que após 24 de exposição ao tratamento, a formulação foi eficaz causando a morte das pupas (FIGURA 3). Similarmente ocorreu a morte dos mosquitos após 24 horas, conforme exposto na FIGURA 4.

[022] Assim, confirmou-se a eficácia e eficiência da aludida formulação que pode ser obtida a partir de um subproduto rejeitado pela indústria da Agave, além do baixíssimo custo de matéria-prima.

[023] A obtenção da formulação a partir da Agave Híbrida 11648 bruta é feita por meio da a) moagem das folhas em máquina de beneficiamento da fibra em que se separa um resíduo. Este resíduo é b) prensado para extração da seiva clorofilada ou o suco de S/sa/. Em seguida o c) extrato bruto é coado, d) filtrado e e) pré-armazenado em recipiente seco (preferivelmente dessecador com silica gel), dotado de isolamento térmico e refrigerado a 25°C. Depois disso, deve-se f) concentrar ou liofilizar até a completa finalização. A concentração em rotaevaporador a vácuo deve ser numa temperatura entre 50° C a 60^o Cea liofilização deve ser numa temperatura entre - 50° Ca- 20°C e, em seguida, o produto final deve ser g) acondicionado em frasco âmbar ou em ambiente escuro.

[024] A formulação farmacêutica é obtida do extrato bruto com a seguinte composição:

[025] Extrato bruto fluido..................................................0,5 a 100 mL [026] Excipiente q.s.p................................................................100 mL [027] A formulação farmacêutica é obtida do extrato em pó liofilizado que é reconstituído em meio aquoso e consiste na seguinte composição:

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5/5 [028] Liofilizado a 10.000 mg [029] Excipiente q.s.p.............................................................. 1000 mL [030] A concentração de liofilizado a ser utilizada para matar as diferentes fases do Aedes aegypti é 0,005 a 50 mL/mL, administradas em locais onde se deseja eliminar o vetor. A concentração de liofilizado a ser utilizada para matar as larvas de Aedes aegypti é 0,001 a 1000 mg/mL, administradas em locais onde se deseja matar o vetor.

Claims

REIVINDICAÇÕES

1. “Composição inseticida de extrato de Agave Híbrida para o combate ao mosquito Aedes Aegypti em qualquer uma de suas fases de vida” a partir da Agave Híbrida 11648 bruta caracterizada pelas seguintes etapas sequenciais de preparação:

a) moagem das folhas para a obtenção do resíduo;

b) prensagem para a extração da seiva clorofilada ou o suco de S/sa/;

c) coagem;

d) filtração;

e) pré-armazenamento;

f) concentração ou liofilização;

g) acondicionamento.
2. “Composição inseticida de extrato de Agave Híbrida para o combate ao mosquito Aedes Aegypti em qualquer uma de suas fases de vida”, de acordo com a reivindicação 1, caracterizada pela moagem das folhas ser em máquina de beneficiamento capaz de separar a fibra do resíduo.
3. “Composição inseticida de extrato de Agave Híbrida para o combate ao mosquito Aedes Aegypti em qualquer uma de suas fases de vida”, de acordo com a reivindicação 1, caracterizada pela armazenagem ser em recipiente ou ambiente seco, preferivelmente utilizando dessecador silica gel, âmbar ou escuro, dotado de isolamento térmico e refrigerado a 25°C.
4. “Composição inseticida de extrato de Agave Híbrida para o combate ao mosquito Aedes Aegypti em qualquer uma de suas fases de vida”, de acordo com a reivindicação 1, caracterizada pela concentração em rotraevaporador a vácuo ser numa temperatura entre 50° C a 60^oC.
5. “Composição inseticida de extrato de Agave Híbrida para o combate ao mosquito Aedes Aegypti em qualquer uma de suas fases de vida”, de acordo com a reivindicação 1, caracterizada pela liofilização

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2/2 ser em temperatura entre - 50°C a - 20°C.
6. “Composição inseticida de extrato de Agave Híbrida para o combate ao mosquito Aedes Aegypti em qualquer uma de suas fases de vida”, de acordo com a reivindicação 1, caracterizada pela préarmazenagem e o acondicionamento serem em recipientes âmbar ou ambientes escuros e secos, preferivelmente com dessecadores silica gel, dotado de isolamento térmico e sob refrigeração a 25°C.
7. “Composição inseticida de extrato de Agave Híbrida para o combate ao mosquito Aedes Aegypti em qualquer uma de suas fases de vida”, de acordo com a reivindicação 1, caracterizada pela utilização do produto final, concentrado ou liofilizado, para eliminar o Aedes aegypti variar entre 0,005 a 50 mL/mL e entre 0,001 a 1000 mg/mL, respectivamente.