Campo da Invenção
[001] A presente invenção trata de um Repelente Natural Contra o Mosquito Aedes aegypti de uso tópico na forma de creme-gel com aplicação na área de cosméticos obtido a do extrato hidroalcoolico das folhas de Nim Indiano (Azadirachta indica A. Juss) e óleo de Babaçu (Orbignya phalerata Martius) visando repelir os mosquitos Aedes sp., Anophelessp., Culex sp., dentre outros.
Antecedentes da Invenção
[002] A dengue, assim como a Zica são doenças que podem ser transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Este mosquito tem hábito diurno, coloração preta com listras brancas e é cosmopolita (Taveira et al., Man. Cont. Aedes aegypti. Ribeirão Preto. Pref. Mun. 2001).
[003] Atualmente os produtos repelentes existentes no mercado usam como base o DEET (N,N-dietil-3-metilbenzamida) (Patente WO 2011095991 de 2011, pertencente a Soni Saurabh Sureshchandra). Desde 1954 foi apresentado como um ativo repelente superior aos demais (Journal of Organic Chemistry, v.19, p.493, 1954). É eficaz e chega a proteger até oito horas (Abiy et al. Malaria Journal. 2015. 4:187) contudo apresenta riscos a saúde humana (Oliveira, Dissert. USP, São Paulo, 108p. 2008).
[004] De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, CATEC- Parec. Técn. n° 2, 11 de nov. 2006), repelentes contendo essa substância não podem ser utilizados em crianças com menos de 2 anos de idade, e para crianças de 2 a 12 anos o número de aplicações do produto não deve exceder a 3 vezes ao dia, em virtude do risco tóxico. Nesse sentido, surgem alternativas como a utilização de um repelente mais seguro, como possivelmente é o caso de produtos de origem natural, cujo curto período de proteção é compensado pela possibilidade de várias reaplicações (Oliveira, Dissert. USP, São Paulo, 108p. 2008) como a presente invenção.
[005] Alguns repelentes naturais possuem como constituintes a citronela (Patente PI 1106861-2 de 2012, pertencente a Universidade Federal de Juiz de Fora) e o óleo de Nim combinado a outros óleos (Patente US 20150373996, pertencente a William R. Williams, II) que são utilizados como repelentes de mosquitos e dentre eles o Aedes aegypti, como exemplos. Contudo como desvantagens pode-se destacar o uso combinado com outros óleos o que pode transmitir sensação gordurosa e desagradável, além de não proporcionar hidratação na pele.
[006] Com o intuito de solucionar estes problemas é proposta a presente invenção a qual apresenta o extrato hidroalcólico das folhas do Nim como substância repelente e o óleo de Babaçu como substância de ação hidratante. O creme-gel possui ótima espalhabilidade, aderência e proporciona hidratação na pele, além de não causar nenhum risco tóxico ao homem.
Descrição Detalhada da Invenção
[007] A presente invenção se refere a um repelente natural contra o mosquito Aedes aegypti que contem os seguintes componentes 0,4 a 1,6g de co-polímero do ácido sulfônico acriloildimetiltaurato e vinilpirrolidona neutralizado sendo preferencialmente 0,8g; 1,0 a 4g de monolaurato de sorbitan etoxilado 20 EO sendo preferencialmente 2g; 1 a 4g de óleo de Babaçu (Orbignya phalerata Martius) sendo preferencialmente 2g; 0,15 a 0,6g de solução aquosa de metilisotiazolinona sendo preferencialmente 0,3g; 1 a 4,0g de extrato hidroalcoólico das folhas do Nim (Azadirachta indica A. Juss) sendo preferencialmente 2g; 1 a 4g de glicerol sendo preferencialmente 2g; 1 a 4g de álcool isopropilico sendo preferencialmente 2g e um percentual de água destilada suficiente para 100g.
[008] O processo de preparo do repelente natural contra o mosquito Aedes aegypti, o qual se refere a presente invenção é preparada segundo as seguintes etapas: Na etapa 1: Usa-se monolaurato de sorbitan etoxilado 20 EO, solução aquosa de metilisotiazolinona e o óleo de Babaçu colocados em um bécker de vidro de 100 mL e homogeneizados em temperatura ambiente (25 ± 2 °C); Na etapa 2T Em outro bécker de vidro de 100 mL são colocados glicerol, álcool isopropilico, extrato hidroalcoólico das folhas do Nim e água destilada (q.s.p.) e homogeneizados em temperatura ambiente (25 ± 2 °C); Na etapa 3: Os componentes da etapa 2 são vertidos nos componentes da etapa 1 e mantidos sob agitação constante em um agitador mecânico digital até a completa homogeneização de ambas as fases.
[009] O extrato hidroalcoólico das folhas do Nim usado na formulação da presente invenção foi obtido de acordo com o descrito no pedido de depósito de patente PI 1003892-2 de 2010, pertencente a Universidade Estadual do Maranhão e adicionado na formulação do repelente natural contra o mosquito Aedes aegypti na proporção de 1 a 25% (m/m). Para a obtenção desse extrato as folhas de Nim devem ser coletadas em seguida, o material deve ser submetido ao processo de secagem, sendo exposto sobre uma bancada, em local seco e arejado. Depois secadas em estufa a 45°C. Após completa secagem o material é triturado e pesado. Ao pó obtido adicionou-se álcool a 70% (EtOH:H2O) na proporção de (1:3), onde o macerado deverá ser filtrado em papel de filtro ou gases e devem ser feitas de 1 a 10 extrações a cada 72 horas, para obtenção do extrato hidroalcoólico das folhas do Nim e no final rotaevaporado, para que haja a eliminação do solvente, ficando no balão apenas o extrato concentrado de Nim. Em seguida, o extrato concentrado deve ser acondicionado sobre refrigeração de 4 a 6°C e armazenado em frasco de vidro até seu uso. Este extrato concentrado é que é adicionado na formulação do repelente na proporção de 1 a 25% (m/m).
[010] O óleo de Babaçu usado no repelente natural contra o mosquito Aedes aegypti deve ser extraído a partir das amêndoas do fruto de forma mecânica, artesanal ou por solvente.
[011] A presente invenção consiste em um repelente natural de uso tópico que apresenta cor levemente amarelada, odor característico, aparência de gel-creme turvo amarelado, homogêneo e manter-se estável após centrifugação.
[012] Este repelente natural contra o mosquito Aedes aegypti apresenta pH entre 5,04 a 5,27 durante 30 dias armazenado em temperatura ambiente (25 ± 2 °C). E quando submetido a estresse térmico (40 ± 2 °C) apresenta variação de pH em torno de 5,03 a 5,42, valores este aceitável a pele humana.
[013] O repelente natural contra o mosquito Aedes aegypti apresenta viscosidade em temperatura ambiente (25 ± 2 °C) entre 1,43 a 1,63 e quando submetido ao estresse térmico (40 ± 2 °C) apresenta viscosidade em torno de 1,38 a 4,37 demonstrando assim características de uma formulação gel-creme com boa espalhabilidade na pele.
[014] O repelente natural proposto na presente invenção possui propriedades repelente de mosquitos Aedes sp., Anophelessp., Culex sp., dentre outros e hidratante através do uso de óleo vegetal de Babaçu.