BR102014033135A2 - dispositivo ajustável ao corpo e personalizável para treinamento em manejo de feridas - Google Patents

Abstract

"dispositivo ajustável ao corpo e personalizável para treinamento em manejo de feridas" o pedido de patente de invenção consiste em um corpo estrutural ajustável e fixado ao corpo do usuário (figura 1) que é composto por duas regiões, sendo uma "região de suporte" (secção 2 das figuras 2a e 28) que serve para fixação do dispositivo ao corpo do usuário e uma "região de treinamento" (secção 1 das figuras 2a e 28), onde será executado o treinamento propriamente dito. a "região de suporte" possui uma camada superficial que pode ser constituída de silicone (secção 1 das figuras 1 e 3a) e uma profunda (secção 2 da figura 1 ). a "região de treinamento" é composta de camadas que mimetizam as equivalentes do corpo, a mais superficial pode ser produzida em silicone (secção 3 da figura 1 e secção 1 da figura 48), a(s) inferior(es) constituída(s) por material(ais) que simula(m) o tecido subcutâneo (secção 3 da figura 28). um reservatório de paredes deformáveis é conectado aos tubos de látex e gera fluxo de líquido com corante (ex.: anilina) para simular o fluxo de sangue. o ajuste entre a "região de suporte" e a "região de treinamento" é feita por meio de velcro ou outro material ou mecanismo que permita a firme aderência e fácil destacamento das mesmas (figuras 2a e 28).

Description

Relatório Descritivo da Patente de Invenção para “DISPOSITIVO AJUSTÁVEL AO CORPO E PERSONALIZÁVEL PARA TREINAMENTO EM MANEJO DE FERIDAS”.

[001] A presente invenção refere-se a um “Dispositivo Ajustável ao Corpo e Personalizáve! para Treinamento em Manejo de Feridas” que tem por finalidade estabelecer um simulador capaz de permitir treinamento no manejo de feridas com ganho não só em termos de habilidades, como também, nas atitudes envolvidas na relação profissional de saúde-paciente. A característica de ser ajustável ao corpo permite maior realismo ao treinamento pois, além de aperfeiçoamento da habilidade manual em si, existem ganhos em aspectos psíquicos e interpessoais. A possibilidade de ser personafizável garante a montagem de diversos tipos de feridas a partir do mesmo dispositivo, o que lhe garante versatilidade.

[002] O manejo de ferimentos, decorrentes ou não de injúria traumática está entre os atendimentos mais frequentes em um serviço de urgência e, por serem potencialmente menos graves, o seu ensino tem sido relegado a um segundo piano. Entretanto, estas lesões podem evoluir com complicações quando o primeiro atendimento é realizado de forma inadequada. Embora muitas vezes seja tecnicamente simples, o manejo de ferimentos pode se revestir de surpreendente dificuldade prática, daí a necessidade de seu treinamento. A simulação tem papel centrai onde a realização do referido treino ocorre sem riscos para os pacientes e sem consequências negativas diante do insucesso. A simulação em dispositivos é preferida por evitar uso de animais, nos quais existem dificuldades em seu manuseio e sofrimento dos mesmos. A desvantagem de se usar um dispositivo tipo manequim inanimado é que os aspectos psíquicos e interpessoais não são treinados de forma adequada, uma vez que o treinamento é realizado em um corpo inanimado. Modelos ajustáveis ao corpo possuem alguns inconvenientes, como o elevado custo e dificuldades em seu ajuste.

[003] A presente invenção se justifica pelos problemas supracitados no treinamento de manejo de feridas efetuadas em simulador.

[004] Em função da situação descrita, surgiram diversas alternativas a fim de resolver a problemática representada pela necessidade de treinamento no manejo de ferimentos. As patentes US678Ü016 (Human Surgicat Trainer and Methods for Training), US6790043B2 (Method and Apparatus for Surgicat Training), US7021940B2 (Patient Simulator Manikin and System), US7247027B2 (Mass Casualty, Disaster Training Inffatable Manikin) e US20130078604 (Trauma Training System) funcionam, em linhas gerais, como um manequim inanimado para treinamento, ou seja, apenas oportunizam a prática de habilidades manuais em um contexto irreal, onde os aspectos psíquicos e interpessoais são desconsiderados e portanto, são limitados e não permitem uma ambientação mais completa para o aprendizado da habilidade como um todo, que não pode ser entendida apenas como uma sucessão de passos mecânicos.

[005] As patentes ÜS2945304 (Periosomatic Training Devices), US8221129 (Wearabie Wound Simuiant) e US20130059279A1 (Teaching Prop), são capazes de gerar maior realismo que as anteriores. Entretanto, elas apresentam modelos diversos, um para cada aplicação e, assim, não permitirem versatilidade em seu uso, exigindo um modelo específico para cada unidade topográfica (Ex.: cabeça, pescoço, tronco, membros) e implicam em custo mais elevado, além de serem de ajuste pouco prático e desconfortável (Ex.: máscara). Os modelos ficam superpostos a extensas áreas do usuário, quando apenas uma área limitada é realmente necessária para a simulação. O “Modelo Inovador para Simulação do Manejo de Ferimentos Traumáticos” apresentado no Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM - Recife, 2013) e igualmente desenvolvido pelo inventor do presente pedido de patente, embora seja também ajustável ao corpo e tenha menor custo de fabricação, não é personaüzável para os diversos tipos de ferimentos (atém-se apenas aos ferimentos traumáticos) e, além disso, o dispositivo não dispõe de sistema de recarga e, assim, uma vez havendo seu desgaste pelo uso. deve-se providenciar um novo dispositivo.

[006] O objetivo da presente invenção é desenvolver um mecanismo capaz de simular com fidedignídade o manejo de feridas com base em uma estrutura totalmente ajustável e fixa ao corpo, gerando, portanto, maior realismo. O mesmo dispositivo pode ser utilizado nas mais diversas unidades topográficas e ser reutilizado sucessivas vezes. A partir da simples troca de parte do invento, garante-se maior vida útil e maior diversidade de feridas, com menor custo.

[007] O presente pedido de patente traz como solução dos problemas apresentados o desenvolvimento de um dispositivo que dispensa o uso de manequim inanimado e proporciona um meio de aprendizado em equipamento ajustável e fixado ao corpo do usuário, gerando maior realismo. O referido dispositivo pode ser composto de camadas superpostas ou integradas e, tais camadas mimetizam algumas correspondentes do corpo, havendo uma camada mais superficial que simula a pele, uma ou várias intermediária(s) que simula(m) o subcutâneo e vasos sanguíneos (estes representados por canais distribuídos de forma diversa) e uma camada mais profunda construída em material resistente que evita, no momento da simulação, progressão de agulha e/ou instrumental cirúrgico através de si, impedindo um acidente. O sistema de canais supracitado pode possuir uma extremidade em fundo cego e outra a ser conectada a um reservatório de paredes deformáveis que, ao ser comprimido, gera pressão positiva nos citados canais, permitindo que haja eliminação de líquido que simule sangue e/ou secreções no dispositivo.

[008] Tomando como exemplo o treinamento em manejo de uma ferida traumática simples, uma vez iniciado o treinamento, aquele que realizará o atendimento simulado informará ao que se encontra com o dispositivo ajustado ao corpo, o procedimento que será feito e qual o objetivo (tal qual numa situação real). Após ser feita a limpeza e a antissepsia da “ferida", é simulada a anestesia local (uma agulha transfixa plano a plano, porém não transfixa o dispositivo completamente, pois há, pelo menos, uma camada de proteção do usuário) e, então, se procede a exaustiva limpeza do ferimento e sua inspeção em busca de corpos estranhos e, por fim, procede-se à sutura da ferida traumática.

[009] Para melhor compreensão do presente pedido de patente é feita, a seguir, uma descrição detalhada do mesmo, fazendo-se referências aos desenhos relacionados que representam apenas uma concepção dos diversos modelos possíveis. Assim sendo; • Figura 1 - ilustra o dispositivo em uma visão superior e oblíqua; • Figuras 2A» 2B, 3A, 3B, 4A e 4B - ilustram de forma esquemática as regiões e camadas que compõem o dispositivo, bem como é feita a sua montagem; • Figuras 5A, 5B e 5C - ilustram de forma esquemática exemplos de como o dispositivo pode ser ajustado e fixado a algumas partes do corpo humano, [010] De acordo com estas ilustrações e em seus pormenores, o “Dispositivo Ajustavel ao Corpo e Personalizável para Treinamento em Manejo de Feridas" é constituído por um corpo estrutural composto por duas regiões: uma “região de suporte” (Secção 2 das Figuras 2A e 2B) e uma “região de treinamento" (Secção 1 das Figuras 2A e 2B). A “região de suporte" do corpo estrutural serve para prender a “região de treinamento” ao corpo do usuário e, para tanto, ela tem uma camada externa (Secção 1 das Figuras 1 e 3A), que mimetiza a pele e, portanto, deve ter características parecidas (Ex.: silicone). Esta camada possui uma “fenestração central” (Secção 2 das Figuras 3A e 3B). Há uma camada profunda (Secção 2 da Figura 1), que é resistente à penetração por agulhas e/ou instrumentos cirúrgicos e, portanto, protege o usuário que tem o dispositivo ajustado. Preferencialmente a dita camada profunda deve ser também flexível, permitindo melhor ajuste do dispositivo sobre o corpo do usuário (Ex.: PET). A camada superficial e a profunda da “região de suporte” são ajustadas uma a outra por um meio que permita a fácil aderência e destacamento das mesmas entre si, quando necessário (Ex.; Velcro) (Secção 3 das Figuras 3A e 3B). A “região de treinamento” do corpo estrutural possui camadas que mimetizam algumas partes do corpo do paciente. A camada mais superficial simula a pele lesionada (Secção 3 da Figura 1 e Secção 1 da Figura 4B) e, portanto, idealmente deverá ter características delicadas e parecidas com a pele (Ex.; borracha, silicone, látex, etc.), uma ou mais camada(s) ínferíor(es) constituída(s) por material(ais) que simula(m) o tecido subcutâneo (Secção 3 da Figura 2B) (Ex,: esponja), e uma camada que pode ser constituída por canal(aís) que simula(m) o(s) vaso{s) sanguíneo(s) (Ex.: borracha» silicone, látex, etc.). Podem também haver camadas com fins de mimetizar outros tecidos: músculo, ossos, etc, (Ex,: silicone, tecido» resina» etc.). Para simular os diversos tipos de ferimentos» a dita “região de treinamento" terá sua configuração modificada para tal. Para o dispositivo ser utilizado, as camadas da “região de suporte" são destacadas e a “região de treinamento" é firmemente ajustada entre as mesmas, de forma que a “fenestração central” permitirá a visualização da ferida simulada (Figuras 4A e 4B).

[010] O corpo estrutural supracitado pode se assemelhar com a unidade topográfica na qual será ajustado ou» preferencialmente, pode apenas se restringir a uma área. O dispositivo pode ter formas variadas (Ex.: poligonal, circular, elíptica, etc.), e dimensões variadas, de acordo com o modelo. A concepção elíptica permite que o mesmo dispositivo seja ajustado em um membro superior ou inferior ou outro (Figuras 5A, 5B e 5C), e tal ajuste/fixação ao corpo do usuário poderá ser feita por diversas maneiras, tais como: faixas, correias (Figura 5B e 5C), ou uma camada aderente (Figura 5A), ou ajustada de outras maneiras. O corpo estruturai também poderá ser montado camada a camada sobre o corpo do usuário, constituindo uma apresentação alternativa, ou todas as camadas podem ser integradas em uma única. Pode haver um reservatório de paredes deformáveis conectado ao(s) canai(aÍs) que simula(m) o(s) vaso(s) sanguíneo(s). O referido reservatório poderá ser empunhado pelo usuário e ao ser comprimido gera pressão positiva no(s) citado(s) canal(ais), e isto pode provocar eliminação de líquidos que simulam sangue ou secreções no dispositivo. Como alternativa, uma bomba pode gerar um fluxo de líquidos pelos canais, e os mesmos, quando rompidos, geram extravasamento semelhante a uma hemorragia.

[011] Havendo desgaste pelo uso do dispositivo ou necessidade de treino em outro tipo de ferimento, a troca da “região de treinamento" por uma nova, tal qual uma recarga, é suficiente, dispensando a necessidade de troca de todo o corpo estrutural (Secção 1 das Figuras 2A e 2B).

[012] A descrição do dispositivo serve para estabelecer, em linhas gerais, o dispositivo, facilitar sua compreensão e não possui intenção de restringir o invento apenas ao que foi descrito, visto que o dispositivo pode ser ajustado a qualquer região do corpo (cabeça, pescoço, tronco ou membros), sendo assim, qualquer dispositivo equivalente com o mesmo princípio de funcionamento ou emprego, encontra-se contemplado no presente pedido de patente.

[013] O dispositivo descrito no presente pedido de patente também pode ser utilizado na medicina veterinária, com a mesma finalidade e, neste caso, o modelo de treinamento é elaborado com os materiais já descritos anteriormente, ressaltando-se a necessidade de adaptações das camadas que mimetizam a pele do animal, no qual o invento é ajustado (tonalidade, espessura e textura).

REIVINDICAÇÕES

Claims (6)

1. 01. “DISPOSITIVO AJUSTÁVEL AO CORPO E PERSONALiZÁVEL PARA TREINAMENTO EM MANEJO DE FERIDAS", caracterizado por possuir corpo estrutural ajustável e fixado ao corpo do usuário (Figuras 5A, 5B e 50), Gomposto por duas regiões: uma “região de suporte” (Secção 2 das Figuras 2A e 2B) e uma “região de treinamento” (Secção 1 das Figuras 2A e 2B).
2. 02. “DISPOSITIVO AJUSTÁVEL AO CORPO E PERSONALIZÁVEL PARA TREINAMENTO EM MANEJO DE FERIDAS", de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por possuir na “região de suporte” camadas superpostas, aderentes, destacáveis e reajustáveis através de velcro ou outro material ou mecanismo com as mesmas propriedades, onde a camada superficial pode ser confeccionada em silicone ou outro material de características assemelhadas á pele íntegra (Secção 1 das Figuras 1 e 3A) e possui uma “fenestração central” (Secção 2 das Figuras 3A e 3B), e a camada profunda (Secção 2 da Figura 1) pode ser confeccionada em PVC ou outro material resistente selecionado do grupo dos plásticos, metais e borrachas.
3. 03. “DISPOSITIVO AJUSTÁVEL AO CORPO E PERSONALIZÁVEL PARA TREINAMENTO EM MANEJO DE FERIDAS”, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por possuir na “região de treinamento” camadas que mimetizam as equivalentes do corpo, tendo como constituintes, uma mais externa que pode ser produzida com silicone (Secção 3 da Figura 1 e Secção 1 da Figura 4B), uma ou várias inferior(es) que pode(m) ser(em) produzida(s) por esponja ou outro material de textura equivalente que simuia(m) o subcutâneo (Secção 3 da Figura 2B), tubos de látex e silicone, borracha ou materiais de consistência semelhante e plásticos rígidos ou materiais com as mesmas características.
4. 04. “DISPOSITIVO AJUSTÁVEL AO CORPO E PERSONALIZÁVEL PARA TREINAMENTO EM MANEJO DE FERIDAS”, de acordo com a revindicação 1, caracterizado por possuir tubo(s) conectado(s) a um reservatório de paredes deformáveis, contendo líquido com corante.
5. 05. “DISPOSITIVO AJUSTÁVEL AO CORPO E PERSONALIZÁVEL PARA TREINAMENTO EM MANEJO DE FERIDAS", de acordo com a revindícação 4, caracterizado pelo reservatório ser substituído por uma bomba para gerar fluxo de líquido com corante pelos tubos.
6. 06. “DISPOSITIVO AJUSTÁVEL AO CORPO E PERSONALIZÁVEL PARA TREINAMENTO EM MANEJO DE FERIDAS", de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por ser utilizado também para treinamento em medicina veterinária.