PT2653040T - Produto alimentar à base de leite de burra enriquecido para bebés prematuros e/ou bebés de termo com alergia ou intolerância a proteínas do leite de vaca, e método para a sua preparação - Google Patents

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Description

DESCRIÇÃO
PRODUTO ALIMENTAR À BASE DE LEITE DE BURRA ENRIQUECIDO PARA BEBÉS PREMATUROS E/OU BEBÉS DE TERMO COM ALERGIA OU INTOLERÂNCIA A PROTEÍNAS DO LEITE DE VACA, E MÉTODO PARA A
SUA PREPARAÇÃO
ÁREA DE APLICAÇÃO
No seu aspeto rnais geral, a presente invenção refere-se a alimentos infantis, alimentos de transição, alimentos para finalidades médicas especiais, nutracêuticos, suplementos dietéticos e dispositivos médicos, preparados a partir de leite de burra enriquecido, para bebés prematuros, bebés de peso reduzido e de termo com, ou em risco de, intolerância ou alergia a proteínas do leite de vaca ou de outras fontes, com exceção do leite de burra.
ESTADO DA TÉCNICA A alergia às proteínas do leite de vaca (CMA) é certamente a alergia alimentar mais comum e bem conhecida que ocorre principalmente na infância. A imaturidade funcional tanto do sistema gastrointestinal como do sistema imune no início da vida, e o aumento da percentagem de bebés que não podem ser amamentados e que são alimentados por meio de fórmulas à base de leite de vaca, determinam que a alergia ao leite surja em crianças em percentagens que variam entre 2 e 7% (Sampson et al. 2004) . Para além disso, até 7% dos bebés sofrem da chamada intolerância às proteínas do leite de vaca (CMI), que é a forma mais comum de intolerância alimentar imunológica na infância.
Entre os principais eventos de CMI e CMA, há sintomas de gravidade variável, que podem envolver a pele (dermatite atópica, urticária/angioedema, erupções), o trato gastrointestinal (deficiência do crescimento, refluxo gastroesofágico grave, diarreia crónica, prisão de ventre persistente, sindromes de má absorção, vómitos recorrentes, enterocolite, anoproctite) ou reações anafiláticas potencialmente fatais (edema da glote, hipotensão até choque, asma severa, sintomas cutâneos e gastrointestinais agudos). Na maior parte dos casos, as lesões histopatológicas da mucosa intestinal mostram ser muito semelhantes às lesões típicas da doença celíaca (atrofia das vilosidades intestinais de vários graus), índice anatomo-patológico da condição de má absorção. A intensidade e o número de sintomas são variáveis ao longo do tempo, não apenas de sujeito para sujeito, como também no paciente individual.
As proteínas do leite são classificadas em caseínas e proteínas do soro do leite, constituindo respetivamente 80 e 20% das proteínas totais do leite de vaca. Uma vez que a beta-lactoglobulina está ausente no leite materno, acreditava-se no passado que esta proteína representava o alérgeno principal do leite de vaca. Entretanto mostrou-se em vez disso que são as caseínas os alérgenos principais, e que ocorrem frequentemente fenómenos de dessensibilização. Na prática, muitos sujeitos alérgicos ao leite de vaca reagem a mais de uma proteína.
Uma dieta que exclua produtos alimentares alergénicos e envolva a substituição por outros alimentos hipoalergénicos representa o tratamento de escolha para alergias alimentares. A lógica terapêutica consiste na eliminação completa das proteínas do leite de vaca da alimentação das crianças.
Nos primeiros dois anos de vida, quando não está disponível a amamentação, o leite de vaca, pasteurizado ou numa formulação adaptada, e seus derivados, são os alimentos que satisfazem todos ou pelo menos metade das necessidades energéticas e nutricionais das crianças, e são também a fonte principal de cálcio na dieta, cuja necessidade é muito elevada nesta idade. Por conseguinte, é evidente que não é possível prescrever uma dieta de eliminação do leite de vaca e seus derivados sem se ter produtos alimentares substitutos.
Atualmente, os substitutos do leite de vaca mais frequentemente utilizados em bebés que sofrem de alergia ou intolerância às proteínas do leite de vaca são formulações à base de proteínas de soja isoladas, hidrolisados proteicos, formulações à base de arroz e leite de espécies animais que não bovinos (Host et al., 2004).
Idealmente, o substituto alimentar deve ser hipoalergénico ou analérgico, não apresentando reatividade cruzada com as proteínas do leite de vaca, nutricionalmente adequado e saboroso. No entanto, os tratamentos presentemente em uso nem sempre atingem os resultados desejados devido a "efeitos secundários": fraca adesão devido ao sabor desagradável, elevados custos operacionais, risco persistente de reações alérgicas graves para com produtos alimentares aparentemente considerados "seguros".
As formulações hidrolisadas (HF) são usadas no tratamento e prevenção da alergia às proteínas do leite de vaca. As formulações hidrolisadas diferem umas das outras em pelo menos 5 características: 1) nível de hidrólise: hidrolisados parciais (pHF) e reforçados (eHF); 2) tipo de hidrólise utilizada: enzimática, térmica, por ultrafiltração; 3) fonte proteica: caseína, proteína do soro do leite, soja, arroz; 4) presença/ausência de lactose: possível relevância para a absorção de cálcio, formação de galactocerebrosídeos, desenvolvimento da flora intestinal). 0 nível de hidrólise, e deste modo o peso molecular dos resíduos peptídicos, é considerado fundamental para a resposta terapêutica à CMA. Os peptídeos de peso molecular (PM) inferior a 1500 daltons muito raramente são imunogénicos, os peptídeos com PM inferior a 3500 daltons dificilmente permitem a ligação entre duas moléculas de IgE em mastócitos e a reação imediata posterior, enquanto que os peptídeos com PM superior a 6000 daltons são considerados potencialmente alergénicos (Cantani et al. 2000).
Nos pHF ou nas fórmulas hipoalergénicas (HA = hipoalergénico) , os peptídeos presentes têm um tamanho intermédio entre os das fórmulas adaptadas e os dos hidrolisados ditos reforçados. Em todos eles, estão presentes peptídeos com PM superior a 6000 daltons. O teor do alérgeno principal do leite, a beta-lactoglobulina, é cerca de 300 vezes inferior ao do leite de vaca e fórmulas adaptadas, embora em média 10.000 vezes superior ao teor dos hidrolisados reforçados. O pó antigénico residual, nomeadamente a capacidade para provocar uma reação alérgica em sujeitos com CMA, é intermédio relativamente às fórmulas adaptadas e aos hidrolisados reforçados. 0 uso de tais fórmulas é adequado apenas para fornecer um possível benefício na prevenção da atopia em indivíduos com risco elevado.
Os hidrolisados reforçados ou extensivos (eHF), caracterizados pela presença de peptídeos maioritariamente inferiores a 1500 daltons, são as únicas fórmulas verdadeiramente hipoalergénicas (isto é, toleradas por 90% dos bebés com CMA mediada pela IgE, com um intervalo de confiança de 95%) recomendadas como primeira escolha para o tratamento da CMA pela European Society for Paediatric Allergology and Clinnical Immunology (ESPACI), a European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition (ESPGHAN) (Host et al., 1999) e a American Academy of Pediatrics (AAP) (AAP 2000), embora a possibilidade de reações alérgicas, até mesmo graves, não esteja excluída, se bem que numa percentagem muito pequena; no entanto, os hidrolisados reforçados são pouco saborosos.
As fórmulas dos aminoácidos livres (AAF) são consideradas as únicas fórmulas, por definição, não alergénicas. Com efeito, as misturas de aminoácidos que as constituem não são capazes de desencadear qualquer tipo de reação alérgica, quer do tipo imediato, quer retardado. Estas misturas contêm adicionalmente xarope de glicose ou maltodextrinas, óleos vegetais e gorduras, minerais e vitaminas; são isentas de proteínas do leite de vaca, bem como de lactose, sacarose e soja, mas a sua utilização é dificultada, especialmente pelo seu sabor desagradável e custo muito elevado. Estudos nutricionais levados a cabo em eHF e AAF produziram resultados contraditórios. Com efeito, existem poucos dados relativos à tolerabilidade "bioquímica" destas fórmulas, em particular aos índices de metabolismo proteico e balanço de azoto.
Outras terapias incluem o uso de fórmulas à base de proteínas isoladas de soja (SF), objeto de infindáveis debates e discussões ao longo dos anos, especialmente por causa do risco de sensibilização à sua proteína. Um tal fenómeno de sensibilização ocorre a uma taxa que varia entre 8% e 14% das crianças, com CMA medida pela IgE. Em geral, as fórmulas à base de proteínas de soja não são recomendadas para o tratamento inicial de bebés com CMA, em que a alergia a proteínas da soja foi relatada com uma frequência entre 17% e 47%. Para além disso, as SF não são recomendadas em bebés prematuros ou para utilização no tratamento de bebés com CMA não mediada pela IgE, com sintomas predominantemente gastrointestinais. 0 seu poder alergénico é devido à presença de beta-conglicinina, glicina e P34. No entanto, se toleradas, representam uma alternativa eficaz ao leite de vaca, porque são válidas do ponto de vista nutricional e podem ser usadas nas formas mediadas pela IgE, especialmente em bebés de mais de 6 meses com manifestações cutâneas.
As fórmulas para bebés à base de proteínas de arroz hidrolisadas são isentas de lactose, contêm xarope de glicose, maltodextrina, amido de milho, MCT, óleos vegetais, ácido linoleico e ácido linolénico (razão 10:1), nucleótidos, selénio, lisina, treonina, taurina, colina e carnitina. O seu uso é muito recente; por conseguinte, de momento, não existem dados disponíveis para o uso a longo prazo.
Nos últimos anos, em alternativa às SF e aos eHF, emergiu um grande interesse no leite de outras espécies mamíferas para bebés e crianças com CMA. No entanto, alguns deles, em particular o leite de cabra e ovelha, mostraram uma elevada reatividade cruzada com proteínas do leite de vaca, tanto in vivo como in vitro. Alguns estudos em sujeitos muito reativos a caseinas de bovinos revelaram a presença de IgE circulante capaz de reconhecer proteínas do leite de búfalo, cabra e ovelha, enquanto que a reatividade a proteínas do leite de burra e égua parece muito mais baixa (Businco et al. 2000) . Para além disso, de um ponto de vista nutricional, o leite de cabra é deficiente em alguns fatores-chave tais como ácido fólico, vitaminas B6 e B12, e ferro, e finalmente, o seu elevado teor de proteínas e minerais, especialmente cálcio, fósforo, sódio e potássio, envolve uma carga de soluto excessiva para os rins dos bebés. 0 leite de burra parece ser mais promissor, sendo mais semelhante na composição ao leite humano do que o leite de vaca, uma vez que é tolerado em algumas crianças com CMA grave mediada pela IgE. A sua disponibilidade, no entanto, é limitada e a recuperação é difícil. De qualquer forma, foi testado apenas num único estudo.
Estudos clínicos demonstraram a excelente eficácia nutricional da administração do leite de burra (DM) em bebés que sofrem de alergia imunológica ou de intolerância a proteínas do leite de vaca (Carroccio et al., 2000; Iacono et al., 1992, Monti et al., 2007, Vitae et al., 2007). Esses estudos também destacaram o excelente paladar do leite de burra em comparação com produtos à base de soja e/ou hidrolisados de proteínas. A composição de leite de burra pode variar significativamente entre diferentes raças, no entanto é provável que seja mais semelhante ao leite humano do que o leite de vaca e de cabra (Medhammar et al., 2011; Salimei et al., 2004) . Em particular, em relação às principais caracteristicas químicas do leite de burra, o teor médio de proteínas acaba por ser ligeiramente superior ao teor proteico do leite humano, mas de nível significativamente inferior ao do leite de vaca. As mesmas observações se aplicam à razão caseina/proteína do soro do leite que parece ser próxima da encontrada no leite humano. 0 componente proteico do leite de burra (cerca de 1,63 g/100 g) é muito semelhante ao do leite humano (cerca de 1,50 g/100 g) , em particular no respeitante ao baixo teor de caseína e lactoglobulina e à elevada concentração de lisozima. Contrariamente ao leite de alguns ruminantes, o leite de burra contém níveis de lisozima semelhantes ao leite humano, bem como uma alta concentração de aminoácidos essenciais (Salimei et al., 2004) . No que se refere ao componente proteína do soro do leite, o leite de burra é caracterizado por um teor de β-lactoglobulina, que é notoriamente caracterizada por uma elevada potência alergénica, igual a 30% da fração de proteínas do soro do leite. Consequentemente, o teor de β-lactoglobulina do leite de burra é muito inferior ao encontrado no leite bovino e equino (Bertino et al. 2010). A concentração de lisozima é muito elevada no leite de burra; a enzima é responsável pela hidrólise da ligação oí-1-4 entre o ácido N-acetilmurâmico e a N-acetilglucosamina do peptidoglicano, formando a parede celular bacteriana com posteriores atividades bacteriolíticas apenas presentes em quantidades vestigiais no leite de vaca. A presença de lisozima é importante porque ela desempenha uma ação seletiva contra microflora potencialmente patogénica no trato gastrointestinal do bebé.
Entre os compostos bioativos no leite de burra, a lactoferrina está presente numa quantidade de 4,5% da proteína total do soro, uma concentração superior à encontrada no leite humano e da vaca. A lactoferrina desempenha uma função importante na imunidade inata do hospedeiro, possui uma atividade imunomoduladora, antiviral e antimicrobiana elevada. Para além disso, o leite de burra tem um elevado teor de lactose (cerca de 6,73 g/100 g), comparável ao do leite humano (6,50 g/100 g), o que o torna extremamente saboroso. A lactose tem um papel principal no metabolismo do cálcio; ela estimula a absorção de cálcio na proximidade da mucosa intestinal e influencia positivamente a mineralização óssea. Para além disso, um teor elevado de lactose enfatiza o papel prebiótico do leite de burra como substrato apropriado para o desenvolvimento adequado da flora láctica intestinal dos bebés.
Os Pedidos de patente europeus EP 2248908 e EP 2427566 descrevem estirpes de bactérias probióticas pertencentes ao género dos lactobacilos, isoladas de composições de leite de burra, e o seu uso em produtos alimentares e bebidas à base de leite fermentado. A principal diferença entre o leite de burra e o humano diz respeito ao componente lipídico. Embora a composição da fração lipídica do leite de burra seja comparável à do leite humano em percentagem, o teor lipídico total no leite de burra é em média igual a 0,30 g/100 g, em comparação com o do leite humano, igual a 3,5 g/100 g. A concentração média de minerais no leite de burra é próxima das necessidades nutricionais e metabólicas do recém-nascido. O leite de burra e materno são semelhantes no que diz respeito à baixa carga renal de soluto (proteínas e substâncias inorgânicas). 0 leite de burra é um produto natural, o mais próximo do leite materno pelas suas propriedades organoléticas e valor hipoalergénico, e por conseguinte, representa um substituto válido em casos em gue a nutrição com leite materno não seja possível ou suficiente, e em casos de bebés com ou em risco de intolerância ou alergia as proteínas do leite de vaca ou de outras fontes.
No entanto, o baixo teor em gordura do leite de burra determina gue o seu valor energético seja mais baixo ( — 44 kcal/100 mL) do gue o humano ( — 65 kcal/100 mL) e o leite de outros mamíferos, e isto não permite o uso de leite de burra, tal como se encontra na natureza, como a única fonte de alimento alternativa ao leite de vaca (D'Auria et al., 2011).
Quanto ao processamento, armazenamento e distribuição do leite de burra, no estado da técnica não é descrito qualquer tratamento térmico aplicado durante a criação, que pudesse garantir as condições sanitárias duradouras e a segurança higiénica. Geralmente, o leite de burra recém-ordenhado é filtrado e armazenado sob refrigeração e, após empacotamento, armazenado num frigorífico a uma temperatura entre 0 °C e 4 °C até ser entregue ao consumidor final na forma de leite cru não pasteurizado. Antes do uso, recomenda-se o aquecimento do leite em lume brando, até atingir a temperatura de 70 °C durante pelo menos 2 minutos. Este procedimento é efetuado pelo consumidor sem estruturas equipadas ou procedimentos normalizados, que podem, a elevadas temperaturas, empobrecer o leite em determinados nutrientes tais como vitaminas, e alterar estruturalmente as proteínas, com a formação de pequenos grânulos de precipitado, inofensivos, mas que reduzem as propriedades nutricionais e organoléticas do leite. Para além disso, podem ocorrer riscos de saneamento se o tratamento térmico não for levado a cabo às temperaturas requeridas e durante o tempo necessário. 0 pedido internacional de patente WO95/01100 descreve um método de conservação do leite de burra que compreende as etapas de arrefecimento do leite a uma temperatura entre 4 e 10 °C, filtração, distribuição do leite arrefecido em recipientes em tubo com um volume menor que 20 mL, e posterior congelamento lento e sem agitação dos referidos recipientes contendo leite a uma temperatura entre -18 e -40 °C. O produto obtido é então utilizado na indústria cosmética como agente tensor da pele para eliminar rugas, e como medicamento com função de agente anti-inflamatório externo.
Tendo em conta o acima exposto, é evidente que o leite de burra pode ser uma alternativa viável para o tratamento da intolerância/alergia às proteínas do leite de vaca, em comparação com as terapias presentemente disponíveis.
Infelizmente, os componentes lipidicos reduzidos tornam-no inadequado para satisfazer as necessidades nutricionais reais do recém-nascido, e os atuais procedimentos de empacotamento, processamento e distribuição não incluem tratamento térmico que assegure as condições sanitárias e a segurança higiénica do produto final. A fórmula de leite foi desenvolvida com o objetivo de criar uma alternativa nutricionalmente viável ao leite materno ou, em alguns casos, satisfazer as necessidades nutricionais específicas do bebé/criança, ou para lidar com distúrbios específicos tais como alergias às proteínas do leite de vaca. Deve considerar-se que as necessidades nutricionais do recém-nascido também podem variar dependendo da idade gestacionai, peso à nascença, e/ou determinadas situações patológicas.
Na ausência de leite materno e na falta de disponibilidade de "banco" de leite humano, utiliza-se fórmulas especiais destinadas a bebés prematuros, que são recomendadas durante todo o período em que essas crianças ainda não atingiram a maturidade da função gastrointestinal principal. As recomendações mais recentes da International Society of Nutrition (ESPGHAN) propõem caracteristicas especificas das composições para estas fórmulas, tanto para o perfil proteico como lipídico. Em particular, os lípidos devem derivar tanto de fontes animais como vegetais, e estar predominantemente numa forma insaturada, com uma razão ácido linoleico/ácido a-linolénico entre 6 e 7. A adição de ácidos gordos polinsaturados pré-formados de cadeia longa (LC-PUFA) permite atingir quantidades semelhantes às do leite humano.
Deve considerar-se que a digestão de lípidos no bebé prematuro é considerada não tão bem documentada como no bebé de termo.
No bebé, o modelo de referência para os requisitos é ainda o leite materno, que nos primeiros meses de vida é a única fonte de gordura perfeitamente adequada para os requisitos energéticos, estruturais e metabólicos do organismo.
Os nutrientes adicionados às fórmulas funcionais são concebidos de modo a mimetizar a composição do leite humano e a tornar a fórmula apropriada para as necessidades nutricionais do recém-nascido. Entre os nutrientes funcionais principais, as gorduras desempenham um papel importante no crescimento e desenvolvimento do recém-nascido.
Os ácidos gordos do leite humano são maioritariamente insaturados. Para além disso, 70% do ácido palmítico é esterifiçado na posição β e é absorvido como monoglicerídeo. Isto assegura uma absorção ótima de cálcio e um aumento da facilidade de evacuação.
Por conseguinte, a adição de ácido palmítico esterificado na posição β em fórmulas para lactentes permite uma absorção superior de cálcio, uma mineralização óssea melhorada, um trânsito intestinal mais rápido.
Swar M. O. Donkey milk-based formula: A substitute for patients with cow's milk protein allergy. Sudan J. Paediatr. 2011; 11(2) :21-24 divulga uma fórmula à base de leite de burra gue compreende leite de burra com a adição de 1,6 g de óleo de girassol a 100 mL de leite de burra.
RESUMO DA INVENÇÃO
Tendo em conta o acima exposto, a invenção destina-se a explorar as propriedades nutricionais e hipoalergénicas do leite de burra e a compensar a falta da parte lipídica e calórica, o que o tornaria inadequado para alimentar o recém-nascido, complementando-o com a adição de uma mistura de triglicerídeos derivados de óleos vegetais em que 35 a 55% do teor total de ácido palmítico (C16:0) é esterificado na posição β (sn-2) na molécula de glicerol, óleos vegetais ricos em ácidos gordos essenciais (ómega 3 e ómega 6) e ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa (LC-PUFA), para atingir uma composição mais próxima da do leite materno.
Deste modo, o leite de burra é adequado para satisfazer todos os requisitos nutricionais e metabólicos dos bebés, desde os prematuros, ajudando a melhorar o desenvolvimento neurocomportamental, a diminuir a probabilidade de desenvolver obesidade e excesso de peso ao longo dos anos, a favorecer a prevalência no intestino de uma flora bifidogénica, a melhorar a absorção de gorduras, a diminuir a probabilidade de ocorrência de prisão de ventre e pequenos distúrbios digestivos em geral, para além de ser hipoalergénico. A invenção também pretende explorar as propriedades nutricionais e hipoalergénicas do leite de burra, compensando a falta de quantidade de lípidos e calorias como explicado, e incluindo ainda possivelmente a adição de espessantes naturais tais como carboflúor ou amido de milho, o que pode tornar o leite de burra resultante adequado para satisfazer todos os requisitos nutricionais e metabólicos de crianças recém-nascidos, desde os prematuros, em casos de alergias e refluxo gastroesofágico (leite de fórmula antirrefluxo, AR) .
DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO É objetivo da presente invenção, uma formulação à base de leite de burra cru, enriquecida com uma mistura lipidica e posteriormente submetida a inativação da flora microbiana patogénica ou liofilizada, para sujeitos que sofrem de alergia ou intolerância às proteínas do leite de vaca. A referida mistura lipidica compreende: - uma mistura de triglicerídeos derivados de óleos vegetais, em que 40 a 50% do teor total de ácido palmítico (C16:0) é esterificado na posição β (sn-2) na molécula de glicerol, óleos vegetais com teor elevado de ácidos gordos essenciais, ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa.
As fórmulas atuais com um teor elevado de ácido palmítico na posição β são obtidas por esterificação de óleo de palma rico em tripalmitina com outros óleos vegetais, utilizando uma alfa-gama-lipase especifica, obtida a partir de Rhizomucor miehei ou Aspergillus oryzae, por meio de técnicas de biotecnologia. Deste modo, obtém-se um reposicionamento dos ácidos gordos nos triglicerideos, dando origem a uma estrutura mais próxima da do leite materno. Uma diferença substancial entre a composição lipidica do leite materno e o leite-padrão formulado reside na posição dos ácidos gordos nos triglicerideos. No leite materno, 70% do ácido palmítico é esterificado "internamente" (posição beta), onde é inacessível à ação da lipase pancreática, que em vez disso quebra os ácidos gordos periféricos (posições alfa e gama). Por conseguinte, o ácido palmítico pode ser absorvido no intestino como monoglicerídeo. Em muitas fórmulas para lactentes presentemente disponíveis, no entanto, o ácido palmítico, situado 90% "externamente" na posição alfa, é facilmente hidrolisado pela lipase e complexos com iões cálcio, gerando palmitato de cálcio. Este composto previne a absorção intestinal tanto de cálcio como de ácido palmítico, o que acaba por conferir uma consistência dura às fezes, característica dos bebés alimentados artificialmente. A mistura específica de triglicerideos usada na formulação objeto da invenção tem uma percentagem de ácidos gordos C16 esterif içados na posição β de pelo menos 43%, em comparação com os ácidos gordos totais C16, até um máximo de 2% de ácidos gordos trans, até um máximo de 0,1% de ácidos gordos livres como ácido oleico, um valor máximo de peróxido igual a 1 meq/kg, um teor máximo de água de 0,3%. A composição de ácidos gordos consiste em: C8 : 0 0,6-1,5% CIO : 0 0,7-1,5% C12 : 0 9,5 - 14% C14 : 0 3-5%
Cl6 : 0 21 - 24% C18 : 0 2,5 - 5%
Cl8 :1 38 - 44%
Cl8 : 2 12 - 15%
Cl8 : 3 1,3 - 1, 9% A introdução inovadora de uma tal mistura de triglicerideos no leite de burra, em que o ácido palmítico é estruturado na posição beta, é um correlato funcional com o leite materno e é uma etapa importante na via de aproximação ao padrão de ouro, fornecendo adicionalmente vantagens nutricionais incontestáveis tais como: • Absorção aumentada de ácido palmítico; • Absorção aumentada de cálcio; • Mineralização óssea aumentada; • Formação reduzida de detergentes; • Incidência mais baixa de prisão de ventre.
Em particular, no grupo dos ácidos gordos essenciais presentes em óleos vegetais da presente invenção, estão incluídos o ácido linoleico (LA), progenitor da série ómega 6, e o ácido alfa-linoleico (ALA), progenitor da série ómega 3, isto é, os ácidos gordos polinsaturados que, para a intervenção de algumas enzimas, dão origem aos compostos de cadeia longa (LC-PUFA). Esses ácidos gordos são denominados "essenciais" (EFA) , uma vez que necessariamente têm que ser tomados por meio da alimentação, dado que o corpo humano é incapaz de os sintetizar.
Os ácidos gordos essenciais no corpo desempenham três funções importantes, intimamente relacionadas umas com as outras: função estrutural, - função metabólica, - outra função de transporte de lipidos, principalmente colesterol.
Os ácidos gordos essenciais e seus derivados são componentes importantes dos lipidos estruturais, os lipidos envolvidos na constituição das membranas celulares ao longo do corpo, mas em particular dos neurónios, nervos, bainhas de mielina, retina e vasos coronários. 0 cérebro desenvolve-se ao máximo durante a vida fetal e imediatamente após o nascimento; o seu crescimento concentra mais de 50% do consumo energético total naquela fase da vida, de tal forma que o organismo humano tem uma grande necessidade de gordura quantitativa, mas precisa também de ácidos gordos essenciais de qualidade e seus derivados.
Os ácidos gordos polinsaturados das séries ómega 6 e ómega 3 constituem 20% da matéria sólida do cérebro. O ácido docosahexanoico (DHA) (22:6) é um ácido gordo essencial da série ómega 3 que é o componente principal do cérebro, estruturas visuais e membranas excitáveis, e acredita-se que exerce uma importante influência na estabilidade da membrana e nas propriedades funcionais das proteínas membranares de todas as células parenquimatosas.
Mesmo o ácido araquidónico (ARA), principalmente responsável pelo crescimento do feto, é um componente das membranas excitáveis, mas desempenha também um papel como mensageiro secundário e precursor de muitas hormonas. Os LC-PUFA de ómega 6 e ómega 3 também são precursores de numerosos mediadores de processos inflamatórios.
Os LC-PUFA influenciam, por conseguinte, o desenvolvimento físico e neuropsicológico da criança, e possuem efeitos estruturais biológicos, atuando na permeabilidade, fluidez e função das membranas celulares, em particular sináptica e retiniana, para as quais uma deficiência pode danificar a sua progressão na placenta, sistema vascular, cérebro e sistema nervoso fetal no geral, com potenciais consequências a longo prazo.
Verificou-se também terem um impacto no decurso das infeções, agregação plaquetária, atividade cardiovascular, pele, inflamação, imunidade, resultado de transplantes e alguns cancros.
Tendo em conta o acima exposto, é evidente a importância dos lípidos dietéticos em todas as fases da vida, mas particularmente nas fases com elevada taxa de crescimento e metabolismo do tipo anabólico. Uma nutrição adequada de um ponto de vista qualitativo é essencial para estabelecer e manter um estado de saúde ótimo a um nível estritamente físico, mental e cognitivo.
Dada a elevada variabilidade do leite de burra como matéria-prima do objeto da presente invenção, é possível enriquecer adicionalmente o leite de burra, na forma líquida ou liofilizada, com vitaminas, minerais, pré-bióticos, proteínas, hidratos de carbono, de modo a ajustar as formulações aos atuais padrões e recomendações em vigor ou a satisfazer necessidades nutricionais, metabólicas e/ou patológicas específicas do recém-nascido.
Numa forma de realização preferida da presente invenção, a composição lipidica utilizada para enriquecer o leite de burra compreende: triglicerídeos derivados de óleos vegetais em que o ácido palmítico (C16:0) é esterificado na posição β (sn-2) na molécula de glicerol numa quantidade igual a 40-55% do peso total, de preferência igual a 50%; - óleo de girassol com teor elevado em ácido oleico numa quantidade igual a 13-23% do peso total, preferencialmente igual a 18%; - óleo de girassol igual a 5-15% do peso total, de preferência igual a 10%; - óleo de colza igual a 2-5% do peso total, de preferência 3,2%; - óleo de linhaça igual a 1-3% do peso total, de preferência igual a 2,2%; - ácido araquidónico igual a 1-3% do peso total, de preferência igual a 1,5%; - óleo de peixe refinado ou óleo de algas com um teor elevado de DHA igual a 0,5-1,5% do peso total, de preferência igual a 0,9%; - mono/diglicerídeos de ácidos gordos iguais a 0,5-1,5% do peso total, de preferência iguais a 1%.
Por conseguinte, a invenção tem como objetivo combinar a experiência do atual conhecimento acerca da importância da mistura lipídica adequada para o crescimento do recém-nascido com as caracteristicas peculiares e únicas de antigenicidade do leite de burra.
Dado que nos bebés o leite materno permanece como o modelo de referência para as necessidades, com base em pesquisa clinica na área o Requerente desenvolveu uma mistura lipídica que torna as atuais alternativas ao leite materno tão semelhantes quanto possível ao padrão de referência.
Uma tal mistura, que consiste em triglicerídeos derivados de óleos vegetais em que 35 a 55% do teor total de ácido palmitico (Cl 6:0) é esterificado na posição β (sn-2) na molécula de glicerol, óleos vegetais ricos em ácidos gordos essenciais (ómega 3 e ómega 6) e ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa (LC-PUFA), permite obter uma composição mais semelhante à do leite materno, onde os ácidos gordos são principalmente insaturados. Para além disso, 70% do ácido palmitico é esterificado na posição β e absorvido como monoglicerideo. Isto assegura uma absorção ótima de cálcio e um aumento da facilidade de evacuação: a adição de ácido palmitico esterificado na posição β na fórmula do leite permite uma maior absorção de cálcio, uma mineralização óssea melhorada, um trânsito intestinal mais rápido.
Esta mistura, combinada com as qualidades hipoalergénicas já conhecidas e discutidas do leite de burra, permite criar uma alternativa ao leite materno até agora não disponível, proporcionando uma estratégia nutricional para todos os bebés com alergia às proteínas do leite de vaca.
Um outro objetivo da presente invenção é o de proporcionar que o produto à base de leite de burra enriquecido com uma mistura lipídica seja submetido a um tratamento térmico curto de um método de pasteurização e esterilização ou outro método, para prolongar a conservação do produto ao longo do tempo.
Com efeito, de acordo com a invenção, o leite de burra recolhido de várias quintas, como matéria-prima do produto alimentar, antes de ser enriquecido pela adição da mistura lipidica de acordo com a invenção, é controlado pelo laboratório interno que leva a cabo análises fisico-quimicas para confirmar a sua adequabilidade, sendo depois enviado para um tratamento térmico. 0 tratamento térmico pode ser conseguido por processamento de pasteurização flash "Temperatura Alta, Tempo Curto" (HTST), esterilização direta UHT ou esterilização de Vida Útil Prolongada (ESL), ultrafiltração ou qualquer outro tratamento de inovação de micro-organismos patogénicos de nova geração (p. ex. C02 supercritico) que pode prolongar a vida útil do produto, ou, para a mesma vida útil, assegurar caracteristicas nutricionais de melhor qualidade. Depois do tratamento térmico segue-se, se necessário, o processo de liofilização ou secagem por pulverização, e finalmente o empacotamento.
Por conseguinte, o método de produção do produto alimentar à base de leite de burra enriquecido numa forma de realização preferida da presente invenção compreende as seguintes etapas: recolha do leite de burra de várias quintas; análise físico-química do material cru; adição da mistura lipídica compreendendo: uma mistura de triglicerídeos derivados de óleos vegetais em que 40 a 50% do teor total de ácido palmítico (C16:0) é esterificado na posição β (sn-2) na molécula de glicerol; - óleos vegetais com teor elevado em ácidos gordos essenciais; ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa; tratamento de inativação de micro-organismos patogénicos; liofilização ou secagem por pulverização (opcional); - empacotamento.
Descrevemos abaixo em detalhe alguns tratamentos térmicos, tendo em conta que também é possível utilizar outros métodos para prolongar a preservação do produto tal como ultrafiltração ou novas tecnologias como a extração supercrítica com C02.
Tratamento térmico por Pasteurização Flash "Temperatura Alta, Tempo Curto" O leite, após pré-aquecimento, é rapidamente levado a uma temperatura de pelo menos 72 °C durante pelo menos 15 segundos. Tal pasteurização é conseguida reduzindo-se o leite a camada fina que é passada através de um sistema de tubagens revestidas e aquecido a uma pressão que permita atingir a temperatura desejada num tempo definido. Esta tecnologia explora o fenómeno por meio do qual as células bacterianas são atraídas para a superfície dos tubos de permuta de calor: isto provoca um fluxo turbulento do fluido, o que assegura uma troca de calor eficaz e uniforme. A uma temperatura de 72 °C, cerca de 96% das bactérias são eliminadas; de importância primordial é a redução de bactérias de formas vegetativas de microbactérias da tuberculose e bactérias da brucelose, para além de outros patógenos importantes tais como Enterobactereaceae, estafilococos coagulase positivos, Pseudomonas, Salmonella, Listeria e outros micro-organismos pequenos, enquanto que uns 5% que consistem em esporos resistem, isto é, formas de resistência produzidas por bactérias capazes de suportar o calor. Para retardar o crescimento das restantes bactérias, o leite é rapidamente arrefecido a 4 °C. 0 leite pasteurizado pode ser armazenado a 4 °C durante quatro a seis dias. 0 leite que foi submetido a esse tratamento pode ser definido como "fresco" e tem de ser "fosfatase negativo" e "peroxidase positivo", como demonstração objetiva de que o tratamento térmico foi efetuado a uma temperatura não inferior a 72 °C e não superior a 78 °C durante 15 segundos, isto é, tratado a uma temperatura acima do nível de destruição dos patógenos, mas não de sobreaquecimento.
Tratamento direto UHT (Temperatura Ultraelevada) 0 leite de burra homogeneizado e pré-aquecido a pelo menos 135 °C é então tratado por meio de uma técnica de esterilização particular através do uso de vapor sobreaquecido durante não menos de 2-4 segundos.
Ela é referida como sistema UHT "indireto" quando a esterilização do leite é efetuada por meio de permutadores de calor (placas ou tubos), ao passo que se fala de UHT "direto" (Uperização TM) quando a esterilização do leite ocorre em contacto direto com o fluido de aquecimento, isto é, vapor de água, que é novamente evaporado na posterior fase de arrefecimento flash em vácuo.
Tipicamente, o tratamento direto (cerca de 150 °C durante 2-4'' ) dá origem a um produto melhor no que diz respeito às propriedades organoléticas do que o obtido por tratamento indireto devido a um "efeito térmico" pequeno. Posteriormente, o leite arrefece a 15-20 °C e continua através de sistemas esterilizados fechados, por meio de fluxo continuo, para o empacotamento asséptico em recipientes esterilizados em linha (garrafas de brik, PET ou HDPE) que são fechadas hermeticamente. A condição de estanquicidade do recipiente é uma condição essencial para o armazenamento prolongado. No entanto, o tratamento UHT não assegura a destruição dos esporos mais resistentes: a esterilidade comercial é definida como a "ausência de micro-organismos capazes de se reproduzir e danificar o produto sob condições normais de armazenamento à temperatura ambiente" (estabilidade microbiológica). O leite UHT é considerado de "longa vida" e pode ser armazenado durante cerca de 9-12 meses à temperatura ambiente.
Tratamento térmico de "Vida Útil Prolongada" (ESL) O tratamento térmico ESL difere do tratamento UHT padrão por proporcionar temperaturas inferiores ao processo UHT padrão. O produto é tratado a uma temperatura de cerca de 125 °C por um periodo de tempo que varia entre 0,2-5''. O produto submetido a tratamento ESL é caracterizado por uma vida útil de 21-28 dias se armazenado sob refrigeração (entre 0 e 4 °C) , que é uma vida útil intermédia entre a do produto submetido a HTST e UHT. O processo ESL faz com que o leite retenha muitas caracteristicas do leite fresco.
Liofilização A invenção também proporciona a opção de se partir de leite de burra liofilizado e enriquecido de modo a satisfazer os requisitos nutricionais específicos, condições metabólicas e/ou patológicas do recém-nascido. A liofilização é um processo tecnológico que permite a eliminação total da água de produtos alimentares que são reduzidos a pó desidratado que, adequadamente embalado, permite o seu armazenamento por um longo período à temperatura ambiente. Esses pós, por meio da adição da quantidade certa de água, tomam o sabor e as características nutricionais (ou terapêuticas) que os produtos líquidos tinham antes do tratamento. A liofilização pode ser definida como um processo de desidratação controlada de produtos previamente congelados, conduzindo a produtos sob a forma de pós liofilizados com características muito semelhantes às dos produtos originais com várias vantagens, tais como: • armazenamento de longo prazo, mais de dois anos, mesmo à temperatura ambiente, se adequadamente empacotados; • proteção contra a contaminação por micro-organismos; • higiene irrepreensível; • facilidade de transporte e armazenamento do produto; • reconstituição rápida do produto assim que o liofilizado é colocado na presença de água; • preservação das características do produto original (herança proteica, teor de vitaminas, minerais e lípidos, cuja conservação assegura a boa digestibilidade do produto). 0 processo de liofilização consiste em três fases principais: congelamento da amostra secagem primária ou sublimação, escolhida de acordo com os valores-limite para a temperatura e pressão secagem secundária ou dessorção da amostra, da qual a água e/ou a água de cristalização é removida.
Secagem por pulverização
Como alternativa à liofilização, é fornecida a possibilidade de se usar métodos de alta secagem, tais como secagem por pulverização. A secagem por pulverização é um processo tecnológico mais amplamente utilizado para a obtenção de produtos alimentares sob a forma de pó, grânulos ou aglomerados de produtos liquidos (com pelo menos 50% de sólidos) como soluções e emulsões. O liquido é bombeado para a câmara de pulverização por meio de um atomizador centrífugo que, rodando a elevada velocidade o atomiza e centrífuga para as paredes da câmara. A câmara é aquecida internamente por uma corrente de ar quente (normalmente 180 °C) . O contacto entre o ar e o produto atomizado provoca a evaporação de pequenas gotas de água, formadas durante a nebulização. A principal vantagem do produto tratado de acordo com o método da presente invenção, comparado com os presentemente disponíveis no mercado, consiste em ter disponível um leite de burra fresco submetido a tratamento térmico pela tecnologia mais recente, homogeneizado, com um elevado teor calórico, empacotado assepticamente e, por conseguinte, mais seguro, formulado para as necessidades específicas da primeira infância e possuindo assim um teor calórico superior ao do de um leite de burra de partida, disponível para o consumidor final sob condições higiénicas controladas e estável.
Outras características e vantagens da presente invenção surgirão de forma óbvia a partir dos exemplos que se seguem, fornecidos de forma não limitativa.
Na Tabela 1 é fornecido um exemplo de uma formulação que ilustra a composição da invenção sem limitar de qualquer forma o seu objetivo.
Tabela 1
Procedimento Experimental São descritas neste documento as fases operacionais para se obter um produto alimentar à base de leite de burra, enriquecido de acordo com a invenção, esterilizado por meio de um tratamento que inativa micro-organismos patogénicos. À matéria-prima, constituída por leite de burra cru recolhido de várias quintas no tanque da instalação, é adicionada uma mistura de lípidos e vitaminas, especialmente preparada de modo a integrar e se conseguir no leite de burra, relativamente à energia e nutrição, a formulação indicada na tabela 1.
Por meio de bombas e tubagens, o leite de burra enriquecido é enviado para o sistema onde são efetuadas as seguintes etapas: 1. Tratamento térmico (por meio de pasteurização, esterilização (uperização), "Extended Shelf-Life" (ESL), e qualquer tipo de tratamento conhecido do perito na área) utilizado para assegurar a segurança alimentar e a conservação das propriedades do produto. 2. Expansão, arrefecimento e desodorização num Desgaseificador: o leite a cerca de 150 °C passa para o Desgaseificador (uma câmara de vácuo) e expande com consequente separação dos vapores, subtração de calor e diminuição da temperatura para 80/90 °C com posterior desodorização para remoção de substâncias voláteis eventualmente presentes. 3. Homogeneização: quando o produto está a uma temperatura de cerca de 80 °C, tem lugar a homogeneização, com o objetivo de esmagar os glóbulos de gordura de um modo tal que reduza a sua emersão espontânea. O leite, através de um bocal a uma pressão de 160 bar é posteriormente trazido à pressão atmosférica numa câmara de expansão, causando uma depressão que destrói os glóbulos. 4. Arrefecimento: o leite é então gradualmente arrefecido à temperatura ambiente de 20-30 °C para parar as reações químicas que ocorrem a elevadas temperaturas. 5. Empacotamento: o leite UHT que sai do sistema é transportado em contínuo através de tubagens esterilizadas para o empacotamento, efetuado em recipientes esterilizados, de preferência tereftalato de polietileno (PET).
As estações de tratamento estão geralmente ligadas a um computador pessoal (PC) que permite o controlo e o registo de todo o processo.
Antes da operação, a esterilização das instalações é efetuada com vapor a 160 °C durante 50 minutos. Um dispositivo de segurança inicia o temporizador apenas quando a temperatura de saída é de 130 °C, para assegurar que todas as partes atingiram a esterilidade necessária.
No final do processo a instalação é lavada com solução de soda cáustica a 85 °C, e depois de uma lavagem com ácido nítrico a 80 °C por um tempo total definido pelas características da instalação; mesmo o procedimento de lavagem da instalação é tratado e controlado através de software especial de modo a se verificar a exatidão do procedimento. O produto esterilizado obtido é empacotado num ambiente asséptico e armazenado à temperatura ambiente.
Alternativamente, se o leite tiver sido submetido ao tratamento HTST, é sujeito a um congelamento rápido: o leite empacotado é colocado num frigorifico ULT a temperaturas inferiores a -80 °C para assegurar a manutenção das caracteristicas higiénicas e sanitárias por um longo período (duração comercial proposta de 1 a 2 anos após empacotamento).
Quando o produto é preparado a partir de leite de burra liofilizado, este pode ser enriguecido de modo a se alcançar a formulação desejada, indicada na tabela, tanto quando está na forma de leite de burra cru antes de ser submetido ao processo de liofilização ou pulverização, como após o processo de liofilização ou pulverização por adição de uma mistura de pó, de modo a se alcançar a formulação indicada na tabela. 0 produto é então empacotado num ambiente asséptico e armazenado à temperatura ambiente.
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Lisboa, 09 de Agosto de 2016

Claims (12)

  1. REIVINDICAÇÕES
    1. Produto alimentar para sujeitos com alergia ou intolerância às proteínas do leite de vaca, em particular para bebés prematuros e/ou bebés de termo, caracterizado por se basear em leite de burra, cru ou liofilizado, complementado com uma mistura lipídica que compreende: - uma mistura de triglicerídeos derivados de óleos vegetais, em que 40 a 50% do teor total de ácido palmítico (C16:0) é esterificado na posição β (sn-2) na molécula de glicerol; - óleos vegetais com teor elevado de ácidos gordos essenciais; - ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa; e posteriormente submetido a tratamento de inativação de micro-organismos patogénicos.
  2. 2. Produto alimentar de acordo com a reivindicação 1 caracterizado pelo facto da composição de ácidos gordos da referida mistura de triglicerídeos ser: C8 : 0 0,6-1,5% CIO : 0 0,7-1,5% C12 : 0 9,5- 14% C14 : 0 3-5% Cl6 : 0 21 - 24% Cl8 : 0 2,5 - 5% C18 : 1 38 - 44% C18 : 2 12 - 15% C18 : 3 1,3 - 1, 9%
  3. 3. Produto alimentar de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo facto de na mistura lipídica a referida mistura de triglicerideos estar presente numa percentagem que varia entre 40 e 55% do peso total, de preferência numa percentagem que varia entre 48 e 52% do peso total, ainda mais de preferência corresponder a uma percentagem de 50% do peso total.
  4. 4. Produto alimentar de acordo com a reivindicação anterior, caracterizado pela mistura lipídica compreender ainda: - óleo de girassol com elevado teor de ácido oleico, entre 13 e 23% do peso total; - óleo de girassol entre 5 e 15% do peso total; - óleo de colza entre 2 e 5% do peso total; - óleo de linhaça entre 1 e 3% do peso total; - ácido araquidónico entre 1 e 3% do peso total; - óleo de peixe refinado entre 0,5 e 1,5% do peso total; - mono/diglicerídeos de ácidos gordos entre 0,5 e 1,5% do peso total.
  5. 5. Produto alimentar de acordo com a reivindicação 3, caracterizado por a mistura lipídica compreender ainda: - óleo de girassol com elevado teor de ácido oleico, totalizando 18% do peso total; - óleo de girassol totalizando 10% do peso total; - óleo de colza totalizando 3,2% do peso total; - óleo de linhaça totalizando 2,2% do peso total; - ácido araquidónico totalizando 1,5% do peso total; - óleo de peixe refinado totalizando 0,9% do peso total; - mono/diglicerídeos de ácidos gordos totalizando 1% do peso total.
  6. 6. Produto alimentar de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo facto da sua composição analítica ser a seguinte: proteínas 0,1-5,0 g lactoferrina 0-150 mg hidratos de carbono 1,0-10 g lactose 0-10 g Maltodextrinas 0-10 g Fruto-oligossacarídeos 0-10 g Gordura 0,1-10 g ácido linoleico 60-2000 mg ácido a-linolénico 0-200 mg D HA 0-200 mg ARA 0-400 mg colesterol 0-10 mg sódio 0-100 mg potássio 0-200 mg cálcio 0-200 mg magnésio 0-20 mg fósforo 0-120 mg cloro 0-150 mg ferro 0-10 mg zinco 0-10 mg cobre 0-200 mcg iodo 0-100 mcg manganês 0-80 mcg selénio 0-10 mcg flúor 0-30 meg vitamina A 0-500 RE meg vitamina D3 0-50 meg vitamina E 0-30 mg vitamina Kl 0-60 meg vitamina C 0-200 mg vitamina B1 0-200 meg vitamina B2 0-250 meg vitamina B6 0-200 meg vitamina B12 0-20 meg niacina 0-20 mg ácido pantoténico 0-20 mg ácido fólico 0-200 meg biotina 0-50 meg taurina 0-30 mg colina 0-30 mg inositol 0-50 mg L-Carnitina 0-20 mg Nucleótidos 0-30 mg
  7. 7. Método para a produção de um produto alimentar para pacientes com alergia ou intolerância às proteínas do leite de vaca, em particular para bebés prematuros e/ou bebés de termo, caracterizado por compreender as seguintes etapas: recolha de leite de burra de várias quintas; análise físico-química do material cru; adição de uma mistura lipídica compreendendo: - uma mistura de triglicerídeos derivados de óleos vegetais, em que 40 a 50% do teor total de ácido palmítico (C16:0) é esterifiçado na posição β (sn-2) na molécula de glicerol; - óleos vegetais com teor elevado de ácidos gordos essenciais; - ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa; tratamento para a inativação de micro- organismos patogénicos; liofilização ou secagem por pulverização (opcional); empacotamento.
  8. 8. Método de acordo com a reivindicação 7, caracterizado por a composição de ácidos gordos da referida mistura de triglicerídeos ser: C8 : 0 0,6-1,5% CIO : 0 0,7 - 1,5% C12 : 0 9,5 - 14% C14:0 3-5% Cl6 : 0 21 - 24% Cl8 : 0 2,5-5% Cl8 :1 38 - 44% Cl8 : 2 12 - 15% C18 : 3 1,3 - 1, 9%
  9. 9. Método de acordo com a reivindicação 7, caracterizado pelo facto de na mistura lipídica a referida mistura de triglicerídeos estar presente numa percentagem que varia de 40 a 55% do peso total, de preferência numa percentagem que varia de 48 a 52% do peso total, ainda mais de preferência corresponder a uma percentagem de 50% do peso total.
  10. 10. Um método de acordo com a reivindicação anterior, caracterizado por a mistura lipídica compreender ainda: - óleo de girassol com elevado teor de ácido oleico, entre 13 e 23% do peso total; - óleo de girassol entre 5 e 15% do peso total; - óleo de colza entre 2 e 5% do peso total; - óleo de linhaça entre 1 e 3% do peso total; - ácido araguidónico entre 1 e 3% do peso total; - óleo de peixe refinado entre 0,5 e 1,5% do peso total; - mono/diglicerideos de ácidos gordos entre 0,5 e 1,5% do peso total.
  11. 11. Método de acordo com a reivindicação 10, caracterizado por a mistura lipídica compreender ainda: - óleo de girassol com elevado teor de ácido oleico, totalizando 18% do peso total; - óleo de girassol totalizando 10% do peso total; - óleo de colza totalizando 3,2% do peso total; - óleo de linhaça totalizando 2,2% do peso total; - ácido araquidónico totalizando 1,5% do peso total; - óleo de peixe refinado totalizando 0,9% do peso total; - mono/diglicerideos de ácidos gordos totalizando 1% do peso total.
  12. 12. Método para a produção de um produto alimentar para pacientes com alergia ou intolerância às proteínas do leite de vaca, em particular para bebés prematuros e/ou bebés de termo, de acordo com as reivindicações 7 e seguintes, caracterizado por o tratamento para a inativação de micro-organismos patogénicos ser efetuado por pasteurização rápida ou tratamento UHT direto ou liofilização ou pulverização ou gualguer outro método conhecido do perito na área, adequado para prolongar a conservação do produto. Lisboa, 09 de Agosto de 2016
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