BR112020012073A2 - formulação de um suplemento alimentar - Google Patents

Abstract

Uma formulação nutracêutica feita de extrato de mirtilo, óleo de peixe (ômega-3 e ômega-6), lactoferrina humana recombinante, vitamina A e vitamina E, para o consumo por humanos por via oral é apresentada como uma invenção. A invenção está dentro do campo da oftalmologia e foi desenvolvida como um complemento para preservar a saúde do filme lacrimal e da superfície ocular. Esta formulação contém um extrato de origem natural (Vaccinium myrtillus L), que possui propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, também utiliza o ácido ômega 6 eicosapentaenóico (EPA) e o ácido ômega 3 docosahexaenóico (DHA) obtido a partir de óleo de peixe. Em conjunto com a lactoferrina, vitamina A e vitamina E, é alcançada uma melhora na qualidade da lágrima, pois esses compostos têm efeitos antimicrobianos e anti-inflamatórios. Esta formulação foi projetada para ajudar na saúde do filme lacrimal. No estado da técnica descrito anteriormente, não há formulação para a administração oral de extrato de mirtilo em conjunto com lactoferrina, bem como sua combinação com vitamina A, vitamina E e óleo de peixe (ácido eicosapentaenóico e ácido docohexaenóico) ou para uso como adjuvante para a saúde do filme lacrimal e/ou da superfície ocular.

Description

FORMULAÇÃO DE UM SUPLEMENTO ALIMENTAR CAMPO DA INVENÇÃO

[001] A presente invenção está dentro do campo da medicina, especificamente na área de oftalmologia, onde é uma formulação para administração oral em humanos adultos de um extrato de mirtilo como um auxiliara na preservação da saúde do filme lacrimal.

ANTECEDENTES DA INVENÇÃO

[002] A superfície do globo ocular e os diversos mecanismos que mantêm um estado ideal da mesma são complexos. Anatomicamente, a superfície ocular compreende o epitélio da mucosa que fica na parte interna, entre as pálpebras superiores e inferiores entre suas margens. A função principal da superfície ocular é fornecer uma visão clara e, para alcançar essa função, mantendo o conforto e a flora microbiana adequada, a superfície do globo ocular deve ser coberta por um filme lacrimal estável na superfície do olho exposto ao ambiente, conforme especificado na referência. [Important concepts for treating ocular surface and tear disorders. Am J Ophthalmol. 1997;124:825-835].

[003] A relação entre o filme lacrimal e o epitélio da superfície ocular é essencial para manter a saúde da superfície do globo ocular, conforme especificado na referência [Important concepts for treating ocular surface and tear disorders. Am J Ophthalmol. 1997;124:825-835]. Um filme lacrimal estável é estabelecido por elementos hidrodinâmicos (incluindo fatores externos, como o ambiente) e pelos elementos que o compõem. Os elementos que compõem este filme incluem as glândulas meibomianas, glândulas lacrimais e o epitélio da superfície ocular (ambas da conjuntiva bulbar, conjuntiva tarsal e córnea).

[004] Esses elementos são responsáveis pela produção e/ou manutenção dos 3 componentes das lágrimas saudáveis: componente aquoso, lipídico e mucinoso. No entanto, mesmo em um olho saudável, esses componentes são insuficientes para manter a saúde ocular sem fatores hidrodinâmicos adequados, como um volume lacrimal adequado que é controlado por um piscar saudável, o que gera uma distribuição lacrimal adequada por toda a superfície ocular, bem como proteção contra o ressecamento por exposição ao meio ambiente. Da mesma forma, nos últimos anos, o uso constante de telas, monitores, tablets e smartphones levou ao comprometimento do filme lacrimal em indivíduos saudáveis.

[005] Esses dois fatores principais (componentes que compõem o filme lacrimal e os fatores hidrodinâmicos) dependem de 2 reflexos principais: 1) reflexo mediado pelo nervo trigêmeo (ramo oftálmico) e 2) o reflexo mediado pelo nervo facial (ramo oftálmico). Através dessa integração neuro- anatômica, os componentes que compõem o filme lacrimal e os fatores hidrodinâmicos trabalham em harmonia para resultar em uma superfície ocular saudável. Existem 5 componentes comuns que podem causar alterações na saúde da superfície ocular e na qualidade da lágrima. A deficiência de qualquer componente que compõe o filme lacrimal pode desestabilizar a superfície ocular, levando a estados como olho seco. Tais alterações são: 1) diminuição da sensibilidade ocular devido a neuropatias 2) deficiência aquosa de lágrimas associada à disfunção glandular, 3) deficiência lipídica do filme lacrimal associada à disfunção da glândula meibomiana, 4) deficiência na drenagem das lágrimas e 5) deficiência na distribuição de lágrimas.

[006] Nesses pontos, exceto no primeiro, a inflamação desempenha um papel fundamental, o que leva à irritação crônica e ao adoecimento do filme lacrimal, como o olho seco. A perda da saúde do filme lacrimal é uma condição multifatorial que resulta em sintomas como desconforto, diminuição da acuidade visual e instabilidade do filme lacrimal. Os fatores envolvidos na geração de olho seco incluem a exposição a poluentes no ambiente, raios ultravioleta (UV), radiação, ozônio, uso de smartphones, tablets e telas, além do uso crônico de medicamentos tópicos que contêm conservantes (incluindo lágrimas artificiais para o tratamento do olho seco) e medicamentos para o tratamento do glaucoma. Esses fatores aumentam o estresse oxidativo e a inflamação da superfície ocular. Alguns sinônimos para essa síndrome são ceratoconjuntivite seca, xeroftalmia, ceratite seca, disfunção da superfície ocular.

[007] Na deficiência da camada aquosa do filme lacrimal, ocorre uma falha na secreção da lágrima, o que se traduz em uma diminuição no volume de lágrima na superfície ocular. Além da evaporação normal da lágrima, a deficiência aquosa faz com que a lágrima se torne hiperosmolar. A hiperosmolaridade da lágrima causa hiperosmolaridade nas células da superfície ocular e gera uma cascata de fatores inflamatórios, como citosinas (IL) -lalfa; -lbeta, fator de necrose tumoral e metaloproteinases da matriz (MMP-9). Na superfície ocular existem vários mecanismos de defesa, entre os quais a presença de proteínas como lactoferrina e proteínas

S100A, bem como enzimas como superóxido dismutase (SOD), peroxidase, catalase e enzimas oxidativas mitocondriais.

[008] Esses mecanismos de defesa são alterados em pessoas com perda de saúde do filme lacrimal, situação que favorece o desenvolvimento de infecções da superfície ocular, o que aumenta a gravidade dos sinais e sintomas associados a essa condição. Da mesma forma, um desequilíbrio entre o nível de espécies de radicais (reativas de oxigênio) e a ação de enzimas protetoras pode levar a um estado de dano oxidativo e inflamação da superfície ocular.

[009] O mirtilo faz parte de um grupo de alimentos considerados "superalimentos" devido ao seu conteúdo de compostos naturais, tais como ácidos e ésteres fenólicos, flavonóides, antocianinas e procianidinas. O extrato de mirtilo contém propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e neuroprotetoras. As antocianinas e o pterostilbeno (PS) podem reduzir significativamente a expressão de mediadores anti- inflamatórios, fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) interleucinas (IL-l 6, IL-6, MMP-2), metaloproteinases (MMP- 9) Da mesma forma, eles reduzem significativamente os níveis de dano oxidativo dos biomarcadores, malondialdeído (MDA), 4- hidroxinonenalo (4-HNE), aconitase-2 e 8-hidroxi- desoxiganosanos (8-OHdG). Da mesma forma, antocianinas e PS restauram a homeostase entre oxigenases e enzimas oxidativas na superfície ocular, diminuindo a expressão da cicloxigenase 2 (COX2) e restaurando a atividade antioxidante de enzimas como a superóxido dismutase 1 (SODl) e peroxiredoxina 4 (PRDX4) durante estados de estresse hiperosmótico. Várias publicações sugerem que os estados de estresse oxidativo podem ser tratados através do uso tópico de compostos para o alívio do desconforto associado à perda da saúde do filme lacrimal. Alguns deles sugerem que a L-carnitina e o pterostilbeno, presentes no extrato de mirtilo, podem reduzir os níveis de estresse oxidativo nos tecidos da superfície ocular.

[0010] Outras causas de perda de saúde do filme lacrimal são a deficiência de vitamina A. A vitamina A é uma vitamina solúvel em gordura e é um nutriente essencial naturalmente presente no filme lacrimal em olhos saudáveis. A vitamina A desempenha um papel importante na produção da camada de mucina lacrimal, que é a camada mais interna da lágrima. Uma deficiência nos níveis de vitamina A leva a uma diminuição da camada de mucina na superfície ocular e à atrofia das células caliciformes da conjuntiva, que formam essa camada de mucina. Topicamente, a vitamina A protege a superfície ocular dos radicais livres de oxigênio, toxinas, alérgenos e inflamação. A vitamina A é essencial para o desenvolvimento de células caliciformes em superfícies mucosas e a expressão de mucinas glucocálix. Há deficiência desta vitamina no olho seco, causando um filme lacrimal instável, caracterizado por uma ruptura precoce do filme lacrimal.

[0011] A vitamina E é uma vitamina lipossolúvel que possui efeitos antioxidantes e funciona de maneira única, rompendo a cadeia de reação da peroxidação lipídica. Esta ação é crucial para estabilizar as membranas celulares e demonstrou impedir alterações na superfície ocular quando existe deficiência de vitamina A, além disso, a vitamina E pode regenerar outros antioxidantes, como ácido ascórbico ou glutationa. Uma alta concentração de vitamina E semelhante à encontrada na fórmula AREDS pode aumentar a melhora nos sintomas de olho seco após pelo menos 3 meses de ingestão. Da mesma forma, em pacientes com olho seco, baixos níveis de lactoferrina foram documentados no filme lacrimal. A vitamina E existe naturalmente como oito compostos lipossolúveis diferentes de tocoferóis e tocotrienóis. Sementes de girassol e nozes, bem como amêndoas, espinafre e vegetais de folhas escuras são fontes ricas de vitamina E.

[0012] A lactoferrina é uma proteína de alta afinidade com ferro de 82 kDa (kilodaltons) encontrada em quantidades significativas em lágrimas (aproximadamente 25% do total de proteínas lacrimais), que possui propriedades antimicrobianas que aumentam a atividade de anticorpos contra certos microorganismos. Seu principal mecanismo de ação é o sequestro de ferro livre, que é um componente essencial de muitos patógenos. Sua expressão foi observada em todas as células do sistema nasolacrimal. A deficiência de lactoferrina tem sido associada a síndromes de ceratoconjuntivite Sicca (síndrome do olho seco), meibomianite seborreica e doenças inflamatórias dos olhos, como conjuntivite vernal e conjuntivite de papilas gigantes. Em uma publicação de Jaya Devendra e Sneha Singh no Journal of Clinical and Diagnostic Research 2015 Oct, Vol-9 (10), é descrito um estudo randomizado em 64 pacientes para avaliar a função da lactoferrina administrada suplementarmente (via oral), na deficiência de filme lacrimal em pacientes após cirurgia de catarata. O resultado obtido neste estudo determinou uma diferença estatisticamente significativa entre os valores do tempo de interrupção da fluoresceína. No dia 60, o grupo de controle teve um resultado de 7,86 (+ 0,86) segundos em comparação com 13,9 (+ 0,99) segundos no grupo com lactoferrina oral, o que se traduz em um melhor desempenho na função de lágrima na superfície ocular. o intestino delgado humano possui receptores para a absorção da lactoferrina. A referida absorção é favorecida pela associação da lactoferrina à quitosana, que é um polissacarídeo linear composto por cadeias aleatoriamente distribuídas de BB (1-4) D-glucosamina e N-acetil-D- glucosamina. A quitosana atua como um intensificador da absorção intestinal de lactoferrina, melhorando a permeabilidade através das membranas mucosas, mediante abertura de suas junções intercelulares.

[0013] A quitosana é derivada da quitina, um polissacarídeo amplamente encontrado na natureza, especificamente no exoesqueleto de alguns artrópodes e crustáceos. Além da quitosana, existem maneiras de modificar estruturalmente a lactoferrina para melhorar a absorção intestinal. Uma delas é a PEGilação da proteína lactoferrina, ou seja, a ligação covalente do polietilenoglicol (PEG) à lactoferrina. Isto demonstrou melhorar a farmacocinética e a farmacodinâmica. Nojima et al (2008) sintetizaram pela primeira vez lactoferrina mono-PEGuilada que demonstrou ter uma maior resistência à proteólise por pepsinas em camundongos.

[0014] Os ácidos graxos essenciais são os ácidos graxos necessários para certas funções do corpo humano e que o mesmo organismo não pode produzir; por esse motivo, eles devem ser incluídos na dieta. Entre eles, existem 2 ácidos graxos poliinsaturados: ácido linoléico (ômega-6) e ácido alfa-linoléico (ALA). Uma vez no corpo, estes podem ser convertidos em ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexanóico (DHA), também chamado de ômega-3.

[0015] Nesse sentido, o ômega-3 e o ômega-6 são ácidos graxos essenciais e precursores dos eicosanóides,

hormônios que atuam localmente na mediação de processos inflamatórios. As moléculas de ômega-3 também são promotoras da resolução da inflamação e da regressão dos tecidos ao seu estado não inflamatório anterior. O ômega-3 é encontrado em peixes de água fria, incluindo salmão, sardinha, atum e óleo de linhaça. O ômega-6 pode ser obtido de fontes que incluem óleo de soja, óleo de palma, óleo de girassol, aves, nozes e cereais.

[0016] Creuzot et al. Eles avaliaram 71 pacientes com olho seco leve a moderado que receberam um suplemento nutricional combinado de ômega-3 e ômega-6 por 6 meses. Esses pacientes foram randomizados e divididos em um grupo placebo. No grupo tratado com a suplementação combinada, houve uma melhora nos testes de função lacrimal, como o teste de Schirmer e o tempo de ruptura da fluoresceína. Esses testes são objetivos para medir a qualidade e a quantidade de lágrima. Foi demonstrado que o uso da suplementação nutricional de ácidos graxos essenciais como terapia padrão para a síndrome do olho seco tem um efeito anti-inflamatório. Este efeito pode ser o resultado da síntese da prostaglandina E3 e do leucotrieno B5 da EPA, que inibe a conversão do ácido araquidônico em mediadores inflamatórios, como a prostaglandina E2 e o leucotrieno B4 na borda da pálpebra.

[0017] No estado da técnica descrito anteriormente, existem várias formulações projetadas como agentes terapêuticos para o tratamento da síndrome do olho seco. As referidas formulações podem conter concentrações consideradas terapêuticas de elementos como ácidos graxos essenciais, tais como Omega-3, Omega-6, L-carnitina, Vitamina C, Vitamina E, cobre e outros minerais, bem como lactoferrina.

No entanto, uma formulação projetada como um suplemento alimentar contendo extrato de mirtilo e que pode ser usada como adjuvante na manutenção da saúde do filme lacrimal não foi descrita.

[0018] A invenção descrita no documento WO2004006801: "Tratamento para a síndrome do olho seco" trata de uma formulação terapêutica a ser usada no tratamento da síndrome do olho seco com a combinação de ômega-3, ômega-6 em combinação com vitamina E, lactoferrina e outros nutrientes para uso em pessoas com olho seco. Neste documento, é apresentado o pedido de patente dessa combinação, mas faltam elementos para mediar a inflamação da superfície ocular, como as encontradas no extrato do mirtilo. Da mesma forma, este documento apresenta o uso desta formulação para o tratamento do olho seco como uma formulação do tipo farmacêutico, e não como uma formulação nutracêutica para a manutenção da saúde do filme lacrimal com base no extrato de mirtilo.

[0019] Existe uma tecnologia de liberação de fármacos e suplementos alimentares conhecidos como cápsulas moles de gelatina (cápsulas Softgel), que são um recipiente ideal para conter medicamentos alopáticos, fitoterapêuticos e suplementos alimentares. A referida tecnologia permite o isolamento adequado para a conservação adequada dos princípios ativos de uma formulação, mantendo-a com baixos níveis de oxigênio, evitando reações internas entre os diferentes princípios ativos da formulação, além de facilitar a deglutição dos compostos embalados devido às suas propriedades antiaderentes e à sua apresentação que é amigável ao consumidor.

[0020] A gelatina mole é um colóide em gel, ou seja, uma mistura semi-sólida incolor, translúcida, quebradiça e sem sabor à temperatura ambiente, obtida a partir do colágeno derivado do tecido conjuntivo de animais fervidos em água. A gelatina é uma proteína complexa, ou seja, um polímero composto de aminoácidos. Tal como acontece com os polissacarídeos, o grau de polimerização, a natureza dos monômeros e a sequência na cadeia protéica determinam suas propriedades gerais. Uma propriedade notável das soluções desta molécula é seu comportamento em relação a diferentes temperaturas: elas são líquidas em água quente (tipo colóide tipo sol) e solidificam em água fria (tipo colóide tipo gel). Além do ingrediente de gelatina na cápsula, é geralmente associado a um plastificante como glicerina ou sorbitol em sua composição final. A formulação semi-líquida oferece muitas vantagens sobre formulações com apresentação sólida, que podem ser engolidas com mais facilidade e representam um excelente veículo para administrar uniformemente os ativos.

[0021] Além disso, a apresentação semi-líquida favorece uma ação muito mais rápida do princípio ativo, uma vez que esse tipo de formulação não precisa ser previamente desintegrado e dissolvido no trato digestivo.

[0022] Existem formulações que contêm vitamina E e vários minerais em conjunto com o óleo de peixe (ácido eicosapentaenóico e ácido docohexaenóico) como suplementos alimentares. Alguns deles apresentam indicações na área de oftalmologia para condições como degeneração macular relacionada à idade (DMRI) (formulações AREDS como SnelvitOG, OcuviteGO, DrusenO entre outras) e/ou para pessoas com diabetes mellitus (Diabion&6, Diabitam(Q)). No entanto, no estado da técnica descrito anteriormente, não existe formulação para a administração oral de extrato de mirtilo em conjunto com lactoferrina, bem como sua combinação com vitamina A, vitamina E e óleo de peixe (ácido eicosapentaenóico e ácido docohexaenóico) ou para o seu uso como um adjuvante para a preservação da saúde do filme lacrimal.

[0023] A invenção desenvolvida descrita abaixo é uma formulação semi-líquida encapsulada em gelatina mole para administração oral em adultos de um extrato natural de mirtilo com propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e neuroprotetoras. Ele também contém elementos com propriedades antimicrobianas, componentes essenciais que fazem parte do filme lacrimal saudável e óleo de peixe com potencial para modificar a cascata inflamatória inibindo mediadores inflamatórios.

[0024] A invenção desenvolvida descrita abaixo é uma formulação para administração oral em adultos de extrato de mirtilo (Vaccinium myrtillus L), lactoferrina PEGuilada humana recombinante, óleo de peixe (ácido eicosapentaenóico e ácido docohexaenóico), vitamina A e vitamina E mostrado em detalhes abaixo.

OBJETO DA INVENÇÃO

[0025] O objeto desta invenção é disponibilizar uma formulação nutracêutica para administração oral em adultos cujos componentes essenciais são de origem natural e que utiliza um composto com propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e neuroprotetoras. Trata-se da formulação de um suplemento alimentar à base de extrato de mirtilo, vitaminas A e E, Omega 3 e lactoferrina, entre outros, que pode ser apresentado em forma farmacêutica e cujo objetivo de uso é aumentar, complementar e/ou suprir a ingestão dos mesmos. Também contém componentes com propriedades antimicrobianas, elementos essenciais que fazem parte do filme lacrimal e óleo de peixe com potencial para modificar a cascata inflamatória através da inibição de mediadores inflamatórios, para o uso do extrato de mirtilo por humano, e todas as qualidades e objetos que se tornarão aparentes ao fazer uma descrição geral e detalhada da presente invenção, apoiada pelas modalidades ilustradas.

DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO

[0026] A invenção gerada consiste em uma formulação para administração oral em adultos de um extrato de origem natural de mirtilo (Vaccinium myrtillus L) lactoferrina PEGuilada humana recombinante, óleo de peixe (ácido eicosapentaenóico e ácido docohexaenóico), vitamina A e vitamina E. Esta formulação possui propriedades anti- inflamatórias, antioxidantes e neuroprotetoras. Também possui propriedades antimicrobianas, elementos essenciais que fazem parte do filme lacrimal e agentes com capacidade de inibir a inflamação crônica da superfície ocular. Esta formulação tem o potencial de melhorar a saúde do filme lacrimal, melhorando a secreção do componente aquoso do filme lacrimal, aumenta o tempo de decomposição do filme lacrimal, modula o processo inflamatório presente nessa condição e favorece a preservação de flora bacteriana normal na superfície ocular. Nossa invenção, que é uma formulação nutracêutica, possui propriedades anti-inflamatórias dadas pelo extrato de mirtilo, principalmente por seu alto teor de ácidos e ésteres fenólicos, flavonóides, antocianinas e procianidinas, além de ácidos eicosapentaenóicos e docohexaenóicos, antimicrobianos fornecidos pela lactoferrina e antioxidantes gerados pela vitamina E, além do extrato de mirtilo, têm funções antioxidantes e neuroprotetoras. As antocianinas e o pterostilbeno (PS) podem reduzir significativamente a expressão de mediadores anti-inflamatórios da superfície ocular, como fator de necrose tumoral alfa (TNF-a), interleucinas (IL-l 6, IL-6, MMP-2) , metaloproteinases (MMP- 9). Da mesma forma, eles reduzem significativamente os níveis de dano oxidativo dos biomarcadores, malondialdeído (MDA), 4- hidroxinonenalo (4-HNE), aconitase-2 e 8—-hidroxi- desoxiganosanos (8-OHdG). Por outro lado, antocianinas e PS restauram a homeostase entre oxigenases e enzimas oxidativas na superfície ocular, diminuindo a expressão da cicloxigenase 2 (COX2) e restaurando a atividade antioxidante de enzimas como a superóxido dismutase 1 (SOD1) e peroxiredoxina 4 (PRDX4) durante estados de estresse hiperosmótico. Para aumentar a absorção e a biodisponibilidade da lactoferrina, a lactoferrina recombinante PEGuilada humana pode ser usada nesta formulação, combinando lactoferrina com polietilenoglicol e impedindo alterações estruturais na proteína gerada pelas enzimas presentes no suco gástrico e aproveita os receptores presentes na mucosa intestinal que são específicos para a lactoferrina de origem humana.

[0027] A fonte do extrato de mirtilo é obtida no Vaccinium Myrtillus L. Numerosos estudos demonstraram a ação terapêutica de seus compostos, como ácidos e ésteres fenólicos, flavonóides, antocianinas e procianidinas. A ação anti- inflamatória desta formulação é fornecida pelo extrato de mirtilo e pela ação moduladora da inflamação do componente ômega-3 contido no óleo de peixe. O ômega-3 é um substrato para a síntese de prostaglandina E3 e leucotrieno B5 que inibe a conversão do ácido araquidônico em mediadores inflamatórios na borda da pálpebra. A razão fundamental para o uso do ômega- 3 como suplemento oral no tratamento da disfunção da glândula meibomiana pode ser explicada por 2 mecanismos diferentes de ação. A quebra dos ácidos graxos ômega-3 resulta na criação de moléculas anti-inflamatórias que suprimem as vias inflamatórias encontradas na disfunção da glândula meibomiana. Além disso, o filme lacrimal instável associado à disfunção da glândula meibomiana é uma causa da síndrome de deficiência de saúde do filme lacrimal. Por outro lado, a suplementação de ácidos graxos ômega-3 altera a composição de ácidos graxos da glândula meibomiana, gerando uma secreção que contém níveis aumentados de ácidos graxos insaturados, que estão em estado líquido à temperatura corporal e que, como resultado, evita o bloqueio dos ductos da glândula meibomiana com a conseqúiente inflamação.

[0028] A ação antimicrobiana é dada pela ação seqúestradora de ferro pela lactoferrina. O ferro é um elemento essencial para o metabolismo de muitos patógenos. Da mesma forma, a ausência de lactoferrina na lágrima está associada a sintomas de olho seco, portanto, acredita-se que uma suplementação oral que melhore as concentrações de lactoferrina teria efeitos positivos na doença do olho seco, conforme relatado. (Lin Yanwei et al en “The relationship between dry eye and lactoferrin level in tears”, Asian Biomedicine vol.6, No.l February 2012.)

[0029] A vitamina A e a vitamina E melhoram a aderência da lágrima à superfície ocular, promovendo a produção da camada de mucina produzida pelas células caliciformes na conjuntiva. Da mesma forma, a vitamina A é um componente essencial do filme lacrimal. Ambos têm atividade antioxidante.

[0030] Devido ao descrito nos parágrafos anteriores, o efeito anti-inflamatório e a estabilização do filme lacrimal do extrato de mirtilo em associação com uma suplementação de lactoferrina, vitamina A, vitamina E e adição de ácidos graxos essenciais ômega-3 do óleo de peixe faz com que esta formulação regule os processos inflamatórios relacionados à perda de saúde da superfície ocular e do filme lacrimal, razão pela qual essa formulação é um complemento alimentar cujo principal componente nutracêutico é o extrato de mirtilo como auxiliar na preservação da saúde do filme lacrimal. Com base no exposto, uma formulação para administração oral em adultos de um extrato de origem natural de mirtilo apresentada para consumo humano por via oral contendo: Extrato de Mirtilo (Vaccinium myrtillus L): 100mg Ácido eicosapentaenóico equivalente (EPA) a 9,000 a 12,000mg Ácido docosahexaenóico (DHA) equivalente a 6,000 a 8,000mg Lactoferrina humana recombinante que pode se ligar ao polietilenoglicol (PEGilacion) ou associada a quitosana equivalente a 350mg.

Vitamina E: l15mg (400UI) Vitamina A: 1,500UI.

[0031] o excipiente pode conter algum tensioativo.

[0032] Esta formulação pode ser apresentada na forma farmacêutica como uma matriz não alimentar, como comprimido, pílula, pastilha, drágea, cápsula, pó, grânulo xarope, elixir, suspensão ou solução. Para promover seu consumo, ela pode ser idealmente encapsulada em um gel colóide (gelatina mole), que reduz odores e sabores desagradáveis. A formulação anterior permite um consumo adequado dos componentes no trato digestivo.

[0033] Esta formulação para administração oral em adultos de um extrato de origem natural de mirtilo em associação à lactoferrina, vitamina A, vitamina E e óleo de peixe (ácido eicosapentaenóico e ácido docohexaenóico) é apresentada para consumo humano por via oral, que permite ter uma fórmula dessa natureza pela primeira vez na área de Oftalmologia. É importante mencionar que a formulação anterior pode conter outros compostos para melhorar suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.

[0034] Até o momento, como não há substância com efeitos colaterais indesejáveis, é conveniente reduzir o risco de apresentar essas reações se essa formulação for usada de acordo com o uso sugerido (uma vez ao dia). Por sua vez, ela pode ser usada para manter a saúde do filme lacrimal e da superfície ocular.

[0035] A invenção foi suficientemente descrita para que um versado na técnica na matéria possa reproduzir e obter os resultados mencionados na presente invenção. No entanto, qualquer versado na técnica que corresponda à presente invenção pode ser capaz de fazer modificações não descritas no presente pedido, portanto, se para a aplicação dessas modificações em uma determinada estrutura ou no processo de fabricação da mesma, for necessário o material reivindicado nas reivindicações a seguir, as referidas estruturas deverão ser incluídas no escopo da invenção em sua preparação e suas misturas com concentrados de suspensão e seu uso como uma formulação agroquímica com volatilidade reduzida e menor dano às culturas vizinhas ("plantas não-alvo").

Claims (4)

REIVINDICAÇÕES

1. FORMULAÇÃO DE UM SUPLEMENTO ALIMENTAR, para ser administrado por via oral em seres humanos e para fortalecer as condições saudáveis do filme lacrimal e que serve como auxiliar no cuidado e manutenção do mesmo, caracterizada por ela compreender a cada 100 g: a. extrato de mirtilo (Vaccinium myrtillus L): 10 a 1000mg b. ácido eicosapentaenóico (EPA) ômega 6: 9,000 a 12,000 mg c. ácido docosahexaenóico (DHA) ômega 3: 6,000 a 8,000 mg d. Lactoferrina humana recombinante que pode se ligar ao polietilenoglicol (PEGilacion) ou associada a quitosana: 100 a 500 mg e. Vitamina E: 100 a 400 UI f. Vitamina A: a 500 a 1,500 UI.

2. FORMULAÇÃO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por também poder conter: a. excipiente com propriedades de tensioativo que favorece a formação de micelas b. lactoferrina ligada, com uma ligação covalente ao polietilenoglicoll (PEGilação).

3. FORMULAÇÃO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por poder ser apresentada em uma matriz não alimentar, como um comprimido, pílula, pastilha, drágea, cápsula, pó, grânulo, xarope, elixir, suspensão ou solução.

4. FORMULAÇÃO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por ser encapsulada em um gel colóide (gelatina mole), a fim de encapsular os componentes da fórmula para facilitar o consumo.